LIÇÃO Nº 8 – APROVADOS POR DEUS EM CRISTO JESUS

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

A IGREJA E O SEU TESTEMUNHO – as ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentários da revista da CPAD: Elinaldo Renovato de Lima



                                               O ministro que atua com fidelidade é aprovado por Cristo.                                         

INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, analisaremos hoje o segundo capítulo desta carta.
- O ministro que atua com fidelidade é aprovado por Cristo.

I – PAULO PROSSEGUE AS ORIENTAÇÕES A TIMÓTEO SOBRE A FIRMEZA E CONSTÂNCIA NO MINISTÉRIO
- Continuando a estudar a Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, analisaremos hoje o seu segundo capítulo.
- Nosso comentarista tratou da primeira parte do segundo capítulo desta epístola na lição anterior, obedecendo à sequência da perícope, ou seja, do trecho com sentido completo que se inicia em II Tm.1:3. Preferimos, no entanto, seguir a divisão por capítulo, até porque há uma repetição nas lições 1 e 2.
- Depois de Paulo ter dado a Timóteo os exemplos de Figelo e Hermógenes, que o haviam abandonado, e de Onesíforo, que havia se mantido fiel a Paulo e, com risco de vida, havia ido até Roma para recreá-lo, o apóstolo passa a dar instruções a seu amado filho na fé, a fim de que ele pudesse seguir o bom caminho e não se intimidar diante dos problemas internos e externos que estava a passar na liderança da igreja de Éfeso.
- A primeira determinação do apóstolo foi para que Timóteo se fortificasse na graça que há em Cristo Jesus. Paulo, talvez por Onesíforo, tenha recebido a informação de que Timóteo estava desanimando diante das imensas dificuldades que estava a enfrentar e, por isso mesmo, dá uma receita para seu filho na fé, ministra um “fortificante” para que ele se reanimasse, voltasse a ter o bom ânimo que é indispensável para vencermos as aflições deste mundo (Cf. Jo.16:33): “ a graça que há em Cristo Jesus”.
- Como afirma Hans Bürki: “…Considerando que a nova vida nunca existe sem dynamis, i. é, a mobilização pelos efeitos do poder divino, a pessoa agraciada pode crescer nessa força. Como isso acontecerá? Timóteo deve permitir que se processe nele aquilo que a graça propõe. Não precisa desanimar, porque pode ser diariamente renovado. Sua própria fraqueza humana não impede que Deus o fortaleça. Carrega o tesouro (o que lhe foi confiado) em um recipiente de cerâmica, quebrável, para que se torne ainda mais claro de onde provém a sobre-excelente magnitude do poder, a saber, não do conhecimento e da vontade humanos, mas de Deus. Visto que os efésios receberam o Espírito, Paulo intercede por eles para que seu ser humano interior seja fortalecido com poder por intermédio desse Espírito. O mesmo vale agora para Timóteo. Por ter recebido o Espírito de poder, ele deve avivar a dádiva do Espírito (II Tm.1:6) e fortalecer-se na graça do Espírito (II Tm.2:1), arriscando-se, na fé, a passar adiante o que recebeu.…” (Cartas a Timóteo: II Timóteo Comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.32).
- “…Aqueles que têm trabalho para fazer para Deus devem despertar-se a fazê-lo e fortalecer-se para isso. Ser forte na graça que está em Cristo Jesus pode ser entendido em oposição à fragilidade da graça. Onde há a verdade da graça deve haver um trabalhar para alcançar a força da graça. À medida que nossas provações aumentam, precisamos nos tornar mais fortes no que é bom: nossa fé mais forte, nossa resolução mais forte, nosso amor a Deus, e a Cristo, mais forte. Ou, pode ser entendido em oposição a sermos fortes em nossas próprias forças: ‘Sejam fortes, não confiando em sua própria suficiência, mas na graça que está em Jesus Cristo’.…” (HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento Atos a Apocalipse obra completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p.709).
- Timóteo deveria permitir que a graça que há em Cristo Jesus nele operasse de modo a que se fortalecesse, retomasse o bom ânimo e prosseguisse seu ministério, apesar de todas as dificuldades. Tomás de Aquino chega mesmo a dizer que o apóstolo Paulo estava a preparar seu filho na fé para a hipótese do martírio. Deveria se deixar levar pelo Espírito Santo a ponto de estar disposto, inclusive, a morrer pela fé.
OBS: “…No capítulo anterior [o primeiro capítulo de II Timóteo – observação nossa] [Paulo] levou Timóteo a pregar o evangelho diligentemente, aqui para aguentar sem desmaio martírio; Timóteo deve ser o primeiro a suportar a paixão pela salvação dos fiéis; em segundo lugar, ensina-lhe como ele deve resistir os infiéis. Prepara-o para suportar o martírio e o chama para o mesmo. Três coisas que estão à frente na preparação para o martírio: força, fornecimento de bens, o trabalho fecundo da milícia…” (AQUINO, Tomás de. Comentário à Segunda Epístola de Paulo a Timóte. Cit. II Tm.2:1-3. n.6. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 08 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
- Timóteo deveria, então, sem medo, pregar o Evangelho e confiar a Palavra de Deus a homens fiéis, que fossem idôneos para também ensinarem os outros. Timóteo, no seu ministério pastoral, não podia temer ensinar a Palavra de Deus, dar cabo do ministério da palavra que lhe fora confiado. Como afirma o príncipe dos pregadores britânicos, Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), ao comentar esta passagem: “…Esta é a verdadeira sucessão apostólica — um ministro traz um outro a Cristo e, em seguida, encarrega o outro para treinar outros pregadores e professores para continuar o trabalho abençoado de evangelização!…” (Exposição de II Tm.1:1-2:13. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols55-57/chs3273.pdf, p.6 Acesso em 08 jun. 2015) (tradução nossa de texto em inglês).
