Lição 1 - Uma Mensagem à Igreja Local e à Liderança 3º trimestre de 2015 - A Igreja E O Seu Testemunho - As Ordenanças De CRISTO Nas Cartas Pastorais
Comentarista da CPAD: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Veja -http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao12-ada-1tr11-asviagensmissionariasdepaulo.htm
TEXTO ÁUREO"Ninguém despreze a tua mocidade; as sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza." (1 Tm 4.12)
VERDADE PRÁTICAAs cartas pastorais reúnem orientações à liderança cristã e aos membros em geral para que vivam conforme a vontade de DEUS
LEITURA DIÁRIA Segunda - 1 Tm 1.2 - O cuidado paternal pelo jovem obreiro
Terça - Ef 6.17 - A Palavra de DEUS é a"espada do ESPÍRITO"
Quarta - Gl 4.9-11 - O pastor deve ter cuidado com o legalismo
Quinta - At 15.19,20 - De que os crentes gentios deveriam se abster
Sexta - 1 Co 5.7a - Paulo alerta a respeito do cuidado com o"fermento velho"
Sábado - 2 Tm 2.15 - Preparado para manejar a Palavra da verdade
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Timóteo 1.1,2; Tito 1.1-4 1Tm 1.1 - Paulo, apóstolo de JESUS CRISTO, segundo o mandado de DEUS, nosso Salvador, e do Senhor JESUS CRISTO, esperança nossa, 2 - a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz, da parte de DEUS, nosso Pai, e da de CRISTO JESUS, nosso Senhor. Tt 1.1- Paulo, servo de DEUS e apóstolo de JESUS CRISTO, segundo a fé dos eleitos de DEUS e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, 2 - em esperança da vida eterna, a qual DEUS, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos, 3 - mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de DEUS, nosso Salvador, 4 - a Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: graça, misericórdia e paz, da parte de DEUS Pai e da do Senhor JESUS CRISTO, nosso Salvador. OBJETIVO GERAL Apresentar um panorama geral das epístolas paulinas de Timóteo e Tito. PONTO CENTRAL As epístolas de Timóteo e Tito apresentam orientações aos líderes e membros quanto à vida pessoal e cristã. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Introduzir as epístolas pastorais de Timóteo e Tito. (epístolas de Paulo aos pastores Timóteo e Tito, seus"verdadeiros filhos na fé") Conhecer os propósitos das epístolas de Timóteo e Tito. (orientar os líderes quanto à vida pessoal e no combate as heresias) Conscientizar a respeito da atualidade das epístolas pastorais. (podemos encontrar nas cartas pastorais, ensinos preciosos para a liderança local e para a igreja dos dias atuais - prosperidade e apostasia). Explicar o conteúdo da mensagem de Paulo para a liderança. (apresentam um conjunto de qualificações que aqueles que desejam a liderança devem ter - administração, ética e serviço ). INTERAGINDO COM O PROFESSORPrezado professor, neste terceiro trimestre do ano, estudaremos a respeito das epístolas de Timóteo e Tito. O autor destas cartas é o apóstolo Paulo. Ele as escreveu com o objetivo de orientar e confortar dois jovens pastores, Timóteo e Tito. A cada lição estudada, você verá que os conteúdos destas epístolas são repletos de bons conselhos que podem ajudar líderes e liderados a viverem conforme a vontade de DEUS.
O comentarista é o pastor Elinaldo Renovato de Lima - autor de diversos livros, líder da Assembleia de DEUS em Parnamirim, RN.
O enriquecimento espiritual que advirá do estudo de cada lição será sentido na liderança e em cada membro da Igreja de CRISTO. Resumo da Lição 1 - Uma Mensagem à Igreja Local e à Liderança COMENTÁRIO/INTRODUÇÃONeste trimestre teremos a oportunidade ímpar de estudar as Epístolas de 1 e 2 Timóteo e Tito. Estas cartas, em geral, são consideradas um conjunto, já que foram dirigidas a dois jovens pastores que cuidavam do rebanho do Senhor juntamente com Paulo. O conteúdo delas está repleto de conselhos úteis sobre a estrutura da vida na igreja. Estes conselhos fazem destas cartas verdadeiros manuais eclesiásticos para a liderança das Igrejas de hoje.
I - AS EPÍSTOLAS PASTORAIS
1. Cartas pastorais. 2. Datas em que foram escritas. 3. Conteúdo. II - PROPÓSITO E MENSAGEM 1. Orientar os líderes quanto à vida pessoal. 2. Combater as heresias. III - UMA MENSAGEM PARA A IGREJA LOCAL E A LIDERANÇA DA ATUALIDADE 1. O"evangelho" da prosperidade. 2. Apostasia dos últimos dias. IV - MENSAGEM PARA A LIDERANÇA 1. Administração eclesiástica. 2. Ética ministerial. SÍNTESE DO TÓPICO I - As epístolas pastorais receberam esta designação pelo fato de terem sido escritas e enviadas a dois pastores. SÍNTESE DO TÓPICO II - As epístolas de Timóteo e Tito tinham como propósitos orientar os líderes quanto à vida pessoal e no combate as heresias SÍNTESE DO TÓPICO III - Embora tenha sido escrita em um tempo distinto do nosso, podemos encontrar nas cartas pastorais, ensinos preciosos para a liderança local e para a igreja dos dias atuais. SÍNTESE DO TÓPICO IV - As epístolas de Timóteo e Tito apresentam um conjunto de qualificações que aqueles que desejam a liderança devem ter. CONHEÇA MAIS - Cartas pastorais (pte1) “Aparentemente, a primeira carta a Timóteo foi escrita no período em que Paulo esteve preso em Roma. A segunda carta a Timóteo foi escrita durante seu segundo encarceramento. Desta vez o apóstolo não conseguiu sobreviver. Pelas várias referências, fica claro por essas cartas e pelo testemunho da história, que as epístolas pastorais datam próximas do final da Era Apostólica. Somente os originais das cartas de João, podem ser mais antigos.” Leia mais em Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p. 830. SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO (pte1)“O centro do ensino de Paulo a Timóteo concentra-se no modo de vida que é apropriado dentro da igreja. As suas lições falam de oração (2.1-8), mulheres (2.9-15), a escolha de ‘bispos’ (3.1-7) e ‘diáconos’ (3.8-13) e concluem com uma liturgia de louvor (3. 14-16). Estas lições têm o objetivo de ajudar na igreja do DEUS vivo’. A seguir, Paulo passa a falar do próprio Timóteo. É aparente que, embora Paulo amasse muito Timóteo, o enviasse em importantes missões. Timóteo, por natureza, era tímido e hesitante. Por isto as palavras de Paulo parecem, às vezes, ir além do incentivo e da exortação. Paulo lembra Timóteo de que ele pode esperar falsos ensinos infectando as igrejas, e que o seu dever é ‘propor’ a verdade aos irmãos (4.1-10). Mas Timóteo deve fazer ainda mais. Ele deve ‘mandar e ensinar’ a verdade, e não permitir que alguém ‘despreze’ sua ‘mocidade’. E as exortações prosseguem: Timóteo deve ‘meditar nestas coisas’, ‘ocupar-se nelas’ e ‘perseverar nelas’ (4.10-16)” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 467).
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO (pte2)“A responsabilidade imediata de Timóteo era esta: ‘Para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina’. O apóstolo não nos informa a quem ele se referia quando emitiu esta ordem; Timóteo provavelmente já sabia muito bem quem eram os envolvidos. Paulo usa termos vagos para descrever a natureza destas heresias: Fábulas ou... genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de DEUS, que consiste na fé. Mesmo que seja impossível concluir com plena certeza quais eram esses ensinos que o apóstolo percebia que estavam minando a fé dos cristãos efésios, não é forçar a interpretação sugerir que se tratava de um começo de gnosticismo. A heresia conhecida por gnosticismo, que no século II se tornou ameaça séria à integridade do ensino cristão, tinha raízes judaicas e gentias. (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 452). SUBSÍDIO TEOLÓGICO (pte4)"A liderança é essencial à vida e missão da igreja. Sem ela, a igreja tropeça e cai num curso incerto em sua peregrinação rumo a um lugar melhor. Sem liderança, a igreja não é capaz de cumprir seus propósitos de ministrar eficazmente aos de dentro e alcançar os de fora, nem pode render a DEUS a glória que Ele merece.
O pastor é a pessoa chamada para prover a liderança final da igreja, não importando o sistema administrativo dela. O sucesso da igreja depende em grande parte de sua capacidade de liderança.
Liderança é bíblica. A ideia de alguém liderando outros está fundamentada nas Escrituras. Assumir papel de líder na igreja de DEUS e esperar que outros sigam seu exemplo não é egoísmo, autoritarismo, condescendência nem pecado. Temos certeza disso porque as Escrituras deitam as bases e os princípios da liderança cristã" (MACARTHUR, John. Ministério Pastoral: Alcançando a excelência no ministério cristão. 7. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 294-5). Comentários de vários autores com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique As cartas pastorais do apóstolo Paulo são um ponto levemente fora da curva entre os seus outros escritos do Novo Testamento, pela sua própria natureza: 1 e 2 Timóteo e Tito são cartas pessoais de um homem mais velho para jovens a quem ele quer bem, com orientações, comentários sobre conhecidos em comum e pedidos - como por exemplo, para pedir sua capa e pergaminhos. Esse tipo de expressão não é normal na Bíblia, e particularmente com relação a Paulo, de quem sabemos tanto de sua vida"missionária" ou de sua doutrina através do livro de Atos e das outras cartas. É como se o homem Paulo revelasse um pouco de sua vida pessoal, um vislumbre, é certo, que deu margem a muitas especulações, mas um vislumbre. J. N. D. Kelly - Novo Testamento - Vida Nova - Série Cultura Cristã. Paulo preparou a Timóteo ensinando-o como ministrar aos que tinha sob seu cuidado. Seus ensinamentos foram claros e específicos. Timóteo não teve que adivinhar o que seu mestre ou discipulador esperava dele. Estas instruções surgiram da experiência e sabedoria de Paulo. Os líderes servidores preparam a outros instruindo-os nas áreas específicas de seu ministério. Paulo faz apelo angustiado a Timóteo para que este guarde fielmente a fé genuína, ante a apostasia vindoura (1 Tm 4.1; 6.20; 2 Tm 1.14). Cada crente deve imitar um Paulo em sua vida porque “você necessita de alguém que tenha atravessado o caminho”. Cada crente necessita de um Barnabé porque precisa de alguém “que o ame, mas que não se deixe impressionar por você”. Necessita de um Timóteo “cuja vida está edificando”. (Fp 2.19 - ARA) Filipenses 2.19-23
19 E espero, no Senhor JESUS, que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios. 20 Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado; 21 porque todos buscam o que é seu e não o que é de CRISTO JESUS. 22 Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai. 23 De sorte que espero enviá-lo a vós logo que tenha provido a meus negócios. TIMÓTEO. Timóteo era um bom exemplo do que um ministro e missionário de DEUS deve ser. Era um estudante zeloso e obediente à Palavra de DEUS (2 Tm 3.15); um servo perseverante e digno de CRISTO (1 Ts 3.2); um homem de boa reputação (At 16.2), amado e fiel (1 Co 4.17), com solicitude genuína pelo próximo (v. 20), fidedigno (2 Tm 4.9,21) e dedicado a Paulo e ao evangelho (v. 22; Rm 16.21). PORQUE TODOS BUSCAM O QUE É SEU. Há pastores que pregam, ensinam, pastoreiam ou escrevem, não com solicitude genuína pela propagação do evangelho, mas visando aos seus próprios interesses, honra, glória e prestígio. Ao invés de procurarem agradar ao Senhor JESUS, procuram agradar aos homens e conquistar o favor deles (1.15; 2.20,21; 2 Tm 4.10,16). Tais pastores não são verdadeiros servos do Senhor. Sabendo que está com os dias contados e seu ministério acabado, ele escreve para Timóteo: Procure vir logo ao meu encontro, pois Demas, amando este mundo, abandonou-me e foi para Tessalônica. Crescente foi para a Galácia, e Tito, para a Dalmácia. Só Lucas está comigo. Traga Marcos com você, porque ele me é útil para o ministério (2Tm 4.9-11). Quando seu tempo se esgotava, quando se sentiu abandonado e quando possivelmente se deixava abater pelo desânimo, Paulo queria ter duas pessoas a seu lado: Timóteo, seu amado filho, e Marcos, “porque ele me é útil para o ministério”. Paulo como Mentor de Timóteo (discipulador com figura de pai) Paulo mentoreou muitas pessoas, no entanto foi com Timóteo que esse trabalho sem dúvida destacou-se mais claramente. A imagem de mestre ou discipulador transparece em 1 e 2 Timóteo, em especial no início de 2 Timóteo. Experimente numerar, nos versículos citados a seguir, cada palavra, frase ou conceito que você considere expressão típica de um mestre ou discipulador: Paulo, apóstolo de CRISTO JESUS pela vontade de DEUS, segundo a promessa da vida que está em CRISTO JESUS, a Timóteo, meu amado filho: Graça, misericórdia e paz da parte de DEUS Pai e de CRISTO JESUS, nosso Senhor. Dou graças a DEUS, a quem sirvo com a consciência limpa, como o serviram os meus antepassados, ao lembrar-me constantemente de você, noite e dia, em minhas orações. Lembro-me das suas lágrimas e desejo muito vê-lo, para que a minha alegria seja completa. Recordo-me da sua fé não fingida, que primeiro habitou em sua avó Lóide e em sua mãe, Eunice, e estou convencido de que também habita em você. Por essa razão, torno a lembrar-lhe que mantenha viva a chama do dom de DEUS que está em você mediante a imposição das minhas mãos. Pois DEUS não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de DEUS [...]. Retenha, com fé e amor em CRISTO JESUS, o modelo da sã doutrina que você ouviu de mim. Quanto ao que lhe foi confiado, guarde-o por meio do ESPÍRITO SANTO que habita em nós. Você sabe que todos os da província da Ásia me abandonaram, inclusive Fígelo e Hermógenes[...]. Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em CRISTO JESUS. E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros (2Tm 1.1-8, 13-15; 2.1-2). Vejo que o mestre ou discipulador, como também o pai espiritual, o líder pastoral ou o discipulador será bem-aventurado se reunir as qualidades de Paulo descritas nessas passagens. Vejamos brevemente algumas delas: * Relacionamento paternal e familiar: Paulo trata Timóteo, repetidas vezes, como filho (1Tm 1.2, 18 e 2Tm 1.2; 2.1). Hoje, parece que carecemos tanto de pais espirituais como de filhos. A desestruturação e o desajuste familiar na atual geração é terrível. Precisamos muito de pessoas que saibam gerar filhos espirituais.
* Amor: Vale a pena destacar como Paulo se referia a Timóteo: “meu amado filho” (v. 2). Palavras semelhantes foram ditas pelo Pai após o batismo de JESUS: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado” (Mt 3.17). As Escrituras trazem mais oito frases similares com referência a JESUS, o que mostra quão fundamental isso foi para a vida e a identidade de CRISTO (v. Is 42.1; Mt 12.18, 17.5; Mc 1.11, 9.7; Lc 3.22, 9.35 e 2Pe 1.17). Quantos líderes e pastores não estão convictos de que são realmente amados, aceitos pelo Pai celeste ou por um mestre ou discipulador ou pai espiritual aqui na terra.
