A história da Igreja foi marcada por perseguições. O próprio Senhor Jesus, os apóstolos e todos aqueles que fielmente pregaram e viveram segundo os princípios do Evangelho foram vítimas das mais cruéis e sanguinárias ações.
As primeiras perseguições contra a Igreja estão registradas no livro de Atos (At 4.1-22; 5.17-42; 6.8-15; 7.54-60; 8.1-3; 12.1-19; 14.1-7; 19-20; 16.19-26; 35-40; 17.13; 18.5-11; 19.23-41; 20.1-3; 21.27-36, 22-30; 23.12-35; 24.1-27; 25.1-12 ss.).
Os primeiros perseguidores da Igreja foram os líderes judaicos da época:
"Falavam eles ainda ao povo quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos; e os prenderam, recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte, pois já era tarde." (At 4.1-3, ARA)
"Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos saduceus, tomaram-se de inveja, prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública." (At 5.17-18, ARA)
Cairns (1988, p. 46) interpreta as causas desta perseguição ao crescimento rápido da Igreja, que representou para os opositores uma ameaça às suas prerrogativas de intérpretes e e sacerdotes da lei. O Sinédrio, uma organização política e religiosa, sob a permissão romana agiu contra a Igreja. Foi nesta fase da perseguição que Estevão e Tiago foram mortos.
Comentando sobre o relato do martírio de Estevão em Atos 1.8b, Marshall (2008, p. 146) entende que o sucesso deste ataque foi o sinal para um ataquem em maior escala contra a igreja em Jerusalém. Pela primeira vez a palavra "perseguição" (gr. diogmos) ocorre em Atos, significando aqui: "oprimir alguém a fim de persuadí-lo a rejeitar a sua religião, ou simplesmente atacar alguém por motivos religiosos." Kistemaker (2006, p. 383), destaca que o final - mos, aplicado ao substantivo grego, indica ação que se encontra em progresso.
Sobre essa perseguição Williams (1996, p. 174) diz que:
Até agora os saduceus é que haviam sido os principais antagonistas dos cristãos (cp. 4:1, 5s; 5:17), enquanto os fariseus, se é que Gamaliel serve de critério, de alguma forma haviam adotado uma posição mais neutra (5:34 ss). Mas Paulo, um fariseu (23:6; Fl 3:5), resolve abandonar a posição mais suave preconizada por seu mestre, e passa a liderar um movimento organizado com o objetivo de desarraigar a nova doutrina.
Stott (2003, p. 162), percebe uma tríplice intenção de Lucas na narrativa do martírio de Estevão. São elas:
- Mostrar como o martírio de Estevão provocou uma grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. "Ela começou naquele dia, o dia da morte de Estevão, e levantou-se com a ferocidade de uma tempestade repentina";
- Descrever como o martírio de Estevão provocou uma grande dispersão: "todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria (v. 1c, ARA)";
- Relatar como o martírio de Estevão provocou a perseguição, a perseguição a diáspora, e a diáspora uma ampla evangelização: "Entrementes, os que foram dispersos iam por toda a parte pregando a palavra". (v. 4, ARA).
Ao se expandir por todo o Império Romano, a igreja passou a sofrer perseguições em níveis maiores. Para entendermos as causas da perseguição contra a Igreja no Império, nos reportaremos a abordagem de Cairns (Idem, p. 70-77):
- Causas Políticas: Após ser distinguida do judaísmo e considerada sociedade secreta pelas autoridades romanas, a Igreja recebeu a interdição do estado que não admitia nenhum rival à obediência por parte dos súditos, tornando-se assim religio illicita, uma religião ilegal que ameaçava a segurança do estado romano. A tolerância religiosa era tolerada apenas na medida em que contribuísse para manter a estabilidade do estado. O cristianismo colocou César em segundo plano e Cristo em primeiro. A soberania exclusiva de Cristo entrou em confronto com as reivindicações de César à soberania exclusiva. Os cristãos foram acusados de deslealdade, pois recusavam-se a oferecer incenso nos altares devotados ao culto ao imperador. Quem sacrificasse nestes altares, podia praticar uma segunda religião. As reuniões dos crentes à noite foi entendida como a preparação para uma conspiração contra o estado.
- Causas Religiosas: A religião cristã, que se fundamentava num culto espiritual e interno, contrastava com a religião romana, que valorizava os altares, ídolos e práticas externas. As reuniões sigilosas dos cristãos fez com que ataques morais fossem feitos contra eles, acusando-os incesto, de canibalismo e práticas desumanas, distorções do "comer e beber" os elementos representativos da ceia (corpo e sangue de Cristo), e dos ósculos santos ou beijo da paz.
