Suécia à Beira do Colapso

Ingrid Carlqvist
A Suécia está se aproximando rapidamente do colapso total. Mais e mais municipalidades estão soando o alarme alertando que se os migrantes continuarem chegando nesse ritmo, o governo não será capaz de garantir o funcionamento normal dos serviços aos seus cidadãos. Além disso, declarações nefastas proferidas por autoridades do governo estão deixando os suecos apreensivos quanto ao dia de amanhã. Se a onda migratória continuar, em 10 ou 15 anos os suecos serão minoria em seu próprio país.
O Primeiro Ministro da Suécia Stefan Löfven (esquerda) disse na semana passada que a Suécia se encontra em estado de crise. À direita imagem de distúrbios em um subúrbio de Estocolmo, dezembro de 2014.
Em uma entrevista coletiva à imprensa concedida em 9 de outubro, o Primeiro Ministro Stefan Löfven disse que a Suécia se encontra em estado de crise. Quando lhe pediram para esclarecer o que ele queria dizer com isso, Löfven não foi capaz de elaborar uma única frase coerente.
Três ministros apareceram à entrevista coletiva à imprensa ao lado do primeiro-ministro, convocada às pressas, logo após uma reunião extraordinária do governo. Ao que tudo indica o objetivo da entrevista coletiva era transmitir dois recados:
1.       explicar ao mundo e ao povo sueco que a Suécia está diante de "uma das maiores iniciativas humanitárias da história sueca".
2.       que não há mais moradias disponíveis e que os migrantes terão que aceitar morar em tendas.
Na entrevista coletiva, logo após os discursos dos ministros, o jornalista Tomas Ramberg da Rádio Estatal Ekot fez a seguinte pergunta: "o senhor diz que a Suécia está se preparando para uma situação de crise, o que o senhor quer dizer com isso"?
A resposta de Stefan Löfven foi incompreensível:
"sim, bem, antes da mais nada, estamos diante do que eu levo muito a sério quando digo, quando me expresso, um grande obrigado a todos pelo seu belíssimo trabalho, porque se trata de uma iniciativa humanitária, é exatamente o que o Ministro da Justiça e Migração acaba de dizer. O que nós estamos fazendo na realidade é salvar vidas de pessoas que estão fugindo das bombas, de, de matanças, da opressão, suas vidas estão destruídas. Nós, nós os ajudamos e isso é uma, é uma grande iniciativa humanitária, e obviamente agora que podemos ver o número de pessoas que dependem dela, que procuram proteção, portanto se trata de uma das maiores iniciativas humanitárias. E quanto à situação de crise que estamos enfrentando, isso acontece em parte porque eu, nós estamos delineando hoje que também estamos nos preparando para uma situação em que talvez tenhamos que alojar pessoas em tendas, isso porque defendemos a política humanitária para refugiados, direito a asilo, mas também podemos agora perceber que não podemos fechar os olhos para o fato de estarem vindo mais refugiados do que nunca, em espaço de tempo tão curto, e que temos que providenciar um teto para essas pessoas. Consequentemente, é possível que sejam necessárias outras medidas".
Entretanto, o simples fato do governo estar conjecturando alojar migrantes em tendas, pode ser um sinal que a Suécia, apesar de tudo, não deseja mais estar na linha de frente da batalha "humanitária". A perspectiva de passar o gélido inverno sueco em uma tenda pode fazer com que os migrantes escolham outros países em vez da Suécia. Caso contrário, o sistema sueco estará diante de um iminente colapso.
Em 2014, o analista social e historiador dinamarquês Lars Hedegaard observou, de maneira profética no livro "Farliga ord" (Palavras Perigosas), que a ruptura da economia de uma nação sempre ocorre de maneira rápida e inesperada:
"se há uma lição a ser tirada da história, é que aquilo que se acredita que não irá acontecer, acontece. E acontece o tempo todo. A consequência final da política de imigração do Ocidente e acima de tudo da Suécia é o colapso da economia porque, afinal de contas, quem irá pagar por tudo isso? E colapsos econômicos, quando ocorrem, sempre ocorrem com extrema rapidez".
Agora mesmo, o governo sueco está tomando dinheiro emprestado do exterior para bancar a imigração. Esse montante, no entanto, não é o suficiente. Esse montante, no entanto, não é o suficiente. Em média o imposto de renda municipal já se encontra na casa dos 32%, isso sem falar do Imposto de Renda Federal, também pago por muitos suecos. Um aumento de 2% na alíquota de imposto significará 15.000 coroas suecas ($1.825) a mais em impostos a cada ano para uma família média.