* Intercessão: a ligação profunda entre Paulo e Timóteo transparecia no relacionamento de Paulo com DEUS. O apóstolo lembrava-se de Timóteo constantemente, dia e noite (v. 3). Que privilégio contar com um mestre ou discipulador intercessor!
* Intimidade: Timóteo tinha liberdade de chorar com Paulo, e este não se envergonhava disso (v. 4). Na verdade o próprio Paulo também sabia ser transparente e compartilhar emoções profundas que também o levavam às lágrimas. Dirigindo-se aos anciãos de Éfeso, a igreja que mais tarde Timóteo supervisionaria, Paulo afirmou que serviu “ao Senhor com toda a humildade e com lágrimas” (At 20.19); instou-os a cuidarem de si mesmos e a vigiarem, lembrando-lhes “que durante três anos jamais [cessara] de advertir cada um [deles] disso, noite e dia, com lágrimas” (At 20.31). Não devemos nos surpreender de que nessa despedida “todos choraram muito, e, abraçando-o, o beijavam” (At 20.37). O verdadeiro mestre ou discipulador não só deixa seu coração transparecer, a ponto das lágrimas fazerem parte de sua vida e de seu ministério comum, como encoraja seus seguidores a fazerem o mesmo.
* Saudade e alegria (v. 4): Paulo, afinal, possuía um lado afetivo e sabia expressá-lo. Desenvolveu uma ligação afetiva com seu discípulo ou aprendiz. Alegrava-se com seu discípulo ou aprendiz e realmente buscava oportunidades de compartilhamento (veja 2Tm 4.9). Mais uma vez a alegria de Paulo reflete a alegria do Pai no Filho quando diz: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado” (grifo do autor).
* Reafirmação do que é bom (v. 5): Paulo citava qualidades de Timóteo e das boas experiências que compartilharam. Não insistia sempre em que seu discípulo ou aprendiz precisava melhorar, mas comunicava um profundo sentimento de aceitação.
* Exortação (v. 6): Paulo não só reafirmava claramente seu amor, sua aceitação e alegria, mas também sabia como desafiar seu discípulo ou aprendiz para o crescimento.
* Ministração: mais que uma vez Paulo impõe as mãos sobre Timóteo (v. 6) e, em oração, vê o ESPÍRITO SANTO agir de forma sobrenatural na vida deste (v. 1Tm 4.14). O poder e a graça de DEUS fluíam de Paulo para Timóteo.
* Discernimento das necessidades do discípulo ou aprendiz: Paulo sabia que Timóteo sofria dificuldades por causa da timidez ou do medo, por isso ministrava-lhe diretamente a respeito (v. 7) com palavras que encorajaram milhares de outros Timóteos através dos anos.
* Desejo de manter o discípulo ou aprendiz junto a si: Timóteo foi chamado a participar da vida de Paulo e a segui-lo de perto (2Tm 3.10,11, 4.9), até em seus sofrimentos (2Tm 1.8). Paulo não escondia de Timóteo a realidade nem o fato de que a vida cristã apresentava desafios e dificuldades. Também não o deixou enfrentá-los sozinho. O mestre ou discipulador se parece ao Paracletos (ES), que se aproxima de nós e nos chama para junto de si.
* Exemplo (v. 13): Paulo mostrou a Timóteo como ensinar e viver (2Tm 3.10,11), não como um ser perfeito, mas como alguém que permanecia em constante crescimento rumo à perfeição (Fp 3.11-14).
* Reafirmação do chamado do discípulo ou aprendiz: Paulo lembrou Timóteo de manter viva a chama do dom de DEUS que estava nele (v. 6) e ainda estimulou-o a guardar o que lhe foi confiado ou depositado (v. 14).
* Compartilhamento de dificuldades: o mestre ou discipulador não se vale de máscaras para levar o discípulo ou aprendiz a crer que tudo está sempre bem (v. 15). Em vez disso, compartilha suas dores, suas decepções e sua solidão (2Tm 4.9-16).
* Discipulado: o estilo de ensino de Paulo, ao contrário do professor, não se baseia em conteúdo e em programas, mas no que flui do coração de um pai para um filho espiritual (2 Tm 1,2; 2.1,2). Paulo repassa vida, a sua e a de CRISTO, demonstrando as verdades que queria que Timóteo aprendesse através de como vivia e como se relacionava com ele (2 Tm 2.3-17).
* Orientação do discípulo ou aprendiz no pensamento estratégico: Paulo desafia Timóteo a reproduzir o que recebeu dele. Mais que isso. Desafia-o a multiplicar-se através de escolher as pessoas certas para que estas, por sua vez, ensinem a outros o que receberam (2Tm 2.2). AZEVEDO, Irland. De pastor para pastores: um testemunho pessoal. Rio de Janeiro: JUERP, 2001.
HENDRICKS, Howard. Aprenda a mentorear. Belo Horizonte: Betânia, 1999, principalmente parte 2.
HOUSTON, James. E. Mentoria espiritual: o desafio de transformar indivíduos em pessoas. São Paulo: Sepal, 2003.
KORNFIELD, David. As bases na formação de discipuladores. São Paulo: Sepal, 1996. Na verdade, toda a literatura na área de discipulado está muito relacionada ao mentoreamento. _____. Equipes de ministério que mudam o mundo: oito características de equipes de alto rendimento. São Paulo: Sepal, 2002. Sites de consulta na Internet MAPI (Ministério de Apoio a Pastores e Igrejas): www.mapi-sepal.org.br. Fonte: http://www.mapi-sepal.org.br/ Visite www.sermao.com.br TIMÓTEO: UM SERVO COM UM ÚNICO PENSAMENTO Espero no Senhor JESUS enviar-lhes Timóteo brevemente, para que eu também me sinta animado quando receber notícias de vocês. Não tenho ninguém como ele, que tenha interesse sincero pelo bem-estar de vocês, pois todos buscam os seus próprios interesses e não os de JESUS CRISTO. Mas vocês sabem que Timóteo foi aprovado, porque serviu comigo no trabalho do evangelho como um filho ao lado de seu pai. Portanto, é ele quem espero enviar, tão logo me certifique da minha situação, confiando no Senhor que em breve também poderei ir. (2:19–24) Timóteo é um modelo de servo espiritual, amado filho de Paulo na fé. Como Paulo, o seu mestre ou discipulador e modelo, Timóteo é um exemplo de confiança para os outros crentes imitarem. A prisão de Paulo o impediu de ir para Filipos, que era a sua esperança no Senhor JESUS (isto é, na vontade do Senhor). Timóteo era um nativo de Listra, na província da Galácia (parte da atual Turquia). Sua mãe, Eunice, era judia e seu pai era grego e provavelmente um pagão. Paulo levou-o a CRISTO (1 Co 4:17; 1. Tim 1:2, 18;..2 Tm 1:2), provavelmente durante a visita do apóstolo a Listra em sua primeira viagem missionária (At 14:6-23) . Tanto a sua mãe como a sua avó Loide, eram crentes (2 Tm. 1:5) e haviam instruído Timóteo no Antigo Testamento (2 Tm 3:15). Timóteo não era circuncidado como qualquer criança judia, isso sugere que seu pai o educou na aprendizagem e cultura grega. Paulo detectando sua maturidade espiritual, sua herança judaica e também sua descendência grega, viu que o mesmo era qualificado para ministrar o evangelho com ele pelo mundo gentio. Para fazer Timóteo mais aceitável para os judeus, especialmente para aqueles da Galácia que o conheciam como descendente de grego, Paulo circuncidou-o (Atos 16:3). Quando Paulo escreveu aos Filipenses, Timóteo tinha sido seu companheiro quase constante durante cerca de dez anos. Com grande afeto, Paulo falou dele como"meu filho verdadeiro na fé" (1 Tm 1:2),"meu filho amado" (2 Tm1:2),"meu amado filho e fiel no Senhor" (1 Coríntios 4:17). ", meu companheiro de trabalho" (Rm 16:21; 1 Tessalonicenses 3:2; cf 1 Cor 16:10),"nosso irmão" (2 Coríntios 1:1.; 1 Tessalonicenses 3:2; cf Hb 13:23), e, em Filipenses, como um companheiro e servo de CRISTO JESUS (Fp 1:1). Timóteo estava com Paulo em Corinto (Atos 18:5), foi enviado à Macedônia (19:22), e acompanhou o apóstolo em sua viagem de volta a Jerusalém (20:4). Ele foi associado com Paulo na escrita de Romanos (Rm 16:21), 2 Coríntios (2 Coríntios 1:1), Filipenses (Fp 1:1), Colossenses (Cl 1:1), ambas as epístolas aos Tessalonicenses (1 Tessalonicenses 1:1;. 2 Tessalonicenses 1:1.), e Filemon (Fm 1). Ele serviu como solução de problemas de Paulo em Corinto (1 Cor. 4:17), Tessalônica (1 Ts. 3:2), Éfeso (1 Tm. 1:3-4), e em Filipos (Fp 2:19). Timóteo era fiel e confiável, em todos os sentidos e estava claramente qualificado para ser um modelo a ser imitado por todos os crentes. Timóteo estava com Paulo, quando a igreja de Filipos foi fundada (cf. Atos 16:3, 12-40), por isso o apóstolo estava ansioso para enviar Timóteo a eles em breve. Paulo esperava que Timóteo lhe desse uma avaliação positiva das condições espirituais dos Filipenses antes de os visitar. O apóstolo Paulo destaca sete características pessoais que os filipenses deveriam imitar: Timóteo era: - imitador de Paulo, - simpático (bem quisto), - sincero (obstinado, perseverante), - temperado (experiente), - submisso a DEUS, - sacrificial (desejo de se sacrificar pelo evangelho), e - útil (disponível). Primeiro, a personalidade espiritual de Timóteo era semelhante à do apóstolo Paulo. De muitas maneiras, Timóteo era um verdadeiro filho espiritual de Paulo. Epafrodito (2:25-30) e alguns pregadores e professores em Roma eram servos fiéis do Senhor, e Paulo era amado e apreciado por eles (cf. 1:14-17). O apóstolo não estava menosprezando estes homens, mas não havia ninguém da estatura de Timóteo. Ele tinha sido instruído nas Escrituras desde a infância por sua mãe Eunice e avó Lóide (2 Timóteo 1:5;. 3:15) e era muito bem visto por aqueles que o conheciam (Atos 16:2). No entanto, o maior crescimento espiritual de Timóteo começou quando ele passou a viajar e ministrar com Paulo. Exceto o Senhor JESUS CRISTO, nunca houve um mestre ou discipulador espiritual, melhor que Paulo (que por sua vez, foi discipulado por Barnabé). Timóteo teve o privilégio único e invejável de ser protegido do apóstolo. Usado apenas aqui no Novo Testamento, isopsuchos é um adjetivo composto, composto por isso (igual) e psuche (alma). E, literalmente, significa"igual a alma" ou"one-alma", referindo-se a pessoas que são como de espírito e de alma gêmea. A Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento) usou a palavra no Salmo 55:13, onde Davi fala de"um homem meu igual, meu companheiro e meu amigo íntimo", que gravemente o traiu. O objetivo do verdadeiro discipulado é a reprodução, quando uma pessoa está totalmente discipulado, JESUS disse, ele será como o seu mestre (Mateus 10:25). Ao longo do tempo, Timóteo chegou a pensar como Paulo, tanto a respeito de crentes como de não crentes, Sabia, como Paulo, avaliava idéias e situações. Tinha confiança no Senhor como Paulo, e orava como Paulo. Aqueles dois homens de DEUS tinham qualidades semelhantes na alma, paixões semelhantes, objetivos semelhantes, e zelo similar. Paulo disse aos crentes de Filipos o que ele tinha dito àqueles em Corinto, poucos anos antes:"Exorto-vos, que sejais meus imitadores. Por esta razão, enviou a vocês Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, e ele vos fará lembrar-se de meus caminhos que estão em CRISTO, assim como eu ensino em todos os lugares em cada igreja "(1 Cor. 4:16 -17). Tanto em Corinto, até Paulo visitá-los novamente, Timóteo foi de longe o seu melhor substituto. Não era nenhuma maravilha, portanto, Timóteo ser tão amado e querido por Paulo. A segunda Virtude - Timóteo também tinha a virtude de ser simpático. Era de inteira confiança, Paulo assegurava que Timóteo ia realmente ser causa para bem-estar de todos. Havia em Timóteo preocupação pelo bem-estar da igreja. “Tal como o seu Senhor, Paulo tinha extrema preocupação com todas as Igrejas” (2 Co 11:28) e estava confiante de que Timóteo compartilhava dessa preocupação. Eram verdadeiros pastores, cuja principal preocupação era com o bem-estar de suas ovelhas. A terceira virtude que caracterizava Timóteo era sua sinceridade (obstinação, perseverança), indiretamente mencionada por contraste com os líderes da igreja em Roma. Paulo lamenta a atitude egocêntrica, sem amor desses líderes. Buscar traduz o tempo presente do verbo zeteo e poderia ser traduzida como" buscar continuamente." Deve ter sido profundamente triste para Paulo ter que dizer deles que todos eles buscavam seus próprios interesses, e não os de CRISTO JESUS. Embora o evangelho estivesse sendo proclamado por um bom número de homens em Roma, foi pregado por vezes devido à"inveja e porfia ... [e] ambição egoísta, e não por motivos puros" (1:15, 17). Apesar da presença de Paulo, muitos pregadores tornaram-se mundanos e egoístas. Eles não eram apóstatas ou heréticos, mas, obviamente, haviam deixado seu primeiro amor por CRISTO e tornaram-se egoístas (centrados em si mesmos) (cf. Ap 2:4). Seus interesses principais agora já não eram os de CRISTO JESUS, mas seus próprios interesses. Ao contrário de Timóteo, eles não eram mais sinceros, mas tornaram-se vacilantes e, portanto, espiritualmente instáveis (Tiago 1:8). Eles foram exemplificados por Demas, um colega de trabalho confiável de Paulo em Roma (Cl 4:14;. Fm 24), que acabaria por abandoná-lo (2 Tim 4:10, 16.). Poucos homens foram fiéis a Paulo em Roma, como Lucas e Aristarco (Cl 4:10;. Fm 24), e estes não estavam, evidentemente, disponíveis para viajarem para Filipos. O apóstolo necessitava de alguém confiável; Timóteo foi a única opção nesse momento de necessidade de Paulo em Roma. Mais tarde essa seria a mesma situação, na segunda prisão de Paulo em Roma - Em sua última carta a Timóteo, ele disse,"Todos os que estão na Ásia se afastaram de mim" (2 Tm 1:15.) E pediu a Timóteo para permanecer fiel (2 Tm. 1:13). A quarta virtude: Timóteo era experiente (temperado no fogo). Comprovado valor traduz dokimen, que tem o significado básico da prova cumprida após o teste. Usado para uma pessoa, descreve o caráter aprovado ou valor testado e aprovado. Paulo advertiu muitas vezes os crentes a"provarem da vontade de DEUS que é boa, agradável e perfeita" (Rm 12:2), e para"examinarem tudo e examinarem-se" (1 Cor . 11:28,.. 2 Cor 13:5; Gal 6:4).. Os crentes devem"examinar tudo com cuidado, apegar-se o que é bom" (1 Tessalonicenses 5:21.) E"provar os espíritos para ver se eles são de DEUS" (1 João 4:1). Paulo também usou o termo em relação ao teste do Senhor dos crentes, notando que"Mas, como fomos aprovados de DEUS para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a DEUS, que prova os nossos corações." (1 Tessalonicenses 2:4; cf 1 Cor 3:13; 1 Pedro 1:7). Paulo falou da identificação do obreiro"Com eles enviamos também outro nosso irmão, o qual muitas vezes, e em muitas coisas, já experimentamos ser diligente, e agora muito mais diligente ainda pela muita confiança que em vós tem." (2 Coríntios. 