- Causas Sociais: A influência dos cristãos sobre as classes pobres e escravas produziu uma aversão por parte dos líderes aristocráticos e influentes da sociedade, que desprezava os crentes. A ideia e o discurso de igualdade entre os homens não soava bem para o modelo e estrutura aristocrática. A Aristocracia (do grego αριστοκρατία, de άριστος (aristos), melhores; e κράτος (kratos), poder, Estado), literalmente poder dos melhores, é uma forma de governo na qual o poder político é dominado por um grupo elitista. Normalmente, as pessoas desse grupo são da classe dominante, como grandes proprietários de terra (latifundiários), militares, sacerdotes, etc. (wikipédia). Os cristãos também se separavam dos ajuntamentos pagãos dos templos, teatros e lugares de recreação, promovendo assim uma antipatia sem precedentes em qualquer grupo inconformista da história.
- Causas Econômicas: Como exemplo de causas econômicas, pode-se citar a oposição sofrida por Paulo dos fabricantes de ídolos em Éfeso (At 19.27). Havia, o que poderia se chamado hoje de um "mercado religioso", onde sacerdotes, fabricantes de ídolos, videntes, pintores, arquitetos e escultores lucravam com a religião.
Em sua carta ao Imperador Trajano, Plínio escreve sobre as condições na Bitínia durante a sua perseguição aos cristãos (BETTENSON, 2001, p. 30):
Sem dúvida, os templos que estavam quase desertos são novamente frequentados; os ritos sagrados há muito negligenciados, celebram-se de novo; vítimas para sacrifícios estão sendo vendidas por toda parte, ao passo que, até recentemente, raramente um comprador era encontrado.
Quando em anos posteriores o Império sofreu uma crise econômica, a opinião pública atribuiu o problema à presença do cristianismo no Império, e como consequência o afastamento da proteção e provisão dos seus deuses.
Conforme Latourette (2006, p. 111), as perseguições são em geral distribuídas em dois principais grupos cronológicos, o primeiro de Nero, até o ano 250, que foram locais e provavelmente sem muitas perdas de vidas, e o segundo grupo, abrangendo a totalidade do império, com tentativas claras de extirpar o cristianismo como uma grande ameaça ao bem-estar comum. Observaremos abaixo algumas das principais perseguições sofridas pelos cristãos nos primeiro séculos.
A Perseguição Sob Nero (54-68 d.C.)
Nero foi o primeiro imperador romano a perseguir os cristãos. Segundo Tácito (BETTENSON, idem, p. 27), por ocasião do grande incêndio na cidade, Nero acusou os cristãos e partiu para a destruição dos mesmos:
Para livrar-se de suspeitas, Nero culpou e castigou, com supremos refinamentos de crueldade, uma casta de homens detestados por suas abominações e vulgarmente chamados de cristãos. [...] Acrescente-se que uma vez condenados á morte, eles se tornavam objetos de diversão. Alguns, costurados em peles de animais, expiravam despedaçados por cachorros. Outros morriam crucificados. Outros ainda eram transformados em tochas vivas para iluminar a noite. (Tácito, Annales, XV.44)
A atitude de Nero causou repugnância e um sentimento de comiseração geral "pois se pressentia que eram sacrificados não para o bem público, mas para a satisfação da crueldade de um indivíduo" (Ibid).
Há claros indícios de que Pedro e Paulo sofreram a morte em Roma sob Nero (LATOURETTE, idem, p. 111; GONZÁLES, 1995, p. 57; CAIRNS, ibid, p. 74; DEBARROS, 2006, p. 451). Eusébio de Cesaréia (1999, P. 76), assim escreveu:
Dessa maneira, aclamando-se publicamente como o principal inimigo de Deus, Nero foi conduzido em sua fúria a assassinar os apóstolos. Relata-se, portanto, que Paulo foi decapitado em Roma e que Pedro foi crucificado sob seu governo. E esse relato é confirmado pelo fato de que os nomes de Pedro e Paulo ainda hoje permanecem nos cemitérios daquela cidade.
Após o suicídio de Nero em 68, cessou por algum tempo a perseguição aos cristãos (GONZÁLES, idem), sendo retomada em 95, durante o governo despótico de Domiciano (CAIRNS, ibid.)
A Perseguição Sob Domiciano (81-96 d. C.)
