Moisés, um Sábio Recebendo Conselhos
10 de maio de 2015
Texto áureo
“E escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e o pôs por cabeças sobre o povo; maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez.” Êx 18.25.
Verdade aplicada
A unção e o chamado são qualidades indispensáveis a um líder, mas a capacidade de ouvir e aprender são imprescindíveis para o avanço ministerial.
Textos de referência
Êxodo 18.17-20 e 24
17 O sogro de Moisés, porém, lhe replicou: Não é bom o que fazes.
18 Certamente desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo; porque isto te é pesado demais; tu só não o podes fazer.
19 Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e seja Deus contigo. Sê tu pelo povo diante de Deus e leva tu as causas a Deus;
20 Ensinar-lhes-ás os estatutos e as leis e lhes mostrarás o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer.
24 E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro, e fez tudo quanto este lhe dissera;
A ilustre visita de seu sogro, que trazia consigo pessoas muito queridas, bem como sábios conselhos administrativos ligados ao campo jurídico, revolucionaram o trabalho de Moisés e a história de Israel.
A visita de Jetro influenciou a vida de Moisés. Jetro era um sacerdote experiente, um homem do deserto. Moisés, seu genro, era um homem extraordinário potencial e era possuidor de um “espírito ensinável”, uma qualidade do líder que deseja ter sucesso diante de Deus e dos homens.
O encontro de Jetro e Moisés apresenta um relacionamento sólido e digno de ser copiado em nossos dias. Moisés havia aprendido a conviver em família e seu sogro, além de conselheiro, era fiel amigo. A alegria de Moisés no reencontro com a família e a de Jetro ao saber de todo bem que o Senhor havia feito a Israel por mão de Moisés mostra uma comunhão maravilhosa, pouco vista em nossos dias (Êx 18.7, 8). Moisés também contava com o auxílio de seu sogro, pois Jetro cuidou de seus filhos e de sua esposa.
Moisés teve um princípio de liderança muito árduo. Somente ele conhecia a Deus e todos o buscavam para saber qual seria o próximo passo a ser dado. Moisés se encontrava entre o esgotamento mental e a frustração daqueles que encaravam a fila e retornavam no outro dia na esperança de falar com ele. Estar com Moisés era para eles o objetivo da vida diária. Esses antigos escravos estavam acostumados a esse tipo de governo. Haviam aprendido a depender da autoridade centralizada durante algumas centenas de anos em que estiveram no Egito. Por outro lado, Jetro era um sacerdote de Midiã e sabia como manejar melhor um organismo religioso. Moisés tinha o chamado e a boa vontade, mas Jetro possuía a sabedoria e a experiência. Com sábios conselhos, Jetro instruiu seu atarefado genro no caminho da sabedoria (Êx 18.14).
Jetro pôde observar com claridade que Moisés estava distorcendo a natureza de seu chamado como cabeça de Israel. Moisés havia consolidado seus dons espirituais juntamente com a tarefa de administração e as operações em um sistema gigantesco de burocracia espiritual. Jetro viu uma administração descentralizada, com uma divisão piedosa de trabalho, e apresentou uma saída: ele entendeu que a metodologia de Moisés era tanto nociva para ele quanto para o povo que liderava (Êx 18.17, 18). Moisés era um homem responsável, separado para um fim específico e dotado de uma unção extraordinária, mas, agindo sem o auxílio de outros, ele não somente sucumbiria, como também levaria consigo seus seguidores. Nem Jesus trabalhou sozinho. Centralizadores jamais produzem sucessores, esse é um mal que assola nossa geração.
Sem perceber Moisés é observado por seu sogro Jetro, que notou a ineficiência de seu trabalho. O conceito de autoridade delegada de Jetro é sem dúvida um dos maiores fundamentos de liderança do mundo inteiro. Observemos o elemento principal desse estilo de liderança:
Antes da sugestão dada por Jetro para que Moisés constituísse líderes que o auxiliassem na tarefa divina, primeiro, Moisés deveria ensinar ao povo as ordenanças e leis para que pudessem entender “o caminho em que deveriam andar e a obra que deveriam fazer” (Êx 18.19, 20). A hierarquia de líderes delegados não funcionaria sem um fundamento exaustivo do povo na lei de Deus. Portanto, Jetro não coloca ênfase na estrutura de líderes, mas sim em primeiro estar focado no autogoverno do indivíduo debaixo da lei de Deus. Isso acontece hoje; em vez de os líderes se focarem no ensino e em projetar o caminho, eles projetam os benefícios de servir a Deus e primam pelo nome da organização quando o primeiro passo seria formar o caráter e dar sentido à vida, sem jamais oferecer uma religião.