Autoridades e políticos do primeiro escalão confirmam que a situação é extremamente grave. Em 1º de outubro o Ministro para Assuntos Internos Anders Ygeman disse que a atual onda de imigrantes irá causar "gigantescas pressões econômicas" e alguns dias depois o Diretor Geral do Serviço de Imigração Anders Danielsson explicou que "considerando a estrutura do sistema que temos, estamos nos aproximando do fim da linha". Ninguém nunca ouviu declarações dessa natureza na Suécia, principalmente em relação à "sagrada" questão da imigração. Até agora, os suecos foram incessantemente doutrinados a acreditarem que eles vivem em um país rico, que não apresenta nenhuma dificuldade em acomodar todos os candidatos a asilo que desejarem vir a este país.
Na esteira dos 1,5 milhões de migrantes esperados este ano na Alemanha, o maior país da União Européia (81 milhões de habitantes), uma torrente de migrantes também está chegando na bem menos populosa Suécia. Geograficamente a Suécia é um país extenso, porém formado por florestas e descampados, com menos de 10 milhões de pessoas residindo no país. Até 2010 a Suécia acolheu cerca de 25.000 migrantes por ano. Entretanto, em 2010 o então Primeiro Ministro Fredrik Reinfeldt fez um acordo com o Partido Verde (Miljöpartiet), pró-imigração, que ele próprio admitiu, com o objetivo de punir eleitores por terem permitido o ingresso do Partido Democratas Suecos (Sverigedemokraterna) no parlamento.
O acordo de Reinfeldt abriu as comportas da imigração. Em 2014, 81.000 pessoas procuraram asilo na Suécia, sendo que 33.500 receberam a concessão do benefício. Contudo, tendo em vista que muitos imigrantes subsequentemente trouxeram seus parentes, o número aumentou drasticamente. No ano passado foi concedido o status de residente a 110.000 pessoas na Suécia. É necessário adicionar a esse número os inúmeros estrangeiros ilegais.
Já se fala de 180.000 candidatos a asilo ingressando na Suécia em 2015. Esse número é mais do que o dobro do ano passado. Se a metade deles receberem a concessão de asilo e se cada um deles trouxer três parentes, estaremos falando em cerca de 270.000 novos imigrantes na Suécia, isso em apenas um ano. Mais de 8.000 pessoas chegaram semana passada, 1.716 delas eram as assim chamadas "crianças refugiadas desacompanhadas".
Os suecos que acompanham somente os noticiários através da grande mídia têm a impressão de que todos os migrantes são refugiados de guerra da Síria, mas na realidade o número de sírios constitui a metade desse total: semana passada 2.864 pessoas alegaram ser da Síria. 1.861 disseram ser do Iraque e 1.820 do Afeganistão. Indubitavelmente muitas pessoas de países que não estão em guerra estão se arriscando, aproveitando-se da situação, requisitando asilo na Suécia, mas isso é uma coisa que a grande mídia não considera ser adequado informar a seu público.
O fato de haver uma troca de populações em andamento deveria estar claro em qualquer avaliação séria. O economista sueco Tino Sanandaji (de descendência iraquiano-curda e por isso mesmo mais duro do que a maioria dos suecos, que ao criticarem a política de imigração são imediatamente acusados de racismo), assinala em seu blog que os suecos logo poderão ser minoria em seu próprio país:
"de 1.000 a 1.500 candidatos a asilo por dia, durante 15 anos equivalem 5,5 a 8,2 milhões de candidatos a asilo. No final de 2014, o Departamento Central de Estatística SCB, calculou que 21,5% da população sueca eram de descendência estrangeira: 2,1 milhões de um total de 9,7 milhões. O número de pessoas de descendência sueca, isto é, nascidos na Suécia com pai e mãe também nascidos na Suécia, tem se mantido estável em cerca de 7,7 milhões e espera-se que se mantenha estável ou que aumente ligeiramente por conta do excedente de nascimentos. Caso haja um aumento de cerca de 5,6 milhões no número de descendentes de estrangeiros, eles se tornarão maioria".
Trelleborg (população de 43.000 habitantes), localizada no sul da Suécia, é uma das cidades que recebeu uma avalanche de migrantes. Mais de 100 " crianças refugiadas desacompanhadas" chegaram da Alemanha de balsa, em um dia comum. Nas últimas duas semanas mais de 1.000 desses jovens foram registrados, mais da metade deles desapareceu e se encontra na lista de desaparecidos. Ninguém sabe a razão deles terem sumido ou para onde foram. Some a esse número 13.000 adultos candidatos a asilo.