Domiciano, movido por sua vaidade e arrogância, "ordenou que fosse chamado de 'Senhor e Deus', exigiu como saudação o beija-mão ou beija-pé" (DREHER, 2004, p. 52). Por esta ocasião os judeus se recusaram a pagar um imposto público criado para o sustento de Capitolinus Jupiter. A identificação com os judeus fez com que os cristãos fossem também perseguidos. Sob o governo deDomiciano o apóstolo João foi exilado na ilha de Patmos, onde escreveu o apocalipse.
A Perseguição Sob Trajano (98-117 d.C.)
Surge aqui, sob Trajano, a primeira perseguição organizada, como parte de uma política governamental definida, começando na Bitínia durante a administração de Plínio, o Moço, por volta de 112. O que de diferente houve nesse período, foi que os cristãos não eram buscados, sendo castigados apenas quando eram acusados por alguém. Plínio enviou uma carta à Trajano, pedindo-lhe orientação sobre a forma de coibir as suas práticas, pois pensava: "o mal ainda pode ser contido e vencido". Em resposta à Plínio, Trajano escreveu (BETTENSON, ibid., p. 31):
No exame das denúncias contra os cristãos, querido Plínio, tomaste o caminho acertado. Não cabe formular regra dura e inflexível, de aplicação universal. Eles não devem ser perseguidos. Mas, se surgirem denúncias procedentes, aplique-se o castigo, com a ressalva de que, se alguém nega ser cristão e, mediante a adoração dos deuses, demonstra não o ser atualmente, deve ser perdoado em recompensa de sua emenda, por mais que o acusem suspeitas relativas ao passado. Panfletos anônimos não merecem confiança em nenhum caso. Eles constituem um mal precedente e não condizem com os nossos tempos". (Trajano a Plínio, Plin. Epp. X.XCVII)
Durante o governo de Trajano, por volta do ano 107, escreve Gonzáles (Idem, p. 66) que:
[...] o ancião bispo de Antioquia, Inácio, foi acusado ante as autoridades e condenado a morrer por ter negado a adorar os deuses do Império. Uma vez que nesse tempo celebravam grandes festas em Roma, em comemoração à vitória sobre os dácios, Inácio foi enviado à capital para que sua morte contribuísse com os espetáculos projetados. A caminho do martírio, Inácio escreveu sete cartas que constituem um dos mais valiosos documentos do cristianismo antigo [...].
Prestes a ser comido pelos leões afirmou em carta: "Sou trigo de Deus, e os dentes das feras hão de me moer, para que possa ser oferecido como pão limpo de Cristo".
A Perseguição Sob Antonino Pio (138-161 d.C.)
Foi durante o governo de Antonino Pio, que em Esmirna, aconteceu o martírio de Policarpo. Detentor de uma "retórica própria cortante, afiada por uma violenta cartase, que endereçava aos duros de coração e insensíveis ao pecado, conclamando todos ao arrependimento de suas transgressões, [...] Policarpo entrou em rota de colisão com o governador Estácio Quadrato, que tentou convencer o santo ancião a negar o nome de Cristo e a adorar a deidade Nêmese, além de outros deuses protetores de Esmirna e do Monte Pago" (MENDES, 2006, p. 131). Quando instado a renunciar e a insultar a Cristo, Policarpo respondeu: "Oitenta e seis anos tenho-lhe servido, e ele nunca me fez nenhum mal; e como posso agora blasfemar meu Rei que me salvou?" (CESARÉIA, 1999, p. 137). Já amarrado e após uma oração, Policarpo foi queimado na fogueira.
A Perseguição Sob Marco Aurélio (161-180 d.C)
Marco Aurélio atribuiu todas as calamidades de seu reino ao crescimento do cristianismo, ordenando assim uma perseguição aos cristãos. Latourette (Ibid., p. 112) escreve que provavelmente a aversão de Marco Aurélio pelos cristãos era pelo fato de pensar que eles minavam a estrutura da civilização que ele lutava para manter contra as ameaças domésticas e estrangeiras. Justino Mártir, sofreu o martírio em Roma durante esta perseguição.
A Perseguição Sob Décio (249-251 d.C.)