8:22), e instruiu que os diáconos"E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis." ( 1 Tm. 3:10). Timóteo havia sido testado muitas vezes em seu serviço ao Senhor. Quando agitadores de Tessalônica forçaram Paulo a abandonar Bereia, Timóteo e Silas foram confiados a permanecer lá e continuar o trabalho (Atos 17:14). A quinta vrtude de Timóteo mencionada aqui é a sua submissão. Como Paulo, Timóteo serviu ao Senhor, o jovem era submisso ao Senhor. Douleuo (servido) foi usado por muitos tipos de serviço, incluindo serviço de dinheiro (financeiro) (Mt 6:24), um mestre humano (1 Tim 6:2.), Um pai humano (Lucas 15:29), uma nação conquistadora ( Atos 7:7; cf. Jo 8:33), e serviço dos crentes uns aos outros (Gl 5:13). Mas foi também um dos verbos mais comuns usados no Novo Testamento para o serviço do Senhor (cf. At 20:19, Rm 12:11; 14:18.; Col. 3:24), muitas vezes em contraste com a de servir outras pessoas e coisas, como a letra da lei mosaica (Rm 7:6), a lei do pecado (Rom. 7:25), e desejos pecaminosos (Rm 16:18; Tito 3:3). Como a frase seguinte ("no progresso do evangelho") deixa claro, servido aqui se refere a servir ao Senhor. É importante notar que Paulo não está falando de um serviço personalizado de Timóteo para ele, embora isso pudesse ser considerado. Timóteo era completamente submisso a Paulo, como um apóstolo, um pai espiritual, e um modelo incomparável de piedade. Mas Paulo deixa claro que este serviço específico não era para ele, mas com ele. Eles serviram ao Senhor juntos em uma parceria amorosa e não competitiva. Paulo era claramente o sênior e Timóteo o júnior que o servia com todo o respeito. No entanto, os dois homens eram ambos"servos de CRISTO JESUS" (Fl 1:1),"fazendo a obra do Senhor" juntos (1 Cor. 16:10). Timóteo não só foi colega de Paulo, mas também"trabalhador de DEUS e companheiro no evangelho de CRISTO" (1 Ts. 3:2). A sexta virtude de Timóteo era a sua vontade de se sacrificar pelo evangelho, como se conclui pelo seu ministério com Paulo na promoção do evangelho como um filho servindo a seu pai. A partir do momento em que o apóstolo escolheu-o para servir ao lado dele, Timóteo deixou seus planos pessoais que poderiam passar por sua cabeça. Começou uma aventura sem volta que lhe traria grande fecundidade (produção de almas) e satisfação espiritual, mas que também envolviam sofrimento e sacrifício. Como Paulo, Timóteo considerava-se sob a obrigação de pregar CRISTO a todos, sabendo que o evangelho"é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê primeiro do judeu e também do grego" (Rm 1:14-16) . Ele também estava"determinado a não saber nada ... com exceção de JESUS CRISTO e este crucificado" (1 Cor. 2:2), estava disposto a se tornar" (1 Cor. 4:9-13)."Porque tenho para mim, que DEUS a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. Nós somos loucos por amor de CRISTO, e vós sábios em CRISTO; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos.” Ele podia dizer sinceramente como Paulo que"não nos pregamos a nós mesmos, mas a CRISTO JESUS como Senhor e nós mesmos como vossos servos por amor de JESUS", e que ele estava"aflito em todos os sentidos, mas não desanimados, ficamos perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre no corpo o morrer de JESUS, para que a vida de JESUS se manifeste também em seus corpos" (2 Coríntios 4:5, 8 -. 10). O Senhor também lhe deu o"ministério da reconciliação" como um embaixador de CRISTO (2 Cor. 5:18, 20). E como Paulo, ele acabou sendo preso por sua fé (Hebreus 13:23). Por causa de seu Senhor, ele deixou sua casa e sua mãe piedosa e avó. Não há nenhuma evidência nas Escrituras de que se casou, teve filhos, e experimentou as alegrias da vida familiar. Ele podia verdadeiramente declarar como fez Paulo aos anciãos de Éfeso:" Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do evangelho da graça de DEUS."(Atos 20:24). A sétima virtude: Timóteo estava disponível, uma característica implícita para ajudar aos outros. Porque ele era tão eminentemente qualificado para o serviço, Paulo podia afirmar sem hesitação, portanto espero enviá-lo imediatamente. Como observado na discussão do versículo 21, ele ainda precisava de ajuda de Timóteo um pouco mais. O contexto deixa claro que Timóteo estava disposto a fazer qualquer coisa que Paulo lhe pedisse. Ele não tinha agenda própria. Ele estava disponível para o Senhor e isso essencialmente significava ser útil ao apóstolo do Senhor. Sua permanência ou saída era inteiramente decisão de Paulo, não dele próprio. Deve ter sido um desafio para este talentoso jovem, inteligente e energético ter rompido de repente suas relações com sua família, amigos e colegas de trabalho. Para a maioria das pessoas, especialmente aquelas com as suas capacidades, isso seria impensável, mas para Timóteo o que mais importava era sua chamada. Timóteo era o tipo de servo voluntário, confiável e alegre como era Paulo no seu serviço para JESUS CRISTO. Ele estava pronto para gastar e ser gasto como parecia melhor para seu querido amigo e apóstolo. Timóteo tinha fraquezas humanas. Apesar de sua vocação divina e os dons espirituais (1 Tm 4:14.), ele aparentemente não tinha autoconfiança por causa de sua juventude (1 Tm. 4:12). Ele foi tentado pelas paixões da mocidade. Em sua segunda carta a ele, o apóstolo adverte: "Se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, e preparado para toda boa obra. Agora fugi das paixões da mocidade e siga a justiça, fé, amor e paz, com aqueles que invocam o Senhor com um coração puro "(2 Tm. 2:21-22). Aparentemente, Timóteo estava, então, em um ponto baixo em sua vida pessoal e ministerial. Ele teve vitórias e derrotas, satisfação e felicidade, decepção e tristeza. Mas ele atendeu o conselho de Paulo: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS. Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." (2 Tm 3:14;. 4:2, 5). Paulo estava acorrentado a um soldado em Roma quando escreveu Filipenses (Atos 28:16). Usando a palavra metaforicamente, Paulo admoestou Timóteo a sofrer dificuldades com ele "como bom soldado de CRISTO JESUS" (2 Tm. 2:3). Paulo, Timóteo e Epafrodito eram três pessoas muito diferentes: Paulo o líder corajoso, destemido, Timóteo seu assistente, tranquilo e consagrado; Epafrodito era diligente, trabalhador por trás das cenas. No entanto, todos os três manifestaram a característica mais importante de uma vida piedosa – Imitavam o líder maior como patrimônio celestial – JESUS CRISTO. Modelos de um Servo espiritual - (Filipenses 2:17-18) - MacArthur, J. (2001). Philippians (309). Chicago: Moody Press. Introdução às Epístolas Pastorais I. Por que Devemos Estudá-las? É necessário estudar exaustivamente as Epístolas Pastorais pelas seguintes razões: (1) Porque elas lançam luz sobre o importante problema da administração eclesiástica. Essas cartas contém algumas diretrizes acerca do culto publico que faríamos bem em prestar atenção? Que qualidades deve um homem possuir para ser um bom pastor? Um ancião digno? Um diácono consciente? Até que ponto poderiam as mulheres ser usadas na obra da igreja? Sobre quem repousa a responsabilidade primária de suprir os necessitados? Como o ministro deve tratar os homens de idade avançada que necessitam de conselho pastoral? E as mulheres idosas? E os jovens? E as jovens? (2) Porque enfatizam a sã doutrina. É verdade que não importa o que uma pessoa creia contanto que seja sincera no que ela crê? A Bíblia é de fato “a Palavra de DEUS” tal como ela se apresenta, ou simplesmente se torna a Palavra de DEUS quando ela o ‘‘toca”? Como deve alguém defrontar-se com hereges? É possível prestar demasiada atenção aos erros deles? (3) Porque exigem uma vida consagrada. É possível que uma pessoa seja “doutrinariamente sã”, porém “corrompida na prática”? Os homens maus devem ser disciplinados? Com que prontidão? Com que propósito em mente? (4) Porque respondem a pergunta: "Os credos tem algum valor”? A igreja creu, no período de transição, na formulação de credos, nas declarações concisas e em outros meios de transmitir a verdade do evangelho aos interessados e a juventude? Havia alguns hinos? O lema: “Credos não, CRISTO sim” está em harmonia com o ensino das Pastorais? (5) Porque nos informam das atividades finais na vida do grande apóstolo Paulo. O livro de Atos apresenta um relato completo de todas as suas viagens? Houve realmente duas prisões em Roma? (6) Porque são uma valiosa fonte para a compreensão da história da igreja no terceiro quarto do 1° século d. C. (Ver M. C. Tenney, The New Testament, A Survey, p. 354). (7) Porque nessas Epístolas, tanto quanto nas demais, DEUS nos fala. II. Quem Escreveu as Pastorais? A expressão “Epístolas pastorais”, como um título comum para 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito, data da primeira parte do século 18. Ora, essas cartas certamente fornecem importantes diretrizes aos pastores. Não obstante, o título não é exato. Timóteo e Tito não eram “pastores” no sentido usual e atual do termo. Não eram ministros de uma congregação local, mas, antes, delegados apostólicos, enviados especiais ou comissionados do apóstolo Paulo, enviados por ele para cumprirem missões específicas. A eles foram confiadas tarefas concretas segundo a necessidade do momento. A tarefa deles era cumprir seu ministério espiritual aqui ou acolá, levando a bom termo a obra que se havia iniciado, para em seguida informar ao apóstolo suas descobertas e realizações. Marcião, em meados de 2° século, rejeitou essas três cartas. Tertuliano afirma: “Entretanto, estou surpreso que enquanto ele [Marcião] aceitou esta carta [Filemom] que fora dirigida a um só homem, tenha rejeitado as duas Epístolas a Timóteo e a dirigida a Tito, as quais tratam da disciplina eclesiástica” (Against Mareion V.xxi). Ora, é natural que um homem como Marcião, que pregava o mais estrito ascetismo, negava a legalidade do matrimônio e estabeleceu regras rígidas para o jejum, rejeitasse as Epístolas Pastorais nas quais o ascetismo é condenado (l Tm 4.3, 4; Tt 1.14, 15). Um herege não gosta de um escrito que direta ou indiretamente condena sua heresia ou algo parecido. No século 19 (1807, para ser exato), F. Shleiermacher rejeitou a autoria paulina de 1 Timóteo. F. C. Baur, em sua obra sobre as Epístolas Pastorais (Stuttgart e Tubingen, 1835), defendia a posição de que é inconsistente aceitar 2 Timóteo e Tito e rejeitar 1 Timóteo. As três deviam ser consideradas como literatura pseudoepigráfica. Muitos discípulos entusiastas - a Escola de Tubingen - endossaram seu ponto de vista. Hoje essa posição é aceita por muitos, ainda que alguns tenham adotado um ponto de vista um pouco mais conservador (ver p. 27). Pode-se honestamente sustentar que nessa atitude negativa os críticos são tão objetivos como dizem ser? É possível que a forma em que essas três pequenas jóias tratam “alguns dos mais queridos temas da mente moderna” tenha algo que ver com a forma decidida em que negam que Paulo seja o autor? As Epístolas Pastorais põem ênfase especial em assuntos tais como a realidade e importância dos ofícios eclesiásticos (1 Tm 3; Tt 1), a inspiração da palavra escrita (2Tm 3.16), a necessidade de manter a pureza doutrinária (l Tm 4.1-6; 2Tm 3.14; 4.3; Tt 2.1), a realidade da ressurreição (2Tm 2.18) e a exigência divina de que a fé se torne militantemente manifesta. (2Tm 4.2, 7, 8). Ora, se tendências subjetivas tem ou não prevalecido, uma conclusão se torna inescapavelmente clara quando os fatos são examinados: os críticos não conseguiram provar sua tese que afirma que Paulo não poderia ter escrito as Pastorais. Os argumentos dos críticos podem ser assim resumidos: (1) No tocante ao vocabulário, as três Epístolas são muito semelhantes entre si, mas inteiramente diferentes das outras dez. Epístolas, as quais são tradicionalmente atribuídas a Paulo, a saber. Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses e Filemom. Quanto aos seguintes pontos que se acham enfatizados sob esse tópico geral, alguns críticos enfatizam um ponto, outros enfatizam outro: a. A grande similaridade no vocabulário das três pastorais. REFUTAÇÃO - Quanto a alternativa a., até certo ponto a verdade é exatamente o oposto. Das palavras novas (novas no sentido em que não aparecem nas dez) bem poucas se encontram em todas as três em conjunto; apenas nove de um total de 306! Dai, se a falta de similaridade no vocabulário é prova de que o autor é outro, haveria algo a dizer em prol de uma proposição que sustentasse que há um autor diferente para cada epístola pastoral. 