O alicerce que traria suporte e crescimento ao povo e uma liderança de sucesso para Moisés baseava-se no conhecimento da Palavra de Deus. Infelizmente nos encontramos em meio a uma geração cheia de metodologias e invenções que busca alcançar a pátria celestial por intermédio de fórmulas de crescimento, uma geração sem hábito de leitura e, por isso, limitada quanto a seu potencial e ao poder de Deus sobre si. A Bíblia nos ensina o motivo pelo qual o povo se perde: falta de conhecimento (Os 4.6). Também nos ensina porque erramos tanto (Mt 22,29). A ordem deixada por Jesus no momento de sua ascensão foi para fazer discípulos e guardar a Palavra (Mt 28.18-20). Jetro era experiente e sabia que conhecer a Deus e Sua vontade é também estar ciente do caminho que se deverá percorrer e da missão que se irá desenvolver.
2.3. Homens de qualidade para liderar.
Jetro descreve as qualidades que tais homens deveriam possuir (Êx 18.21, 22). Estes desempenhariam as funções de julgar e ensinar de acordo com as instruções de Moisés. Para isso, deveriam ser tementes a Deus e o temor não seria apenas um sentimento, eles deveriam ter uma vida que refletisse esse temor. Sendo homens dignos de confiança e inimigos de ganhos desonestos, não deveriam apenas ser honestos, mas homens que possuíssem aversão a roubos, subornos, assim poderiam julgar retamente (Lv 19.15; Pv 1.7). Jetro aconselhou Moisés a designar chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez, ou seja, eles deveriam resolver questões mais simples numa instância menor e Moisés as mais complexas.
As palavras de Jetro são palavras poderosas que, postas em prática, podem causar um grande impacto tanto em líderes quanto em seus liderados. A tônica é conhecer para ser responsável. Quando um povo está cheio de conhecimento, não dá trabalho a seus líderes, eles trabalham com seus líderes.
O nome de Jetro significa “excelência”. Também chamado de Reuel (Êx 2.18, 22), ele era sacerdote e príncipe em Midiã. Considerado um dos primeiros consultores gerenciais da história, Jetro possuía três grandes qualidades: era um homem sábio, observador e hospitaleiro. As chamadas “leis de Jetro” influenciam ainda hoje líderes em todos os segmentos gerenciais. O que Jetro observou faltar em Moisés foi equilíbrio e seu conselho visava atingir exatamente essa área falha da vida de Moisés. Moisés não via o que fazia e precisava ser despertado. Às vezes, o Senhor coloca em nosso caminho pessoas como Jetro, que nos ajudarão a ajustar nossas vidas e, em nome de Deus, impulsionar-nos-ão a desenvolver nosso potencial, a aprender a planejar e avaliar as nossas decisões. O caminho apresentado por Jetro era seguro e bom para todos. Porém, de que adiantaria o conselho de Jetro se o coração de Moisés não fosse ensinável? Pessoas de coração obstinado sempre desprezam bons conselhos porque acham que o fazem é sempre o correto. Conselheiros são enviados, ouvir é uma decisão nossa!
Durante sua vida, o tema mais mencionado por Moisés foi guardar os mandamentos do Senhor. Tudo o que aconteceu de ruim ao povo passou pela porta da desobediência. O grande foco do conselho de Jetro era padronizar o povo, dar a eles entendimento para que pudessem andar com suas próprias pernas (Êx 18.20). Ainda hoje as pessoas agem da mesma forma, vivem na dependência do “óleo ungido” sobre suas cabeças, de buscar alguém que Deus capacitou com dons para saber do seu amanhã, mas, quanto mais ouvem, menos praticam. Alguns esperam que “o homem de Deus” lhes imponha as mãos e lance uma palavra profética para mudar suas vidas, para lhes abrir as “portas do mundo espiritual”. No entanto, continuam ocos porque o que gera vida não é a mão alheia e sim a Palavra de Deus. Na verdade, não compreenderam esse requisito como fundamental e indispensável à vida cristã.
A razão pela qual Moisés deveria estabelecer o povo na lei de Deus é que aprenderiam por si mesmos o caminho que Deus desejava que andassem e a obra que Ele esperava que fizessem. Então o povo faria juízos nos assuntos menores da vida cotidiana sem precisar visitar seus supervisores por qualquer situação ocorrida (Êx 18.21). A rede de líderes julgaria os assuntos menores, todavia, o povo também conheceria a lei e tudo ficaria mais fácil, pois todos estariam num mesmo nível de conhecimento. Um número sem fim daqueles que buscam seus líderes em gabinetes é sempre de pessoas que manuseiam a Bíblia e não são frequentes nos cultos. Isso é assustador em nossos dias.
O líder cristão, por mais capacitado que seja, não conseguirá realizar suas tarefas sem a ajuda de auxiliares. Ninguém pode fazer a obra de Deus sozinho. O líder cristão precisa de conselheiros dados por Deus que o ajudem. Sigamos o exemplo de Moisés que, ouvindo sábios conselhos, conseguiu conduzir o povo de Deus à Terra Prometida.
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