A companheira


A perfeição estava revelada naquela grande obra, não havia, portanto, motivos para preocupações ou algo por fazer, porém Deus olhou para o homem e o viu solitário. Foi surpreendente esta conclusão, pois Ele sempre esteve ao seu lado, mas na opinião do Criador era evidente o estado de solidão. Isto não era bom.

Deus criou os animais e os colocou, um a um, formando os seus respectivos grupos, direcionando-os para os seus habitats, mas com Adão a história foi diferente, pois ele foi uma criação única, solitária. Não era bom que ele permanecesse naquelas condições.

Na verdade, o homem possuía alguém acima dele, Deus, e também abaixo, os animais, porém não via ninguém ao seu lado, então realmente ele estava sozinho.

O próprio homem tentou procurar companhia, mas não a encontrou entre os animais irracionais, foi preciso que Deus a preparasse, pois as relações pessoais são indispensáveis e esta necessidade também era evidente na vida de Adão.

Para criar a mulher, a companheira, não seria necessário um novo processo criacional. O plano de Deus consistia em vincular um ao outro, tornar a mulher dependente, submissa e auxiliadora. Ela recebeu a vida, de uma das costelas[1] de Adão, que não sentiu dores, pois estava dormindo profundamente. Somente desta forma os dois se tornariam uma só carne, uma unidade.

Então o homem, agradavelmente surpreso, foi apresentado a sua companheira, pois visualizou o desejo do seu coração, este foi o seu segundo amor. Ele a chamou de Eva, isto é, vida.

A sua reação deveria ser diferente mesmo, pois até agora somente havia se relacionado com animais irracionais, incapazes de demonstrarem e desenvolverem comunhão, mas agora estava diante de uma criatura semelhante a ele, capaz de reagir às suas emoções. Ele viu nela um pedaço de sua carne, inseparável, haja vista estar ali uma parte de sua costela.

Estavam nus, descobertos, mas não se envergonhavam e tampouco sofriam com o clima ou com a temperatura do Jardim do Éden. Eles estavam isentos do frio, calor, umidade alta, baixa ou qualquer outra intempérie da vida.

O relacionamento deste primeiro casal foi extremamente edificante, para ambos, pois não conheceram, ali naquele ambiente santo, qualquer um dos sentimentos ou atitudes capazes de abalarem aquela relação.

E todos os dias, por direito, na viração do dia recebiam a visita de Deus, que passeava na intenção de ver como se portavam. Era uma preocupação evidente.

Desta forma foi tudo facilitado para viverem no paraíso, pois não havia complicadores, empecilhos, obrigações, as quais não poderiam ser cumpridas pelo homem. Toda a obra contribuiu para que o homem atingisse a perfeição moral.

Que perigo poderia afetar aquela tranqüilidade? Alguma fera? Seria impossível, pois ainda não havia este tipo de inimizade entre o homem e os animais. Que tipo de ataque poderia ser capaz de abalar a estrutura humana? O pecado?

Nestas condições seria impossível não atribuirmos ao homem estas natas características:
  • Eterno, santo, perfeito, alegre, em paz, sem pecado ou inimigos;
  • Privilegiado e com direito a ver Deus na viração dos dias;
  • Considerado a coroa da glória da criação de Deus, sua imagem e semelhança;
  • Com domínio carnal sobre todos os animais e etc.
Que dificuldade haveria em cultivar a terra, cuidar dos animais e comer dos frutos e ervas? Esta era cultura estabelecida por Deus para que usufruíssem daquele lugar. Sossego, paz, tranquilidade e sequer precisavam se esforçar para obter o alimento. Era um ambiente santo, puro e tranqüilo. O que poderia dar errado?




[1] Se fosse da cabeça poderia se sentir superior e se fosse dos pés se sentiria inferior.

Por: Ailton da Silva - 6 anos (Ide por todo mundo)