1 Timóteo contém 127 palavras novas; 2 Timóteo, outras 81; e Tito, outras 45. Em conjunto, 1 Timóteo e 2 Timóteo contém apenas dezessete; 1 Timóteo e Tito, apenas vinte; 2 Timóteo e Tito, apenas sete; as três, em conjunto, apenas nove. (Todavia, tanto o vocabulário quanto o estilo, tomados em conjunto, apontam antes para um só autor.) b. Os contraste entre o vocabulário das Pastorais e o das outras dez Epístolas. As vezes quase pareceria que um simples relance nos famosos diagramas de Harrison (em seu livro The Probiem ofthe Pastoral Epistles, Oxford, 1921) seria suficiente para convencer alguns de que Paulo não poderia ter escrito I Timóteo, 2 Timóteo e Tito. O número de palavras novas por página (!) do texto grego que o autor introduz nessas três cartas, não está totalmente fora de proporção em relação a quantidade muito menor de palavras novas por página usadas por Paulo nas outras dez Epístolas? Se o apóstolo escreveu as dez, é possível que tenha escrito as Pastorais? Além disso, não apontam para um autor distinto de Paulo expressões como as seguintes: “guarda o depósito” (I Tm 6.20: 2Tm 1.12, 14); “segue a doutrina” (uma forma de, I Tm 4.6; 2Tm 3.10); “linguagem profana” (I Tm 6.20; 2Tm 2.16); “homem de DEUS” (I Tm 6.11; 2Tm 3.17)? E, em contrapartida, não é verdade que muitas palavras que são usadas diversas vezes nas dez [Epístolas] não aparecem nas três: “fazer injustiça” “sangue”, “incircuncisão”, “obras da lei”, etc.? Burton Scott Easton realça que o verdadeiro Paulo usa a palavra “ESPÍRITO" umas oitenta vezes; o autor das Pastorais, só três vezes. d. A ausência de famílias de palavras paulinas. Isso é o inverso do precedente. c. A presença, nas Pastorais, de famílias de palavras inteiramente novas ou grandemente expandidas. Não é verdade que as Pastorais apresentam pela primeira vez com ramificações sem paralelos, não só muitas palavras particulares, mas famílias completas de palavras? Para apresentar apenas um exemplo: a família de compostos que se centraliza em torno da ideia comum do ensino ou da didática.: As seguintes não ocorrem em parte alguma nas dez: é apto para ensinar, l Timóteo 3.2; 2 Timóteo 2.24, mestre da lei, 1 Timóteo 1.7, mestre daquilo que é bom, Tito 2.3, ensinar outra, coisa, ensinar doutrina diferente, 1 Timóteo 1.3; 6.3 Que ocorrem também em duas ou três das dez: mestre, 1 Timóteo 2.7; 2 Timóteo 1.11; 4.3 ensino, nas Pastorais ocorrendo com grande frequência, tanto sentido ativo quanto no passivo (doutrina), ensino, 2 Timóteo 4.2; doutrina, Tito 1.9 Que ocorrem também em seis das dez: ensinar, 1 Timóteo 2.12; 4.11; 6.2; 2 Timóteo 2.2; Tito 1.11. REFUTAÇÃO - Quanto a b., c. e d., o fato é que pouco mais de um quarto do vocabulário total da Epístola de Paulo aos Romanos é “novo” no sentido em que não é usado nas outras nove Epístolas. A porcentagem de palavras novas, em proporção ao total do vocabulário empregado em 2 Timóteo (palavras que não aparecem nas dez) é apenas superior a de Romanos. O mesmo vale para Tito. Em 1 Timóteo, cerca de um terço das palavras são novas. Por certo, com base nesses fatos, a tese dos críticos, a saber, que Paulo não poderia ter escrito as Pastorais, não procede! Em cada epístola, Paulo usa as palavras (inspiradas pelo ESPÍRITO) de que necessita, a fim de expressar seus pensamentos (inspirados pelo ESPÍRITO) acerca do tema especifico de que está tratando. Por essa razão, não surpreende que certas palavras, encontradas nas dez, estejam ausentes nas três. Por exemplo, tomemos as primeiras três palavras mencionadas por Harrison em sua lista na p. 31, tomando-as na ordem em que aparecem. A primeira é fazer mal, fazer injustiça. A segunda é sangue. A terceira é incircunciso. Ora, todo o tema da justiça, obtida pelo pecador mediante o sangue de CRISTO e não por meio de ritos tais como a circuncisão, corresponde a Epístolas tais como Romanos, Gálatas e, em certa extensão, a l Coríntios. Portanto, é nessas Epístolas que devemos buscar tais palavras e outras similares. Seguramente, porém, o apóstolo não precisava expor em detalhes a Timóteo e Tito, seus amigos íntimos e colaboradores na obra, a doutrina da justificação mediante a fé! Por isso é que é plenamente natural que essas três palavras não apareçam aqui, embora a doutrina propriamente dita não esteja completamente ausente; ver Tito 3.5-7. O mesmo vale para as demais palavras apresentadas por Harrison nas pp. 31 e 32 de seu livro. A ausência de qualquer uma delas é estranha nas Pastorais, ainda que se torna mais claramente por que não deve ser achada mais num caso do que noutro. Além do mais, se devemos negar que Paulo é o autor das Pastorais pelo fato de que a palavra “ESPÍRITO” aparece somente três vezes, não deveríamos também rejeitar a paternidade literária paulina de Colossenses, 2 Tessalonicenses e Filemom? Quanto a uma espada de dois gumes, pois poder-se-ia também dizer que a própria presença de famílias inteiras de palavras aqui nas Pastorais como nas dez aponta na direção de autoria idêntica. Pode-se explicar facilmente que a palavra básica em torno da qual se tem desenvolvido a família de palavras não seja a mesma nas diferentes Epístolas: nas cartas a Timóteo e Tito, nas quais havia necessidade especifica de bom conselho acerca de sua tarefa especifica de comunicar instrução, de modo algum surpreende que a família de palavras se desenvolva em torno da ideia de ensino. Além disso, pode-se demonstrar que, se a presença ou a ausência de certas palavras e famílias de palavras é decisiva na determinação da autoria, não seria fácil para os críticos da defesa de Paulo como autor das dez, porque na lista que Harrison apresenta de 41 palavras que aparecem em cinco Epístolas paulinas, porém não nas Pastorais (op. cit., p. 31), somente uma palavra das primeiras 22 aparece em 2 Tessalonicenses! Naturalmente, alguns estariam bem dispostos a desfazer se de 2 Tessalonicenses também! e. O fato de que várias palavras que se encontram em 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito, porém não nas dez, aparecerem no vocabulário dos Pais Apostólicos, e o fato complementar de que uma alta porcentagem de palavras genuinamente paulinas não aparece nas três e tampouco aparece no vocabulário dos Pais Apostólicos. Alega-se que isso indica que as Pastorais correspondem aos primórdios do 2º século. Quanto a isso, é também costumeiramente realçado que durante o 2º século houve o ressurgimento da dicção clássica. Mantém-se que isso explica a presença de um número considerável de palavras clássicas nas cartas. REFUTAÇÃO - Quanto a e., nosso conhecimento do verdadeiro vocabulário que se usava durante a segunda metade do 1.° século d. C., em comparação com o da primeira metade do 2.° século d. C., é por demais escasso para servir como critério fidedigno. Com quanta frequência ocorre que palavras consideradas como que pertencentes a tempo posterior de repente aparecem em escritos recém-descobertos, e que são de uma época bem anterior? A ideia de que o uso de palavras “clássicas” é indicio de um autor do 2.° século d. C. é admitir como verdade algo que precisa ser provado. Por que pareceria irracional supor que Paulo pessoalmente tenha escrito as Pastorais, e que tenha obtido seu conhecimento de vocabulário “clássico” de suas próprias leituras e de havê-lo ouvido? Não fora ele, em sua juventude, estudante? O currículo de Gamaliel nada fornecera da literatura antiga e contemporânea? Não é verdade que o Paulo que temos aprendido a conhecer através das dez Epístolas reconhecidas teria tido um extenso conhecimento (direto ou indireto) de autores gregos, de modo a poder citar Menandro ( I Co 15.33) e Arato (At 17.28)? E absurdo considerar a possibilidade de que durante sua longa primeira prisão (e, segundo alguns, talvez durante sua segunda prisão, cf. 2Tm 4.13) o apóstolo tenha expandido seu conhecimento fazendo, de vez em quando, incursões na literatura extracanônica? Seja como for, sabemos que algumas palavras que não são usadas em outros lugares do Novo Testamento, mas que foram usadas pelo autor das Pastorais e por escritores do 2 ° século d. C., foram também usadas por contemporâneos dos apóstolos. Quem se atreveria afirmar que muitas outras palavras poderiam não ser do uso comum em data tão antiga que remonte ao 1 século d. C., ou até mesmo anterior a isso? A similaridade de vocabulário que se nota ao compararem-se as Pastorais com os escritos cristãos do 2.° século d. C., não significa necessariamente que, quem quer que tenha escrito 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito tenha vivido nos dias dos Pais Apostólicos e dos apologistas. Poderia significar igualmente que os autores cristãos do 2.° século tenham lido, estudado e, em certa medida, copiado e parafraseado Paulo. f. O uso frequente de palavras e expressões latinas. Diz-se que isso indica que o autor das Pastorais não poderia ter sido Paulo, mas que certamente teria sido alguém que morava em Roma ou nas proximidades de Roma. Ou, se tal conclusão não for expressa exatamente dessa forma, o argumento sobre os latinismos que ocorrem nas Pastorais ao menos se encontram na lista das causas para o ceticismo. REFUTAÇÃO - Quanto a f., o uso frequente de palavras e expressões derivadas do latim e um argumento que pende de um fio muito débil. Os críticos podem assinalar apenas duas palavras latinas, e não mais, nas três pastorais, a saber: (latim, membrana), pergaminho, 2 Timóteo 4.13, e (a mesma passagem) (latim, paenula), a qual tem sido variadamente interpretada como capa, capa de livro, pasta [para arquivo]. As palavras latinas, porém, ocorrem naquelas Epístolas que mesmo pelos críticos são atribuídas a Paulo: 0picqj|kuto, conduzir em triunfo (cf. latim, triumphus), 2 Coríntios 2.14; Colossenses 2.15; açougue (latim, macellum), 1 Coríntios 10.25; e Guarda Pretoriana (latim, praetorium), Filipenses 1.13. Além disso, em seu Evangelho e Atos, Lucas, que fora companheiro de Paulo, e que, segundo 2 Timóteo 4.11, estava novamente com ele durante a segunda prisão do apóstolo, usa quase a metade de um total de cerca de trinta palavras latinas que são usadas no Novo Testamento. Se o companheiro frequente de Paulo pode usar palavras latinas, por que Paulo não poderia fazer o mesmo? E certo que também se ouvem ecos do latim em expressões como as seguintes: (dominus), 1 Timóteo 6.1, 2; 2.21; Tito 2.9, dono, senhor (bilinguis num de seus significados), 1 Timóteo 3.8, ambiguo (firmamentum), 1 Timóteo 3.15, suporte, baluarte, fundamento (pietas), I Timóteo 2.2; 4.7, 8, piedade, reverência, devoção, viver santo, santidade, religião (vaniloquium), 1 Timóteo 1.6, conversação fútil (nostri), Tito 3.14, “nosso rebanho”, nosso povo (praeiudiciuni), 1 Timóteo 5.21, prejulgamento, preconceito (gravitas), 1 Timóteo 2.2; 3.4; Tito 2.7, dignidade, respeitabilidade, gravidade, seriedade (gratiam habere), 1 Timóteo 1.12, reconhecimento, gratidão Mas, em conexão com isso, observe o seguinte: 1. Também se encontram nos outros escritos do Novo Testamento palavras e frases que nos lembram expressões paralelas no latim. 2. Já durante o 1,° século d. C., o grego e o latim haviam alcançado uma posição de intercambio e de tradução de um para o outro idioma. 3. O que pode parecer uma expressão copiada pode bem ser apenas o resultado de um desenvolvimento paralelo de cognatos. Além do mais, mesmo quando se reconhecesse uma considerável medida de influência do latim sobre o grego das Pastorais, provaria isso, de algum modo, que Paulo não pode tê-las escrito? Não é inteiramente natural que o homem que chegara a metrópole do mundo, onde bem recentemente havia passado não menos de dois anos, um homem, ademais, que era altamente suscetível as influências do meio ambiente e que estava desejoso de fazer tudo a todos os homens, começasse a fazer uso mais pleno da dicção “romana” e de sua fraseologia, o que até então não havia feito? Neste ponto o argumento dos críticos parece fracassar completamente! g. O sentido totalmente diferente nas Pastorais das palavras que se encontram tanto nelas como nas dez. Exemplos: fé é usada objetivamente nas Pastorais - o que se crê, a verdadeira religião; Paulo, porém, a usa no sentido de confiança subjetiva - tomar é usado em l Timóteo 3.16 em referência a ascensão de CRISTO, enquanto que em Efésios 6.13, 16 no sentido de “tomar” armas espirituais - A letra é usada por Paulo num sentido desfavorável; letras, porém, são usadas em sentido favorável em 2 Timóteo 3.15 - os escritos sacros. REFUTAÇÃO - Com respeito a g., essas ilustrações se desvanecem imediatamente ao serem examinadas mais detidamente. Assim, alega-se que Paulo usa a palavra fé em sentido subjetivo (confiança em DEUS e em suas promessas), mas que o autor das Pastorais a usa no sentido objetivo (credo, corpo de doutrina). Mas, para começar pelas Pastorais, a expressão “a fé e o amor que estão em CRISTO JESUS” (I Tm 1.14) indica o exercício dessas virtudes. “Permanecerem fé, em amor e em santificação” (ver I Tm 2.15) também ilustra o uso subjetivo. E quando o autor ensina que alguém recebe a “salvação pela fé que está em CRISTO JESUS”, todos imediatamente entendem que ele está falando da atitude de confiança no Redentor e do exercício dela (portanto, uma vez mais no sentido subjetivo). Ver também 1 Timóteo 3.13; 6.11, 12 e 2 Timóteo 1.13; 3.10; 4.7. E no tocante as dez Epístolas, o autor delas nem sempre usa a palavra no sentido objetivo. Assim, em Gálatas 1.23 fala-se de “pregar a fé”. Em Gálatas 6.10 usa-se a expressão “os da família da fé”. Em Filipenses 1.27: “combatendo unanimes pela fé do evangelho”, temos outro excelente exemplo de Uso objetivo. Além do mais, não surpreende que nas Pastorais, Paulo, sendo um homem que está para partir desta vida, esteja preocupado com a preservação de “a verdade”, e, consequentemente, empregue amiúde a palavra “fé” nesse sentido objetivo (1 Tm 1.19; 3.9; 4.1; 5.8; 6.10; 2Tm 3.8; Tt 1.13). No tocante aos demais exemplos que se supõe demonstram que, quando o autor das três usa uma palavra paulina, o faz num sentido completamente distinto, demonstrando assim que o apóstolo não poderia ter escrito as três, não é de todo evidente por que um autor não poderia usar o mesmo verbo grego no sentido de “tomar” as armas espirituais e no de “recebido no alto”, ao referir-se a JESUS e sua ascensão. De forma semelhante, não deve causar estranheza o fato de a expressão “a letra”, no singular, ser usada num sentido, porém o termo “letras”, no plural, em sentido diferente. Muitos idiomas contém expressões desse caráter: por exemplo, é muito necessário tomar ar puro (no singular), porém não é aconselhável “dar-se ares” (plural). Não é verdade que nas Epístolas que mesmo os críticos atribuem a Paulo, as palavras “carne” e “lei” são usadas em mais de um sentido, assim como o autor do quarto Evangelho usa a palavra “mundo” em diversos sentidos? h. Finalmente, o fato de que não só “as pedras” diferem das usadas por Paulo, mas também “as ferramentas e argamassa” (partículas de transição e inferência, que saturam as dez, porém são escassas nas Pastorais). Não é difícil demonstrar que o valor deste argumento e de suas ramificações tem sido excessivamente superestimado. REFUTAÇÃO - Finalmente, quanto a h., nos discursos expositivos ou argumentativo. - pense especialmente em Romanos, l e 2 Coríntios e Gálatas onde podemos esperar naturalmente um uso muito mais extenso de partículas de transição e inferência do que num manual de advertências e instruções para “pastores”. Nesta buscamos e encontramos o modo imperativo. Em suma, estamos diante de