As importantes características de um bom pastor

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Infelizmente em nossos dias temos visto com frequência um grande número de pastores cada vez mais orgulhosos e soberbos, os quais tem esquecido as características essenciais do pastorado. O amor, a humildade e a fidelidade bíblica acabam passando longe de muitos deles e o seu principal interesse com frequência está no dinheiro, no ser exaltado, admirado e louvado diante da igreja. Para isso, muitos estão utilizando meios escusos de interpretação bíblica para conseguir o que querem. É claro que, pela graça de Deus, temos muitos pastores que são realmente exemplos para o rebanho, fieis a Deus e a sua palavra, verdadeiros modelos do rebanho; não quero anular esse fato! Mas aqui iremos analisar algumas características que biblicamente fazem de alguém um bom e fiel pastor.

O ser amável

"Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado." (1 Jo 4:11-12)¹

A principal característica é inquestionável: o amor. Um pastor sem um verdadeiro e puro amor, tal como a Bíblia nos ensina, não tem condições de ser um pastor fiel. Aqueles que não tem as ovelhas de Cristo na mais alta consideração não podem guia-las como Cristo e por meio de Cristo. Este pastor acaba por ver o rebanho como fonte de lucro e de proveito próprio, não como tesouro a que se deve dar a vida por amor, preservando-o até o dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. O amor, como cumprimento da lei, não pode nunca ser esquecido pelo cristão, quando mais pelo pastor. O amor é a marca distintiva de um verdadeiro discípulo de Cristo: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros." (Jo 13:35)

O ser humilde

"Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória." (Dn 5:20)

"Assim diz o SENHOR Deus: Tira o diadema e remove a coroa; o que é já não será o mesmo; será exaltado o humilde e abatido o soberbo." (Ez 21:26)

O pastor precisa pastorear o rebanho de Cristo em humildade. Sem isto ele não será capaz de guiar os insubmissos ao arrependimento, antes será ele mesmo o autor de rixas e contendas de toda sorte na igreja. Agindo com soberba e orgulho, aqueles que são orgulhosos, como ele, não poderão ser repreendidos ou ensinados com a exortação das Escrituras. O próprio pastor não age de acordo com o que prega e sua autoridade desvanece. Sendo o povo de Deus composto de pessoas ainda imperfeitas e que precisam de constante assistência e exortação pastoral, não se pode tomar isso como desculpa, ignorando esse fato, deixando de exortar aqueles na igreja para que caminhem em retidão e humildemente. Um problema ainda maior aparece quando a igreja não tem o trabalho pastoral bíblico de que necessita por conta do orgulho e da soberba de seu pastor. O rebanho de Cristo sempre ouvirá a voz de Cristo, seu Pastor Mestre. Se o pastor encarregado for realmente discípulo de Cristo, agindo como ele no pastoreio, em humildade, o rebanho ouvirá sua voz por reconhecer Cristo nele. Mas se o pastor não age como discípulo de Cristo, é natural toda sorte de infortúnios e problemas na comunidade cristã.

O ser irrepreensível

"Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis." (2 Pe 3:14)

"Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do SENHOR. Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração; não praticam iniquidade e andam nos seus caminhos. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos." (Sl 119:1-5)

Outro quesito importante e que engloba também os anteriores é o ser irrepreensível. Não se pode ser pastor do rebanho de Cristo quando se tem uma vida manchada pela vida no pecado. Quanto a isso não digo em relação aos pecados que fatalmente caímos por sermos imperfeitos e ainda não glorificados e aperfeiçoados em Cristo. O que quero dizer quanto a uma vida manchada pelo pecado é o viver no pecado. Pecados esses já conhecidos e recorrentes em que não houve arrependimento, muitas vezes camuflados e maquiados para não serem confrontados. Tais pecados podem ser: a irascibilidade, o orgulho, o ódio, o constante falar palavras torpes, o irritar-se facilmente, o espírito vingativo, a falta de paciência e mansidão, o fuxico, a brutalidade no trato etc. – muitas vezes estes pecados são nutridos por um pensamento errado de que são “temperamentos”, como chamam, e assim sendo, são próprios da pessoa e não precisam ser mudados. Tais pessoas que vivem acomodadas nestes pecados recorrentes precisam ser pastoreadas e não deveriam estar pastoreando o rebanho de Cristo.