Foram criados alojamentos temporários improvisados em centros esportivos, ringues de patinação no gelo e no hotel do aeroporto de Sturup, só para mencionar alguns locais.
Trelleborg enviou uma desesperada carta de apelação solicitando ajuda do governo, assim como já o tinha feito em vão, há poucas semanas o governo municipal de Örkelljunga. O prefeito e o diretor municipal de Trelleborg, que assinaram a carta em 1º de outubro, assinalaram o seguinte:
"no passado, muitos candidatos a asilo se dirigiam pela rota através da Dinamarca para Malmö, mas isso mudou há cerca de duas semanas. De 10 de setembro até a madrugada de 1º de outubro, 14.100 candidatos a asilo chegaram em Trelleborg pelas balsas. Não há nenhum indício que o ritmo esteja diminuindo, muito pelo contrário, ele está aumentando sem parar. Na segunda-feira, 22 de setembro, Trelleborg recebeu um comunicado do Serviço de Imigração informando que a cidade onde as crianças e jovens aportam, é por lei a autoridade responsável em providenciar alojamentos, assistência e despesas com manutenção até que o Serviço de Imigração decida em qual cidade eles serão abrigados. ... Rapidamente Trelleborg se encontrou em uma situação em que os serviços corriqueiros à comunidade correm o risco de serem afetados. ... O propósito dessa carta é chamar sua atenção para a enorme pressão que estamos enfrentando".
Desde então, pelo visto, o Ministro da Justiça e Migração Morgan Johansson, tem estado em contato com o prefeito de Trelleborg, por telefone, para encontrar as possíveis soluções. Em 9 de outubro o Serviço de Imigração decidiu que Trelleborg estariadispensada de ser cidade designada para crianças desacompanhas. Entretanto, não está claro como isso irá aliviar a pressão sobre Trelleborg no que tange à chegada de novos migrantes. A única ajuda de fato, até o presente momento, veio de cidades vizinhas, que abriram suas dependências para que alguns dos migrantes, ora em Trelleborg, pudessem ser alojados.
Malmö, a cerca de 29 km de Trelleborg, também está passando por momentos difíceis. Nas últimas semanas, a estação central de trens da terceira maior cidade da Suécia foi invadida por imigrantes, e os voluntários que apareceram nos primeiros dias com comida, água e roupas, ao que tudo indica, perderam o interesse. O diário Sydsvenska Dagbladet resumiu a situação desesperadora em Malmö, onde até a cadeia vazia da cidade foi cogitada (e rejeitada) como possível abrigo para crianças refugiadas. Agora cogita-se que a cadeia poderá ser utilizada para abrigar refugiados adultos.
Recentemente o Prefeito de Filipstad, do Partido Social Democrata, também soou o alarme assinalando que sua cidade de 6.000 habitantes não será capaz de proporcionar escolas e assistência à infância para 1.100 requerentes de asilo agora alocados para a sua cidade.
A resposta do Ministro da Justiça e Migração Morgan Johansson para esse pedido de socorro foi a seguinte: "se necessário for, Filipstad terá que expandir suas operações".
A falta de sensibilidade de Johansson nessa declaração fez com que o prefeito da cidade vizinha de Årjäng Daniel Schützer rodasse a baiana. Ele postou no Facebook o seguinte sobre seu companheiro de partido:
"perdoe o meu francês, mas Morgan Johansson é um maldito idiota no último. Expandir diz ele. Não se trata de malditos tijolos e tábuas, o que está faltando são professores!!!!"
O Serviço de Imigração, cuja tarefa é analisar a razão da imigração dos candidatos a asilo, está compreensivelmente abarrotado de trabalho. Mesmo antes da última "crise de refugiados" e apesar do fato de 1.200 novos funcionários terem sido contratados no ano passado, o staff continua se debatendo. O sindicato dos empregados já está soando o alarme em relação ao constante crescimento de incidentes de violência, vandalismo e tentativas de suicídio, no corrente ano (até agosto), foram registrados 1.021 incidentes desse tipo.
"As condições de trabalho nos órgãos responsáveis são extremamente tensas. A pressão é gigantesca. O ambiente de trabalho se deteriorou drasticamente", assinalou Sanna Norblad, presidente local do sindicato ST, ao diário Norrköpings Tidningar.