Paulo, “já ancião” (denominação que ele mesmo da a si em Fm 9), escrevendo uma carta. Um homem de idade avançada usaria o mesmo vocabulário de um jovem? Apesar das vigorosas negativas, não é possível que a idade e a experiência de estalem prisão, quer num passado recente ou no exato momento em que escreve, tenha algo que ver com o vocabulário, com a gramática ou com ambos? O autor das Pastorais está escrevendo a colaboradores muito achegados que ele mesmo comissionara. Em nossos dias, quando o ministro de uma congregação grande ministra conselho a seu “auxiliar”, com quem tem um trato amistoso, emprega ele o estilo oratório do púlpito que usa aos domingos? Ao escrever aos seus colaboradores, o autor os aconselha sobre a forma de organizar a igreja, que tipo de presbíteros se devem designar, o que se deve fazer com os hereges, etc. Tem-se dessa natureza requerem o vocabulário que alguém usaria ao expor ante a congregação a doutrina da “justificação pela fé” (Romanos) ou de “a unidade de todos os crentes em CRISTO” (Efésios)? N. J. D. White, op. cit., pp. 63, 65, 66, justifica a ocorrência de algumas das novas palavras nas Pastorais, mostrando que sua presença é plenamente natural em cartas que condenam heresias. Ele põe termos tais sob o tópico “Fraseologia polemica em referência ao falso ensino”. Um exemplo é “linguagem profana”. Em conclusão, gostaríamos de perguntar aos críticos: No início de sua carreira como escritor, foi entregue ao apóstolo um catalogo de palavras com a exigência de que, não importa quais fossem as circunstancias suas e de seus leitores, e sem importar o propósito da epístola ou do tema que fosse escrever, usasse invariavelmente essas palavras, e tão-somente essas, e além disso as distribuísse em igual proporção em todas as suas cartas, como os salpicos num vestido de bolinhas? Em volume real, físico, a herança literária que Paulo nos legou não é de modo algum imponente: somente 138 paginas pequenas no texto grego de N.N. (para as dez Epístolas). Temos o direito de supor que o que está escrito contém todo o vocabulário e a sintaxe de Paulo, de modo que qualquer discordância (em palavras ou gramática) que alguém encontra nas Pastorais demonstra que estas devem ser atribuídas a outro autor? Teria alguém o direito de aplicar aos escritos de Paulo um critério que, aplicado a Milton, Shelley e Carlyle, os despojara de grande parte de seus escritos? O argumento baseado no vocabulário e na gramática, não conduz a parte alguma. Mesmo o mais zeloso defensor da autenticidade das Pastorais reconhecera com prontidão que há uma notável diferença no vocabulário, quando as três são comparadas com as dez, assim como há uma variação considerável quando cada uma das três são comparadas uma com as outras duas. E totalmente possível que as explicações que são apresentadas - tais como a idade de Paulo e sua prisão (passada ou presente), o caráter dos leitores, os temas abordados, o propósito - não sejam razão suficiente para tais diferenças. Também podem haver afetado outros fatores, por exemplo, o rápido avanço e desenvolvimento da igreja como uma nova entidade, crescente, mutante e vigorosa, e a necessidade de criar uma nova fraseologia. Expressões tais como “guardar o depósito”, “seguir a doutrina” e “homem de DEUS” são consideradas por White como pertencentes a essa categoria. Podemos supor que aqui Paulo está usando fraseologia que ouve ao seu redor. Além do mais, tem-se sugerido que em certa medida o “secretario” ou “secretários” poderiam ter influenciado no produto final. Sobre este ponto, veja nota 193, no final do capitulo 2 de Tito. Entretanto, o ponto a notar é o seguinte: a responsabilidade da prova repousa inteiramente na critica, negativa. Não é o crente conservador que pretende que o vocabulário e a gramática demonstrem que Paulo foi o autor, mas que são os críticos que proclamam em. voz alta que o vocabulário e a gramática indicam que Paulo não poderia ter sido o autor. Os críticos literários dos primeiros séculos, que estavam bem conscientes das peculiaridades gramaticais e do estilo, e portanto puderam pôr em duvida que Paulo fosse o autor de Hebreus, jamais tiveram, dificuldades com as Pastorais. O critico moderno tem fracassado completamente em seu intento de demonstrar que uma só palavra sequer do total do vocabulário das Pastorais não tenha sido escrita por Paulo. Tratei disto com detalhe em conexão com o vocabulário do segundo capitulo de Tito. Veja nota 193. (2) O estilo das Pastorais denuncia sua origem forjada. Alguns, ao falarem sobre “estilo”, usam este termo num sentido que se aproxima de “vocabulário”, “dicção”. Isso já foi discutido. Outros, contudo, dão uma conotação mais ampla ao termo, e sob esse tópico discutem o que o autor das Pastorais diz e especialmente como ele o diz, o caráter geral de seus pensamentos e particularmente a maneira como ele os expressa. Aqui tomaremos o termo neste sentido mais amplo. Em um assunto os críticos estão de acordo, a saber, na afirmação de que o estilo das Pastorais aponta para a direção oposta a Paulo. Mas assim que se formula a pergunta: “por quê?”, as respostas se dividem e se tornam contraditórias, afirmando alguns que o estilo propriamente dito de forma alguma é paulino; outros, que em muitos pontos ele faz lembrar Paulo, que teria de ser um falsificador, um imitador consciente. Teria de ter uma copia das Epístolas genuínas de Paulo diante dos olhos. Dessas copias, teria copiado uma e outra frase, agindo como se fosse Paulo! A luz dessa confusão no campo dos críticos só há uma forma segura de alguém recuar, a saber: mediante um exame imparcial dos próprios fatos. Estes apontam para Paulo como autor. Observe o seguinte: Nessas breves cartas encontramos a mesma classe de pessoa que se revela nas dez. O que aqui se reflete é o caráter de Paulo, justamente como, por exemplo, em 1 Tessalonicenses e 2 Tessalonicenses. Veja C.N. T. sobre 1 e 2 Tessalonicenses, pp. 33, 34. O autor das Pastorais está profundamente interessado naqueles a quem se dirige, a saber: em Timóteo e Tito, revelando cordial afeição por eles (I Tm 1.2; 5.23; 6.11, 12; 2Tm 1.2, 5, 6, 7; 2.1, 2, 15, 16; 4.1, 2, 15; Tt 1.4). Partilha suas experiências e sente-se prazeroso em recomendar tudo quanto de bom existe neles (2Tm 1.8; 3.10-15; 4.5-8; Tt 1.4). Atribui a soberana graça de DEUS tudo quanto de bom existe nele e em seus destinatários (I Tm 1.12-17; 4.14; 2Tm 1.6, 7, 13, 14; 2.1). Ele revela admirável tato no aconselhamento (I Tm 1.18; 4.6, 11-16; 5.1; 6.11-16; 2Tm 1.2-7; Tt 1.4; 2.7). Trata uma a uma as matérias de especial preocupação para com Timóteo e Tito (evidentes a todo aquele que porventura leia essas três breves cartas do início ao fim). Esta ansioso por vê-los (2Tm 1.4; 4.9, 11; Tt 3.12). Além do mais, ele aprecia a figura de linguagem chamada litotes, ou seja, afirmação por meio de negação do oposto. Pode-se considerar como um tipo de exposição atenuada ou incompleta de uma ocorrência ou miosis. E assim, em vez de dizer que ele está “orgulhoso” de poder pregar a CRISTO, ele afirma que “não se envergonha” daquele em quem ele crê (2Tm 1.12; cf. 1.8, 16). Semelhantemente, afirma que a Palavra de DEUS “não está acorrentada” (2Tm 2.9) e que DEUS é aquele que “não pode mentir” (Tt 1.2). Isto fortemente lembra Paulo, o homem que declarou ser um cidadão de uma “cidade não insignificante” (At 21.39); que “não fui desobediente” a visão celestial (At 26.19); que “não me envergonho do evangelho” (Rm 1.16); que seu ingresso entre os tessalonicenses “não foi infrutífero” (I Ts 2.1); que seu apelo “não procede de engano” (Its 2.3); que não queria que os leitores fossem ignorantes (Its 4.13); e que “não vos canseis de fazer o bem” (2Ts 3.13). Ele aprecia as enumerações. E assim ele agrupa as virtudes ou os vícios, catalogando-os em series (I Tm 3.1-12; 6.4, 5; 2Tm 3.2-5; 3.10- 11; Tt 3.3). Isto é exatamente o que Paulo faz nas demais Epístolas (ver Rm 1.29-32; 2 Co 12.20; G1 5.19-23). Não é contrário a introduzir aqui e ali um “jogo de palavras”. Assim ele admoesta o rico a depositar sua esperança naquele que da ricamente (I Tm 6.17). Ele contrasta “amantes dos prazeres” com"amantes de DEUS” (2Tm 3.4). Ele nos informa que um dos propósitos dos escritos inspirados e “para que o homem de DEUS seja completo (ou equipado), plenamente munido (ou completamente equipado) para toda boa obra” (2Tm 3.17, passagem está onde a R.S.V., por meio da sua tradução, perde evidentemente o jogo intencional das palavras). E ele admoesta a Timóteo que, ao pregar a Palavra, que isso “seja a tempo ou fora de tempo”. Aqui, uma vez mais, alguém inevitavelmente pensa em Paulo e em sua inclinação para a mesma característica estilística. E Paulo quem, conhecedor do fato de que a denominação judeu (cf. Judá) significa “que ele (isto é, DEUS) seja louvado, escreve: “Porém judeu é aquele... cujo louvor não procede dos homens, mas de DEUS” (Rm 2.29). E Paulo também quem faz uso do fato de que o nome de um escravo fugitivo, ou seja, Onésimo, significa útil, benéfico, proveitoso: “sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas. Ele, antes, foi inútil', atualmente, porém, é útil a ti e a mim” (Fm 10, 11). Além disso, Paulo gosta de “compostos breves” (E. K. Simpson). Ele as vezes escolhe termos que são compostos de várias palavras (as vezes uma ou mais preposições mais um verbo). Dai, é ele quem diz que o ESPÍRITO SANTO nos ajuda em nossa fraqueza. Ora, essa palavra, ajudar, originalmente significa “ele se apodera de juntamente com (ovv) uma pessoa, ou enfrentando essa pessoa ou assumindo seu lugar, de modo que leva a carga no lugar (avxi) dessa pessoa. Aqui também as Pastorais se assemelham as dez, atestando compostos tais como (se tornam levianas, I Tm 5.11), (altercações mutuas ou atritos sem fim, I Tm 6.5), (disposto a partilhar com outros, generoso, I Tm 6.18), (inspirado por DEUS, 2Tm 3.16) e (condenado por si mesmo, Tt 3.11). O amor de Paulo por frases “em aposição” - ver, por exemplo, Romanos 12.1, “apresentar-se como sacrifício vivo... (que é) seu serviço segundo a razão (ou culto racional)" - é bem conhecido e pode ser ilustrado por várias passagens das dez Epístolas. Exemplos semelhantes de aposição ocorrem por todas as Pastorais. Ver, por exemplo, 1 Timóteo 1.17; 3.15, 16; 4.10, 14; 6.14, 15; 2 Timóteo 1.2; 2.1; Tito 1.1, 10; 2.14. O súbito irromper de Doxologias, traço que deparamos ao estudar as dez (ver Rm 9.5; 11.36; 16.27; Ef 1.3ss.; 3.20) aparece uma vez mais nas Pastorais (I Tm 1.17; 6.15, 16; 2Tm 4.18; e cf. outros exemplos de estilo elevado - “quase Doxologia” - em I Tm 3.16; Tt 2.13, 14). A expressão de sua indignidade pessoal (Ef 3.8; I Co 15.9) recorre em 1 Timóteo 1.13, a fraseologia “se não... como...?” (1 Co 14.6,7, 9) se encontra também em 1 Timóteo 3.5; além disso, quem, senão o Paulo que conhecemos a luz das dez Epístolas, poderia ter escrito esta linha intensamente pessoal e exuberante: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”, etc. (2Tm 4.7, 8)? Um relance nas frases das Pastorais que Harrison sublinhou (para indicar que também se encontram nas dez) acrescenta ao acumulo de evidencia em favor da autoria paulina, ainda que não fosse a intenção de Harrison abonar tal conclusão. O argumento segundo o qual Paulo não poderia ter escrito as Pastorais uma vez que o estilo de certas passagens nas dez não é característica de 1 Timóteo e Tito nada prova ou prova demais. Existe algum autor de nota que sempre, em todas as circunstancias, em todas as épocas de sua vida, e sem importar a quem escreva ou sobre que tema escreva, empregue o mesmo estilo sem variação Naturalmente admito que há um notável contraste entre a fraseologia de estrutura extensa e complexa de passagens como Efésios 1.3- 14; Filipenses 2.5-8, de um lado, e as muitas admoestações breves e cheias de conteúdo das Pastorais, por outro lado. Porém, esta comparação e justa? As sentenças extensas não estão completamente ausentes das Pastorais (ver I Tm 1.5-7; 1.8-11; 1.18-20; 2.5-7; etc.). As declarações breves sobejam nas dez. Tampouco é justo comparar o tom exuberante de certos parágrafos nas dez, com a forma de expressão mais calma e prosaica que caracteriza grande parte do material das Pastorais. Não se deveria comparar 1 Timóteo 2.8-15 com o vigoroso clímax de Romanos 8, é, sim, com uma passagem mais ou menos semelhante: 1 Coríntios 11.1-16. Tampouco dever-se-ia alguém por Tito 3.9-14 ao lado de 1 Coríntios 13, mas junto de 1 Tessalonicenses 5.12-22 para comparação. Se as variações no estilo provam um autor diferente, então o autor de 1 Coríntios 13 não poderia ter escrito a epístola a Filemom, nem o autor de Romanos 8 poderia ter escrito Romanos 13! Além do mais, não é inteiramente natural que o homem que estava bem avançado em anos ao escrever as Pastorais, agora, quando a carreira estava chegando ao fim, empregue um estilo mais reservado? Sentir-nos-iamos surpresos com o fato de que com frequência nas Pastorais notamos que esse fervor rude e vigor fogoso dos primeiros anos haja desaparecido? Quando as Pastorais são comparadas com aquelas seções das dez que formam a base de uma comparação legitima, torna-se evidente - como já se indicou por numerosos exemplos - que seu estilo é caracteristicamente paulino. Aliás, o estilo dessas três breves cartas é tão notavelmente paulino que vários críticos se dispõem a abrir uma concessão. Admitem que num ou noutro lugar se encontra material genuinamente paulino; por exemplo, as notas pessoais que se encontram em 2 Timóteo 4.6-22. Nesse parágrafo ele solicita a Timóteo que venha antes do inverno e traga a “capa” do prisioneiro e os livros, especialmente os pergaminhos. Demas é descrito como um renegado e Lucas, como leal. Há um breve esboço de sua “primeira defesa”. E saudações pessoais são enviadas a várias pessoas. Uma passagem um tanto parecida é Tito 3.12. Ora, ainda que alguns críticos (especialmente alguns dos primeiros) tenham sido bastante ousados a ponto de considerar também essas notas pessoais como sendo obra de hábil falsificador, o qual tentou dar colorido e verossemelhança a