O ser fiel

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." (2 Ti 3:16-17)

"Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite." (Sl 1:1-2)

Também é de essencial importância, tanto como todas as características anteriores, a fidelidade bíblica. Não só na vida, mas no ensinar. A palavra de Deus precisa ser lida e interpretada fielmente para a edificação da igreja, não de acordo com as opiniões privadas de um pastor. Tal pastor pode ter bons conselhos pessoais de sua experiência pastoral, palavras que não fogem do contexto cristão, apreciadas pelos membros da igreja, mas antes de tudo, o povo de Deus precisa da palavra de Deus, pregada e exposta fielmente. Um sermão temático se torna muito perigoso por poder fazer com que um pastor “coloque palavras” na boca de Deus. Por meio da pregação fiel Deus age por meio de seu Espirito Santo na conversão, na santificação, na edificação e na exortação da igreja. Não estou dizendo que Deus não pode agir, como soberanamente age, em um sermão mal feito e não expositivo. O que digo é que um pastor que não é fiel à Palavra de Deus será julgado severamente e poderá levar muitos pelo caminho da morte.

O ser modelo do rebanho

"Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho." (1 Pe 5:1-3)

Um pastor também precisa conhecer cada um do rebanho que pastoreia e acompanha-los em sua caminhada cristã. Assim poderá ser modelo do rebanho de Cristo. Isso deve ser feito não somente dentro da igreja no domingo ou em alguma programação, mas no dia a dia de cada ovelha. Não só quando as ovelhas já estão desesperadas ou já em pecado, para serem tratados, mas o pastor deve agir como pai aos filhos amados, caminhando diariamente com eles, se alegrando com suas alegrias, em seu viver cada vez mais parecido com Cristo. Do mesmo modo nas tristezas o pastor deve estar presente para os animar e exortar. Um pastor não pode ser um pastor distante: um pastor intocável. Ele deve ser próximo e amável. Uma pessoa a quem os irmãos gostam de estar perto. Não alguém que assusta os irmãos com a sua presença e/ou pelo seu excesso de zelo, mas como alguém em quem podem confiar; em quem não precisem esconder suas vidas. Onde há medo o amor não pode ser perfeito.

"No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor." (1 Jo 4:18)

Conclusão

É claro que podemos adicionar diversas outras características importantes em um pastor, mas creio que o essencial e mais importante foi tratado. Podemos sempre nos lembrar das palavras de nosso Ap. Pedro em 2 Pe. 1:3-8:

"Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo, por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo." (2 Pe 1:3-8)

Assim sendo, mesmo tratando das características de um bom pastor, não podemos esquecer que nós mesmo, como crentes membros das Igreja de Cristo, somos também chamados a perseverarmos em nossa fé, piedade, fraternidade e amor, tudo para que não nos tornemos infrutuosos ou inativos! Estas características precisam estar presentes, não só no pastor, mas em todo crente. Tudo isso para que, por meio de Cristo, nos livrando da corrupção do mundo, nos tornemos cada vez mais como Nosso Senhor e capacitados para toda boa obra. 

A nós, ovelhas, cabe orar a Deus por nossos pastores e mestres, sabendo que o ministério a que foram chamados por Deus é realmente duro e aquele que é fiel também é digno de dobradas honras! Não sejamos nós insubmissos àqueles que fielmente nos pastoreiam em Cristo para nosso crescimento e edificação. Que a graça e a paz de Deus o Pai e nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nós.

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Nota:
¹ Todas as citações são retiradas da tradução da Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA).

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Autor: Bruno Luiz Silva Rodrighero é seminarista pela Igreja Presbiteriana do Brasil, no Seminário Presbiteriano Brasil Central - Extensão Rondônia. Está cursando seu segundo ano e faz estágio na 2ª IPB de Ji-Paraná, RO.

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