22 de novembro de 2015
Texto Áureo
“Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti”. Isaías 60.1
Verdade Aplicada
Não é difícil perceber a fraqueza daqueles que nos rodeiam; difícil é não ter a capacidade de enxergar a fraqueza que existe em nós mesmos.
Textos de Referência.
Lucas 15.26-30
26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
27 E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
28 Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.
29 Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos.
30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Introdução
A figura do irmão mais velho e bastante incomodado com a festa é uma representação dos fariseus. Eles acreditavam que eram perfeitos e preferiam antes a destruição de um pecador do que a sua salvação.
1. Conhecendo o pano de fundo.
A parábola do filho pródigo nos fala mais do amor de um pai que do pecado de um filho. Ela tem por base o perdão de Deus, que é estendido a todo aquele que se arrepende de coração. Nesta lição, nos deteremos apenas nas ações do irmão mais velho, que ficou indignado ao saber que seu pai havia matado o bezerro cevado e preparado uma festa para seu irmão pródigo (Lc 15.13).
1.1. Apenas um jornaleiro.
Segundo o doutor teólogo Kenneth E. Bailey, na Palestina, pedir herança ao pai vivo era afrontá-lo. Significava o mesmo que desejar sua morte. Outra grave afronta é que, pedindo parte da herança, o pai deveria vender uma parte da fazenda, porque, segundo os costumes da época, os funcionários ali residiam. Fica evidente que o pródigo recebera tudo o que lhe cabia, não tendo mais direito a nada em termos de herança. É por esse motivo que, ao “cair em si”, ele pensa em voltar como um dos jornaleiros de seu pai. O escravo comum era em certo sentido um membro da família, mas o jornaleiro podia ser despedido no dia. Não era absolutamente alguém da família (Lc 15.19).
1.2. Uma atitude surpreendente.
Em momento algum são citados os danos, os prejuízos ou o desequilíbrio moral do filho mais novo (Lc 15.20-24). O pai não lança em seu rosto os seus desvarios e, mesmo tendo ele falhado e causado tantos danos à família, o pai o aguardava, acreditava em sua restauração, o que demonstra um amor ilimitado por um filho que, na interpretação de muitos, de nada era merecedor. Assim como o pai agiu com esse filho, Deus também age conosco. É a misericórdia, a graça, o dom imerecido de Deus que recai sobre todos os seres viventes. Assim como Deus age, temos também que agir. Não precisamos buscar respostas, precisamos apenas obedecer. Essa é a vontade de Deus (Ef 2.8, 9).
1.3. Ouvindo a música e as danças.
Ao chegar do campo e ver a música e as danças, o irmão mais velho ficou indignado. Sentiu-se injustiçado e não acreditou que o pai fosse capaz de receber a seu pródigo irmão com uma festa (Lc 15.25-28). Ele não conhecia o poder do perdão. Em vez de se alegrar-se, ficou enciumado, desprezando não somente a festa, mas a alegria de seu pai. Sua mágoa era por causa do bezerro cevado. Era porque nunca teve uma festa. Porém, ele nunca saiu do aprisco, nunca viveu os pesadelos e as desventuras de seu irmão. Nunca perdeu tudo e mendigou, nunca foi escarnecido por seus erros, nunca se expôs ao ridículo, nem esteve do outro lado. É por isso que ele nunca teve uma festa de reconciliação.
2. A má interpretação da graça divina.
Quando soube da festa que seu pai havia promovido, o irmão mais velho ficou tão indignado que assentou em seu coração não fazer parte da festa. Seu pai muito insistiu para que fizesse parte daquele momento tão especial, mas ele, por não compreender o valor daquele momento, apresentou ao pai suas críticas.
2.1. Nunca me deste um cabrito.
Ele rejeitou o banquete porque carnalmente não entendia o motivo da festa. Ignorou o arrependimento do irmão e a bondade do pai. A única coisa que ele visualizou foi um cabrito (1Co 2.12-14). Era, na verdade, uma pessoa rica, coberta por uma pobreza de espírito. Enquanto o pai sacrificou o bezerro cevado, o filho brigava por um cabrito! É triste ser rico sem saber. Enquanto ele discutia por um cabrito, seu pai dizia: “Todas as minhas coisas são tuas” (Lc 15.31; Ap 3.17). O que o pai está dizendo é que o filho, mesmo vivendo com ele, jamais reconheceu o potencial que possuía. Pessoas que brigam por um cabrito jamais podem ver o que um cordeiro pode produzir.
2.2. “Teu filho”, e não “meu irmão”.
“Vindo, porém, este teu filho...” (Lc 15.12a). Devemos observar essa frase com muita atenção porque, às vezes, sem entender a obra que Deus está realizando em uma vida, agimos como esse jovem, que achou injusta a recepção e o calor humano dado ao seu perdido irmão. Há tanta gente assim, doente no meio da Igreja, que não aceita ver Deus levantando gente que um dia foi escória da sociedade (1Co 1.28; 4.10). Assim, não entram na festa, fazem biquinho e não sentem o calor do culto. Todos pulam, louvam, dançam e se divertem, mas eles estão mumificados, bocas fechadas, corações empedrados e, a cada dia, mais mortos espiritualmente (At 7.51).
2.3. Ele desperdiçou tua fazenda.
Tudo o que o pai desejava era ter o filho de volta. Não importava o que gastasse. Para o pai, o filho era mais importante que a própria fazenda. Esse é o exemplo claro do caráter de Deus. Ele perdoa os erros que cometemos mesmo quando lhe causamos prejuízos. A graça de Deus é indescritível e foi isso que o irmão mais velho nunca entendeu (Lc 15.30). Como pode uma pessoa desperdiçar tudo e ser restaurado? A resposta está na graça. Ela é um dom oferecido exatamente a quem nunca fez por merecer (Rm 5.8; Ef 2.12).
3. Diante de um pai amoroso e perdoador
Enquanto o irmão mais novo sai de uma vida de vergonha para um banquete, o mais velho fica travado na porta, expondo sua indignação diante dos funcionários de seu pai. Seu pai usa de muita sensibilidade no falar e, com muito amor, lhe convida a fazer parte da festa e a se alegrar junto a ele (Lc 15.32).
3.1. Teu filho... teu irmão.
Com um tom de insatisfação pelo glamour da festa, o irmão mais velho desconsidera o momento de alegria, perdão e regozijo. Ele se mantém como filho, mas não se considera irmão daquele que retornou do fracasso (Lc 15.30). E, com muita sensibilidade, o pai lhe diz: “Este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se” (Lc 15.32). A intenção do pai era reintegrar o filho perdido a família com todos os direitos de filho, pois, mesmo tendo ele desperdiçado tudo, jamais havia deixado de ser filho. Por razões egoístas, irmãos podem deixar de ser irmãos, mas filho jamais deixará de ser filho.
3.2. Era justo nos alegrarmos.
Em outras palavras, o pai está dizendo: “Filho, você deveria estar feliz juntamente comigo; todos os de fora estão alegres (Lc 15.9, 10, 25). Você é irmão dele! Deveria abraça-lo, chorar com ele. Dizer que sentiu muito sua falta, dizer que sentiu muito sua falta, dizer que o perdoa e está feliz pelo seu retorno. Filho, você tem vida, mas seu irmão estava morto. Será que você não possui sensibilidade? Filho, ele já sofreu bastante, esteve longe de nós, quase comeu bolotas de porcos! Viveu momentos de opressão, sentiu o sabor de derrota. Mas teve coragem de passar por cima do fracasso, do orgulho e voltou para se reconciliar” (Rm 8.31-39).
3.3. Todas as minhas coisas são tuas.
Enquanto ele discutia por um bezerro, seu pai dizia: “Tudo o que eu tenho te pertence”. Em outras palavras: “Você tem o mesmo direito potencial que eu tenho. Você é meu filho”. Essa palavra também indica que o pai tinha esperança de que seu filho mais velho tivesse sua essência, seu carisma, seu amor e sua compreensão. No entanto, enquanto seu irmão reconhecia seus erros, se humilhava e voltava para pedir perdão, ele buscava um reconhecimento pelos serviços prestados a seu pai (Lc 15.29).
Conclusão.
A grande verdade dessa parábola é que o filho regressou havia voltado à condição antiga de todo ser humano (CL 2.13; Ef 2.5). O irmão mais velho não precisou sair para morrer. Ele estava morto dentro da própria casa. A parábola termina com um filho arrependido, mas não diz que o ouro entrou na casa.