- Uma das formas do ministro de Jesus Cristo ter bom ânimo e enfrentar tanto a perseguição quanto a apostasia no interior da membresia é através do exercício do ministério da palavra, ou seja, da pregação do Evangelho aos incrédulos e do ensino da Palavra aos crentes. Eis porque, aliás, o diabo tem procurado fazer com que os ministros deixem de exercer o ministério da Palavra, pois, no silêncio deles, haverá tanto desânimo por parte dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mesres, como também a inanição espiritual da membresia e, deste modo, todos serão tomados pelo desânimo e desfalecerão na fé. Tomemos cuidado, amados irmãos, para que esta estratégia do inimigo não venha a ser exitosa em nossas igrejas locais!
OBS: “…Uma forma segura de fortalecer-se na graça é transmitindo a outros as verdades que se acham engastadas no coração e que estão guardadas na memória. De conformidade com isso, que Timóteo aja como mestre. Mais ainda, que produza mestres. Paulo está para partir desta vida. Por muito tempo ele carregou a tocha do evangelho. Daqui em diante, ele a põe nas mãos de Timóteo, o qual, por sua vez, deve passá-la a outros.…( HENDRIKSEN, William. Comentários I Timóteo, II Timóteo e Tito. Trad. de Válter Graciano Martins, p. 302).
- Timóteo deveria se portar como um soldado de Cristo Jesus, sofrendo as aflições juntamente com o apóstolo Paulo. Em vez de temer a perseguição, o jovem pastor deveria se unir a Paulo nas aflições, tendo disposição para sofrer até o martírio, se necessário fosse, como o apóstolo estava disposto.
- A comunhão que deve haver entre os salvos em Cristo Jesus e entre os salvos e seu Senhor é uma comunhão integral, envolvendo não só a santidade e o desfrute das bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Cf. Ef.1:3), como também as aflições sofridas pelo Senhor Jesus em Seu ministério terreno. Estamos em comunhão com Jesus não apenas para ter livre acesso ao trono da graça (Hb.4:16), ao lugar santíssimo (Hb.10:19,20), mas também para padecer como Cristo padeceu. 
- Devemos seguir as pisadas de Jesus (I Pe.2:21) e este seguimento, como diz o apóstolo Pedro, representa, num primeiro momento até, sofrer como Jesus sofreu. Jamais devemos nos esquecer de que, para chegar à direita do Pai, Jesus, antes, passou pelo Getsêmane e pelo Calvário e nós, como Seus seguidores, não temos caminho diverso a trilhar.
- O bom soldado de Cristo Jesus não se embaraça com os negócios desta vida, pois tem de agradar aquele que o alistou para a guerra (II Tm.2:4). Em nossa vida cristã, não podemos nos deixar encantar pelas coisas terrenas, mas temos de pensar nas coisas de cima, porquanto a nossa vida está escondida com Cristo em Deus (Cl.3:1-3).
- Um soldado, quando está na guerra, deixa toda a sua vida particular para trás. Ele não se envolve nem mesmo com a sua vida familiar, pois toda a sua atenção está voltada para a guerra. Ele como que se desliga de toda a sua existência, tendo como alvo único a vitória na batalha. Os cristãos também estão em luta contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12,13), luta esta que somente terminará quando formos para a eternidade, de forma que não temos tempo para nos envolver com as coisas terrenas. O envolvimento com as coisas desta vida produzem o enfraquecimento de nossa fé, o desânimo que pode nos privar da salvação.
- “…Timóteo, pois, como um nobre ou excelente soldado de Cristo Jesus, que lhe pertence e está comprometido na guerra na qual a ‘cruz de Jesus’ vai sempre adiante, não deve retrair-se  mas deve estar disposto  a enfrentar as dificuldades (…), que nesse contexto significa muito mais que viver destituído de comodidades como soldados. Implica sofrer perseguição (II Tm.3:2). Deve estar disposto  a suportar isso, diz o apóstolo Paulo…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.304) (destaques originais).