Numa época de grande instabilidade no império, que vivenciava ataques externos e internos, e vendo na manutenção da cultura clássica um forte aliado à subsistência, o imperador Décio, percebeu nos cristãos uma ameaça e promulgou um edito em 250 que exigia uma oferta anual de sacrifícios nos altares romanos aos deuses e à figura do imperador, fornecendo um certificado aos que obedecessem e perseguindo os que não se submetessem a esta prática. Latourette (ibid., p. 115) relata:
Sacrificar seria apostasia e na presente crença cristã a apostasia era um dos pecados pelo qual não havia nenhuma espécie de perdão. Muitos cristãos preferiram sua vida física à morte espiritual e aquiesceram completamente. Outros evitaram manifestamente um abandono de sua fé comprando os certificados venais, ou libelli, de aquiescência, sem realmente sacrificarem. Outros, tantos que nunca saberemos, enfrentaram corajosamente o pleno desprazer do Estado por não obedecer. Alguns deles foram aprisionados, entre eles, Orígenes, o bispo de Roma, e o velho bispo de Jerusalém. Esses dois últimos pereceram em prisão. Outros foram mortos imediatamente. Alguns fugiram para lugares de relativa segurança. Entre esses estava Cipriano, o famoso bispo de Cartago [...].
A Perseguição Sob Valeriano (253-260 d.C.)
Nos diz Latourette (ibid,. p. 116), que a princípio Valeriano se mostrou amigável com os cristãos, tendo o seu humor mudado, possivelmente pela influência de um de seus conselheiros. Nesta ocasião os bispos, como líderes da Igreja, foram selecionados e obrigados a reverenciar os deuses sob punição de exílio. Os crentes foram ameaçados com pena de morte se frequentassem as reuniões e cultos da Igreja, ou cemitérios cristãos. Um novo edito em 258 tornou a perseguição mais dura:
[...] presumivelmente ordenava a morte para os bispos, sacerdotes e diáconos; primeiramente o confisco das propriedades e então, se isto não fosse bastante para induzir à apostasia, a morte para os cristãos de alta posição no Estado, o confisco de bens e o banimento para as cristãs matronas, e a escravidão para os membros cristãos dos relacionados à família imperial. Por atingir as pessoas de proeminência na Igreja, esta seria destituída de sua liderança. (LATOURETTE, ibid.)
A Perseguição Sob Diocleciano (284-305 d.C.)
Sob Diocleciano , em 303, aconteceu a mais terrível perseguição contra os cristãos. Foram ordenadas o fim das reuniões cristãs, a destruição das igrejas, a deposição dos oficiais da Igreja, a prisão dos que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição da Escrituras pelo fogo. Os cristão foram também obrigados a sacrificar aos deuses pagãos sob pena de morte caso não aceitassem. os cristãos foram punidos através do confisco de bens, trabalhos forçados, exílio, prisões e execuções à espada ou por animais ferozes.
As perseguições só acabaram por ocasião do governo de Constatino, que através da promulgação do edito de Milão garantiu a liberdade de culto a todas as religiões dentro do império:
"Nós, Constantino e Licínio, Imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas benéficas à comunidade, o culto divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua preferência. Assim qualquer divindade que no céu mora ser-nos-á propícia a nós e a todos nossos súditos. Decretamos, portanto, que não, obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, os que optarem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-las sem estorvo ou empecilho, e que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... . Observai outrossim, que também todos os demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas religiões, pois está de acordo com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua consciência e eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os lugares de seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos que compraram esses locais os restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas como donativo e os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os proprietários, porém, podiam requerer compensação.] Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos cristãos e obedeça-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realização de nosso propósito de instaurar a tranquilidade pública. Assim continue o favor divino, já experimentado em empreendimentos momentosíssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum." (Edito de Milão, março de 313. Fonte: wikipédia)
A Bíblia e a história nos revelam que oração, coragem, intrepidez, fé, sabedoria, prudência e inteligência foram algumas das características e posturas adotadas por muitos na Igreja perseguida dos primeiros séculos, conduta esta que deve ser por nós imitida nos dias atuais.
As perseguições contra a Igreja se seguiram ao longo da história. Atualmente se manifestam em todo o mundo, e das mais diversas formas. Aberta ou discreta, barulhenta ou silenciosa, violenta ou sutil, legal ou ilegal, institucional ou pessoal, externa ou interna, a perseguição existe e se ergue sobre aqueles que amam a Deus, que estão comprometidos integralmente com a sua Palavra.
Diante desta realidade, precisamos nos manter firmes, fundamentados nas palavras de Jesus:
"Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim." (Mt 24.9-14, ARA)
"Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa". (Jo 15.20, ARA)
Glória a Deus!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2001.As primeiras perseguições contra a Igreja estão registradas no livro de Atos (At 4.1-22; 5.17-42; 6.8-15; 7.54-60; 8.1-3; 12.1-19; 14.1-7; 19-20; 16.19-26; 35-40; 17.13; 18.5-11; 19.23-41; 20.1-3; 21.27-36, 22-30; 23.12-35; 24.1-27; 25.1-12 ss.).
