ESCOLA DOMINICAL - Conteúdo da Lição 3 - Revista CPAD - JOVENS


A Necessidade Espiritual dos Judeus
17 de janeiro de 2016


Texto Áureo
“Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.29).

Verdade Aplicada
Os judeu-cristãos por terem recebido a revelação direta de Deus e se dizerem cumpridores da Lei desprezavam os gentios, mas Paulo demonstra que a Lei e a circuncisão não justificam o ser humano.

Textos de Referência.

Romanos 2.1-11.

1 — Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
2 — E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.
3 — E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?
4 — Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?
5 — Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus,
6 — o qual recompensará cada um segundo as suas obras,
7 — a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção;
8 — mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade;
9 — tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego;
10 — glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego;
11 — porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.

Introdução
Paulo se dirige aos judeu-cristãos de Roma, judeus que haviam se convertido ao cristianismo, mas que ainda estavam marcados pelo poder da Lei e não se sentiam à vontade (devido a opressão do jugo da Lei por longa data) com a mensagem da justificação por meio da fé. O comportamento dos judeu-cristãos colocava-os, da mesma forma que os gentios citados na lição passada, debaixo da ira divina, pois também desprezavam a salvação gratuita ofertada por Deus em Cristo.

I. OS JUDEUS NECESSITAVAM SE LIBERTAR DO JUGO DA LEI (Rm 2.1-16)

1.1. O julgamento mediante a Lei provoca a ira de Deus (vv.1-10).
 Os judeu-cristãos, possivelmente, ficaram satisfeitos com as palavras que Paulo dirigiu aos gentios (1.18-32). Agora, o comportamento deles é questionado. Eles, influenciados pela cultura que os gerou, tinham o hábito de julgar as pessoas por não cumprirem a Lei judaica. O que preocupa é que eles haviam deixado o judaísmo para se inserirem no cristianismo, mas continuavam no legalismo como os gálatas (Gl 3.1-5). O apóstolo afirma que da mesma forma que os gentios provocaram a ira de Deus pela sua conduta pecaminosa, os judeus também estavam sob o julgamento da ira divina pelo legalismo. Na realidade, a causa era a mesma, a busca da glória para si por meio da manifestação das obras (antropocentrismo/egocentrismo). Eles queriam impor um jugo sobre as pessoas, que nem mesmo Deus requeria. Jugo que somente Jesus poderia libertar (Ver Mt 11.28-30).

1.2. Deus não faz acepção entre judeu e gentio (v.11). 
Deus sempre vai primar pela justiça. Alguns cristãos evangélicos tem uma tendência em pensar que Deus privilegia os judeus em detrimento aos outros povos. Isto é um engano. Um bom exemplo é a atuação dos profetas, que profetizavam a justiça de Deus tanto para as nações inimigas como para o seu próprio povo, em especial os líderes civis e religiosos. O parâmetro utilizado é a culpabilidade, ou seja, o julgamento é sobre a prática da injustiça e não a nacionalidade ou a origem das pessoas. Este comportamento de discriminação, comum ao ímpio, às vezes está presente na comunidade evangélica, onde o critério não é a justiça, mas sim a origem ou outros fatores que privilegiam uns em detrimento de outros. Deus não age assim, “porque, para com Deus, não há acepção de pessoas” (v.11). Jovem, você tem feito acepção de pessoas? 

1.3. Os gentios que não conhecem a Lei serão julgados pela sua consciência moral (vv.12-16).
 Um questionamento comum é como será o julgamento das pessoas que nunca tiveram a oportunidade de conhecer o Evangelho. Paulo nesta passagem nos traz uma explicação didática quando se refere ao julgamento sobre os gentios que não conheciam a Lei. Ele afirma que “quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei”, ou seja, seriam julgados não pelo conhecimento da Lei, mas pela prática da Lei, sem mesmo a conhecer. As pessoas geralmente priorizam a fé em Cristo, isto é bom e louvável, mas será que o mais importante para o ser humano não seria ter a fé de Cristo, mesmo não o conhecendo? Por exemplo, uma pessoa que tenha nascido em um ambiente sem oportunidade de ouvir falar de Jesus, mas a sua consciência moral, como criatura formada à imagem de Deus, pratica o que Jesus ensinou, em especial o amor, deveria ser julgada e condenada? Um judeu-cristão da época de Paulo diria que sim. Jovem, e você, o que diz?

II. OS JUDEUS NECESSITAVAM ABANDONAR A HIPOCRISIA (Rm 2.17-24)

2.1. Os judeus se achavam superiores por terem recebido a Lei (vv.17,18). 
Os judeus, numa linguagem jovem, “achavam que estavam podendo” por terem “por sobrenome judeu”. Afinal de contas, segundo a tradição, foi o povo de Israel por meio de Moisés, seu grande líder, o receptor da Lei dada diretamente por Deus. Este povo poderia ter no mínimo duas atitudes: a) se sentir superior aos demais povos pela revelação exclusiva de Deus; b) se sentir privilegiado, mas acima de tudo, responsável pela transmissão, de forma humilde, da revelação recebida para o bem coletivo. Os judeus escolheram a primeira opção, se sentiam como insubstituíveis. Quantas pessoas que se dizem participantes do povo de Deus que imitam o comportamento dos judeus? Fechadas entre quatro paredes se sentem como os únicos abençoados por Deus e julgam as pessoas que não fazem parte de seu grupo. Jesus advertiu que seremos julgados com o julgamento com que julgarmos (Mt 7.1-5). Jovem, o que você acha de pessoas que vivem julgando as demais?

2.2. Os judeus ensinavam a teoria, mas não viviam o que ensinavam (vv.19-23).
 Existe um treinamento vivencial para líderes em que as pessoas colocam vendas nos olhos, simulando uma vida de cego para perceber as dificuldades que eles têm, enquanto outro companheiro o guia entre alguns obstáculos. Quem está sendo conduzido precisa confiar no seu guia, e o guia precisa ser comprometido para não tirar vantagem, mas cuidar com carinho da pessoa que está guiando. O apóstolo afirma que os judeus se achavam em condições de conduzir os gentios, para eles cegos, por não receberem a luz da revelação. Todavia, o apóstolo assevera que eles também eram cegos e não estavam credenciados para conduzir ninguém. Paulo aponta a evidência, o comportamento hipócrita dos judeu-cristãos, que ensinavam a Lei, mas não praticavam e não conseguiam ser exemplo. A atitude judaica faz lembrar o ditado popular “faz o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. O que faziam bem era julgar os gentios. 

2.3. Os judeus envergonhavam o nome de Deus (v.24). 
Neste verso o apóstolo trata da consequência das atitudes dos judeu-cristãos citadas no subtópico anterior. As pessoas estão atentas para o comportamento das outras, principalmente, quando estas professam uma fé diferenciada e se vangloriam de fazer parte de determinado grupo. Como o comportamento dos judeus era hipócrita, eles acabavam sendo os piores diante de Deus. O texto diz que os gentios blasfemavam contra Yahweh devido ao comportamento repreensível dos judeus. No meio das comunidades cristãs evangélicas também existem pessoas com comportamento parecido ao dos judeus (Mt 13.24-30,36-43). Por isso, precisamos estar constantemente nos examinando, assim como nos exorta o apóstolo em outra epístola (1Co 11.28-32), acerca de não desonrarmos a Deus e não sermos julgados com o mundo.

III. OS JUDEUS PRECISAM SE LIBERTAR DO RITUALISMO (Rm 2.25—3.8)

3.1. Os judeus exigiam a circuncisão, mas eram incircuncisos de coração (2.25-29).
A circuncisão, uma operação cirúrgica que remove o prepúcio, uma pele do órgão sexual masculino, um sinal externo que representa a fidelidade do judeu com sua fé e sua nação. Esse ritual era tão relevante para identificar o judeu com sua fé, que na época do Império Grego muitos judeus apóstatas, para garantir a fidelidade aos gregos, reverteram a circuncisão por meio de cirurgias. A circuncisão para o judeu era obrigatória e motivo de vanglória por pertencer ao “povo escolhido”. Mas o apóstolo afirma que a fidelidade não se evidencia pelo exterior e por ritualismo, como defendiam os judeus, mas a evidência era interna, no coração. Entretanto, isso não significava que o exterior não é importante, mas sim que o interior do ser humano que transforma seu exterior e não o contrário. Jesus disse que o ser humano é contaminado pelo que está dentro do seu coração e não no seu exterior (Mt 7.15).

3.2. Os judeus não souberam aproveitar o privilégio de receber a revelação divina (Rm 3.1,2).
A leitura descuidada da epístola pode dar a impressão que Paulo desmerece o privilégio do povo judeu de receber a revelação de Deus. Entetanto, esse não é o caso. Ele tem como precioso o privilégio judaico, mas reprova a atitude de não saberem valorizar esta prerrogativa. O recebimento direto da revelação divina, a Palavra escrita, bem como a representação da circuncisão é considerado como um favorecimento honroso. Na realidade, Deus escolheu o povo de Israel para abençoar toda a humanidade. Eles foram colocados como intermediários das bênçãos de Deus, para que a promessa de Abraão de que por meio dele seriam benditas todas as nações da terra (Gn 12.3), alcançasse não somente os seus descendentes. Como têm se comportado os membros de nossa igreja ao se verem como receptores das bênçãos de Deus? Existe alguma relação com a atitude dos judeus?
  
Conclusão.
Nesta lição aprendemos que os judeus que se achavam perfeitos e privilegiados por serem os receptores da revelação de Deus e portadores da Lei, diante de Deus estavam na mesma condição que os gentios que não reconheciam ao Senhor como deveriam. Portanto, ambos os grupos acabaram injustificados. Para alcançar a justificação os judeus precisavam abandonar a vida de hipocrisia, baseada em ritualismo e sinais externos, bem como os gentios precisavam se converter.
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