seu hábil produto literário, e que inventou situações irreais - porém de aparência real - com o fim de alcançar seu objetivo, ao mesmo tempo que bafeja ares de profundo respeito pela verdade, essa solução não encontrou aceitação geral. E de muitos ângulos objetável. E dificilmente provável que um forjador usasse tantos nomes pessoais. Além do mais, ele se veria obrigado a fazer que suas notas de toque pessoal assumissem um aspecto por demais real e vivido. Seguramente, não teria falado de Demas em tom desfavorável (2Tm 4.10), que em nenhuma parte é tomado por Paulo como desertor, um homem que se havia apaixonado pelo mundo (contrastar com Cl 4.14; Fm 24). Mas a alternativa proposta por outros críticos negativos é algo melhor? Esta alternativa transforma o autor das Pastorais num adaptador que tomou certas passagens genuinamente paulinas, acomodou-as a sua própria composição, e assim deu a impressão de que Paulo era o autor do todo. Esta teoria, porém, não explica como é que as transições do material genuíno ao forjado veio a ser tão fluente. Como já se observou, poder-se-ia esperar que as costuras fossem percebidas! Além do mais, não é estranho que da correspondência original entre o grande apóstolo e seus associados ficassem somente umas poucas notas pessoais genuínas? Em suma, a teoria é vulnerável a luz de diversos aspectos, e hoje é rejeitada por muitos dos próprios críticos negativos. Albert Schweitzer, como era de se esperar, negando que seja Paulo o autor das Pastorais, observa que são várias reiteradas tentativas de descobrir nelas “as notas breves escritas por Paulo”. Ora, a verdadeira alternativa a teoria de “recortes e colagem” ou “quebra-cabeça” dos críticos não é negar completamente que Paulo fosse o autor, mas, de conformidade com os dados apresentados, a aceitação de Paulo como o autor de todo o conteúdo. O argumento do estilo, quando se tem em conta todos os fatos, indica somente um sentido, a saber, que Paulo é o autor das Pastorais. (3) A teologia não é a de Paulo. A cruz já não é mais o centro. Há uma ênfase indevida nas boas obras. Causa perplexidade que ainda se reitere tal argumento. Qualquer leitor da Bíblia no idioma inglês [e português] que estude cuidadosamente as Pastorais do início ao fim, e que esteja familiarizado com a doutrina de Paulo como apresentada nas outras dez Epístolas, pode responder facilmente aos críticos neste ponto. Naturalmente, é verdade que nas Pastorais não há uma exposição detalhada, da doutrina da salvação pela fé em CRISTO sem as obras da lei. Não obstante, essa doutrina é expressa de forma inequívoca em mais de uma passagem, e é totalmente admitida. A verdade é que a doutrina que é ensinada e pressuposta nas Pastorais é claramente a mesma sustentada nas dez: Os redimidos foram escolhidos desde a eternidade. São chamados escolhidos (2Tm 2.10; cf. Ef 1.4; I Ts 1.4). A salvação deles se deve a graça de DEUS em CRISTO, e não as obras humanas (I Tm 1.14; 2Tm 1.9; Tt 3.5; cf. G1 2.16; Rm 3.21-24). CRISTO é DEUS (Tt 2.13; cf. Rm 9.5; Fp 2.6; Cl 2.9). Ele é o Mediador entre DEUS e o homem, sendo o próprio Senhor JESUS CRISTO um homem (I Tm 2.5; cf. Rm 9.5; I Co 8.4, 6). Seu propósito ao vir ao mundo é assumir a humanidade foi salvar pecadores, dos quais Paulo se considera o principal (I Tm 1.15; cf. 2 Co 8.9; I Co 15.9; Ef 3.8). Os homens são salvos por meio da fé neste Mediador divino e humano, JESUS CRISTO (2Tm 1.12; cf. Rm 1.17; Ef 2.8). Esta fé implica a união mística com CRISTO: morrer com ele; viver com ele; sofrer com ele; reinar com ele (2Tm 2.11, 12; cf. Rm 6.8; 8.17). As boas obras são necessárias (I Tm 2.10; 6.11, 18; 2Tm 2.22; 3.17) e devem ser consideradas como fruto da graça de DEUS (portanto, fruto da fé) que opera no crente (Tt 2.11-14; 3.4-8; cf. G1 5.22-24; Ef 2.10). A gloria de DEUS é o propósito principal do homem (I Tm 6.16; 2Tm 4.18; cf. Rm 11.36; 16.27). Em tudo isso, onde existe contraste em doutrina, contraste supostamente tão marcante e definido que o autor das dez não poderia ter sido o autor das três? Quando na literatura, mesmo na recente, ainda se defende uma posição tão completamente insustentável e não se proporciona evidencia de qualquer tipo, alguém sente-se levado a perguntar: “A alta critica é realmente cientifica?” DEUS, em sua providencia, de forma bem apropriada, cuidou para que nas três Epístolas finais de Paulo se realçasse o fruto (boas obras) da fé, posto que nas cartas precedentes foram apresentadas a natureza da fé e a necessidade dela em contraste com as obras da lei. Primeiro vem a arvore; em seguida vem o fruto. (4) Ai’ Pastorais atacam o gnosticismo do 2.0 século, especialmente o marcianismo. Ora, Marcião foi expulso da igreja de Roma no ano 144 d. C. Portanto, as Pastorais certamente foram escritas por volta dessa data, ou seja, não antes do segundo quarto do 2.0 século. Isto demonstra que Paulo não poderia ter sido seu autor. Para abonar o ponto de vista de que quem quer que haja escrito as Pastorais está aqui combatendo o ponto de vista dos gnósticos do segundo século, geralmente se põe ênfase nos seguintes pontos: (a) As “genealogias” (I Tm 1.4; Tt 3.9) são os “aeons” que emanam do seio de DEUS dos gnósticos do 2.° século. (b) As “fabulas” (Tt 1.14) ou “mitos” representam especulações gnósticas do 2.° século. (c) As práticas ascéticas contra as quais o autor faz advertência ao condenar os pontos de vista de quem proíbe o matrimonio e impõe a abstinência de alimentos (I Tm 4.3), apontam para Marcião que praticou o mais estrito ascetismo, rebelando-se contra o matrimonio, a carne e o vinho. (d) A negação da ressurreição corporal (2Tm 2.18) era uma característica do dualismo gnóstico do 2.° século. (e) As afirmações de que toda a Escritura é inspirada e útil (2Tm 3.16), e que há um só DEUS (I Tm 2.5) não podem deixar de apontar para Marcião, que rejeitava todos os livros do Antigo Testamento é estabelecia uma aguda antítese entre o Jeová meramente justo do Antigo Testamento e o DEUS gracioso do Novo Testamento (ou seja, da edição mutilada do N. T. feita por Marcião). (f) O “próprio título do livro de Marcião” (“Antítese”) em 1 Timóteo 6.20 confirma o argumento. Seguramente, quem menciona o título da obra de um autor que floresceu no 2.° século não poderia ter sido Paulo que morreu no 1° século! Alias, é muito estranho que para algumas pessoas este argumento de seis pontos, que tem sido tão frequentemente e tão habilmente refutado, esteja ainda sendo reiterado, seja como um todo ou em parte, como se contivesse pelo menos um elemento considerável de valor. A resposta é clara e simples: Com respeito a (a): As “genealogias”, a luz de todo o contexto, são claramente judaicas em seu caráter. Lembram imediatamente as que se encontram no livro de Genesis (cf. também Crônicas). O Livro de Jubileus está repleto de especulações que adornam nomes e histórias do Antigo Testamento. Os judeus eram mestres renomados na arte da eisegesis (introduzir os pensamentos e sentimentos do leitor na passagem; oposto a exegesis: extrair o sentido que o autor lhe deu). Ora, o próprio Marcião não discute os aeons. Não se deve confundir seu ensino com o de Valentino. Mas em parte alguma da literatura gnóstica a palavra “genealogia” é usada como sinônimo de “aeon”. Com respeito a (b): As “fabulas” ou os “mitos” são indubitável mente chamados judaicos (Tt 1.14). Portanto, simplesmente não é justo equipara-los com as extravagâncias do gnosticismo do 2.° século. Com respeito a (c): Os críticos parecem ignorar que o apóstolo Paulo advertiu contra tendências ascéticas afins em Colossenses 2.16- 23. Então, devemos concluir que Colossenses pertença também ao 2.° século? Além do mais, poderíamos admitir prontamente que 1 Timóteo adverte contra o gnosticismo ascético, tal como o de Marcião. Isso, porém, não prova que o autor era contemporâneo de Marcião. Aqui não há nada que esteja contra o fato de que um autor do 1,° século, a saber, Paulo, possa, sob a diretriz do ESPÍRITO, predizer o desenvolvimento de um erro no 2.° século que, em forma incipiente, já existia em seu próprio tempo. Com respeito a (d): A negação de uma ressurreição física “ é tão antiga quanto as colinas”. Manifestou-se em formas diferentes. As vezes se rejeitava franca e diretamente a ideia da ressurreição do corpo. Em outras ocasiões a rejeição era implícita, como em nosso tempo: designa um sentido espiritual para o termo ressurreição. Por exemplo, os hereges descritos em 2 Timóteo 2.18 faziam precisamente isto. Em todo caso, em vista do extenso argumento de Paulo em 1 Coríntios 15, contra os que diziam: “Não existe ressurreição dos mortos”, é evidente que a afirmação: “a ressurreição já ocorreu” (2Tm 2.18) não prova o que os críticos estão tentando provar. Não prova que Paulo não escreveu as Pastorais. Com respeito a (e): As passagens a que se faz referência deveriam ser lidas a luz de seus próprios contextos específicos. Então toma-se evidente que, quando o autor está falando de um DEUS, não está contrastando um DEUS do Novo Testamento com um “demiurgo” do Antigo Testamento. Tampouco está pondo o Antigo Testamento numa relação antitética com o Novo, quando usa a expressão “toda a Escritura”. Esta contrastando o uso incorreto com o uso correto das Escrituras. Quando se faz uso correto das Escrituras de modo que se permaneça em seu claro ensino, a conclusão iniludível será que “toda a Escritura é inspirada por DEUS e útil”. Finalmente, com respeito a (f): Se isto tem algum valor, equivaleria ao seguinte silogismo: Premissa maior: O autor das Pastorais faz uso do termo “antítese”. Premissa menor: Marcião, herege do 2.° século, também faz uso do termo “antítese”, no título de um livro que escreveu. Conclusão: Portanto, o autor das Pastorais teria conhecido o livro de Marcião. De forma semelhante, alguém poderia dizer: Premissa maror: O autor do livro de Genesis escreve sobre o Paraíso, o rio, a arvore da vida, a serpente. Premissa menor: O apóstolo João, autor do final do 1,° século d.C., emprega as mesmas palavras em seu livro Apocalipse. Conclusão: Portanto, o autor do livro de Genesis teria lido o livro Apocalipse. Ora, quem quer que leia 1 Timóteo 6.20 com uma mente imparcial e a luz de toda a epístola, facilmente chegará à conclusão de que, ao falar de “antítese”, o que o autor tinha em mente não é o contraste de Marcião entre o Cristianismo e o Judaísmo, mas as opiniões conflitantes dos que especulavam sobre as genealogias judaicas. Seguramente, uma coincidência meramente verbal entre uma palavra usada por um autor e um título usado por outro não pode ser usado como argumento convincente para determinar o autor. Além do que se disse em resposta ao argumento dos críticos, note se o seguinte: Cada vez mais se reconhece hoje que o gnosticismo não surgiu repentinamente no 2.° século, mas teve sua origem muito antes na Historia. Além do mais, não é um sistema organicamente unificado, mas um sincretismo ou adição religiosa especulativa, a qual contribuíram não só a filosofia platônica, mas também o misticismo oriental, o Judaísmo Cabalístico e o Cristianismo. Portanto, ainda que seja um fato que a heresia condenada pelas Pastorais tinha certos traços em comum com o gnosticismo do 2.° século, isso de forma alguma as identifica como uma só. O erro contra o qual as Pastorais advertem é tanto presente (I Tm 1.3-7, 19; 4.7; 6.4, 5, 9, 10, 17; 2Tm 2.16-18; Tt 1.10-16; 3.9) quanto futuro (I Tm 4.1-3; 2Tm 3.1-9) - tomados em conjunto abarcam toda a nova dispensação até a vinda de CRISTO; e ao mesmo tempo mormente doutrinal (I Tm 4) e mormente moral (2Tm 3); produz-se dentro e fora das portas. Não obstante, um fato é muito evidente, a saber: que em linhas mestras o erro aqui condenado se refere a lei veterotestamentária e sua interpretação (ver I Tm 1.7; cf. 6.4, 5; 2Tm 4.4; Tt 1.14; 3.9). A ênfase é posta aqui. E foi exatamente essa lei com a qual o gnosticismo do 2.° século nada teve que ver. Portanto, não há nada aqui que impulsione alguém a buscar um autor do 2.° século. Pelo contrário, tudo aponta para o 1.° século e o tempo e época de Paulo. Pelas razões indicadas, não surpreende que mesmo entre os críticos, os autores mais criteriosos já não mencionem “o argumento baseado na heresia que aqui se condena”. Parece que lhes agradaria ignorar que ele foi sempre seriamente usado contra a autoria paulina das Pastorais. (5) As Pastorais revelam um marcante progresso na organização eclesiástica, muito mais que no tempo de Paulo. Em seu tempo, ainda não existia um ministério oficial. Em contrapartida, no tempo em que as Pastorais foram escritas havia urna organização bem mais complexa, com oficiais assalariados, cujas qualificações haviam se tornado padronizadas. Um critico chama isso de “o argumento principal”, o qual prova que Paulo não poderia ter escrito as Pastorais. Alguns tentam “reforçá-lo ”, afirmando ser evidente o principio de organização em forma de pirâmide a luz do fato de que, enquanto as Pastorais reconhecem apenas um “bispo” (I Tim 3.1, 2; Tt 1.7), elas falam de muitos “presbíteros” ou “anciãos” (Tt 1.5), que evidentemente estavam servindo sob sua diretriz. Outros críticos, contudo, evitam escrupulosamente fazer referência ao argumento em qualquer de suas formas. Evidentemente também nesse caso gostariam de ignorar que alguém o elaborou. E, por certo, entre os inúmeros argumentos pobres que se tem apresentado em defesa da teoria de que Paulo não poderia ter escrito as Pastorais, este é um dos piores. Os fatos são os seguintes: (a) E errônea toda a concepção segundo a qual o oficio eclesiástico (comissão divina que implica autoridade sobre vida e doutrina) foi surgindo com o passar do tempo. E simplesmente incorreto dizer que no principio havia só liderança espontânea com base apenas nos dons espirituais, e que num tempo posterior isso deu lugar aos ofícios eletivos. Ver C.N. T. sobre o Evangelho de João, vol. II. Naturalmente, é verdade que os ofícios extraordinários foram gradualmente cedendo espaço aos ordinários. As Pastorais são os últimos escritos de Paulo. Portanto, não surpreende que o oficio “ordinário” de “supervisor” (bispo) ou “ancião” seja introduzido aqui como proeminente. (b) A noção de que no tempo de Paulo não havia ainda um ministério oficial está em conflito com os fatos mencionados nas Escrituras. Jerusalém tinha seus diáconos (homens que “serviam as mesas”) muito antes que Paulo empreendesse suas viagens missionárias (At 6.1-6). Desde seus primórdios, a Igreja tinha anciãos (At 11.30), oficio que num sentido foi um prolongamento natural da instituição de anciãos no Israel antigo. Já em sua primeira viagem missionária, Paulo havia constituído “anciãos em cada igreja” (At 14.23). Já foi indicado que numa das primeiras cartas escritas por Paulo faz-se menção definidamente de “aos que trabalham entre vós, e vos presidem no Senhor, e vos admoestam” (ver C.N. T. sobre 1 Tessalonicenses 5.12, 13). Ao regressar de sua terceira viagem missionária, Paulo “convocou os anciãos da igreja” (de Éfeso ou de Éfeso e seus arredores). Ele os caracteriza como bispos sobre o rebanho, a igreja “do Senhor, a qual ele comprou com seu próprio sangue” (At 20.17, 28). Numa epístola escrita da prisão se faz menção de “bispos e diáconos” (Fp 1.1). Ora, com base em tudo isto por certo que não surpreenderia que nas Epístolas que o apóstolo escreveu um pouco antes de sua morte, o oficio de “supervisores” ou “anciãos” é reconhecido como já bem notório. E também muito natural que Paulo, sobre a partida desta esfera terrena, especificasse certas qualificações e regulamentações para o oficio, de modo a que igreja se guardasse contra as devastações causadas pelo erro, tanto doutrinai quanto moral. (c) Nas pastorais, o termo “ancião” (ou “presbítero”) é “supervisor” (ou “bispo”) são claramente sinônimos, como se prova a luz de Tito 1.5-7 (cf. I Tm 3.1-7; Filipenses 1.1; 1 Pedro 5.1,2). Ver comentário sobre esta passagem. (d) O episcopado, um sistema de governo eclesiástico no qual bispo governa sobre os presbíteros, parece ter surgido durante o período de transição obscura: o fim do 1,° século e princípios do 2.