Os primeiros perseguidores da Igreja foram os líderes judaicos da época:
"Falavam eles ainda ao povo quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos; e os prenderam, recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte, pois já era tarde." (At 4.1-3, ARA)
"Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos saduceus, tomaram-se de inveja, prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública." (At 5.17-18, ARA)
Cairns (1988, p. 46) interpreta as causas desta perseguição ao crescimento rápido da Igreja, que representou para os opositores uma ameaça às suas prerrogativas de intérpretes e e sacerdotes da lei. O Sinédrio, uma organização política e religiosa, sob a permissão romana agiu contra a Igreja. Foi nesta fase da perseguição que Estevão e Tiago foram mortos.
Comentando sobre o relato do martírio de Estevão em Atos 1.8b, Marshall (2008, p. 146) entende que o sucesso deste ataque foi o sinal para um ataquem em maior escala contra a igreja em Jerusalém. Pela primeira vez a palavra "perseguição" (gr. diogmos) ocorre em Atos, significando aqui: "oprimir alguém a fim de persuadí-lo a rejeitar a sua religião, ou simplesmente atacar alguém por motivos religiosos." Kistemaker (2006, p. 383), destaca que o final - mos, aplicado ao substantivo grego, indica ação que se encontra em progresso.
Sobre essa perseguição Williams (1996, p. 174) diz que:
Até agora os saduceus é que haviam sido os principais antagonistas dos cristãos (cp. 4:1, 5s; 5:17), enquanto os fariseus, se é que Gamaliel serve de critério, de alguma forma haviam adotado uma posição mais neutra (5:34 ss). Mas Paulo, um fariseu (23:6; Fl 3:5), resolve abandonar a posição mais suave preconizada por seu mestre, e passa a liderar um movimento organizado com o objetivo de desarraigar a nova doutrina.
Stott (2003, p. 162), percebe uma tríplice intenção de Lucas na narrativa do martírio de Estevão. São elas:
- Mostrar como o martírio de Estevão provocou uma grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. "Ela começou naquele dia, o dia da morte de Estevão, e levantou-se com a ferocidade de uma tempestade repentina";
- Descrever como o martírio de Estevão provocou uma grande dispersão: "todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria (v. 1c, ARA)";
- Relatar como o martírio de Estevão provocou a perseguição, a perseguição a diáspora, e a diáspora uma ampla evangelização: "Entrementes, os que foram dispersos iam por toda a parte pregando a palavra". (v. 4, ARA).
Ao se expandir por todo o Império Romano, a igreja passou a sofrer perseguições em níveis maiores. Para entendermos as causas da perseguição contra a Igreja no Império, nos reportaremos a abordagem de Cairns (Idem, p. 70-77):
- Causas Políticas: Após ser distinguida do judaísmo e considerada sociedade secreta pelas autoridades romanas, a Igreja recebeu a interdição do estado que não admitia nenhum rival à obediência por parte dos súditos, tornando-se assim religio illicita, uma religião ilegal que ameaçava a segurança do estado romano. A tolerância religiosa era tolerada apenas na medida em que contribuísse para manter a estabilidade do estado. O cristianismo colocou César em segundo plano e Cristo em primeiro. A soberania exclusiva de Cristo entrou em confronto com as reivindicações de César à soberania exclusiva. Os cristãos foram acusados de deslealdade, pois recusavam-se a oferecer incenso nos altares devotados ao culto ao imperador. Quem sacrificasse nestes altares, podia praticar uma segunda religião. As reuniões dos crentes à noite foi entendida como a preparação para uma conspiração contra o estado.
- Causas Religiosas: A religião cristã, que se fundamentava num culto espiritual e interno, contrastava com a religião romana, que valorizava os altares, ídolos e práticas externas. As reuniões sigilosas dos cristãos fez com que ataques morais fossem feitos contra eles, acusando-os incesto, de canibalismo e práticas desumanas, distorções do "comer e beber" os elementos representativos da ceia (corpo e sangue de Cristo), e dos ósculos santos ou beijo da paz.
- Causas Sociais: A influência dos cristãos sobre as classes pobres e escravas produziu uma aversão por parte dos líderes aristocráticos e influentes da sociedade, que desprezava os crentes. A ideia e o discurso de igualdade entre os homens não soava bem para o modelo e estrutura aristocrática. A Aristocracia (do grego αριστοκρατία, de άριστος (aristos), melhores; e κράτος (kratos), poder, Estado), literalmente poder dos melhores, é uma forma de governo na qual o poder político é dominado por um grupo elitista. Normalmente, as pessoas desse grupo são da classe dominante, como grandes proprietários de terra (latifundiários), militares, sacerdotes, etc. (wikipédia). Os cristãos também se separavam dos ajuntamentos pagãos dos templos, teatros e lugares de recreação, promovendo assim uma antipatia sem precedentes em qualquer grupo inconformista da história.
