Um menino dos pés descalços

Um menino dos pés descalços


- Um menino dos pés descalços  -
- Olhando para a vitrine da loja de sapatos


Francisco Jacob Ferreira*

Francisco Jacob Ferreira Jacob
-- Os Méritos desta história não são meus -


Esta história eu a li no facebook, “apenas a recontei com detalhes próprios”, pois eu a considerei de vital importância para que venhamos refletir naquilo que não temos feito na terra a favor do nosso próximo.

                               Um menino bem pequeno, magrinho, com a aparência de desnutrição, cabelos ao vento, estava de pés descalços na frente de uma loja de sapatos, fazia muito frio naquele dia, era inverno de maio a julho, e ele tremia, tremia muito de frio, literalmente tremia dos pés a cabeça de frio, e como acontece nas grandes cidades, megalópoles como a de São Paulo, ninguém lhe notava. Era uma loja elegante de sapatos, tênis, sapatilhas, enfim, variedade imensa de calçados finos para quem tem possibilidade de possuí-los, uma loja de nome renomado. Possuíam naquela loja mercadorias de preços altos, também pudera, era em uma rua elegante da capital, vendia somente mercadorias de marcas famosas, de grife, confeccionadas com material importado, acredito pela importância da loja no mercado. E o menino, olhava, olhava com um olhar talvez até de inveja de quem tinha condições para adquirir aqueles produtos tão caros. Tinha o menino a aparência franzina, roupas rotas, velhas, ele estava maltrapilho, olhar triste e apreensivo, um olhar de pedinte, um olhar de quem nunca teria condições de possuir um par de sapatos nesta vida.
                            Olhando para a mesma vitrine também, estava uma senhora que escolhia alguma coisa para comprar ali, bem vestida, bem aparentada, elegante, bem afeiçoada, com fisionomia de quem possui uma condição financeira abastada, bem sucedida e que tinha condições de comprar até mais do que um par daqueles caros sapatos, porém, de repente, a senhora elegante observou o olhar languido do garoto, um olhar que de imediato lhe chamou a atenção profundamente. Aquele olhar era um olhar penetrante, inesquecível, ela até tentou desviar o seu olhar para outro lado, pois tinha a necessidade de comprar algum sapato para uma necessidade premente e ir embora rapidamente sem perda de tempo, até porque o tempo dela parecia escasso, mas o olhar do menino maltrapilho ficou em sua mente como uma flecha reluzente mostrando aquele menino olhando a vitrine compenetrado e olhar triste, os olhos do menino lacrimejavam como se lamentassem a disparidade de vida entre os habitantes desta terra. Não devemos nem podemos esquecer que a vida é assim, existem ricos e pobres, e todos foi DEUS quem os fez (Provérbios 22:2)
                           Ela então começou a indagar a si mesma inconformada com aquela situação que presenciava naquele momento:
                           — Pergunto, não pergunto, pergunto ou não pergunto — indagou a senhora a sua própria consciência, e então, entendendo que não adiantaria ficar com olhar do menino em sua mente, porque já estava se tornando um martírio aquela situação, a senhora aproximou-se dele e carinhosamente lhe perguntou:
                          — Meu pequeno amigo! Por que você está olhando tão intensamente para essa vitrine de sapatos?
                           Ele, então, trêmulo pelo impacto da pergunta e pelo frio que fazia e com o vento que cortava a sua pela frágil de um menino naquele inverno cruel, respondeu-lhe:
                         — Eu estou orando bem baixinho e pedindo a Deus para me dar um par de sapatos, sabe, senhora?
                        A senhora foi tomada de assalto, foi um golpe nunca antes sentido em seus dias de vida, foi tomada por um sentimento de compaixão que cortou o seu coração, o seu coração de mulher já madura e de quem já tinha visto muitas coisas nesta vida. Ela estremeceu, quase parou o seu coração, então, ela pensou, pensou, ficou embatucada, olhou para dentro de si mesma e verificou, procurou saber dentro de si por quantas vezes na vida ela já tinha passado por aquela situação, quantas vezes na vida já teria tido o desejo de possuir alguma coisa e não lhe teria sido possível, e constatou para si mesma que nunca tinha vivido aquilo que o menino com pouquíssimas palavras tinha lhe dito com tanta profundidade e propriedade, e não teve outra reação, não poderia ter tido outra reação, tomou o menino pela mão e o levou para dentro da loja de sapatos, todos os vendedores e pessoas que estavam ali dentro daquela loja ficaram atônitos, boquiabertos, embasbacados com a atitude da senhora de levar aquele menino maltrapilho, de pés descalços, mal nutrido ou mal cheiroso por perambular pelas ruas dias e noites, para dentro de um estabelecimento que nunca conseguiu contar por mais que quisessem quantas pessoas importantes financeiramente falando recebem por dia e hora ali, e que gastam milhões dos seus reais para possuir aquele tipo de mercadoria caríssima para pessoas de bom gosto.
                     Entrou com o menino pela mão, se eles estavam atônitos muito mais estava o menino maltrapilho entrando pela mão daquela senhora, e ela pediu a um das funcionárias daquele estabelecimento meia dúzia de pares de meias para o menino, e também um par de sapatos. Todos os fregueses pararam para olhar estarrecidos aquela atitude da senhora segurando a mão daquele pequeno menino maltrapilho. Então, vem aí a parte mais complicada da história.
                      Perguntou a senhora para a funcionária da loja: Olha, moça! Vocês têm aqui na loja um lugar onde eu possa lavar os pés deste menino? Vocês podem, caso não tenha um lugar, conseguir para mim uma bacia com água limpa e toalha seca para que eu possa secar-lhe os pés? Então, logo de imediato, lhe conseguiram os meios para que ela fizesse o que pretendia fazer, até porque, nesta altura dos acontecimentos, muitos já estavam com os olhos rasos de lágrimas de perceber a sensibilidade daquela pessoa que possuía tantas posses na vida, mas segurava a mão de um menino maltrapilho e de pés descalços. A senhora, então, levou-o para um lugar reservado nos fundos da loja e o banhou, as pessoas que estavam ali não acreditaram e foram conferir. Ele era pequenino, de pouca idade, apenas tinha um grandíssimo desejo de possuir um par de sapatos para agasalhar os seus pequeninos pés descalços. E, com amor, a senhora começou a lavar-lhes os pés, pés cansados, fatigados, humilhados em função da pobreza que a vida lhe impingirá, pés desprotegidos das intempéries da vida, pés que caminharam por ruas pedregosas, ásperas, a ponto de ferir-lhe os seus pequenos pés descalços, e depois de lavá-los, começou a secá-los com carinho, bem devagarzinho como se estivesse massageando aqueles pequeninos pés, pés de uma criança desprotegida, desamparada, simplesmente uma criança que tinha um desejo na vida de ter um par de sapatos em seus pequenos pés descalços e os secou bem sequinhos, colocou neles uma meia bem quentinha colorida de cores fortes e, em seguida, colocou os sapatos que lhe tinha comprado, os pés daquele menino maltrapilho e franzino se transformou, o brilho nos olhos do garoto foi instantâneo, a ponto de fazer com que todos os presentes fossem tocados em suas almas.

