Só um genuíno arrependimento nacional pode abrir o Brasil para o Deus que salva em todas as áreas — inclusive política.
Julio Severo
Na década de 1930, a Alemanha democrática estava em profunda crise econômica. Os comunistas aproveitaram a democracia e a crise para tentar vencer as eleições. Como única opção contra a ameaça comunista, surgiu no cenário político Adolf Hitler, que acabou atraindo o apoio de muitos direitistas, inclusive líderes luteranos. O que ninguém queria ver é que, apesar de ele ser a única ‘oposição’ política ao comunismo soviético, ele também era socialista. O Partido Nazista era o Partido dos Trabalhadores Nacional Socialista. Na Alemanha, o remédio ficou pior do que a doença.
A Igreja da Alemanha também não compreendeu que precisava assumir uma postura forte contra a propaganda antijudaica de Hitler, que pintava os judeus como ‘conspiradores’ comunistas, inclusive usando opiniões expressas de Martinho Lutero contra os judeus.
O desespero anticomunista levou à tragédia hitleriana e ao Holocausto. A solução acabou ficando pior do que o problema.
Não havia solução política eleitoral. Só um arrependimento nacional poderia ajudar.
Para Hitler, que era antijudeu, ficou fácil ele e seu radicalismo serem uma opção anticomunista para a direita alemã. A União Soviética, que estava espalhando seu comunismo ao mundo, tinha judeus em elevados postos em seu governo e no temível Exército Vermelho. O papel dos judeus no comunismo soviético só fortalecia a propaganda nazista contra “conspirações judaicas.” Para Hitler, combater o comunismo soviético equivalia a combater os judeus e vice-versa.
A presença forte dos judeus no governo e sustentação da União Soviética era prova de que os judeus eram tão falíveis quanto os luteranos alemães. Se a escolha humana dos luteranos alemães era entre Hitler e os comunistas soviéticos, a escolha dos milhares de judeus russos era entre o governo do czar, que os perseguia violentamente, ou apoiar revoluções marxistas violentas que derrubariam o czar e instaurariam um governo que desse liberdade igual aos judeus.
De fato, nas primeiras décadas o regime soviético deteve as perseguições aos judeus e lhes deu oportunidades iguais de emprego e direitos. Embora a situação dos judeus tivesse melhorado muito, o regime soviético não era a solução política de Deus para eles e para a Rússia.
Só Deus era a verdadeira solução, mas a Igreja da Rússia não tinha visão para ver a importância da questão da perseguição aos judeus. Não era necessário se criar uma União Soviética para proteger os judeus e seus direitos. Tudo o que era necessário era a Igreja compreender seu papel e agir, chamando a nação ao arrependimento.
A Igreja na Rússia não socorreu os judeus, e o desespero levou os judeus a optar pela “solução” comunista soviética. A solução acabou ficando pior do que o problema.
Não havia solução política. Só um arrependimento nacional poderia ajudar.
No Brasil, não é diferente. Na última eleição presidencial, havia duas opções políticas. Um dos partidos ameaçava estabelecer os infames conselhos populares, que seguem o modelo soviético. O outro partido, que aparentava ser oposição para quem queria ser enganado, acabou criando, no seu maior reduto político do Brasil — o Estado de São Paulo —, os mesmos conselhos populares socialistas. Pior: a agenda homossexual tirânica socialista avançou nesse reduto sem quase nenhuma oposição. Socialismo engomadinho de um lado e socialismo metalúrgico do outro.
Não havia solução política eleitoral. Só um arrependimento nacional poderia ajudar.
Até mesmo os que diziam crer em visões, profecias e arrependimento caíram no redemoinho político, apoiando como “solução para o Brasil” um candidato socialista verde que acreditavam ser credenciado pelo fato de que escapou de um acidente de avião — fato interpretado por eles como “sinal de Deus.”
Sinal de Deus? O fato de uma pessoa ter escapado de um acidente é evidência suficiente de que ela é uma escolhida de Deus e tem um chamado político de Deus? Houve 27 tentativas de assassinar Adolf Hitler, que — recordemos — tinha apoio de muitos católicos e luteranos. Havia exceções. O Rev. Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano, participou de movimentos que visavam matar Hitler. Os movimentos fracassaram e Bonhoeffer acabou num campo de concentração, sendo torturado e morto.