- Causas Econômicas: Como exemplo de causas econômicas, pode-se citar a oposição sofrida por Paulo dos fabricantes de ídolos em Éfeso (At 19.27). Havia, o que poderia se chamado hoje de um "mercado religioso", onde sacerdotes, fabricantes de ídolos, videntes, pintores, arquitetos e escultores lucravam com a religião.
Em sua carta ao Imperador Trajano, Plínio escreve sobre as condições na Bitínia durante a sua perseguição aos cristãos (BETTENSON, 2001, p. 30):
Sem dúvida, os templos que estavam quase desertos são novamente frequentados; os ritos sagrados há muito negligenciados, celebram-se de novo; vítimas para sacrifícios estão sendo vendidas por toda parte, ao passo que, até recentemente, raramente um comprador era encontrado.
Quando em anos posteriores o Império sofreu uma crise econômica, a opinião pública atribuiu o problema à presença do cristianismo no Império, e como consequência o afastamento da proteção e provisão dos seus deuses.
Conforme Latourette (2006, p. 111), as perseguições são em geral distribuídas em dois principais grupos cronológicos, o primeiro de Nero, até o ano 250, que foram locais e provavelmente sem muitas perdas de vidas, e o segundo grupo, abrangendo a totalidade do império, com tentativas claras de extirpar o cristianismo como uma grande ameaça ao bem-estar comum. Observaremos abaixo algumas das principais perseguições sofridas pelos cristãos nos primeiro séculos.
A Perseguição Sob Nero (54-68 d.C.)
Nero foi o primeiro imperador romano a perseguir os cristãos. Segundo Tácito (BETTENSON, idem, p. 27), por ocasião do grande incêndio na cidade, Nero acusou os cristãos e partiu para a destruição dos mesmos:
Para livrar-se de suspeitas, Nero culpou e castigou, com supremos refinamentos de crueldade, uma casta de homens detestados por suas abominações e vulgarmente chamados de cristãos. [...] Acrescente-se que uma vez condenados á morte, eles se tornavam objetos de diversão. Alguns, costurados em peles de animais, expiravam despedaçados por cachorros. Outros morriam crucificados. Outros ainda eram transformados em tochas vivas para iluminar a noite. (Tácito, Annales, XV.44)
A atitude de Nero causou repugnância e um sentimento de comiseração geral "pois se pressentia que eram sacrificados não para o bem público, mas para a satisfação da crueldade de um indivíduo" (Ibid).
Há claros indícios de que Pedro e Paulo sofreram a morte em Roma sob Nero (LATOURETTE, idem, p. 111; GONZÁLES, 1995, p. 57; CAIRNS, ibid, p. 74; DEBARROS, 2006, p. 451). Eusébio de Cesaréia (1999, P. 76), assim escreveu:
Dessa maneira, aclamando-se publicamente como o principal inimigo de Deus, Nero foi conduzido em sua fúria a assassinar os apóstolos. Relata-se, portanto, que Paulo foi decapitado em Roma e que Pedro foi crucificado sob seu governo. E esse relato é confirmado pelo fato de que os nomes de Pedro e Paulo ainda hoje permanecem nos cemitérios daquela cidade.
Após o suicídio de Nero em 68, cessou por algum tempo a perseguição aos cristãos (GONZÁLES, idem), sendo retomada em 95, durante o governo despótico de Domiciano (CAIRNS, ibid.)
A Perseguição Sob Domiciano (81-96 d. C.)
Domiciano, movido por sua vaidade e arrogância, "ordenou que fosse chamado de 'Senhor e Deus', exigiu como saudação o beija-mão ou beija-pé" (DREHER, 2004, p. 52). Por esta ocasião os judeus se recusaram a pagar um imposto público criado para o sustento de Capitolinus Jupiter. A identificação com os judeus fez com que os cristãos fossem também perseguidos. Sob o governo deDomiciano o apóstolo João foi exilado na ilha de Patmos, onde escreveu o apocalipse.
A Perseguição Sob Trajano (98-117 d.C.)
