Era uma vez um casal evangélico. A mulher era estéril, mas Deus prometeu lhe conceder um filho. No tempo determinado, milagrosamente, ficou grávida, nascendo-lhes um saudável menino. Os pais criaram a criança na igreja. A escola dominical e o círculo de oração eram os lugares preferidos da criança. A criação dos pais era muito austera. O menino não fazia o que outros coleguinhas faziam. Não ia ao cinema, não jogava futebol, não andava com quem dizia palavrão, suas roupas eram diferentes. Era um menino diferente. Alguns diziam que ele ia ficar reprimido, devido a tanto rigor. Quando foi crescendo, os pais continuaram lhe impondo uma conduta bastante restritiva. Era um garoto muito usado por Deus. Cantava no conjunto infantil e sempre pregava. Educação cristã rígida, estudo da Bíblia, oração, tudo isso fazia parte da rotina do jovem. Namoro com garotas não comprometidas com Deus... nem pensar.
Um dia, porém, ele começou a olhar para o mundo de outra maneira. Ele cobiçou. Percebeu que havia vida depois dos muros da igreja. Começou a fazer tudo o que seus pais sempre lhe desaconselharam. Enveredou por caminhos pecaminosos. Seus melhores amigos, agora, eram pessoas não-cristãs. Baladas, bebedeiras, orgias, eram, agora, o forte desse rapaz. Depois de algumas decepções amorosas, ele se apaixonou e logo começou a namorar uma jovem ímpia, que não amava a Deus, para aumentar ainda mais a tristeza dos seus pais. A moça era interesseira. Seu objetivo era desfrutar da fama de ser a namorada de um "cara descolado e desejado por todas” e, após isso, destruir-lhe a vida. A moça o encantava cada dia mais e, por causa dela, ele começou a consumir drogas. Ardilosa que era, a bela jovem conseguiu descobrir o segredo do sucesso do namorado, aquilo que lhe dava força. Com isso, ela conseguiu ganhar muito dinheiro e arruinou por completo a vida dele. Em seguida, claro, o abandonou. Foi um golpe baixo. O rapaz entrou
“em parafuso”. Sua visão espiritual ficou completamente deturpada. Depressivo, desprezado, derrotado, foi preso por um longo tempo. Ele afundara no pecado, e agora colhia as consequências.
Um dia, porém, na prisão, ao sofrer a maior humilhação da vida, acendeu-lhe a esperança. Lembrou-se dos dias em liberdade, da professora da escola dominical, dos cultos domésticos realizados com seus pais. A fé, que estava adormecida pelos seus muitos pecados, ressurgiu, então, com redobrada força. Ele enxergou, pela fé, mais uma vez, que o Deus de seus pais poderia perdoá-lo e lhe dar uma nova chance. O moço conhecia as histórias da Bíblia. Então, ele orou: “Senhor Jeová, peço-te que te lembres de mim e esforça-me agora, só esta vez, ó Deus (...)" (Jz 16.28). O Altíssimo lhe respondeu a oração, restaurando-lhe as forças e, mais uma vez, concedeu-lhe uma grande vitória — a última delas, é verdade, mas também a maior de todas. Ele passou pelos umbrais da eternidade para viver para sempre com o seu Senhor.
Nessa contextualização da vida de Sansão, observamos o exemplo de quem errou muito enquanto se preparava para constituir uma família, mas que experimentou, no fim, a experiência extraordinária da Graça e do Poder de Altíssimo sendo manifestados. Sansão foi um herói da fé (Hb 11.32). Sua oração foi ouvida no último momento — houve arrependimento em tempo e desfrutou do gozo da salvação do Senhor. Ele morreu bastante jovem, quando existia ainda uma longa estrada a seguir, sendo sepultado em um clima de grande comoção. Poderia ter sido diferente. Poderia ter sido melhor. Sua história, seu legado, sua fé, deixam-nos uma lição: o jovem cristão não deve trocar bênçãos duradouras de sua vida por experiências de curto prazo!
Buscar a Deus deve ser o maior objetivo da existência humana. Entretanto, ter a companhia de alguém do sexo oposto, para amar e ser amado, também faz parte do plano divino, o qual abrange todas as áreas do ser humano.
Sansão se preparou para constituir um lar de maneira indevida, pois ele sempre buscou a felicidade ao lado de pessoas erradas, demonstrando o que pode acontecer se houver erros na caminhada. As decisões de todo jovem cristão que se prepara para construir uma nova família devem ser orientadas por Deus. Uma das regras importantes é aprender a esperar no Senhor, ter uma boa preparação intelectual (profissional), encontrar um trabalho, escolher a pessoa certa, começar o namoro, evoluir para o noivado e concluir o ciclo com o casamento. Tudo isso no centro da vontade do Todo-Poderoso. Ê bem verdade que alguns não constituirão uma nova família, como foi o caso do profeta Jeremias (Jr 16.1,2). Vale dizer que, mesmo solteiro, é possível ser feliz — aliás, tudo leva a crer que o profeta Daniel (Dn 1.9) e o apóstolo Paulo (1 Co 7.7,8), homens de grande envergadura espiritual, também eram solteiros. A felicidade de uma pessoa não se resume, portanto, ao casamento, embora o casamento feito no Senhor seja uma grande fonte de alegria (Ec 9.9).
I. O CAMINHO DO AMOR
1. Esperar com paciência
Todos os servos de Deus, algumas vezes, tiveram que esperar pacientemente no Senhor. Ao longo da minha caminhada cristã, observo que, quando a bênção está bem perto de chegar, surge, de repente, algo muito parecido para nos distrair, mas que não vem de Deus. Esse é um padrão que se repete constantemente. Há um prêmio para quem entrega, confia, descansa e espera no Senhor (SI 37.5-7) em todas as áreas da vida, e na seara sentimental não é diferente. Observe o caso de Adão e Eva.
Adão foi criado por Deus e ficou sozinho no Éden, esperando no Senhor, não se sabe por quanto tempo. Isso não é tão ruim quanto parece. O isolamento traz benefícios circunstanciais para o jovem, pois o ajuda a colocar as ideias em ordem. Por fim, estando a sós com Deus, o jovem ficará frente a frente consigo mesmo, compreenderá suas limitações emocionais e conhecerá melhor o seu Criador, enquanto espera pelo agir dEle. Isso aconteceu com Adão. Deus o anestesiou (fê-lo dormir) para que ele conseguisse esperar a chegada de Eva. Assim acontece também com o jovem cristão que decide esperar fielmente no Senhor. Deus o anestesia até a sua bênção chegar.
Talvez algum rapaz ou moça possa achar que está esperando por Deus em vão, pois já decorreu tanto tempo e, até agora, a “pessoa certa” não apareceu... Por isso, alguém pode pensar que a melhor coisa a fazer é escolher imediatamente, utilizando como único parâmetro a aparência, sem consultar a Deus. Mas isso não é prudente!
Se alguém acha que está esperando muito e que Deus não está lhe ouvindo, então analise o que aconteceu a Jacó. Se houve uma pessoa que soube como ninguém o que significa esperar muito tempo pelo Senhor, essa pessoa foi Jacó. Ao que tudo indica, Jacó se casou aos 84 anos de idade!
Os dados estão na Bíblia. O ponto referencial básico deste cálculo é a idade do filho primogênito de Raquel. Observe: José nasceu sete anos após o casamento de seus pais, quando terminou o pagamento do dote das esposas (Gn 29.20-30; 30.22-24). Ele foi vendido ao Egito aos dezessete anos e se apresentou ao Faraó aos trinta anos (Gn 41.46). Passados sete anos de “vacas gordas” e dois anos de “vacas magras", Jacó veio morar no Egito (Gn 41.53,54; 45.6), quando tinha 130 anos (Gn 47.9). Agora ficou fácil. Como José estava, nesse momento, com 39 anos (aos trinta ele foi feito governador, com mais sete anos de fartura e dois anos de escassez), então, subtraindo a idade de Jacó (130) menos a idade de José (39), sabe-se que José nasceu quando Jacó tinha 91 anos, e como José nasceu depois de sete anos de casamento de seus pais, certamente Jacó se casou aos 84 anos!