- Paulo diz a Timóteo, também, que ele deveria militar legitimamente e aqui alguns entendem que o apóstolo traz também a metáfora do atleta, ou seja, fala a Timóteo que ele, como um atleta, deveria se esforçar para que terminasse a sua carreira, completasse a prova, a fim de que pudesse alcançar o prêmio. “…Há que obedecer às normas. Nesse aspecto a melhor figura é sempre a de um homem que compete numa prova atlética. Paulo o representa no próprio ato da competição. Ora, a menos que esse atleta (…) compita legitimamente, ou seja, de conformidade com as normas estabelecidas, não recebe o louro do vencedor, o diadema de folhas ou medalha de ouro. Igualmente, se o homem que executa um serviço especial no reino de Deus não observa as normas — por exemplo, pregar e ensinar a verdade, e fazê-lo com amor; exercer a disciplina no mesmo espírito; (…) não receberá a coroa da justiça (II Tm.4:8) e de glória (I Ts.2:19; cf; I Pe.5:4; Tg.1:12; Tg.1:12; Ap.2:10…)…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., pp.305-6) (destaques originais).
- Mas, além de soldado e/ou atleta, Paulo diz a Timóteo que ele deveria ser, também, um lavrador, pois o lavrador deve ser o primeiro a gozar dos frutos (II Tm.2:6). “…Este princípio (mais detalhadamente discutido em I Co. 9:1-14 e I Tm.5:17, 18) pode ser aplicado incluindo a remuneração e o sustento, mas aqui se destaca o benefício espiritual auferido pelo próprio Timóteo. Ele deveria conhecer as bênçãos da mensagem que ele está dando aos outros (cons. I Tm.4:15,16).…” (HARRISON, Everett F. II Timóteo Comentário Moody, p.7).
- Mais uma vez, Paulo enfatiza, nesta sua orientação a Timóteo, que o ministro deve primeiramente ter a comunhão com Deus para que, então, possa ministrar a Palavra aos outros. Assim como o lavrador é o primeiro a gozar dos frutos que plantou, o ministro deve ser o primeiro a ser alimentado pela Palavra de Deus, a desfrutar da bênção da santificação, para que, então, possa ministrar aos outros. Não é à toa que o escritor aos hebreus diz que a Palavra de Deus é uma espada de dois fios: primeiro tem de cortar o ministrante, para só, então, atingir os demais.
- O padre Antônio Vieira (1608-1697), o maior orador sacro em língua portuguesa, em seu famoso “Sermão da Sexagésima”, mostra, claramente, que a Palavra de Deus somente pode produzir frutos se o pregador for efetivo, ou seja, se ele mesmo for alguém que pratica e vive aquilo que prega.´
OBS: “…Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por consequência clara, que fica por parte do pregador. E assim é. Sabeis, cristãos, porque não faz fruto a palavra de Deus? – Por culpa dos pregadores. Sabeis, pregadores, porque não faz fruto a palavra de Deus? – Por culpa nossa.(…) Será porventura o não fazer fruto hoje a palavra de Deus, pela circunstância da pessoa? Será porque antigamente os pregadores eram santos, eram varões apostólicos e exemplares, e hoje os pregadores são eu e outros como eu? – Boa razão é esta. A definição do pregador é a vida e o exemplo. Por isso Cristo no Evangelho não o comparou ao semeador, senão ao que semeia. Reparai. Não diz Cristo: saiu a semear o semeador, senão, saiu a semear o que semeia: Ecce exiit, qui seminat, seminare. Entre o semeador e o que semeia há muita diferença. Uma coisa é o soldado e outra coisa o que peleja; uma coisa é o governador e outra o que governa. Da mesma maneira, uma coisa é o semeador e outra o que semeia; uma coisa é o pregador e outra o que prega. O semeador e o pregador é nome; o que semeia e o que prega é ação; e as ações são as que dão o ser ao pregador. Ter o nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o Mundo. O melhor conceito que o pregador leva ao púlpito, qual cuidais que é? – É o conceito que de sua vida têm os ouvintes. Antigamente convertia-se o Mundo, hoje porque se não converte ninguém? Porque hoje pregam-se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obra são tiros sem bala; atroam, mas não ferem.…” (VIEIRA, Antônio. Sermão da Sexagésima. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/vieira-antonio-sermao-sexagesima.pdf, pp.9-10).
- O ministro, para ser o exemplo dos fiéis, precisa seguir o exemplo de Jesus. Paulo lembra a Timóteo que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos e, diante desta prova de vitória sobre o pecado e a morte, este triunfo que se seguiu à Sua paixão e morte, anima todos os Seus discípulos a também sofrer todas as coisas, pois há a garantia de que, como Jesus ressuscitou, também nós ressuscitaremos, de modo que não temos que temer a morte e, com gozo, sofrer tudo o que for necessário para realizarmos a obra de Deus. Por isso, os apóstolos se alegraram quando sofreram açoites por causa do nome de Jesus (At.5:40-42).
- A ressurreição de Jesus é a garantia da nossa fé (I Co.15:13,14) e é a força que nos impulsiona a ser fiéis ao Senhor, sabendo que, se formos participantes das aflições de Cristo, também seremos participantes da Sua glória. Por isso, Paulo sofria trabalhos e prisões por amor dos escolhidos, para que também eles alcançassem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. Por isso, as perseguições, ao longo da história da Igreja, resultaram sempre em crescimento do número de salvos. Como dizia Tertuliano (160-220): “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”.
- Além da ressurreição de Jesus, há um outro fator que nos impulsiona a termos bom ânimo e a enfrentarmos tudo por amor a Cristo: a Sua fidelidade. Se formos infiéis, Jesus permanece fiel, pois não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13). Jesus jamais falta ao compromisso assumido com os Seus discípulos, de estar com eles todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20), de cooperar com Seus discípulos na medida em que pregam o Evangelho (Mc.16:20). Por isso, não temos que temer o que nos possa fazer os homens (Hb.13:6).

II – CONDUTA A SEGUIR COM AQUELES QUE SE AFASTAM DA SÃ DOUTRINA E DA PUREZA CRISTÃ
- Depois de dar orientações visando ao reânimo de Timóteo a ponto de torná-lo disposto inclusive ao martírio, Paulo volta a insistir na necessidade de seu filho na fé impedir a ação dos falsos mestres na igreja de Éfeso. Sua disposição a enfrentar a perseguição não deveria diminuir seu zelo doutrinário e a luta contra a apostasia na membresia.
- Assim como havia orientado Timóteo na primeira epístola, o apóstolo volta a exortar seu filho na fé a que não permitisse que houvesse “contendas de palavras que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes” (II Tm.2:14).
- “…Sua tarefa deveria ser edificar aqueles que estavam debaixo de sua responsabilidade, para trazer à memória as coisas que eles já sabiam, porque esse é o trabalho de um ministro. Não o de anunciar às pessoas aquilo que nunca ouviram antes, mas fazê-las lembrar aquilo que de fato já sabem, ordenando-lhes que não entrem em contendas de palavras. Observe: Esses que estão dispostos a contender, normalmente o fazem a respeito de questões de pouca importância. Contendas de palavras são muito destrutivas para as coisas de Deus. Eles não devem contender por causa de palavras que
para nada aproveitam. Se as pessoas refletissem acerca da pouca utilidade que a maioria das controvérsias na religião tem, não seriam tão zelosas em suas contendas, para perversão dos ouvintes, tirando sua atenção das grandes coisas de Deus e ocasionando hostilidades, e animosidades não-cristãs, em que existe o perigo de perder-se a verdade.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.711).
- Para que Timóteo levasse a bom termo esta sua atividade, porém, deveria, em primeiro lugar, ele próprio cuidar de manejar bem a palavra da verdade, apresentando-se a Deus como obreiro aprovado, que não tivesse de se envergonhar (II Tm.2:15).
- “…O exemplo pessoal de Timóteo deve servir como arma poderosa contra o erro: Faça seu máximo para apresentar-se a Deus aprovado. Timóteo deve esforçar-se de todas as formas possíveis, a fim de conduzir-se pessoalmente de tal modo  que agora mesmo, perante o tribunal do juízo de Deus, ele seja aprovado, ou seja, como alguém  que, depois de um exame completo por nenhum outro senão  do Supremo Juiz, tenha a satisfação de saber que assim foi de Seu agrado e o enaltece (…). Ora, este feliz resultado será alcançado se Timóteo for achado: a. obreiro que nada tem que se envergonhar, portanto também b. manejando corretamente a palavra da verdade. Timóteo, pois, deve ser de tal natureza que não reflita vergonha sobre ele quando ouvir o veredicto divino a respeito. Naturalmente isto significa que ele é o tipo de líder que está preocupado em ‘usar corretamente a palavra da verdade’. Esta palavra da verdade é ‘o testemunho acerca de nosso Senhor (II Tm.1:8), o ‘evangelho’ (…). É a verdade redentora de Deus.…” (HENDRIKSEN. William.op.cit., pp.322-3) (destaques originais).
- Timóteo, para poder evitar as contendas de palavras, precisava ser um obreiro aprovado, ou seja, que estivesse a agradar a Deus. Para tanto, deveria, por primeiro, demonstrar fé, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb.11:6). Por segundo, deveria ser exemplo dos fiéis, vivendo aquilo que pregava, a ponto de poder ser imitado (Hb.13:7). Por terceiro, deveria ter conhecimento da Palavra para poder ensiná-la.
- Um obreiro é aprovado diante de Deus quando vive o que prega e ensina e sabe bem manusear a Palavra, tem dela conhecimento, não só teórico, mas, também, prático. Um obreiro que não vive o que prega e ensina e que não tem domínio intelectual da Palavra é um obreiro que envergonha a igreja local e se apresenta como envergonhado diante de Deus e dos homens.
- Infelizmente, em nossos dias, não são poucos os obreiros que estão envergonhando o Evangelho e se apresentam envergonhados diante tanto da igreja local como da sociedade, porque são verdadeiros hipócritas religiosos, que não vivem aquilo que pregam e ensinam, como também não têm conhecimento das Escrituras Sagradas, não só não tendo o que ensinar, como também permitindo que falsos ensinos se infiltrem nas igrejas locais, precisamente porque são ignorantes.
- Vivemos dias de nítido analfabetismo bíblico em nossas igrejas locais, a começar dos próprios obreiros que, por terem títulos e posições de mando, acham que não precisam mais aprender a Palavra de Deus e, por isso, estão sujeitos a passar vergonha, já que não sabem manejar bem a Palavra da verdade. A frequência de obreiros em nossas Escolas Bíblicas Dominicais já é um fator desta vergonha. Acordemos, obreiros! Acordemos, igreja do Senhor, pois não podemos admitir obreiros que não manejam bem a palavra da verdade!
- A aprovação que o ministro deve buscar é a aprovação de Deus, jamais a aprovação dos homens, como, lamentavelmente, alguns estão a confundir em nossos dias. O obreiro não tem de ser popular, simpático e agradável diante do povo, mas, sim, ter consciência de que foi chamado por Deus, que seu ministério é de Deus e que, portanto, tem de agradar única e exclusivamente a Deus. Paulo diz isto com muita convicção: “Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl.1:10). Por isso, o apóstolo, quando se referiu ao obreiro Apeles, disse que ele era “aprovado em Cristo” (Rm.16:10).
- “…Porque aquele que quer disputar tem de fiscalizar a sua intenção para ver se lhe dirige um bom zelo Por isso, diz," como um ministro digno da aprovação de Deus ", que prova os corações, porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva "(II Co.10:18)…” (AQUINO, Tomás de. op.cit. Cit. II Tm.2:14-17, n.7. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 08 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
- “…O homem que manuseia corretamente a palavra da verdade não a muda, não a perverte, não a mutila nem a distorce, nem faz uso dela com um propósito errôneo em mente. Ao contrário, ele interpreta as Escrituras em oração e à luz das Escrituras. Aplica seu sentido glorioso, corajosamente e com amor, a situações e circunstâncias concretas, fazendo-o para glória de Deus, para a conversão dos pecadores e para a edificação dos crentes.…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.324).
- “…"Qual é a maneira certa, então, para lidar com a Palavra da verdade? É como uma espada e a espada não foi concebida para que se brinque com ela. Isso não é corretamente lidar com o evangelho. Deve ser utilizada em uma casa séria e ativa. Vocês estão convertidos, meus amigos? Vocês acreditam em Jesus Cristo? Vocês estão salvos, ou não? Espadas são destinadas a cortar e picar, ferir e matar —  a Palavra de Deus é para picar homens  no coração e matar os seus pecados. A Palavra de Deus não é dada aos ministros de Deus para divertir os homens com seu brilho, nem para encantá-los com as joias em seu punho, mas para conquistar suas almas para Jesus! Lembrem-se, caros ouvintes, se o pregador não empurrá-los para isto, que vocês devem se converter, então não saberá a razão de lhe ter sido dada a Palavra. Se ele não levá-los para isto — que vocês devem ou deliberadamente rejeitar ou aceitar alegremente Cristo, ele ainda não sabe como corretamente lidar com a grande espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.…” (SPURGEON, Charles Haddon. Dividindo corretamente a Palavra de Deus: sermão pregado na noite de domingo, 26 de dezembro de 1875 no Tabernáculo Metropolitano em Newington, p.1. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols19-21/chs1217.pdf Acesso em 08 jun. 2015) (tradução nossa de texto em inglês) (destaques originais).
- “…Aquele que manipula corretamente a Palavra de Deus nunca vai usá-la para defender os homens em seus pecados, mas para matar seus pecados! Se houver um cristão aqui professando que está vivendo em pecado conhecido, vergonha sobre ele! E se houver um homem não-cristão que está vivendo em pecado, deixe sua consciência criticá-lo! O que ele vai fazer no dia em que Cristo virá para julgar os corações dos homens? Lembrem-se, os livros serão abertos e cada pensamento deve ser lido antes de um universo montado! Eu desejo lidar com a Palavra de Deus de modo que nenhum homem pode nunca encontrar uma desculpa no meu ministério para a vida sem Cristo e viver em pecado, mas pode saber claramente que o pecado é um mal mortal e a incredulidade a certeza destruidora da alma! Aqueles que, na verdade, foram feitos para lidar com a Palavra corretamente devem mergulhá-la como uma espada de dois gumes para dentro do coração do pecado!…” (SPURGEON, Charles Haddon. ibid.) (tradução nossa de texto em inglês).
- “…O evangelho nunca deveria ser usado para assustar os pecadores de Cristo. Eu acredito que ele é manipulado desta forma às vezes. Doutrinas sublimes são enroladas como pedras no caminho do pecador e experiências escuras criadas num nível de horror que devem ser atingidas antes que um homem possa acreditar em Jesus, mas lidar justamente com a Palavra de Vida é assustar os homens para irem a Cristo, em vez de fugirem d’Ele, sim, para atraí-los a Ele pela doce garantia de que Ele não vai expulsar ninguém que venha até Ele! Ele não pede nenhuma preparação deles, mas se eles vêm ao mesmo tempo, como eles são, Ele certamente vai recebê-los. Não fui eu que lidou com a Palavra da verdade dessa maneira centenas de vezes nesta casa? Será que não fui um grande ímã, atraindo os pecadores? Como um ímã tem dois polos, e com um polo repele, por isso, sem dúvida, a verdade de Deus repele o preconceito, o coração rebelde e, portanto, é um cheiro de morte para morte. Mas nosso objetivo é tanto lidar com isso que o polo atrativo pode entrar em operação através do poder do Espírito de Deus e os homens podem ser atraídos a Cristo.…” (SPURGEON, Charles Haddon. op.cit., pp.1-2).
- “…Além disso, se lidamos bem com a Palavra de Deus, não vamos pregá-lo de modo a enviar os cristãos a um estado sonolento. Isso é feito facilmente. Podemos pregar os consolos do evangelho até que cada professor sinta: "Eu sou seguro o suficiente. Não há necessidade de assistir, não há necessidade de lutar, sem necessidade de qualquer esforço o que quer! Minha batalha é travada, a minha vitória está ganha. Eu só tenho que dobrar meus braços e ir dormir ". Não, não! Isto não é como lidamos com a Palavra de Deus, mas o nosso grito é " Ponham a sua salvação em exercício com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vocês tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade. Vigiem e orem para que vocês não entrem em tentação. Não  considerem ter atingido a perfeição, mas esqueçam as coisas que estão atrás, vão para a frente e cheguem ao que está adiante, olhando para Jesus ". Isto é justamente lidar coma Palavra de Deus.…” (SPURGEON, Charles Haddon. op.cit., p.2).
- Fizemos questão de reproduzir este elucidativo trecho de sermão de Charles Spurgeon, para mostrar como, em nossos dias, há muitos que não estar a manejar bem a palavra da verdade, seja porque não mais pregam contra o pecado, seja porque não atraem as pessoas a Jesus, seja, ainda, porque não estão a despertar os ouvintes para que abandonem a indolência espiritual e se mantenham vigilantes diante da proximidade do arrebatamento da Igreja.
- Manejar bem a palavra da verdade é levar aos ouvintes a mensagem de que é preciso se arrepender dos pecados para se ter a vida eterna. Manejar bem a palavra da verdade é levar aos ouvintes a mensagem de que, uma vez perdoados por Deus pelo sangue de Cristo, precisamos viver em santidade. Manejar bem a palavra da verdade é levar aos ouvintes a mensagem de que devemos estar vigilantes, pois Jesus breve virá e devemos estar preparados para encontrá-l’O nos ares a qualquer momento.
- Timóteo deveria, também, evitar os falatórios profanos, porque eles produzem maior impiedade. “…A palavra se refere às disputas ímpias e inúteis sobre histórias genealógicas e fictícias (‘mitos de velhas caducas’) e debates minuciosos acerca das sutilezas da lei de Moisés (…). Quando Timóteo os encontrar, deve fugir deles, dar meia-volta com o fim de evitá-los. Envolver-se num debate com os seguidores  do erro os tornará ainda piores, porque eles (não os sofismas, mas os charlatães, como o revela o restante da sentença) seguirão avante! …” (HENDRIKSEN, William, op.cit.) (destaques originais).
- O ministro deve ter a preocupação primeira de impedir que estes falsos mestres contaminem a membresia. Num segundo momento, deve ter o zelo pastoral para levar estes falsos mestres ao arrependimento, para que eles abandonem a heresia e tornem a trilhar o caminho da salvação. Se, no entanto, perceber que estes falsos mestres não querem se arrepender, deve cuidar do rebanho do Senhor, não se intrometendo em discussões e debates que nada contribuirão para a saúde espiritual da igreja local, mas, antes, pode comprometer a saúde espiritual dos fiéis. É o que o apóstolo também diz a Tito: “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o” (Tt.3:10).
- “…Os hereges, que se vangloriavam acerca das suas ideias e argumentos, achavam que suas apresentações eram dignas de elogio; mas o apóstolo os chama de falatórios profanos: aqueles em que os homens se tornam exagerados a esse respeito, produzindo maior impiedade. O caminho do erro é ladeira abaixo. Quando se admite ou se debate um absurdo, muitos outros o seguirão: a palavra desses roerá como gangrena. Quando erros e heresias entram na Igreja, o contágio de um muitas vezes redunda no contágio de muitos outros, ou, a pessoa que está errada em uma coisa muitas vezes acaba se mostrando errada em muitos outros assuntos.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p. 712).
- A heresia tem de ser extirpada da igreja local assim como um membro gangrenado tem de ser amputado do corpo para que a gangrena não se espalhe pelo restante do organismo. O ministro de Jesus Cristo não deve permitir que as heresias e falsos ensinos sejam ministrados na igreja, calando todos aqueles que insistem em querer divulgar seus erros.
- É extremamente lamentável que, em nossos dias, muitos obreiros deixem que heresias e falsos ensinos sejam pregados nos púlpitos de suas igrejas locais. Há uma leniência excessiva por parte de muitos pastores e, por isso, temos visto crescer de modo assustador a apostasia entre o povo de Deus. Acordem, senhores ministros, pois os amados terão de prestar contas das almas que estão se desviando da fé por causa de sua negligência na doutrina!
- Paulo, então, dá um exemplo de falsa doutrina que estava rondando a igreja de Éfeso, doutrina esta defendida por Himeneu e Fileto, que estavam a ensinar que a ressurreição já era feita, pervertendo, assim, a fé de alguns. Eles ensinavam que não haveria uma ressurreição corporal, que somente ocorria uma “ressurreição espiritual”, ensino este que deveria ser repelido.
- Em nossos dias, há teólogos liberais que estão a repetir os erros de Himeneu e de Fileto, pois afirmam que a “ressurreição de Jesus” é um mito, uma alegoria, uma figura de “algo espiritual”. Se não crermos na ressurreição corporal de Jesus e, por conseguinte, em nossa própria ressurreição corporal quando do arrebatamento da Igreja, esvaziaremos, por completo, a nossa fé (I Co.15:14).
OBS: “…Ressurreição (sem artigo) já aconteceu = já ressuscitamos! Essa é a vanglória dos emergentes gnósticos (aqueles que se gloriam de seu conhecimento, cf. I Co 8:1s). Também em Corinto certos grupos negavam a ressurreição futura, ou melhor, negavam a realidade da ressurreição propriamente dita, embora muitos ainda não negassem a de Jesus. Tanto lá (v. 20) como aqui Paulo frisa que: ‘Agora, porém, o Messias ressuscitou dentre os mortos’, exortando Timóteo a trazer no coração aquele que foi ressuscitado dentre os mortos, e sem o qual não existe vida compartilhada após a morte compartilhada (v.11). A menção da negação da ressurreição, que equivale a uma apostasia do Senhor, demonstra mais uma vez o nexo interior e consistente com II Tm 2:1-13. Sem o Senhor vivo, mensagem, doutrina e fé não podem continuar vivas nem gerar vida. Tudo se torna vazio e nulo. Redenção por intermédio de Jesus significa que corpos humanos pecadores e mortais são transformados, passando pela morte, em esplendor eterno de luz, sendo inseridos no reino de Deus.…” (BÜRKI, Hans. op.cit., p. 39).
- Timóteo não tinha o que temer. Ainda que alguns estavam a se desviar da fé, o fato é que “o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: o Senhor conhece os que são Seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (II Tm.2:19).
- A presença de heresias e de hereges não tinha o condão de arruinar a obra de Deus, de matar a Igreja. Não, não e não! O Senhor conhece os que são Seus e, por isso, guarda os fiéis da contaminação dos falsos ensinos. Para que não sejamos atingidos pelas heresias e pelas astutas ciladas do diabo, basta que tenhamos uma vida de santificação, que estejamos sempre nos desviando do pecado e usando dos meios de santificação (meditação diária nas Escrituras, oração, jejum, temor de Deus e participação digna na ceia do Senhor), pois, assim procedendo, iremos identificar os erros doutrinários apregoados e evitar segui-los.
- “…Todos os ataques que os poderes das trevas realizaram contra a doutrina de Cristo não foram suficientes para abalá-la. Ela permanece firme, apesar de todas as tempestades que foram levantadas contra ela. Os profetas e apóstolos, isto é, as doutrinas do Antigo e do Novo Testamento, permanecem firmes; e eles têm um selo com duas máximas nele, uma de um lado, e a outra do outro, como é comum em um selo oficial.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p. 712).
- Quem profere o nome de Cristo deve viver separado do pecado. Proferir o nome de Cristo aqui não é apenas invocá-lo com palavras, mas, sim, produzir frutos dignos de arrependimento, agir de modo a demonstrar que se está vivendo separado do pecado.
OBS: “…Dois elementos são necessários para se pôr em estado de salvação: confessar a fé (Rm.10) e apartar-se do pecado. "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus" (Mt 7). Por isso, diz, "fique longe do mal qualquer um que profere o nome do Senhor." Mas essa invocação entenda-se não apenas discurso, mas pela fé interior e exteriormente pelas obras.…” (AQUINO, Tomás de. op.cit. Cit II Tm.2:16-21, n.8. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 08 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
- Paulo mostra a Timóteo que, na igreja local, há tanto vasos para honra, como vasos para desonra. No grupo social, na igreja visível, há pessoas convertidas e pessoas que ainda não se converteram ou que se desviaram da fé. O ministro tem de saber lidar com esta realidade, não achando que toda a membresia é formada de pessoas salvas na pessoa de Jesus Cristo.
- Somente seremos vasos para honra se tivermos uma vida de santificação, se nos esforçarmos para nos aproximarmos cada dia mais de Deus e estarmos cada dia mais longe do pecado. Para que alguém possa estar preparado para a obra do Senhor, faz-se mister que, antes, esteja em santidade.
- Não é por outro motivo que o apóstolo Pedro diz que, primeiro, devemos nos santificar a Cristo em nossos corações para só depois respondermos com mansidão e temor a razão da esperança que há em nós (I Pe.3:15).
- Eis um dos fatores primordiais porque as igrejas locais pouco têm evangelizado em nossos dias, porque não há a manifestação de sinais, prodígios e maravilhas nas igrejas, porque estamos a viver uma letargia espiritual. Grande parte da membresia não está buscando a santificação, não tem meditado diariamente nas Escrituras, não tem orado ou jejuado, não tem sido reverente às coisas de Deus e obediente à Palavra do Senhor e, por conseguinte, não tem participado dignamente do corpo e do sangue do Senhor na ceia. Esta falta de santificação, esta convivência com o pecado tem anulado completamente o poder de Deus nas igrejas locais e as transformado em meros clubes sociais.
- Por isso, a igreja local precisa de um avivamento para poder desempenhar bem as suas tarefas. Como ensina Charles Finney (1792-1875): “…um avivamento consiste  no retorno da Igreja de suas rebeldias e na conversão dos pecadores. Um avivamento inclui sempre a convicção do pecado por parte da Igreja. Professores apóstatas não podem acordar e começar imediatamente o serviço de Deus, sem pesquisas profundas do coração. As fontes do pecado precisam ser quebradas. Em um verdadeiro avivamento, os cristãos são sempre trazidos a tal convicção; eles veem os seus pecados sob essa luz que muitas vezes eles acham que é impossível manter uma esperança de sua aceitação com Deus. Nem sempre vão até essa extensão, mas há sempre, em um verdadeiro avivamento, profundas convicções do pecado, e muitas vezes casos de abandono de toda a esperança. Os cristãos apóstatas serão levados ao arrependimento. Um reavivamento é nada mais do que um novo começo de obediência a Deus. Assim como no caso de um pecador convertido, o primeiro passo é um arrependimento profundo, uma quebra de coração, a descer no pó diante de Deus, com profunda humildade, e um abandono do pecado.…” (O que um avivamento religioso é. Disponível em:  http://www.whatsaiththescripture.com/Voice/Revival.Lectures.html#LECTURE I Acesso em 08 jun. 2015) (tradução nossa de texto em inglês) .
- Timóteo, para bem desempenhar esta tarefa, deveria fugir dos “desejos da mocidade”, seguindo a justiça, a fé, a caridade e a paz com que os que, com um coração puro, invocavam o Senhor. “…Timóteo deve se apresentar como trabalhador aprovado perante Deus, pois assim será um utensílio santificado, útil para toda boa obra (v. 21b). O v. 21a expressa de modo mais exaustivo como e porque Timóteo pode buscar a aprovação: tem de purificar-se. (…).A purificação refere-se a ambos: doutrina e vivência. Somente o servo que purifica a si mesmo em relação a ambas pode exercer uma influência depuradora na igreja.…” (BÜRKI, Hans. op.cit., p. 41).
- O obreiro precisa ter uma vida santa, precisa buscar as “coisas de cima”, não permitindo que a carne sobre ele domine, e, somente assim, terá comunhão com os verdadeiros e genuínos servos de Cristo que estão em sua igreja local. O obreiro deve ter comunhão com Deus e com os santos, sem o que jamais poderá exercer a contento o seu ministério.
- Infelizmente, na atualidade, muitos obreiros estão a se deixar levar pela carne, estão se afastando de Deus e se aproximando do pecado e o resultado disto é uma tragédia na igreja local, pois eles não estão em comunhão com Deus nem com os santos, mas, sim, com os que não servem ao Senhor verdadeiramente, que se comportam como verdadeiro “joio” no meio do povo de Deus. Tais obreiros são verdadeira ervas daninhas, que só contribuem para a apostasia espiritual da membresia.
- Timóteo deveria evitar as contendas, os debates, apresentando-se sempre com mansidão para com todos, até mesmo com os hereges, estando apto para ensinar e para suportar todas as contrariedades, devendo se esmerar em ensinar os que resistiam à verdade, aguardando que o Senhor lhes dê lugar de arrependimento, desprendendo-se dos laços do diabo.
- Mais uma vez, Paulo exorta a Timóteo que não desistisse de tentar converter os desviados da fé, mas que isto não se fizesse mediante contendas, debates ou discussões. Ele não poderia abrir mão de tentar ganhá-los para Cristo, mas deveria fazê-lo com mansidão e não com contendas de palavras; deveria fazê-lo com paciência, não com rispidez ou ameaças.
- Assim, ainda que tivesse de disciplinar os falsos mestres, excluindo-os da comunhão, não deveria jamais desistir de ganhá-los para Cristo, agindo com mansidão e paciência, não gerando polêmicas que poderiam trazer escândalos que, em vez de trazer os hereges de volta a Cristo, implicariam na perda de muitos fiéis. Como afirma Charles Spurgeon, este é o sentido de “fugir dos desejos da mocidade”, a saber, “…Fugir deles! Não adianta disputar com eles. Luta contra o diabo. Resistir ao diabo é fazê-lo fugir, mas nunca lutar com a carne. Fuja disso. A única maneira de evitar a concupiscência da carne é ficar fora de seu caminho. Se você submeter-se a tentações carnais e paixões carnais, lembre-se que é quase certo que você vai ser superado por eles! "Foge das paixões da mocidade", e como você deve manter-se indo e ter algo a que  seguir…” (Exposição de II Tm.2:15-26. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols58-60/chs3394.pdf, p.7 Acesso em 08 jun. 2015) (tradução nossa de texto em inglês).
- “…Temos aqui previsto, então, o dever do ministro cristão e o dever de cada cristão, também! Vamos buscar, na Santa Graça do Espírito, realizá-lo, sendo ao mesmo tempo firme e suave, amando de coração e ainda, sendo honestos com  a Verdade de Deus como ela é em Jesus.…” (SPURGEON, Charles Haddon. op.cit., p.8).

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco