Essa semana assistimos com os jovens da igreja ao filme evangélico “Pregando o Amor”. Conta a história de um ex-traficante que é convertido a Cristo através do testemunho de sua namorada. É uma boa história de como a conversão a Cristo acontece com vários tipos de pessoas. Todavia, do ponto de vista pastoral e teológico a trama torna explícito muitos equívocos cometidos por cristãos, membros de igreja, quando o assunto é namoro, evangelização e vida cristã.
A tolerância e o incentivo ao namoro com incrédulos como estratégia evangelística da igreja é tomada com muita naturalidade. A conduta da personagem é tratada quase como um manual com os passos a serem seguidos quando esse for o caso.
Em nenhum momento há uma apresentação explícita de Jesus Cristo e seu sacrifício pelos nossos pecados como o fundamento da evangelização cristã. O arrependimento aparece no filme de forma bem superficial e o conceito de perdão exclui qualquer idéia de restituição. A experiência do jovem que enriqueceu com o tráfico e depois mudou de vida é bem diferente da experiência de Zaqueu que enriqueceu com a cobrança ilícita de impostos, mas que a sua conversão implicou em restituir a quem defraudou (Lc 10).
No filme, os cristãos não gostam de ser chamados de cristãos, mas apenas de “homens e mulheres de fé”, como acontece no caso das igrejas emergentes. Ainda há um toque explícito justificador da teologia da prosperidade, quando o pastor auxiliar da igreja estaciona sua belíssima Lamborguine branca no estacionamento da mega-igreja que os personagens freqüentam. Questionado sobre sua opulência, respondeu com ironia: “_Da última vez que li a Bíblia, ela não disse que era pecado ter estilo”.
Valores cristãos bíblicos como singeleza, simplicidade, frugalidade (relativo a frutos, sóbrio, comedido, simples, modesto) parecem não fazer parte do ensino bíblico sobre a vida cristã. Por isso, a obra missionária mundial definha em muitos lugares à medida em que a teologia da prosperidade avança nos países de maioria cristã. Igrejas grandes, carros caros, casas grandes e luxuosas vão tomando o lugar da fé simples em nossos corações. A secularidade avança sobre nós e nos seduz dizendo o tempo todo: _ Por que não usufruir? Por que não se permitir?! Enquanto em nossos olhos brilham reluzentemente os cifrões do Tio Patinhas.
Filmes como esse nos mostram claramente o fracasso espiritual da Teologia da Prosperidade, que embora seja pintada e filmada com glamour num enredo de vitória e sucesso, na verdade subverte a honra e a glória que são devidas unicamente a Cristo. O caminho da glória da Teologia da Prosperidade não é o caminho da cruz do Evangelho de Cristo, porque o primeiro busca a aprovação dos homens, enquanto o segundo serve unicamente à glória de Deus.
Com amor, Pr. Hélio.
Fonte: Blog do autor