°. Surge passo a passo e se faz evidente pela primeira vez nas Epístolas de Inácio de Antioquia (que sofreu o martírio cerca do ano 110 d.C.), onde ele aparece como um episcopado congregacional (não diocesano). Ora, esse mesmo fato indica que as Pastorais, em que “bispo” é simplesmente outro nome para “ancião” ou “presbítero”, corresponde ao l.° século, e não ao 2°. (6) Posto que Paulo não foi libertado de sua primeira e única prisão em Roma, mas que foi morto, é posto que o livro de Atos, que narra a história, de sua vida desde que perseguia a Igreja até o final de sua prisão, não deixa lugar para. as viagens que estão implícitas nas Pastorais, não é possível que Paulo tenha escrito essas Epístolas. J. Moffatt declara ousadamente que na realidade Paulo não saiu de sua prisão." Esse ponto de vista tem sido defendido por muitos antes e depois dele. Ora, se isso fosse correto, então os críticos já triunfaram em seu argumento, porque é um fato que as Pastorais implicam um número de viagens que não pode enquadrar-se nos itinerários de Paulo que são relatados no livro de Atos, e para os quais de fato não se pode achar lugar no espaço da vida do apóstolo que cobre Atos. O seguinte deixara isso bem claro: Quanto a 1 Timóteo, o autor lembra a Timóteo que ele ordenou que este ficasse em Éfeso enquanto ele se dirigia ao noroeste partindo de Éfeso em direção a Macedônia (I Tm 1.3). Também o informa (a Timóteo) que ele (o autor) espera ir vê-lo em breve (I Tm 3.14). Ora, segundo Atos, em sua primeira viagem missionária Paulo de forma alguma passou para a Europa (para Macedônia). Na segunda viagem: na ida, o ESPÍRITO SANTO o proibiu de falar a palavra na Ásia (At 16.6); portanto, não esteve em Éfeso; e de volta, ele foi de Corinto para o oriente de Éfeso, em seguida para o sudeste, via Cesareia a Antioquia (At 18.18-23). Na terceira viagem, na ida, Paulo realizou uma poderosa tarefa em Éfeso (At 19). Continuou ali bastante tempo (três anos, At 20.31) e também cruzou depois para Macedônia (At 20.1). Mas dessa vez Timóteo não foi deixado em Éfeso, porém foi para Macedônia e Corinto (At 19.21, 22; 1 Co 4.17; 16.10), e em seguida regressou com Paulo para Macedônia (2 Co 1.1. Em seguida vai com Paulo a Corinto, regressa com ele a Macedônia, espera-o em Trôade e, provavelmente, está com ele em Jerusalém (Rm 16.21; At 20.3-5; I Co 16.3). Finalmente, em sua viagem a Roma, Éfeso ficou a longa distancia ao norte. Chegando a Roma, seguiram-se dois anos de prisão. E o livro de Atos termina com o relato desse acontecimento. E evidente que nesse relato do livro de Atos não há espaço para a suposta viagem em 1 Timóteo. Com respeito a Tito, a situação é semelhante. Segundo essa Epístola Pastoral, o escritor deixou Tito em Creta para completar a organização das igrejas nessa ilha (Tt 1.5). Ele, então instrui seu colaborador a encontrar-se com ele em Nicópolis (em Epiro, na costa oriental do mar Jônico), onde espera passar o inverno (Tt 3.12). Segundo Atos, porém, em nenhuma das três viagens missionárias Paulo chegou a Creta. E na viagem a Roma, embora ele e Lucas navegassem “a sotavento de Creta”, e chegassem a Bons Portos, o apóstolo é apresentado como um prisioneiro, que não realiza nenhuma obra evangelística na ilha, e que não podia dizer nada acerca do lugar onde esperava passar o inverno ou onde desejava encontrar Tito (ver At 27.7-15). E, finalmente, 2 Timóteo pinta um prisioneiro (em Roma, cf. 2Tm 1.17), considerado “malfeitor” (2Tm 2.9), na véspera de sua execução. Humanamente falando, as perspectivas são muito tristes (ver, porém, 2Tm 4.7, 8!). Só depois de uma diligente busca foi que Onésimo pode encontra-lo (2Tm 1.16, 17). Em nenhuma parte se vê sua libertação. Quase todos o haviam abandonado. Somente Lucas está com ele (2Tm 1.15; 4.10, 11). Havia chegado (ou está para chegar) o momento de sua partida do cenário terreno (2Tm 4.6, 18). Em brusco contraste com isso, a noticia da prisão romana registrada em Atos e nas Epístolas de Paulo da prisão (as prisões anteriores certamente não entram no quadro aqui) termina com esperança (ver também pp. 38-39). O apóstolo vive numa casa alugada a sua própria custa, e nutre esperanças de ser posto em liberdade em breve (At 28.30; Fp 1.25, 26; Fm 22). A conclusão é inevitável: se Paulo escreveu as Pastorais, teria sido posto em liberdade da prisão romana registrada em Atos. Teria feito mais viagens e teria sido novamente preso. Por muito tempo os críticos (intimidados pelo prestigio de Moffatt?) negaram a historicidade de sua soltura ou, pelo menos, procuraram ignorar o assunto. Não obstante, mais recentemente parece ter-se iniciado a volta a posição conservadora. Numa edição da revista Journal o f Biblical Literature, L. P. Pherigo argumenta enfaticamente em prol da posição de que Paulo foi realmente posto em liberdade da prisão registrada em Atos, é que ele trabalhou uns poucos anos mais.12 Ora, quem quer que esteja disposto a examinar a evidencia se dará conta de que os argumentos contra a posição de que Paulo foi posto em liberdade são muito fracos. Por exemplo, o argumento que afirma que se Paulo tivesse sido posto em liberdade o autor de Atos teria registrado isso - como se Atos fosse a biografia de Paulo! - tem de defrontar-se com o contra-argumento: “se não fora posto em liberdade, Lucas certamente o teria assim indicado, posto que a nota favorável com que termina seu relato levaria os leitores a esperarem seu livramento” (At 28.30, 31). E não tem apoio a conclusão de que Paulo nunca voltou a Éfeso, é portanto não poderia ter escrito 1 Timóteo 1.3, inferência que se deriva da declaração do apóstolo aos anciãos efésios, ou seja: “Agora sei que nenhum de vocês, entre os quais passei pregando o Reino, vera novamente minha face” (At 20.25; cf. v. 38). Nessa passagem de Atos, o apóstolo não disse: “Eu sei que nunca voltarei a Éfeso”, mas predisse que não voltaria a reassumir pessoalmente a tarefa de percorrer a Ásia Menor, de confirmar as igrejas e de ir de lugar em lugar pregando o evangelho do reino, e desse modo não voltaria a ver os crentes de todos os lugares por onde passara. Tampouco disse Paulo: “Eu sei que nenhum de vocês, anciãos, que estão em Éfeso, vera nova12. mente minha face”, mas: “Eu sei que todos vocês entre os quais tenho andado pregando o evangelho do reino não mais verão minha face.” O apóstolo estava dirigindo-se aos anciãos como representantes das igrejas da Ásia Menor. Com tais palavras, não se excluía a possibilidade de uma breve visita a Éfeso. O que se exclui é algo comparável com a atividade diária da obra do reino na região de Éfeso durante três anos (ver o contexto, At 20.31). Os argumentos em prol da posição tradicional (é, como o vemos, correta é de que Paulo na verdade foi libertado de sua primeira prisão romana, fez mais algumas viagens, numa das quais escreveu 1 Timóteo e Tito, foi preso pela segunda vez, prisão essa durante a qual escreveu 2 Timóteo, e então foi executado, são os seguintes: a. O livro de Atos leva o leitor a esperar o livramento de Paulo, poderia ainda implicar essa libertação. Lucas enfatiza continuamente a justiça relativa, e as vezes as qualidades de amizade e cooperação das autoridades romanas. Resgatado por um tribuno militar das mãos da multidão assassina em Jerusalém, permite-se que Paulo se defenda, primeiro diante do povo e em seguida perante o concilio judaico (At 21.31-23.9). Uma vez mais é resgatado pelo tribuno, dessa vez das mãos dos fariseus e saduceus, que disputam entre si (At 23.10); e uma terceira vez, agora de um grupo de mais de quarenta judeus obrigados por voto. E trasladado para Cesareia. Claudio Lisias escreve uma carta em seu favor (At 23.12-35), dirigida ao governador Felix. Este também permite a Paulo defender-se, porém, querendo fazer um favor aos judeus, o deixa na prisão. Quando Festo sucede Felix, o apóstolo apela para Cesar. Festo diz ao rei Agripa que Paulo nada fizera que merecesse a morte, e lhe permite apresentar sua defesa diante do rei. No barco, rumo a Roma, o apóstolo é tratado humanamente pelo centurião Júlio (At 27.3), que em seguida também lhe salva a vida (At 27.43). Depois da tempestade e do naufrágio, sendo acolhido hospitaleiramente pelo chefe da ilha de Malta (At 28.7), e depois de haver coberto a etapa final da viagem, chega a Roma, onde se lhe permite viver por conta própria com um soldado a guardá-lo (At 28.16). Ainda que se trate de um prisioneiro que espera seu julgamento, concede-se-lhe uma considerável liberdade pessoal, bem como a oportunidade de pregar o evangelho (At 20.30, 31). Certamente a noção de que ele fora então condenado e executado destoa completamente de todo o relato precedente. Alias, ainda se tem sugerido (ver o artigo de Pherigo supramencionado) que a expressão “permaneceu dois anos completos” numa casa alugada (ou “por sua própria conta”) poderia ter um sentido legal, ou seja, que esperou os dois anos completos (limite estabelecido pela lei?) durante os quais os acusadores teriam a oportunidade de insistir com suas acusações. Não surgindo nenhuma (Atos 28.21aponta nessa direção?), o julgamento encerrou- se por desistência, e Paulo foi posto em liberdade, tendo cumprido o requisito legal dos dois anos. Não se tem estabelecido se essa interpretação é correta. O argumento primordial é este: os capítulos finais de Atos pressupõem uma libertação, e não uma execução. b. As Epístolas de Paulo escritas da prisão revelam que ele esperava ser posto em liberdade (Fp 1.25-27; 2.24; Fm 22). c. O próprio fato de essas Epístolas Pastorais, que pressupõem viagens que exigiriam a libertação e uma segunda prisão, terem sobrevivido e serem aceitas pela igreja primitiva como autenticas e inspiradas, parece apontar na direção de uma tradição forte e antiga em prol desse aspecto. d. Ainda muito antes da prisão romana registrada em Atos, o apóstolo nutria o desejo de ir a Espanha (Rm 15.24, 28). e. Que ele foi posto em liberdade, foi a Espanha, em seguida foi preso pela segunda vez e, tendo prestado testemunho diante das autoridades, foi executado, e certamente a interpretação mais natural da passagem muito discutida de Clemente de Roma que, escrevendo na ultima década do 1,° século d.C., de Roma, o centro do império, aos coríntios, admoestando-os a por fim a suas lutas oriundas dos ciúmes, disse: “Paulo ... tendo ensinado a justiça a todo o mundo, e havendo chegado as fronteiras do Ocidente, e testificando diante dos governadores, deixou este mundo e foi levado para o Lugar SANTO, deixando um extraordinário exemplo de paciência” (Primeira Epístola de Clemente aos Coríntios, V.vii). A expressão “as fronteiras do Ocidente”, especialmente quando usada por alguém que escreve de Roma, o coração e centro do império, se refere naturalmente ao extremo ocidental da Europa.14 De forma semelhante, o Fragmento Muratoriano menciona a viagem de Paulo a Espanha.15 E o grande historiador da igreja, Eusébio, declara de forma significativa: “Lucas, também, que nos entregou por escrito os Atos dos Apóstolos, chegou ao fim de sua narrativa declarando que Paulo passou em liberdade dois anos completos em Roma, e que pregava a palavra de DEUS sem impedimento. A tradição sustenta que o apóstolo, havendo se defendido, voltou a ser enviado em seu ministério de pregação, e ao voltar pela segunda vez a mesma cidade, sofreu o martírio sob o governo de Nero. Enquanto permanecia na prisão, compôs a segunda epístola a Timóteo, significando ao mesmo tempo que já havia ocorrido sua primeira defesa e que seu martírio estava próximo” (Historia Eclesiástica Il.xxii. 1, 2). A tradição posterior aceita uma segunda prisão em Roma (Crisostomo, Jerônimo, Teodoro de Mopsuestia e outros) Consequentemente, fez-se evidente que o assim chamado argumento “histórico” contra a possibilidade de Paulo haver escrito as Pastorais não tem mais substancia do que tem os demais. E preciso encontrar melhores razões, se o intuito é contrabalançar o peso da tradição. O que já se disse basta para indicar a inadequação dos argumentos dos críticos. Supondo que as Pastorais foram as ultimas