Enquanto tudo isso acontece, grandes parcelas da população sueca assistem horrorizadas, à distância, e se perguntam quando irá ocorrer o inevitável colapso. Ao mesmo tempo, uma parcela surpreendentemente grande de cidadãos ainda acredita, de forma exagerada, que o "Papai Estado" irá resolver tudo. É o modo sueco de ver as coisas, como os desejos das crianças, que Peter Santesson, dirigente do instituto de pesquisas Demoskop, explica em seu Website Dagens Opinion. Santesson diz que os suecos acreditam, de maneira bastante incomum, na ordem social e que eles estão convencidos de que "em algum lugar no escalão mais acima, sempre haverá alguém mais inteligente, mais bem informado, que irá assumir a responsabilidade e garantir que tudo irá funcionar como manda o figurino". Se as autoridades do governo se mostrarem incapazes de resolver o caos dos refugiados que eles próprios criaram, a consequência poderá ser desastrosa. Santesson continua,
"Tomadores de decisão responsáveis precisam ponderar sobre a confiança que o povo depositou neles e eles precisam tratar com cuidado essa confiança, nessa crise tão complicada. Se a confiança do povo for traída por eles, ou seja, se não forem capazes de resolver a situação, se a Suécia não aparecer com uma cura milagrosa e a crise se tornar incontrolável, o resultado poderá acarretar consequências políticas e sociais que irão muito além do problema da imigração".
O blogueiro Johan Westerholm, um Social Democrata, crítico ao governo, destaca em uma entrada no blog de 7 de outubro intitulada "Infarto no sistema, no Sistema de Imigração", que além daqueles que já se encontram na Suécia, é necessário incluir aqueles que tiveram seu pedido de asilo negado na Noruega e Finlândia e que consequentemente serão enviados de volta ao último país em que estavam, a Suécia. Considerando que a Finlândia rejeita 60% dos pedidos de asilo, é plausível supor que nas próximas semanas o caos irá se agravar ainda mais.
Westerholm assinala que a situação em Malmö está "fora de controle" afirmando: nós não temos a mínima ideia de quem são essas pessoas que estão chegando à Suécia:
"um enorme grupo de administradores (no Serviço de Imigração) não sabe sequer quais são as organizações designadas como terroristas, fora isso, também há os simpatizantes, pessoas que por princípio jamais denunciarão alguém ao departamento de segurança do Serviço de Imigração, por razões ideológicas. Outro grupo considerável está amedrontado e se mantém em silêncio. Em uma organização marcada pelo medo e estresse, não fazer nada é um meio infalível de não perder o emprego. E quando, mesmo assim, uma suspeita vem à tona, normalmente não acontece nada. Se a vida ou a saúde de um terrorista é ameaçada, o que ocorre com frequência, ele consegue obter a concessão para permanecer no país. Inicialmente lhe é concedido permissão para residir temporariamente, o que na prática se transforma em residência permanente".
Os 152 candidatos a asilo reportados ao Serviço de Segurança até agora, somente no ano em curso como possíveis ameaças à segurança nacional, são provavelmente só a ponta do iceberg.
Os suecos que já perderam a fé nas autoridades e nos políticos estão se preparando para o inimaginável, que a sua sociedade segura de outrora está à beira do colapso. No Website 72timmar.se, a Agência de Contingenciamento Civil informa o público sobre as "nossas cinco necessidades básicas: água, comida, aquecimento, dormir e segurança". Os leitores são instruídos a armazenarem água e enlatados em casa e assegurarem o aquecimento da residência.
"Precaução" está se tornando mais comum na Suécia. No verão passado, o diário Svenska Dagbladet publicou uma matéria sobre a primeira loja sueca online para os precavidos e o interesse foi gigantesco. De acordo com o instituto de pesquisa Sifo, até recentemente sete em cada dez suecos estavam totalmente despreparados para enfrentarem uma crise capaz de causar um apagão, consequentemente bagunçando a infraestrutura. O proprietário da loja online Fredrik Qvarnström, contou ao jornal que segundo sua estimativa, a população sueca é a menos preparada do mundo para enfrentar uma crise:
"muito se fala sobre o efeito estufa e a crise econômica. Parece que as pessoas estão conscientes de que há problemas, mas eu acredito que elas não sabem o quão vulneráveis nós realmente estamos. Confiamos que o estado cuidará de nós, como tem sido no passado".
Não levará muito tempo até que os suecos percebam que o estado não irá mais cuidar deles. Há apenas 20 anos o país, que era considerado um dos mais seguros e prósperos do mundo, agora corre o perigo de se transformar em um estado falido.
Traduzido por Joseph Skilnik do original em inglês: Sweden Close to Collapse
Divulgação: www.juliosevero.com