O corajoso coronel católico Claus von Stauffenberg tentou matar Hitler várias vezes. Num voo com Hitler, ele estava com uma bomba, para se matar e levar junto o ditador nazista. Mas a bomba não acionou. Na última tentativa, no quartel-general “Toca do Lobo,” a bomba funcionou, matando vários militares de alta patente. Mas Hitler saiu vivo, e condenou a torturas e morte Stauffenberg e seus colaboradores. Hitler via sua sobrevivência aos vários atentados como ‘milagres’ e ‘evidência’ de que havia um plano e chamado maior para a vida dele.
Hitler experimentou 27 desses ‘sinais’ e ‘milagres,’ mas nunca houve nenhum plano ou chamado de Deus realizado na vida dele.
No caso brasileiro, os ‘profetas’ achavam que tinham a mesma abundância de ‘sinais’ e ‘milagres.’ Mas suas profecias de ‘solução’ não se cumpriram. Só um genuíno arrependimento nacional poderia ajudar.
E agora? O desespero chegou a tal ponto que alguns direitistas chegaram a recorrer ao Obama. De ameaça socialista para os EUA, Obama passou para ‘solução’ contra o governo socialista do Brasil! O mesmo desespero político, que deixou cegos os luteranos da Alemanha e os judeus da Rússia, cegou muitos brasileiros.
Com documentos que o governo de Obama entregou ao governo de Dilma, a Comissão Nacional da ‘Verdade’ pôde concluir com significativa rapidez seus ‘trabalhos,’ incriminando os militares e inocentando os criminosos comunistas.
Não havia esperança política em Obama. Só um genuíno arrependimento nacional poderia ajudar.
Os militares poderiam ser a única solução? É inegável a importância deles na década de 1960 salvando o Brasil de uma ameaça comunista. Mas, excetuando esse papel fundamental, eles não representaram em outros aspectos um governo ideal. Em 1979, no governo militar de Ernesto Geisel, o Brasil abriu as portas para uma representação oficial da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Brasília. Foi a primeira vez em sua história que o Brasil deu apoio ao terrorismo islâmico, um ato que deveria chocar todo brasileiro decente.
O Brasil sob governo militar tem também um histórico de votações hostis a Israel na ONU. O motivo é simples: a indústria militar brasileira tinha um mercado próspero em países muçulmanos do Oriente Médio. O Brasil fornecia material bélico para as guerras e lutas islâmicas daquela região. Para agradar a esses clientes instáveis e raivosos, os militares brasileiros precisavam desagradar Israel, inclusive permitindo em Brasília um escritório da OLP, organização terrorista muçulmana responsável pelo massacre de muitos homens, mulheres e crianças de Israel.
Essa não foi a primeira vez que os militares brasileiros erraram. Dom Pedro II, que foi o governante brasileiro que mais respeitou os judeus, foi derrubado pelos militares.
Podemos então louvar os militares por terem livrado o Brasil da ameaça comunista. Mas no que eles erraram contra os judeus, eles não merecem nenhum louvor.
Mesmo assim, desesperados, muitos brasileiros preferem uma solução militar. Outros, no mesmo desespero, apelam para o socialismo engomadinho ou verde ou qualquer outra coisa que lhes sirva de tábua de salvação.
Qual é então a solução para o desespero político de milhões de brasileiros?
Pergunte aos judeus da Rússia, que fizeram sua solução política contra as perseguições antijudaicas: A União Soviética.
Pergunte aos luteranos e católicos da Alemanha, que fizeram sua solução política contra a ameaça comunista soviética e a ‘ameaça’ judaica: Adolf Hitler.
O desespero político pode levar a soluções políticas que resultam em tragédias. Provas históricas não faltam.
Mas o arrependimento traz a visitação de Deus.
Só um genuíno arrependimento nacional pode abrir o Brasil para o Deus que salva em todas as áreas — inclusive política.
Fonte: www.juliosevero.com