Nesse sentido, três gerações da família de Davi nos servem de exemplos de amizades boas e más.
Davi e Jônatas – Um exemplo maravilhoso de amizade profunda e verdadeira é aquela mantida entre o próprio Davi e Jonatas. Ela mostra como deve ser uma verdadeira amizade, valorizando e amando aquela pessoa acima de nossos interesses pessoais.
“E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma. E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto” (I Sm 18.1, 3-4).
O rei Saul buscou incansavelmente matar Davi, escolhido por Deus como seu sucessor. Jônatas, da mesma forma, poderia ter olhado para Davi com inveja ou ódio, pois se Deus não tivesse nomeado Davi, o próprio Jônatas seria rei depois da morte de Saul. Jônatas não mostrou tal atitude mesquinha e mesmo contrário a seu pai, manteve uma amizade especial com Davi durante toda a sua vida. Quando Saul tentou matar Davi, Jônatas protegeu seu amigo (I Sm 20). Davi lamentou amargamente a morte desse amigo tão especial (II Sm 1.17-27). Mesmo após a morte de Jônatas, Davi buscou exercer benignidade para com o filho aleijado de seu amigo, Mefibosete (II Sm 9), em cumprimento da aliança firmada por eles.
Amnon e Jonadabe – Amnon, um dos filhos de Davi, não escolheu seus amigos do mesmo modo que seu pai. Em lugar de cultivar boas amizades, escolheu como companheiro seu primo Jonadabe (II Sm 13.3). Quando Amnon falou com este amigo sobre os seus desejos errados pela própria irmã, Jonadabe teve a oportunidade de corrigir e ajudar seu primo. Em lugar disso, ele “ajudou” Amnon a arquitetar um plano para estuprar a própria irmã. Além de levar Amnon a humilhar e odiar a moça inocente e a magoar profundamente seu pai (II Sm 13.4-21), o conselho de Jonadabe levou, afinal, à morte do próprio Amnon (II Sm 13.22-36). Jonadabe ainda teve a falsidade de tentar confortar Davi depois da morte de Amnon. Com certeza, esse não foi um bom amigo.
Roboão e seus colegas – Roboão, neto de Davi, se tornou rei depois da morte de Salomão. No início do seu reinado, procurou conselho de várias pessoas antes de tomar uma decisão importantíssima. Ele valorizou a amizade de seus jovens colegas acima da sabedoria dos homens mais velhos e experientes que haviam ajudado seu pai (I Rs 12.7-11). A “ajuda” destes amigos contribuiu para a divisão do reino e diminuiu muito a influência de Roboão. Nossos amigos podem falar coisas que nos agradam, mas devemos dar ouvidos à sabedoria de pessoas mais sábias.
Então, o que esperar de uma amizade?
O ideal de uma amizade é que ela possa ser vista como Davi bem a definiu: “Uma aliança do Senhor” (I Sm 20.8). Isso representa um pacto de fidelidade irrevogável.
É no momento de aflição e necessidade que mais precisamos ter ou ser amigos verdadeiros. Em uma relação de amizade, mesmo quando um se mostra fora do temor de Deus, o outro amigo deve agir com compaixão, ajudando-o e buscando trazê-lo de volta ao bom caminho e não se fazendo companheiro dele em seus erros.
“Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso” (Jó 6.14).
Nos piores momentos é que o amigo cresce e oferece o melhor de si. Nesse sentido é que a Escritura diz que ele se faz mais que um amigo, tornando-se um irmão.
“Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão” (Pv 17.17).
Todos nós precisamos de amigos verdadeiros que estejam ao nosso lado e nos auxiliem em certos momentos da vida.
“Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante” (Ec 4.10).
Mas, como podemos conhecer um amigo verdadeiro?
1. Um amigo é alguém que está do nosso lado ainda quando todos nos abandonam
A Bíblia diz: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão” (Pv 17.17). Um amigo é o primeiro a entrar, depois de todos terem abandonado a casa. Ele se aproxima não para tirar-lhe algo, mas para oferecer-lhe tudo, sua amizade.
2. Um amigo é alguém que não precisa usar máscaras para desfrutar de intimidade
A Bíblia diz: “… há amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18.24). Um amigo verdadeiro não precisa de formalidades e convenções para se aproximar de nós. Ele nos conhece e nos ama não apenas por causa das nossas virtudes, mas também apesar dos nossos defeitos. O verdadeiro amigo é aquele que está perto nas horas de celebração e também nos tempos de choro. Ele é capaz de chorar conosco na dor e cantar conosco nos dias de festa. A verdadeira amizade derruba paredes e constrói corredores; nivela os vales e constrói pontes. A Bíblia destaca a amizade de Davi e Jônatas. Essa amizade foi santa, íntegra e fiel. Esses dois jovens buscavam o bem um do outro. Eles protegiam um ao outro. Um amigo verdadeiro não se nutre de suspeitas nem dá ouvidos à intriga. Não há amizade sem lealdade. A intriga é o verdugo da amizade. A amizade é edificada sobre o fundamento da verdade e cresce com o cultivo da intimidade.
3. Um amigo é alguém que prefere o desconforto do confronto à comodidade da omissão
Por exemplo: A Bíblia diz: “Como o ferro com o ferro se afia, assim o homem ao seu amigo” (Pv 27.17). Uma amizade verdadeira não é construída sobre a cumplicidade no erro, mas sobre o confronto da verdade. As feridas feitas pelo amigo são melhores do que as lisonjas do bajulador. Uma amizade leal não se acovarda na hora do confronto. Há circunstâncias em que a maior prova de amizade está em aceitar o risco de perdê-la, em nome da própria amizade. A Bíblia nos ensina a falar a verdade em amor.
A Bíblia nos orienta a servir de suporte uns para os outros. A Bíblia nos manda corrigir aos que são surpreendidos na prática de alguma falta, e isso, com espírito de brandura. Não existe amizade indolor. Não existe amizade omissa. Um amigo é alguém que tem liberdade, direito e responsabilidade de exortar, corrigir e orientar seu confrade quando vislumbra a chegada de um perigo ameaçador. Nesse mundo timbrado pela solidão e pelo isolamento, onde florescem as “amizades virtuais”, precisamos cultivar amizades verdadeiras, amizades que glorificam a Deus, edificam a igreja e abençoam a família.
Coloque em prática aquilo que a Bíblia ensina sobre a verdadeira amizade, atentando ao seu ensino e exemplos.
1) Escolha seus amigos com cuidado, evitando aquelas que lhe exerçam má influência para afastá-lo de Deus;
2) Valorize amigos sinceros que te ajudem e corrijam quando erra;
3) Corte amizades que prejudicam sua vida espiritual;
4) Seja fiel e de confiança, especialmente nos momentos difíceis, quando os amigos mais precisam de você; e
5) Coloque sempre a Palavra de Deus como parâmetro para estabelecer suas amizades e relacionamentos.
Pb. Júlio César – IEADPEhttp://adalhandra.com.br/quais-as-caracteristicas-de-um-verdadeiro-amigo/