Por Carlos “Catito” e Dagmar Grybowski em Revista Ultimato
Carlos “Catito” e Dagmar são casados, ambos psicólogos e terapeutas de casais e de família. São autores de "Pais Santos, Filhos Nem Tanto".
Muitas pessoas, de dentro e de fora da igreja cristã, acreditam que, numa sociedade moderna em que se privilegia a liberdade de escolha e a busca por felicidade, qualquer argumentação contra o divórcio é, no mínimo, equivocada.
Alguns intérpretes da Bíblia defendem que os textos bíblicos que apontam para uma objeção de Deus em relação ao divórcio são contextualmente equivocados e não servem mais para uma aplicação direta em nossos dias, tais como os textos que falam sobre restrições alimentares e similares. Entretanto, permitam-me os que assim pensam discordar desta ideia.
Quando eu era adolescente e congregava em uma igreja de origem alemã e com forte influência do movimento pietista, o divórcio era visto com uma conotação sexual equivalente ao adultério, ou seja, as pessoas que se divorciavam “queriam” experimentar novos parceiros sexuais, e isso era abominável! Portanto, naquele contexto o divórcio era visto como moralmente degradante – ponto de vista do qual também eu discordo, haja vista que tenho amigos pessoais cristãos divorciados há mais de quinze anos e que não buscaram novas companheiras, muitos menos uma vida promíscua sexualmente; simplesmente mantêm-se em abstinência.
Então qual o real significado do divórcio que leva Deus a afirmar que o odeia (Ml 2.13-16)? Ao longo de mais de trinta anos atendendo a casais em meu consultório, posso dizer que a essência de todo divórcio está na incapacidade de amar o diferente.
Quando iniciamos um relacionamento afetivo, acreditamos – de forma imatura – que temos com o outro uma sintonia tão próxima que mesmo os pequenos sinais de diferenças não nos incomodam, se considerarmos os enormes sinais de concordâncias. A proximidade de convivência e a rotina escancaram o quanto estávamos equivocados. O outro é, sim, muito diferente de mim em muitos aspectos: ritmo, tempo, estilo de vida, projetos, gostos, interação social etc.
Então caímos na ilusão de que com um pouco de esforço conseguiremos mudar o outro e “torná-lo à minha imagem e semelhança”; afinal, se pensarmos de forma mais sintônica, tudo vai ficar maravilhoso. Então passamos a ser educadores do outro, que teimosamente mostra-se um aprendiz ineficaz e não muda. A frustração pela não mudança aumenta, gerando irritação, e os “padrões educacionais” tornam-se mais violentos.
As solicitações transformam-se em gritos, que levam a ressentimentos. Tudo isso colabora para que a imatura sensação inicial de que haveria uma sintonia total se dilua e passamos a acreditar que não somos mais compatíveis – precisamos buscar outra pessoa mais compatível para não arrastarmos ao longo da vida um relacionamento que nos fará infelizes. Aí surge o divórcio.
Não é esse caso uma metáfora de nosso relacionamento com Deus? Ele querendo nos ensinar a ser cada vez mais à sua imagem e semelhança e nós obstinadamente seguindo com nossas “verdades”? Todavia, Deus jamais desiste de nós, nem se altera quando não lhe damos ouvidos. Em última instância, o casamento é a real aprendizagem do amor e, quando nos negamos a esta aprendizagem, nos afastamos do Deus que é amor. É isso o que Ele odeia!
Deus não quer que transformemos o outro à nossa imagem e semelhança, mas que encontremos no outro a imagem de Deus, que é multifacetada e que, por isso, torna a humanidade tão rica em sua diversidade. Esse caminho é estreito e poucos são os que trilham por ele.
Alguns intérpretes da Bíblia defendem que os textos bíblicos que apontam para uma objeção de Deus em relação ao divórcio são contextualmente equivocados e não servem mais para uma aplicação direta em nossos dias, tais como os textos que falam sobre restrições alimentares e similares. Entretanto, permitam-me os que assim pensam discordar desta ideia.
Quando eu era adolescente e congregava em uma igreja de origem alemã e com forte influência do movimento pietista, o divórcio era visto com uma conotação sexual equivalente ao adultério, ou seja, as pessoas que se divorciavam “queriam” experimentar novos parceiros sexuais, e isso era abominável! Portanto, naquele contexto o divórcio era visto como moralmente degradante – ponto de vista do qual também eu discordo, haja vista que tenho amigos pessoais cristãos divorciados há mais de quinze anos e que não buscaram novas companheiras, muitos menos uma vida promíscua sexualmente; simplesmente mantêm-se em abstinência.
Então qual o real significado do divórcio que leva Deus a afirmar que o odeia (Ml 2.13-16)? Ao longo de mais de trinta anos atendendo a casais em meu consultório, posso dizer que a essência de todo divórcio está na incapacidade de amar o diferente.
Texto Relacionado: Deus continua odiando o divorcio.
Quando iniciamos um relacionamento afetivo, acreditamos – de forma imatura – que temos com o outro uma sintonia tão próxima que mesmo os pequenos sinais de diferenças não nos incomodam, se considerarmos os enormes sinais de concordâncias. A proximidade de convivência e a rotina escancaram o quanto estávamos equivocados. O outro é, sim, muito diferente de mim em muitos aspectos: ritmo, tempo, estilo de vida, projetos, gostos, interação social etc.
Então caímos na ilusão de que com um pouco de esforço conseguiremos mudar o outro e “torná-lo à minha imagem e semelhança”; afinal, se pensarmos de forma mais sintônica, tudo vai ficar maravilhoso. Então passamos a ser educadores do outro, que teimosamente mostra-se um aprendiz ineficaz e não muda. A frustração pela não mudança aumenta, gerando irritação, e os “padrões educacionais” tornam-se mais violentos.
As solicitações transformam-se em gritos, que levam a ressentimentos. Tudo isso colabora para que a imatura sensação inicial de que haveria uma sintonia total se dilua e passamos a acreditar que não somos mais compatíveis – precisamos buscar outra pessoa mais compatível para não arrastarmos ao longo da vida um relacionamento que nos fará infelizes. Aí surge o divórcio.
Não é esse caso uma metáfora de nosso relacionamento com Deus? Ele querendo nos ensinar a ser cada vez mais à sua imagem e semelhança e nós obstinadamente seguindo com nossas “verdades”? Todavia, Deus jamais desiste de nós, nem se altera quando não lhe damos ouvidos. Em última instância, o casamento é a real aprendizagem do amor e, quando nos negamos a esta aprendizagem, nos afastamos do Deus que é amor. É isso o que Ele odeia!
Deus não quer que transformemos o outro à nossa imagem e semelhança, mas que encontremos no outro a imagem de Deus, que é multifacetada e que, por isso, torna a humanidade tão rica em sua diversidade. Esse caminho é estreito e poucos são os que trilham por ele.
Carlos “Catito” e Dagmar são casados, ambos psicólogos e terapeutas de casais e de família. São autores de "Pais Santos, Filhos Nem Tanto".
http://blogdopcamaral.blogspot.com.br/2013/06/por-que-deus-odeia-o-divorcio.html