Surge aqui, sob Trajano, a primeira perseguição organizada, como parte de uma política governamental definida, começando na Bitínia durante a administração de Plínio, o Moço, por volta de 112. O que de diferente houve nesse período, foi que os cristãos não eram buscados, sendo castigados apenas quando eram acusados por alguém. Plínio enviou uma carta à Trajano, pedindo-lhe orientação sobre a forma de coibir as suas práticas, pois pensava: "o mal ainda pode ser contido e vencido". Em resposta à Plínio, Trajano escreveu (BETTENSON, ibid., p. 31):
No exame das denúncias contra os cristãos, querido Plínio, tomaste o caminho acertado. Não cabe formular regra dura e inflexível, de aplicação universal. Eles não devem ser perseguidos. Mas, se surgirem denúncias procedentes, aplique-se o castigo, com a ressalva de que, se alguém nega ser cristão e, mediante a adoração dos deuses, demonstra não o ser atualmente, deve ser perdoado em recompensa de sua emenda, por mais que o acusem suspeitas relativas ao passado. Panfletos anônimos não merecem confiança em nenhum caso. Eles constituem um mal precedente e não condizem com os nossos tempos". (Trajano a Plínio, Plin. Epp. X.XCVII)
Durante o governo de Trajano, por volta do ano 107, escreve Gonzáles (Idem, p. 66) que:
[...] o ancião bispo de Antioquia, Inácio, foi acusado ante as autoridades e condenado a morrer por ter negado a adorar os deuses do Império. Uma vez que nesse tempo celebravam grandes festas em Roma, em comemoração à vitória sobre os dácios, Inácio foi enviado à capital para que sua morte contribuísse com os espetáculos projetados. A caminho do martírio, Inácio escreveu sete cartas que constituem um dos mais valiosos documentos do cristianismo antigo [...].
Prestes a ser comido pelos leões afirmou em carta: "Sou trigo de Deus, e os dentes das feras hão de me moer, para que possa ser oferecido como pão limpo de Cristo".
A Perseguição Sob Antonino Pio (138-161 d.C.)
Foi durante o governo de Antonino Pio, que em Esmirna, aconteceu o martírio de Policarpo. Detentor de uma "retórica própria cortante, afiada por uma violenta cartase, que endereçava aos duros de coração e insensíveis ao pecado, conclamando todos ao arrependimento de suas transgressões, [...] Policarpo entrou em rota de colisão com o governador Estácio Quadrato, que tentou convencer o santo ancião a negar o nome de Cristo e a adorar a deidade Nêmese, além de outros deuses protetores de Esmirna e do Monte Pago" (MENDES, 2006, p. 131). Quando instado a renunciar e a insultar a Cristo, Policarpo respondeu: "Oitenta e seis anos tenho-lhe servido, e ele nunca me fez nenhum mal; e como posso agora blasfemar meu Rei que me salvou?" (CESARÉIA, 1999, p. 137). Já amarrado e após uma oração, Policarpo foi queimado na fogueira.
A Perseguição Sob Marco Aurélio (161-180 d.C)
Marco Aurélio atribuiu todas as calamidades de seu reino ao crescimento do cristianismo, ordenando assim uma perseguição aos cristãos. Latourette (Ibid., p. 112) escreve que provavelmente a aversão de Marco Aurélio pelos cristãos era pelo fato de pensar que eles minavam a estrutura da civilização que ele lutava para manter contra as ameaças domésticas e estrangeiras. Justino Mártir, sofreu o martírio em Roma durante esta perseguição.
A Perseguição Sob Décio (249-251 d.C.)
Numa época de grande instabilidade no império, que vivenciava ataques externos e internos, e vendo na manutenção da cultura clássica um forte aliado à subsistência, o imperador Décio, percebeu nos cristãos uma ameaça e promulgou um edito em 250 que exigia uma oferta anual de sacrifícios nos altares romanos aos deuses e à figura do imperador, fornecendo um certificado aos que obedecessem e perseguindo os que não se submetessem a esta prática. Latourette (ibid., p. 115) relata:
Sacrificar seria apostasia e na presente crença cristã a apostasia era um dos pecados pelo qual não havia nenhuma espécie de perdão. Muitos cristãos preferiram sua vida física à morte espiritual e aquiesceram completamente. Outros evitaram manifestamente um abandono de sua fé comprando os certificados venais, ou libelli, de aquiescência, sem realmente sacrificarem. Outros, tantos que nunca saberemos, enfrentaram corajosamente o pleno desprazer do Estado por não obedecer. Alguns deles foram aprisionados, entre eles, Orígenes, o bispo de Roma, e o velho bispo de Jerusalém. Esses dois últimos pereceram em prisão. Outros foram mortos imediatamente. Alguns fugiram para lugares de relativa segurança. Entre esses estava Cipriano, o famoso bispo de Cartago [...].
