Julio Severo
Rev. Antonio Carlos Costa no Congresso de Missão Integral na Igreja da Lagoinha |
Num culto na Igreja Batista da Lagoinha em Belo Horizonte, o pregador, virando-se para Ana Paula Valadão, diz:
“Desafio você a doar sua enorme fortuna para os pobres, para que eles tenham comida, saúde, educação, emprego e lazer. Aliás, desafio você a dar 90 por cento de tudo o que você ganha para os pobres.”
Depois, virando-se para os outros cantores famosos da Lagoinha, o pregador faz o mesmo desafio, encorajando-os a ajudar os pobres com os próprios bolsos, não só com palavras.
Embora a estrela máxima do recente Congresso de Missão Integral na Igreja da Lagoinha tivesse sido o Rev. Antonio Carlos Costa, não foi ele quem fez o desafio. Aliás, ninguém fez tal desafio — que é apenas minha imaginação do que um “profeta” de Teologia de Missão Integral (TMI) deveria fazer.
Os defensores da TMI ganham muito bem. O caso do teólogo presbiteriano Alexandre Brasil, que recebe 15 mil reais por mês do governo do PT, é só um exemplo da vida boa dos teólogos da TMI. Claro que isso nem chega aos pés do que deve ganhar Ana Paula Valadão.
O que o Rev. Antonio Carlos Costa (ACC) pregou, em 2 de novembro de 2014, no Congresso de Missão Integral na Igreja da Lagoinha? Ele pregou muito sobre compaixão, dando apoio ao bolsa-família do governo.
A postura dele entra em conflito com o livro “Libertando as Nações,” que era amplamente promovido anos atrás pela Igreja da Lagoinha.
Esse livro, escrito por Stephen K. McDowell e Mark A. Beliles, diz que “A Bíblia revela desde tempos antigos as responsabilidades de cada indivíduo. Essas incluem: adoração, trabalho e caridade,” deixando claro que a função do governo é proteção das famílias e punição dos criminosos, não caridade.
ACC argumentou, em sua pregação, que a “seara é grande, mas poucos os trabalhadores.” Ele sugeriu que a igreja precisa ouvir o desabafo de Deus e ter compaixão, pendendo especialmente para o lado da caridade material. Ele disse que “essa é a maior necessidade da igreja.” Nesse contexto, ele convocou a igreja a se preocupar com as necessidades dos favelados de comida, emprego, saúde e lazer.
O problema dele foi focar principalmente na pobreza material. O favelado sem comida, saúde, educação, emprego e lazer é mais perdido do que o europeu rico que há muito tempo abandonou as tradições cristãs? Se dar comida, saúde, educação, emprego e lazer ajudasse na salvação, o europeu seria hoje a criatura mais “salva” do universo.
Em contrariedade às propostas de salvação material e estatal de ACC, “Libertando as Nações” mostra que o caminho para a “salvação” de um país é o governo adotar, entre outras medidas, os seguintes passos:
Deixar de financiar todos os interesses especiais, saúde e assistencialismo (alguns desses aspectos podem ser feitos gradualmente, conforme outros assumam a responsabilidade).
Fechar escolas públicas e o Ministério da Educação (isso ocorrerá gradualmente, à medida que os pais, as igrejas e o setor privado assumam sua responsabilidade).
Caridade não é função do Estado. É do indivíduo e da igreja.
Como indivíduos, tanto ACC quanto Ana Paula Valadão têm a responsabilidade cristã de doar suas riquezas aos pobres, especialmente se esse é o chamado que eles e suas igrejas sentem de Deus.
ACC é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, que é, desde pelo menos a década de 1950, uma das denominações protestantes mais afetadas pela TMI, sendo foco de seus principais expoentes, inclusive Caio Fábio, que outrora foi o maior líder presbiteriano do Brasil.
ACC é também fundador e presidente da Rio de Paz, uma ONG desarmamentista que prega o desarmamento da população como solução para acabar com a criminalidade e trazer e paz.
Sobre desarmamento, “Libertando as Nações” diz: “Qualquer tentativa de proibir um indivíduo de possuir armas é antibíblico e é uma tentativa pagã de centralizar o poder.”
A solução para acabar com a violência armada é oração e armar os bons cidadãos. Assim Israel protege, por exemplo, seus cidadãos. Os criminosos usam armas pesadas? O governo tem a obrigação de proteger e defender a liberdade e os direitos dos cidadãos portarem rifles e outras armas para defesa. A única resposta para a violência armada é a defesa armada.
Como pode então ACC pregar o desarmamento da população num país de violência armada generalizada como o Brasil? “Libertando as Nações” chama esse desarmamento de “antibíblico.” Eu chamo também de cruel irresponsabilidade.
Portanto, no evento antibíblico Congresso de Missão Integral na Igreja da Lagoinha, o Rev. Antonio Carlos Costa, representando sua ONG antibíblica Rio de Paz, pregou uma mensagem antibíblica de caridade estatal apoiada por cristãos.
Se a Igreja Batista da Lagoinha lesse e praticasse “Libertando as Nações,” não se envolveria em ensinos antibíblicos.
“Libertando as Nações” diz que a responsabilidade das famílias é:
Ser frutíferos e multiplicar-se; ter filhos.
Assumir a responsabilidade de educar seus filhos através da educação escolar em casa e ensinos suplementares através de escolas privadas.
Sobre os indivíduos, “Libertando as Nações” diz que eles precisam:
Frequentar regularmente a igreja e apoiá-la com seus recursos e esforços na proclamação do Evangelho a seus amigos incrédulos.
Buscar um bom trabalho e trabalhar conscienciosamente para expressar o Reino de Deus em tal lugar.
Contribuir com parte de seu salário para indivíduos necessitados.
Obter armas para autodefesa, se necessário.
Orar por um avivamento e um governo justo.
ACC e Ana Paula Valadão precisam praticar a caridade individual, que é bíblica, e parar de defender a “caridade” estatal. Caso contrário, estarão dando tiro na verdadeira caridade e na própria Bíblia.
Se a Igreja Batista da Lagoinha quer se envolver com a Teologia da Missão Integral para praticar “caridade” para os pobres, deveria começar fazendo conforme o que Jesus disse ao jovem rico: “Dê todas as suas riquezas aos pobres e Me siga.”
Fonte: www.juliosevero.com