                      Notem que enquanto ela lhe secava os seus pequenos pés, ele lhe  fazia carinho na cabeça em forma de um cafuné, e o menino recebia da senhora carinho na cabeça da mesma forma vindos daquela pessoa bondosa e de coração condoído e quebrantado, e ela lhe pergunta espontaneamente com o intuito único de saber se ele estava feliz de verdade:
                     — Menino,  diga-me, pequeno amigo, você deve se sentir mais confortável agora, não?
                     E ele lhe respondeu-lhe:
                     — Sim, senhora!
                    — Você esta com fome?
                    Levou-o a um lugar onde ele pudesse se alimentar e enquanto ele se alimentava, ela deu meia volta e já ia se afastar dele para ir embora, e quando ela se virou para sair, sem que ela esperasse alguma retribuição, o menino muito feliz estendeu a mão e pegou a mão dela, e olhando para aquela senhora com lágrimas nos olhos, perguntou:
                   — A senhora é a esposa de Deus? Porque foi para Ele que eu estava pedindo um par de sapatos quando a senhora me viu olhando na vitrine da loja.
                      E ela disse-lhe:
                      — Não menino, eu não sou a esposa de DEUS, sou a filha D’Ele, feitura de Suas mãos, mas eu sou muitíssimo grata a Ele por todas as coisas que Ele já me deu nesta minha vida, e a oportunidade de conhecer você.
                     E tomou o seu caminho e desapareceu na multidão.
                     Queridos leitores, imaginem como o mundo seria diferente se isso fosse mais comum? Se todos nós de uma maneira ou de outra fizéssemos uma ato de amor a outro, se nos colocássemos no lugar dos que nada possuem? Se tivéssemos amor pelo nosso próximo? Como seria o mundo? Você pode responder? Se pode, responda para você mesmo, talvez você não seja capaz de compartilhar aquilo que possui no dia a dia da vida, porém, possa, a partir desta leitura, refletir sobre o assunto, DEUS, por infinita misericórdia, nos dá e concede infinidade de coisas e bens incontáveis. Misericórdia é benção imerecida. Mas eu quero agora também com você, leitor, ser infinitamente grato a Deus por todas as coisas que Ele tem nos feito e faz a cada dia de vida na terra dos viventes.
Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. (Mateus 25:45)
E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.  (Mateus10: 42)

* Membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério do Belém - Setor 5 (Osasco/SP) - Jardim Rochdale I/Vista Alegre.http://www.portalebd.org.br/atualidades/reflexoes/item/4107-um-menino-dos-p%C3%A9s-descal%C3%A7os.html