A Perseguição Sob Valeriano (253-260 d.C.)
Nos diz Latourette (ibid,. p. 116), que a princípio Valeriano se mostrou amigável com os cristãos, tendo o seu humor mudado, possivelmente pela influência de um de seus conselheiros. Nesta ocasião os bispos, como líderes da Igreja, foram selecionados e obrigados a reverenciar os deuses sob punição de exílio. Os crentes foram ameaçados com pena de morte se frequentassem as reuniões e cultos da Igreja, ou cemitérios cristãos. Um novo edito em 258 tornou a perseguição mais dura:
[...] presumivelmente ordenava a morte para os bispos, sacerdotes e diáconos; primeiramente o confisco das propriedades e então, se isto não fosse bastante para induzir à apostasia, a morte para os cristãos de alta posição no Estado, o confisco de bens e o banimento para as cristãs matronas, e a escravidão para os membros cristãos dos relacionados à família imperial. Por atingir as pessoas de proeminência na Igreja, esta seria destituída de sua liderança. (LATOURETTE, ibid.)
A Perseguição Sob Diocleciano (284-305 d.C.)
Sob Diocleciano , em 303, aconteceu a mais terrível perseguição contra os cristãos. Foram ordenadas o fim das reuniões cristãs, a destruição das igrejas, a deposição dos oficiais da Igreja, a prisão dos que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição da Escrituras pelo fogo. Os cristão foram também obrigados a sacrificar aos deuses pagãos sob pena de morte caso não aceitassem. os cristãos foram punidos através do confisco de bens, trabalhos forçados, exílio, prisões e execuções à espada ou por animais ferozes.
As perseguições só acabaram por ocasião do governo de Constatino, que através da promulgação do edito de Milão garantiu a liberdade de culto a todas as religiões dentro do império:
"Nós, Constantino e Licínio, Imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas benéficas à comunidade, o culto divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua preferência. Assim qualquer divindade que no céu mora ser-nos-á propícia a nós e a todos nossos súditos. Decretamos, portanto, que não, obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, os que optarem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-las sem estorvo ou empecilho, e que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... . Observai outrossim, que também todos os demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas religiões, pois está de acordo com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua consciência e eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os lugares de seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos que compraram esses locais os restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas como donativo e os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os proprietários, porém, podiam requerer compensação.] Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos cristãos e obedeça-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realização de nosso propósito de instaurar a tranquilidade pública. Assim continue o favor divino, já experimentado em empreendimentos momentosíssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum." (Edito de Milão, março de 313. Fonte: wikipédia)
A Bíblia e a história nos revelam que oração, coragem, intrepidez, fé, sabedoria, prudência e inteligência foram algumas das características e posturas adotadas por muitos na Igreja perseguida dos primeiros séculos, conduta esta que deve ser por nós imitida nos dias atuais.
As perseguições contra a Igreja se seguiram ao longo da história. Atualmente se manifestam em todo o mundo, e das mais diversas formas. Aberta ou discreta, barulhenta ou silenciosa, violenta ou sutil, legal ou ilegal, institucional ou pessoal, externa ou interna, a perseguição existe e se ergue sobre aqueles que amam a Deus, que estão comprometidos integralmente com a sua Palavra.
Diante desta realidade, precisamos nos manter firmes, fundamentados nas palavras de Jesus:
"Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim." (Mt 24.9-14, ARA)
"Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa". (Jo 15.20, ARA)
Glória a Deus!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
CAIRNS, Earle E. O cristinismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1988.
CESARÉIA, Eusébio de. História eclesiástica: os primeiros quatro séculos da igreja cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
DEBARROS, Aramis C. Doze homens, uma missão: um perfil bíblico-histórico dos doze discípulos de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2006.
DREHER, Martin N. Coleção História da Igreja: a Igreja no Império Romano. São Leopoldo-RS: Sinodal, 1993. v. 1
GONZÁLEZ, Justo L. E até os confins da terra: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. v. 1
KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v.1
LATOURETTE, Kenneth Scott. Uma história do cristianismo: até 1500 a.D. São Paulo: Hagnos, 2006. v. 1
MARSHALL, I. Howard. Atos: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.
MENDES, Jeovah. Os grandes mártires do cristianismo: de Estevão a Luther King. Fortaleza: Imprece, 2006.
Novo Testamento interlinear grego-português. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004.
STOTT, John R. W. A mensagem de Atos: Até os confins da terra. São Paulo: ABU, 2003.
WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.
http://www.ubeblogs.net/2011/02/perseguicao-contra-igreja-nos-primeiros.html