Epístolas de Paulo, escritas depois de sua primeira prisão em Roma, com um propósito completamente distinto do das outras dez Epístolas, fica resolvido o principal problema, pelos menos em grande medida. De acordo com a informação proporcionada pelas próprias Epístolas, o autor era: (1) Um homem chamado “Paulo, apóstolo de JESUS CRISTO” (I Tm 1.1; 2Tm 1.1), ou “Paulo, servo de DEUS e apóstolo de JESUS CRISTO” (Tt 1.1). Assim vemos que essas três cartas identificam seu autor, em contraste com Hebreus, que não menciona o nome de seu autor. Nesse aspecto, as três são semelhantes as dez. (2) Não só o autor da seu nome, também da um perfil de si mesmo. Esse perfil concorda com o que encontramos em Atos e nas dez acerca de Paulo. a. O “Paulo” de ambas havia sido blasfemo e perseguidor da igreja (I Tm 1.12-17; cf. At 8.3; 9.1, 2; 22.4, 5; 26.9-11; I Co 15.9). b. Convertido, foi divinamente designado para ser pregador e apóstolo (I Tm 1.1, 11; 2.7; 2Tm 1.1, 11; Tt 1.1; cf. At 9.15; 22.14, 15; 26.16-18; 2 Co 12.12; G1 1.1; 2.7). c. Sofreu muito em defesa da verdade, por exemplo em sua viagem por Antioquia, Icônio e Listra (2Tm 1.12, 13; 3.10, II; cf. At 14; 2 Co 11; I Ts 1.6; 2.2). (3) Esse homem escreve três cartas que, com variações menores, são semelhantes em estrutura as dez Epístolas paulinas. Sobre a natureza da concepção da carta de Paulo, ver C.N.T sobre 1 e 2 Tessalonicenses. Como exemplo, tomemos 2 Timóteo. Ali encontramos: a. Menção do nome e o oficio do autor (1.1). b. Designação da pessoa a qual a carta é dirigida (1.2a), com um breve perfil da pessoa. c. Saudação inicial (1.2b). d. Ação de graças, misturada ao corpo da carta (1,3ss.). e. Saudação final, no presente caso bastante detalhada (4.19-21). f. Benção. Ainda em detalhes menores, como a alínea e: a presença e ausência de palavras de saudação no final da carta, essas três Epístolas se assemelham, em suas variações, ao que se encontra nas dez. Assim Timóteo tem uma benção final (6.21b: “A graça seja com vocês”), e não uma saudação. Isso nos lembra Gálatas (6.18). Em 2 Timóteo faz-se menção, um a um, de quem se quer lembrar, e são dados vários nomes (4.19-21). Isso se assemelha ao que se encontra no final de Romanos (cap. 16) e de I Coríntios (16.19-21). Em Tito, a saudação final é muito geral (3.15: “Todos os que estão comigo o saúdam”). Poder-se-ia comparar isso com 2 Coríntios (13.13). (4) Essas três cartas apontam para a mesma relação entre o autor e o destinatário (Timóteo e Tito) que nos conhecemos pelas cartas comumente atribuídas a Paulo (no caso de Timóteo) no livro de Atos. Era a relação de alguém que escreve com autoridade a quem reconhece sua autoridade, a de um “pai” espiritual a um “filho” espiritual, de amigo para amigo (abrangendo tanto afeição quanto confiança). Quanto a isso, sobre a relação de Paulo com Timóteo, o leitor deve comparar 1 Timóteo 1.2; 2 Timóteo 1.2 com 1 Coríntios 4.17; 16.10; Filipenses 2.19-23; Colossenses 1.1; 1 Tessalonicenses 3.2; e Filemom 1; e sobre sua relação com Tito, o leitor deve comparar Tito 1.4 com 2 Coríntios 2.13; 7.6, 13; e 8.17, 23. (5) As três cartas mencionam nominalmente certas pessoas a quem, por outras fontes, temos aprendido a reconhecer como companheiros e colaboradores de Paulo. Ver o comentário sobre 2 Timóteo 4 e Tito 3. (6) Elas revelam um autor cujo ardente interesse pelas igrejas que estabeleceu, cujo estilo e cuja teologia apontam diretamente para Paulo, como já se demonstrou (ver pp. 23-30). O testemunho da igreja primitiva está em harmonia com a conclusão que se tem derivado das próprias três Epístolas. Assim Eusébio, havendo feito uma investigação completa da literatura que tinha ao seu alcance, declara: “Mas claramente evidentes e simples são as quatorze [Epístolas] de Paulo; não obstante, não temos o direito de ignorar que alguns põem duvida sobre a [epístola] aos Hebreus” (Historia Eclesiástica, III.iii.4, 5). Obviamente Eusébio, ao escrever em princípios do 4.° século, sabia que toda a igreja ortodoxa aceitava as Pastorais como tendo sido escritas por Paulo. Já observamos que ele faz menção especifica de 2 Timóteo como composição do grande apóstolo, “enquanto estava na prisão”, ao vir pela segunda vez a mesma cidade (Eclesiásticas History, Il.xxii. 1, 2 e cf. Ill.ii). A atitude negativa de uns poucos hereges (Basilides e Marcião) com respeito as três, e de Taciano e alguns outros que tinham uma forma de pensar afim com respeito a 1 e 2 Timóteo se deveu, provavelmente, ao fato de que o ensino desses homens estava longe de harmonizar-se com o ensino das Pastorais. Pelo menos essa é a explicação dada por Tertuliano, Clemente e Jerônimo. Certamente a opinião de uns poucos hereges não deve ser posta acima do considerado juízo de toda a igreja! De Eusébio podemos retroceder a Orígenes (cerca de 210-250), que cita um grande número de passagens (por exemplo, em sua obra Against Celsus: I Tm 2.1, 2; 3.15, 16; 4.1-5, 10, 17, 18; 6.20; 2Tm 1.3, 10; 2.5; 3.6-8; 4.7, 11, 15, 20, 21; Tt 1.9, 10, 12; 3.6, 10) e as atribui a Paulo: “Além do mais, Paulo, que depois chegou ele mesmo a ser um apóstolo de JESUS, disse em sua epístola a Timóteo: Esta é uma palavra fiel, que JESUS CRISTO veio ao mundo salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (citando I Tm 3.15, Against Celsus I. lxiii). De Orígenes podemos recuar ainda mais, até chegar a seu mestre, Clemente de Alexandria (cerca de 190-200). Este cita a passagem com referência “a ciência, assim chamada falsamente” (1 Tm 6.20, 21), atribuindo esta passagem ao “apóstolo” (Stromata Il.xi). Também cita a predição de que “nos últimos tempos alguns apostatarão da fé” (I Tm 4 .1, 3), atribuindo-a ao “bendito Paulo” (Stromata Ill.vi). Um relance no Índice de Textos das obras de Clemente (por exemplo, em The AnteNicene Fathers, reimpressão em inglês de 1951, Grand Rapids, MI, Vol. II) e a leitura dessas passagens no original ou mesmo numa boa tradução basta para provar que nas obras desse pai da igreja há numerosas referências - e citações diretas - as Pastorais, consideradas obra escrita pelo apóstolo Paulo. Quase ao mesmo tempo, Tertuliano (cerca de 193-216), no breve espaço de umas poucas linhas, cita várias passagens de 1 e 2 Timóteo (I Tm 6.20; 2Tm 1.14; I Tm 1.18; 6.13; 2Tm 2.2, em Prescription Against Heretics, XXV) declarando definitivamente que “Paulo dirigiu essa expressão a Timóteo”. Já vimos que ele desaprova a rejeição de Marcião das Pastorais (Against Marcion V.xxi). Irineu precedeu por uns poucos anos a Clemente de Alexandria e a Tertuliano, porém ainda foi contemporâneo deles por longo tempo. Ele começa sua obra Against as Heresies (cerca de 182-188) com uma citação de 1 Timóteo 1.4 (passagem sobre as “genealogias intermináveis” que não edificam), a qual definitivamente atribui ao apóstolo (ver o Prefacio da obra supramencionada de Irineu). Na mesma obra ele cita ou faz alusão a várias outras passagens, por exemplo 1 Timóteo 1.9 (IV.xvi.3); 2.5 (V.xvii.l); 3.15 (III.i.1); 4.2 (II.xxi.2); e não só da primeira epístola a Timóteo, mas também da segunda (2Tm 2.23; cf. Against Heresies, IV., Prefacio, 3) e de Tito (Tt 3.10; cf. op. cit., I.xvi.3). Note especialmente que na ultima passagem Irineu declara que é Paulo quem nos ordena separar-nos dos que dão atenção a fabulas. Ora, ao atribuir Irineu as Pastorais ao “apóstolo”, ou seja, a “Paulo”, sua palavra deveria ter um peso considerável. Ele viajara extensamente e estava intimamente relacionado com quase toda a igreja de seu tempo, e fora discípulo de um discípulo (Policarpo) de um dos apóstolos (João). O Fragmento Muratoriano (cerca.de. 180-200), síntese dos livros do Novo Testamento, declara que o “bendito Paulo... escreve... produto do amor e do afeto, uma a Filemom, uma a Tito e duas a Timóteo... que o proeminente apreço da igreja universal considera sagradas na regulamentação da disciplina eclesiástica”. Entre os escritores ortodoxos, que viveram num ou noutro momento durante o período compreendido entre os anos 90 e 180, encontramos, no final dessa era, Teófilo de Antioquia que faz referência a “água e lavagem da regeneração” (To Autolycus Il.xvi), que pode ser considerada uma fusão de Efésios 5.26 e Tito 3.5. Ele cita definitivamente 1 Timóteo 2.2: “Para que vivamos vida tranquila e mansa” (a mesma obra, III.xiv). Atenágoras - as vezes chamado “o filosofo cristão do Agora Ateniense” (cf. seu nome Atena gora) -, era um ateniense de quem se diz que passeando certo dia chegou ao mercado onde encontrou pessoas zombando dos cristãos; então, movido por curiosidade, começou a ler as Escrituras com o fim de refuta-las. Diz-se que se converteu no processo de estudar as Escrituras com tal finalidade. Contemporâneo de Teófilo, considera DEUS como “luz inacessível” (A Pleafor tlie Christians XVI). Isto certamente nos lembra 1 Timóteo 1.16. Justino Mártir, escrevendo entre 155 e 161, demonstra conhecer as Pastorais. E certo que nem todas as semelhanças aparentes entre certas passagens de seus escritos e as Pastorais tem valor de evidencia. Assim, por exemplo, a expressão “este mesmo CRISTO... o Juiz de todos os vivos e os mortos” (Dialogue with Trypho CXVIII), embora nos faz lembrar 2 Timóteo 4.1 (“JESUS CRISTO, que julgara vivos e mortos”), do que, naturalmente, poderia ter-se derivado, era provavelmente uma “palavra fiel” que se havia popularizado numa das primeiras etapas da fé cristã (ver também At 10.42; l Pe 4.5; cf. Mt 25.31-46; Jo 5.25-29; 2 Co 5.10), de modo que nela não se pode basear qualquer argumento para demonstrar que Justino conhecia as Pastorais. Não obstante, sua referência a “a bondade de DEUS e seu amor para com os homens” - note a filantropia de DEUS - é quase certo que a extraiu de Tito 3.4 (“Porém, quando se manifestou a bondade de DEUS... e seu amor para com os homens”). Também, quando chegamos a Policarpo (que escreveu provavelmente em algum momento entre 100 e 135), sentimos que pisamos em terreno firme. O fato de ele haver conhecido as Pastorais e as citar parece ser indiscutível. Julgue o leitor por si só:
POLICARPO | AS PASTORAIS (Aos Filipenses) |
“Mas o principio de todos os males é o amor ao dinheiro” (IV) | “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (I Tm 6.10). |
“Portanto, sabendo que nada trouxemos para o mundo e que nada dele levamos, vistamo-nos com a armadura da justiça”. (IV) | “Porque nada trouxemos para o mundo nem podemos levar algo dele” (I Tm 6.7) |
“Os diáconos igualmente devem ser sem duplicidade, não amantes do dinheiro, sem gosto por muito vinho nem de lucros desonestos” (V). | "Da mesma forma os diáconos devem dignos, homens de palavra, não avarentos, temperantes em tudo ...” (I Tm 3.8) |
“Se perseveramos, com ele também Vivermos com e com Ele reinaremos Ele pela fé” (V) | “Reinaremos com ele, se realmente com ele vivermos” (2Tm 2.12). |
Mc 13.22: “Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos”;.
DESCRIÇÃO. O crente da atualidade precisa estar informado de que pode haver, nas igrejas, diversos obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de DEUS, nos dias de JESUS (Mt 24.11,24). JESUS adverte, aqui, que nem toda pessoa que professa a CRISTO é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser.
(1) Esses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens” (Mt 23.28). Aparecem “vestidos como ovelhas” (Mt 7.15).
(2) Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13.3; 1Rs 18.40; Ne 6.12; Jr 14.14; Os 4.15 ), e aos fariseus do NT.
A PROVA. Quatorze vezes nos Evangelhos, JESUS advertiu os discípulos a se precaverem dos líderes enganadores (Mt 7.15; 16.6,11; 24.4,24; Mc 4.24; 8.15; 12.38-40; 13.5; Lc 12.1; 17.23; 20.46; 21.8). Noutros lugares, o crente é exortado a pôr à prova mestres, pregadores e dirigentes da igreja (1Ts 5.21; 1 Jo 4.1). Seguem-se os passos para testar falsos mestres ou falsos profetas:
(1) Discernir o caráter da pessoa. (Gl 5.22,23), (Jo 3.16), (Hb 1.9) e (Mt 23; Lc 3.18-20)?
(2) Discernir os motivos da pessoa. (2Co 8.23; Fp 1.20); (At 26.18; 1Co 6.18; 2Co 6.16-18); (1Co 9.19-22); (Fp 1.16; Jd 3).
(3) Observar os frutos da vida e da mensagem da pessoa. (Mt 7.16).
(4) Discernir até que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. (2Jo 9-11)?
(5) Finalmente, verifique a integridade da pessoa quanto ao dinheiro do Senhor. (1Tm 3.3; 6.9,10).
Apesar de tudo que o crente fiel venha a fazer para avaliar a vida e o trabalho de tais pessoas, não deixará de haver falsos mestres nas igrejas, os quais, com a ajuda de Satanás, ocultam-se até que DEUS os desmascare e revele aquilo que realmente são.
RESISTEM À VERDADE. Uma das coisas que identifica o falso mestre na igreja é a sua oposição às verdades básicas do evangelho, ou sua indiferença para com elas (ver 1 Tm 4.1). BEP - CPAD - Em CD PARA REFLETIR - A respeito das Cartas Pastorais:
Quais as epístolas estudaremos neste trimestre?1 e 2 Timóteo e Tito.
Quem escreveu as cartas a Timóteo e Tito?Elas foram escritas por Paulo.
Em que data, aproximadamente, foi escrita a Primeira Epístola de Timóteo?Foi escrita no ano de 64 d. C. (aproximadamente).
Quais eram os propósitos de 1 e 2 Timóteo e Tito? Orientar os líderes quanto à vida pessoal e combater as heresias.
De acordo com a lição, o líder é quem manda ou quem serve?O líder cristão não é o que"manda", mas o que serve. Não é o maior, e sim o menor.
CONSULTE Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 63, p. 37. - Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. SUGESTÃO DE LEITURA Uma Pedagogia para a Educação Cristã Guia do Leitor da Bíblia Comentário Bíblico - Epístolas Paulinas Questionário Lição 1 - Uma Mensagem à Igreja Local e à Liderança 3º trimestre de 2015 - A Igreja E O Seu Testemunho - As Ordenanças De CRISTO Nas Cartas Pastorais Comentarista da CPAD: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Complete os espaços vazios e marque com"V" as respostas Verdadeiras e com"F" as Falsas, conforme a revista da CPAD.
RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br
www.escoladominical.net
www.gospelbook.net
www.portalebd.org.br/
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm