A Manifestação da Graça da Salvação - Lição 13


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A salvação, concedida ao homem perdido, é fruto da graça de Deus, por intermédio de Cristo Jesus, que veio ao mundo, como Deus que se fez homem, para redimir o homem. A graça de Deus é a mais extraordinária manifestação do seu amor para com o pecador. Mas ele só pode usufruir os benefícios desse recurso divino se reconhecer o seu estado miserável, em termos espirituais, e converter-se mediante a aceitação de Cristo como seu Salvador. Embora haja vários significados para a palavra graça, a mais comum é ser considerada “favor imerecido de Deus”, visando à salvação do homem.
Essa graça de que fala o texto em apreço, que estende o favor divino ao pecador, é a “graça salvadora”, segundo a qual, Deus, o Soberano do universo, concede ao homem a oportunidade de reconciliar-se com Ele, mediante o sacrifício de Cristo, no Calvário. Essa graça salvífica é a origem desse favor divino, motivada pelo grande amor de Deus. Diz Paulo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
Em João 5. 24 Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. Para ser salvo, o homem precisa dar ouvidos à Palavra de Deus. Não é apenas escutar, ou “ouvir dizer”; é necessário abrir o coração para a mensagem do evangelho. E indispensável que creia em Deus, “naquele que me enviou”, conforme ressaltou Jesus. Só assim pode ter a vida eterna. Esse é o evangelho de Jesus, segundo escreveu João. Somente satisfazendo essas condições de ouvir e crer, e, mais ainda, obedecer, é que a pessoa pode ser beneficiada pela graça de Deus, pela graça salvadora, que só há em Cristo Jesus.
Na carta a Tito, Paulo declara, de modo enfático e solene: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Isso não quer dizer que a salvação a todos os homens é automática e incondicional. De forma alguma. Mas que a salvação foi trazida, por intermédio de Cristo, como manifestação da graça de Deus, à disposição de todos os homens. Mas ela só pode ser efetiva e eficaz para aqueles homens que derem ouvidos à Palavra de Deus, arrependerem-se de seus pecados e ser converterem a Deus. Jesus iniciou seu ministério dizendo: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Sem arrependimento e fé, a graça de Deus não pode agir no coração do homem.

I - A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS

1. A Graça Comum

A Palavra de Deus nos mostra que há diversas manifestações da graça divina. É importante saber o sentido da palavra “graça”. Vem da palavra hebraica hessed, e do termo grego charis, cujo sentido mais comum é o de favor imerecido que Deus concede ao homem, por seu amor, bondade e misericórdia; a partir dessa conceituação, podemos ver a “graça comum”, pela qual Deus “dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25b). Mas a graça comum não opera a salvação do homem. E expressão da bondade divina sobre toda a criação de Deus.

2. A Graça Salvadora

“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Ela ultrapassa o conceito e o sentido da “graça comum”, que é disponível para “todos os homens”, independentemente de crerem em Deus ou não. A “graça comum” é manifestada pela “revelação natural”, pela natureza (SI 19.1ss). A graça salvadora também está à disposição de “todos os homens”, mas só é alcançada ou eficaz por aqueles que creem em Deus, e aceitam a Cristo Jesus como seu único e suficiente Salvador pessoal. E também chamada de “graça especial”, conhecida por meio da “revelação especial” de Deus, que é a sua santa Palavra.
Na carta a Tito, Paulo ressalta o valor da “graça de Deus”, no seu mais elevado e nobre aspecto, entendido como “graça salvadora”. Ela é de tamanha significação, que se pode desdobrar, para efeito de compreensão, em outros aspectos relativos à obra salvífica de Cristo Jesus, na redenção do homem.
1) Graça justificadora
A graça salvadora opera a justificação do pecador, diante da justiça de Deus. Para Myer Pearlman, “Justificação é um termo judicial, que nos faz lembrar um tribunal. O homem, culpado e condenado, perante Deus, é absolvido e declarado justo — isto é, justificado. [...] Deus é o juiz, e Cristo é o Advogado; o pecado é a transgressão da lei; a expiação é a satisfação dessa lei; o arrependimento é convicção; a aceitação traz perdão ou remissão dos pecados; o Espírito Santo testifica o perdão; a vida cristã é obediência e sua perfeição é o cumprimento da lei da justiça”.1
2) Graça regeneradora
Myer Pearlman2 considera a regeneração como uma “experiência subjetiva”, da qual resulta a adoção, que é um “privilégio objetivo”. Segundo esse teólogo, “a alma, morta em transgressões e ofensas, precisa duma nova vida, sendo a mesma concedida por um ato divino de regeneração”. Uma vez nascida de novo, a pessoa passa a fazer parte da família de Deus: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (Ef 2.19). Passa a ser “nova criatura”: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).
Pela regeneração, o homem é feito “nova criatura” (2 Co 5.17), e sua história passa a ser contada diante de Deus a partir de sua decisão de se tornar “filho de Deus”. Bergstén afirma que a regeneração, ou o novo nascimento, “significa o ato sobrenatural em que o homem é gerado por Deus, 1 Jo 5.18, para ser filho de Deus, Jo 1.12, e participante da natureza divina, 2 Pe 1.4”.3 Horton4 diz que “A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior [...] O Novo Testamento apresenta a figura do ser criado de novo (2 Co 5.17) e da renovação (Tt 3.5), porém a mais comum é a de ‘nascer’ (gr. Gennaõ), ‘gerar’ ou ‘dar à luz’ (cf. Jo 3.3; 1 Pe 1.3)”. Essa gloriosa bênção é fruto da graça de Deus.
3) Graça santificadora
A santificação é indispensável à salvação (Hb 12.14). A graça de Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a negar-se a si mesmo, para ter uma vida de santidade. A santificação é um processo espiritual, que tem início na conversão, e deve prosseguir por toda a vida do crente, até a morte, ou o seu encontro com Cristo, em sua vinda. É o estado vivencial daquele que é santo, que vive em santidade. A falta de santificação anula os efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
3. Condições para Ser Salvo
“[...] ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.12,13). Essa palavra de Paulo está em perfeita harmonia com o ensino precioso de Cristo Jesus, em seus sermões: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). É necessário o crente demonstrar arrependimento sincero, o que significa mudança radical em sua natureza, pensamentos, atitudes e práticas.
Para ser salvo, o crente precisa ter duas atitudes, opostas uma à outra. A primeira, é no sentido da negação ou da renúncia do próprio eu: “renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas” (Tt 2.12b; Lc 9.23); a segunda, é no sentido positivo, segundo o qual o salvo deve viver “neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2.12c). Viver sobriamente é viver com a “simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). A vida de luxo e ostentação não combina com essa condição exemplificada por Jesus. A sobriedade deve fazer parte do cotidiano da vida do crente (1 Pe 1.13; 4.7; 5.8). Viver justamente é ter uma vida pautada pela prática da justiça fundamentada em Cristo Jesus. Não é a justiça do homem, que é falha e discriminatória.
A uns, a justiça humana é aplicada de uma forma; a outros, de outra forma, mesmo que as circunstâncias das transgressões sejam idênticas. Mas a justiça de Cristo, no crente, faz com que ele viva de maneira justa, em consonância com a Lei de Deus (SI 23.3; Pv 12.28). Viver piamente significa viver de acordo com a piedade (gr. eusebeia) cristã, é viver em santidade e respeito à Palavra de Deus, em santificação. Todo esse cuidado com o comportamento cristão não é sem finalidade, mas tem um propósito muito elevado, face à vinda de Cristo: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”.
Paulo doutrinou aos coríntios, acerca da salvação, demonstrando de forma consistente que, para ser salvo, é necessário permanecer no “caminho estreito” (Mt 7.14), em obediência à vontade de Deus. “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão” (1 Co 15.1,2). De propósito, destacamos o “se”, que indica condição indispensável para a salvação. Sem essa permanência e retenção dos ensinos de Cristo, a fé do crente é vã e morta (Tg 2.17). Somente valorizando a “graça salvadora” é que o crente pode fazer parte do povo de Deus. Paulo diz a Tito que Jesus “se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14; 1 Pe 2.9). E ordena que esse ensino, de caráter devocional e prático, deve ser repassado com muito cuidado e zelo à igreja local: “Fala disto, e exorta, e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze” (Tt 2.15). Nos dias presentes, há muita pregação, muita prédica ou preleção, mas há pouca exortação com doutrina (2 Tm 4.2).

II - A CONDUTA DO SALVO EM JESUS

1. Sujeição às Autoridades Legítimas

“Admoesta os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra” (Tt 3.1). Paulo tinha uma consciência muito viva quanto aos deveres cívicos e sociais a que os cristãos deveriam (e devem) submeter-se, desde que tal submissão não implique desobedecer à Lei de Deus. Nesta parte da carta a Tito, ele exorta a que ensine aos crentes que se sujeitem “aos principados e potestades”. E uma linguagem muito antiga ou arcaica, que pode ser mais bem expressada em termos mais recentes, na linguística da tradução bíblica. O cristão sincero deve obedecer aos governantes e autoridades que cuidam da vida administrativa, social e política das nações. Ressalvando que essa obediência cívica não deve suplantar a obediência à cidadania cristã, ou à cidadania dos céus. Jesus mandou dar “a César o que é de César” e “a Deus o que é de Deus” (Mt 22.17- 21). O texto em apreço termina com a observação: “que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra” (Tt 3.1 b). Ou seja: que devemos obedecer às autoridades, no que concerne à prática de “toda boa obra”, e não de qualquer obra.

2. O Relacionamento Cristão

Após doutrinar sobre deveres sociais e cívicos, perante as autoridades, Paulo diz a Tito que ensine aos crentes a saberem comportar- -se no relacionamento humano: “[...] que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens” (3.2). Vejamos abaixo alguns comportamentos exigidos dos cristãos.
1) Não infamem a ninguém
Infâmia é “crime contra a honra”, capitulado no Código Penal do Brasil e de países civilizados. E sinônimo de calúnia. No original grego, eqüivale a “blasfêmia”. E pecado muito grave infamar alguém, na igreja ou fora dela. E passível de sanção judicial ou condenação na justiça humana. Muito mais, na Lei de Deus. Normalmente, a infâmia é ditada com intenção maligna de prejudicar alguém. O cristão deve cultivar o fruto do Espírito da “benignidade”, que é a qualidade de quem só faz o bem (G1 5.22).
2) Não sejam contenciosos
Escrevendo a Timóteo, Paulo diz: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2.24). Contendas, nas igrejas, geralmente têm resultados muito prejudiciais. Isso não agrada a Deus.
3) Mostrem “mansidão para com todos os homens”
Em um mundo em que os prepotentes, autoritários e violentos são os que dominam, é difícil ser manso, sem sofrer consequências morais ou emocionais. Mas deve ser característica marcante do servo de Deus ser “manso e humilde de coração”, como Jesus ensinou (Mt
11.29). Além de não ser interessante a contenda, no meio cristão, o crente precisa ser “manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2.24b).

3. A Lavagem e a Renovação do Espírito Santo

“Porque também nós éramos, noutro tempo, insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3). Neste parágrafo da carta, Paulo traz à lembrança o que “nós éramos”, não apenas ele, Tito e os demais cristãos. E enumera várias qualidades ou adjetivos, e situações que eram próprias da velha vida de pecado, longe de Deus; ou do “velho homem”, que foi crucificado com Cristo (Rm 6.6); que era corrompido “pelas concupiscências do engano” (Ef 4-22; Cl 3.9); esse “velho homem”, ou velha criatura, possuía qualificações dissonantes com o “novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24). São seis características discriminadas por Paulo que caracterizam o homem no pecado:
1) insensatez
Refere-se à velha vida, plena de loucura, imprudência, leviandade e incoerência, que leva muitos à perdição eterna. Trata-se de condição de quem não é prudente para buscar a Deus, esperando a vinda de jesus. Ele também falou sobre o homem “insensato”, que edifica sua casa sobre a areia (Mt 7.26). E desastre espiritual inevitável.
2) Desobediência
Refere-se à desobediência a Deus e à sua Palavra. O velho homem, dominado pelo pecado, vive em aberta rebelião ou insubordinação contra Deus. E a desobediência é o pecado mais comum, a “mãe” de todos os pecados, cometidos pelo homem, em todos os tempos (Rm 11.30), que são “filhos da desobediência” (Ef 2.2; 5.6; Cl 3.6ss).
3) Extravio
Sem Deus, sem a salvação em Cristo, o homem é um extraviado, como ovelha sem pastor (Mt 9.36). E uma situação difícil e por vezes desesperadora. Mas é feliz quem faz como o “filho pródigo”, que tomou a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai, onde foi recebido com amor e misericórdia (Lc 15.18-24).
4) Servindo a “várias concupiscências e deleites”
Outra tradução fala de “paixões e prazeres”, que dominam a vida do homem sem Deus. Os deleites da carne impedem que o homem se converta a Deus de verdade, sufocado pelos “espinhos” da vida (Lc 8.14). As concupiscências da vida, ou os desejos exacerbados da carne, são impedimento para uma vida de santidade e fidelidade a Jesus (1 Pe 4.3; Jd 16). De modo geral, esse tipo de prática está relacionado aos pecados sexuais.
5) “Vivendo em malícia e inveja”
Malícia é sinônimo de maldade, perversidade, malignidade. Um cristão, nascido de novo, não pode andar com esse tipo de sentimento ou de prática em sua vinda íntima nem no relacionamento com os outros. A malícia não deve fazer parte da vida cristã (Ef 4.31; Cl 3.8). A inveja é outro sentimento indigno para um cristão sincero; é sentimento carnal, ou de influência diabólica, que faz com que uma pessoa sinta-se mal com o sucesso do outro. E sentimento destruidor não só da paz interior, mas que é devastador para a saúde física. E “a podridão dos ossos” (Pv 14.30).
6) Odiosos, odiando “uns aos outros”
Completando o quadro memorativo do que era o “velho homem”, Paulo lembra a Tito que, no trato passado, “nós” éramos “odiosos” e odiávamos “uns aos outros”. Ódio é sinônimo de rancor, de raiva, interiorizado no coração ou na mente da pessoa. Quem odeia faz muito mais mal a si mesmo do que à pessoa ou ao objeto odiado. O ódio ou o rancor, internalizado e guardado no coração é devastador também da saúde mental e física. Além disso, perante Deus, aquele que odeia ou aborrece seu irmão não entra no céu, e é considerado criminoso (1 Jo 3.15).
Toda essa lista negra de qualidades ruins foi mudada, na vida do salvo, quando teve o encontro com Cristo e experimentou a “lavagem da regeneração do Espírito Santo” (Tt 3.4-7).

III - AS BOAS OBRAS E O TRATO COM OS HEREGES

1. A Prática das Boas Obras
“Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens” (Tt 3.8). Mais uma vez, Paulo ressalta o valor das boas obras na vida do crente em Jesus. O cristão deve cultivar e demonstrar o fruto do Espírito em sua vida. As boas obras são sinal evidente de uma vida frutífera e produtiva na presença de Deus. “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda” (Jo 15.16). Esse “fruto” é concretizado por meio do testemunho eloquente de uma nova vida em Cristo. Materializa-se na prática de boas obras, na demonstração de atitudes e práticas que concorrem para a glória de Deus: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31).
2. Como Tratar com os Hereges
Os hereges ou os falsos mestres tinham oportunidade, tanto em Éfeso como em Creta e em outros lugares onde o cristianismo chegava com sua mensagem salvadora. Satanás logo procurava induzir pessoas que se convertiam ao erro, por intermédio de homens de má índole, que procuravam perturbar a estabilidade das igrejas que iam sendo abertas em todos os lugares. Assim, da mesma forma que advertira quanto aos falsos ensinos na igreja de Éfeso (2 Tm 2.23), Paulo chamou a atenção de Tito para o mesmo tipo de discussão estéril e prejudicial à fé genuína dos cretenses: “Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs” (Tt 3.9).
Em uma exortação de apenas duas linhas de sua carta a Tito, Paulo resumiu a maneira como se deve tratar o herege, ou seja, aquele que, rejeitando a verdadeira fé, julga-se mais sábio e conhecedor do que os demais cristãos. Esses são arrogantes, presunçosos, e se acham “donos da verdade”. O apóstolo demonstra que é perda de tempo ficar discutindo ou argumentando com quem apóstata da fé e se afasta da sã doutrina de Cristo. Ele é incisivo e direto quanto ao trato com o herege: “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.10,11).
Basta admoestar uma ou duas vezes, e, depois, apenas orar para que Deus se apiede de sua arrogância doutrinária.

CONCLUSÃO

A graça de Deus, manifestada por meio de Cristo, é a mais alta expressão do seu amor, misericórdia e bondade para com o homem pecador. Depois da Queda, rompeu-se a ligação direta entre o homem e Deus. Mas, por intermédio de Cristo, foi reconstituída essa ligação, tornando-se Ele o mediador entre o ser criado e o seu Criador. Essa graça que é salvadora, santificadora e redentora está à disposição de todos os homens, pois “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (SI 24.1). Todos os seres humanos pertencem a Deus por direito de criação. Mas para serem salvos, precisam tornar-se filhos de Deus, crendo nEle como seu Salvador (Jo 1.12).

Notas

1 Myer PEARLMAN, Conhecendo as doutrinas da Bíblia, p. 218, 219.
2 Ibid., p. 218.
3 Eurico BERGSTÉN. Teologia sistemática, p. 129.
4 Stanley M. HORTON. Teologia sistemática, p. 371.


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