Assim sendo, se Jó foi um modelo de paciência por suportar o sofrimento, Jacó pode ser referido como padrão de paciência na questão sentimental. Ele soube esperar, e Deus prometeu abençoá-lo (Gn 28.10-22), cumprindo posteriormente a promessa. Mesmo com as falhas de Jacó ao longo da sua vida, Deus levou em consideração sua fidelidade. Ele esperou em Deus por oito décadas, para poder casar com alguém que fosse da vontade do Senhor. Está escrito: “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade; assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele” (Lm 3.26-28). Jacó, como se viu, suportou o jugo da sua mocidade como ninguém na Bíblia! E ele foi muito feliz por isso!
2. Fazendo a escolha certa
Quando, enfim, chega o fim da espera, entra a fase do deslumbramento. O primeiro olhar, aquele que chama a atenção, que desestabiliza é, na maior parte das vezes, inesquecível. Isso aconteceu com Adão. Ao contemplar sua esposa Eva, ele ficou tão extasiado que fez a poesia mencionada em Gn 2.23,24. Eva havia sido esculpida pelas mãos do próprio Deus e, por tal motivo, devia ser muito bela e formosa.
A Bíblia também conta sobre esse primeiro olhar romântico (que não significa, necessariamente, amor à primeira vista) na vida do patriarca Jacó. Está escrito: E aconteceu que, vendo Jacó a Raquel, (...) revolveu a pedra de sobre a boca do poço, e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe. E Jacó beijou a Raquel, e levantou a sua voz, e chorou (Gn 29.10,11). Aquele que tinha esperado em Deus durante tanto tempo (diferentemente de seu irmão Esaú, que acabou se casando fora da vontade de Deus — Gn 26.34,35) teve enorme emoção ao se encontrar com sua amada. Mas, por que ele chorou? Porque Jacó havia percebido que Raquel, mais do que uma bela jovem, era também a bênção há tanto tempo esperada. Ele percebeu que a ponte afetiva deles tinha sido construída por Deus. Não se tratava só de beleza, mas, sobretudo, de providência divina. Jacó podia ver que Deus estava naquele negócio.
Tanto no caso de Adão e Eva, como no de Jacó e Raquel, o mais emocionante não foi a beleza e a formosura das pretendentes, e sim a direção de Deus em promover os encontros, como está escrito: "O que acha uma mulher acha uma coisa boa e alcançou a benevolência do Senhor" (Pv 18.22). Glória a Deus, porque Ele tem sempre o melhor para os seus servos e servas!
O momento mais decisivo da vida de um rapaz é, sem dúvida, o da escolha do cônjuge. O emprego, os estudos, a cidade para morar, se houver necessidade de mudança, não haverá tanta dificuldade. Todavia, mudar de cônjuge é completamente inviável, pois isso não agrada a Deus, que odeia o divórcio. E bem verdade que, no Antigo Testamento, Moisés autorizou o divórcio, mas Jesus disse que isso foi feito por causa da dureza do coração do povo.
No Novo Testamento, Jesus somente permitiu o divórcio em caso de adultério. Entretanto, mesmo havendo deslealdade, o melhor caminho é o perdão entre os cônjuges e a continuidade do pacto matrimonial, pois há coisas mais importantes em uma família do que a “honra” de quem foi traído. O orgulho do cônjuge vilipendiado deve ceder espaço ao amor e à visão sobre o futuro da família, notadamente no que diz respeito aos filhos e à obra do Senhor. Não é fácil, certamente, mas é bom lembrar que Jesus ensinou a perdoar o próximo pelas suas ofensas, para que cada um possa ser perdoado. Isso, óbvio, também vale para o cônjuge infiel.
Sendo assim, é preciso ter bastante cautela no momento da escolha. O rapaz deve se conscientizar que ele vai escolher não apenas uma futura esposa para si, mas também uma irmã para seus irmãos e irmãs e outra filha para seus pais! A mesma regra vale para a moça. A responsabilidade, portanto, é muito grande, e Deus se interessa por isso.
Outra coisa muito importante a ser percebida é que, se o rapaz ou a moça escolher alguém para namorar, não tendo intenções sérias para o futuro, apenas com o objetivo de não estar sozinho, para “passar um tempo”, para “curtir” ou, como se diz usualmente, somente para “ficar”, isso será pecado! O jovem que faz isso estará namorando a esposa de outro homem! Ea moça que faz isso estará namorando o esposo de outra mulher!
3. A conquista
Feita a escolha correta, no centro da vontade de Deus, chega então a hora de prosseguir para o momento da conquista. Analisaremos, novamente, um episódio da vida do patriarca Jacó. A Bíblia não narra com detalhes todos os fatos. Entretanto, deixa claro que Jacó, depois de conhecer Raquel, esperou, ainda, um mês inteiro para agir (Gn 29.14-18).
A estratégia, certamente, ele estava construindo em Deus. O Senhor criou uma circunstância, e Jacó a aproveitou, seguindo os costumes locais. Como deve acontecer ainda hoje, o relacionamento precisava ter a bênção do pai da moça. O esforço de Jacó em trabalhar sete anos por Raquel seria o preço para ter em seus braços aquela que ele tanto amava. Isso nos mostra que, mesmo Deus aprovando o relacionamento, não significa que será fácil o caminho até o casamento. Geralmente, tudo na vida que é conseguido sem esforço, as pessoas desprezam rapidamente. O percurso até o casamento daqueles que se amam em Deus sempre apresenta muitos percalços, mas não é penoso. Antes, pelo contrário, é cheio de alegria, da mesma forma que aconteceu com Jacó. Está escrito. “Assim, serviu Jacó sete anos por Raquel; e foram aos seus olhos como poucos dias, pelo muito que a amava” (Gn 29.20).
A conquista, todavia, não deve se utilizar de técnicas de sedução e engano, como fazem as pessoas que não conhecem ao Senhor. O jovem cristão deve se utilizar da sinceridade e da verdade. Aliás, nada podemos contra a verdade. Na fase de conquista de Lígia, minha esposa, ela conhecia toda a dificuldade financeira que eu enfrentava na época. Minha casa era muito humilde. Nada lhe foi encoberto. Começamos a namorar. No dia 31 de outubro de 1992, fui demitido do emprego. Uma semana depois, por orientação de Deus, pedi "a sua mão” em casamento. Ela sabia que o caminho até o altar seria complicado, pois os recursos financeiros eram poucos. Porém, mesmo assim, ela e o pai dela disseram “sim”. Glória a Deus! Fiquei muito feliz e tranquilo, pois eu sabia que tinha leito a escolha de uma mulher que ficaria comigo na fartura ou na escassez, pois estávamos começando na escassez! (Como é bom começar pequeno!) Cinco meses depois, fui chamado e assumi um cargo de nível médio na Justiça Federal, e, em julho de 1993, nos casamos.
Em 1996, fui empossado como Juiz de Direito. Foi um milagre atrás do outro. Depois do nascimento dos nossos quatro filhos: Samuel, Reynaldo Filho, Ivar e Débora (gêmeos), minha esposa concluiu o curso superior e hoje trabalha como arquiteta. O Senhor nos ajudou maravilhosamente. Estamos casados há mais de 22 anos e nunca nos faltou nada.
II. NAMORO E NOIVADO
1. Contextualização bíblica
a) Namoro:
Em toda a história bíblica, não se visualiza o namoro como etapa de algum relacionamento, pelo menos não como conhecemos atualmente, pois, em regra, os casamentos eram arranjados pelos próprios pais dos nubentes, alguns até quando os filhos nasciam, o que envolvia, inclusive, pagamento pecuniário (dote) pela mão da noiva (Gn 34.10,11; Jz 14.2).
Ralph Gower arrazoa:
“Um ‘amigo do esposo, que lhe assiste’ (Jo 3.29) negociava a favor do noivo em perspectiva e seu pai com um representante do pai da noiva. Arranjos tinham de ser feitos para a compensação do trabalho (o mobar) a ser paga à família da mulher, e piara um dote ao pai da noiva. Ele podia usar os juros do dote, mas não podia gastá-lo (veja Gn 31.15) porque devia ser guardado para a mulher, no caso de ela vir a enviuvar ou divorciar-se. Quando tais somas em dinheiro não podiam ser pagas por causa da pobreza do pretendente, outros meios eram encontrados, tais como serviço (Gn 29.18) ou eliminação de inimigos (1 Sm 18.25)’’.
Assim, não havia, em regra, esse contato prévio entre os namorados, haja vista que os pais desempenhavam esse importante papel na definição das exigências para o estabelecimento da nova família. O amor, geralmente, vinha em segundo plano.
b) Noivado:
Se, por um lado, na Bíblia não existe a palavra namoro, as ocorrências da palavra noivado são abundantes, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, tratando-se de um compromisso muito sério, que inibia, inclusive, o homem de ir à guerra (Dt 20.7). Caso houvesse infidelidade nesse período, o castigo seria a morte (Dt 22.22-24). Esta era a situação da qual Maria poderia ser acusada, ao ter concebido do Espírito Santo, e foi por isso que José intentou deixá-la secretamente (Mt 1.18,19).
Esdras Bentho, ao tratar sobre os direitos dos noivos, menciona, também, a isenção do serviço militar por um ano (Dt 20.7; 24.5), a fim de que ele pudesse desfrutar fielmente da companhia da esposa, fortalecendo os laços afetivos, além de trazer alegria a ela. O escritor ainda visualiza, como motivação para tal mandamento, a integridade da futura família, impedindo a morte prematura do noivo, para que a mulher não fosse entregue a outro homem e, assim, não corresse o risco de o esposo morrer sem deixar descendência.
2. Significados
a) Namoro:
O namoro corresponde a uma importante fase do relacionamento humano, que deve ser marcado, sobretudo, por intimidade intelectual e emocional. Nada mais. Tudo o que passar disso foge do propósito de Deus. É aqui onde os jovens observam se existe verdadeiro amor no relacionamento, que, óbvio, precisa ser recíproco e igualmente forte. Vê-se, por exemplo, que Jacó, somente depois de trinta dias que havia conhecido a Raquel, fez uma proposta de compromisso. Nesse primeiro período de "pré-namoro”, Jacó estava analisando a sua pretendente, certamente procurando descobrir seus gostos pelas coisas, seus projetos, seus ideais de vida, etc.
Foi depois disso que ele teve coragem de estabelecer o compromisso. Seu "namoro” (ou "noivado”) estava programado para durar sete anos. Porém, as coisas se complicaram muito (Gn 29.21-30). Às vezes, os projetos traçados nas vidas dos nubentes que temem a Deus não saem como planejado, mas o Senhor nunca perde o controle da situação.
b) Noivado:
O noivado, por outro lado, corresponde a uma importante fase do relacionamento humano, o qual deve ser marcado por intimidade intelectual, emocional e social. Nesse momento da vida dos nubentes, os preparativos para o casamento já ficam mais concretos. Começam os planejamentos para as compras essenciais do novo lar. A intimidade, nesse momento, não deve avançar além daquilo que é a vontade de Deus, para não se perderem bênçãos decorrentes de um relacionamento centrado em Deus (1 Ts 4.3).
Tanto no namoro, quanto no noivado, entretanto, os jovens devem ter bastante cuidado para não se relacionarem sexualmente. Isso é algo que tem muito valor diante de Deus e da igreja. A castidade é uma virtude cristã essencial. A pureza sexual é uma questão de benção ou maldição na vida do casal. Ê interessante como o Senhor, ao enviar as cartas às igrejas da Ásia, menciona frequentemente os pecados sexuais, bem como as suas funestas consequências. Por essa razão, a castidade deve ser cultivada até o casamento, a fim de que não seja um empecilho para as abundantes bênçãos do Senhor. Isso é bastante sério.
Lembro-me de um episódio que aconteceu com um casal de noivos. Após marcarem a data das núpcias na igreja, uma irmã me disse: “Tive um sonho estranho: Eu ia arrumar uma festa de casamento no salão da igreja e via uma lama escura e espessa saindo debaixo da porta. Não entendi nada". Eu pedi a ela para não dizer nada a ninguém. No mesmo instante, compreendi que aquilo era uma revelação de Deus. Telefonei para o casal, para conversar. Poucos instantes depois, noivo e noiva estavam chorando, confessando a fornicação cometida. O casamento foi realizado em outro ambiente. Ambos sofreram bastante, mas cumpriram o período de disciplina na igreja, e hoje vivem felizes, servindo ao Senhor. Esta história teve um final feliz porque eles confessaram o pecado, mas aquele que encobre as suas transgressões nunca prosperará. Isso é grave.
Realmente, C. S. Lewis toca no ponto nevrálgico da questão: nossos instintos estão deturpados. A sociedade moderna está imersa num hedonismo sem precedentes. Em todos os lugares, por todos os lados, a sensualidade impera. O jovem, dessa forma, é constantemente bombardeado por apelos de natureza sexual ao assistir TV, navegar na internet ou, simplesmente, andar pelas ruas. Então, de repente, sem mandar aviso, lá está uma mulher sensual “vendendo cerveja”, convidando para um "bate papo virtual” ou andando com vestes provocativas. Isso também acontece, na mesma medida, em relação ao público feminino.
O importante é não ceder um milímetro, pois tudo que é alimentado, inclusive o apetite sexual, cresce. Como dizia C.S. Lewis: "Todos sabem que o apetite sexual, como qualquer outro apetite, cresce quando é satisfeito. Os homens famintos pensam muito em comida, mas os glutões também. Tanto os saciados quanto os famintos gostam de estímulos novos”.
Uma vez se mantendo fiel ao Senhor, o jovem cristão poderá superar as dificuldades da vida de solteiro e entrar virgem no casamento. A sociedade chama isso de “tabu” e trata até de maneira jocosa, mas a cosmovisão judaico-cristã considera a santidade como sendo algo essencial na vida do cristão.
III. CASAMENTO
1. Significado
Depois de aguardar sete anos e sete dias (Gn 29.30), Jacó, finalmente, aos 84 anos, casou-se com Raquel. Ele experimentou, verdadeiramente, o que significa esperar em Deus. Agora, enfim, a intimidade física seria o ponto alto, pois eles se tornariam uma só carne.
A intimidade física, nessa fase, mais que um bônus, é um ônus. Agora, o Senhor determina que cada cônjuge pague ao outro a benevolência devida (1 Co 7.3). Se, no namoro e no noivado, a restrição sexual era uma exigência intransponível, agora a ordem divina é que ambos se tornem uma só carne, da mesma forma “que o trinco e a chave são um único mecanismo, ou o violino e o arco formam um único instrumento musical”.
2. Meios de subsistência
O casamento pressupõe a existência de um caminho ungido pelo amor, que perpassa pelo namoro e o noivado. Porém, antes de casar, os nubentes precisam garantir os meios de subsistência (trabalho) e, para tanto, eles necessitam de preparo intelectual. O emprego deve sempre anteceder ao casamento, pois ninguém deve casar e ser sustentado pelos pais. Deus, antes de fazer o casamento de Adão e Eva, deu ao marido uma casa (Gn 2.8) e um emprego (Gn 2.15). Ademais, está escrito: “Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma; e pelo conhecimento se encherão as câmaras de todas as substâncias preciosas e deleitáveis” (Pv 24.3,4). Assim sendo, a preparação intelectual fornece conhecimento (ciência) que propicia os meios para a subsistência material da família.
Em minha trajetória de vida cristã, tenho visto pessoas que se esmeram para ser destaque na sociedade, a fim de glorificarem a Deus, e outras que se escoram, esperando que as coisas “caiam do céu”. A recomendação bíblica é em prol das primeiras pessoas.
O Espírito Santo manda que os “acomodados” olhem como as formigas se preparam para o futuro (Pv 6.6), a fim de que sejam sábios, complementando que, mesmo não existindo ninguém que as governe, elas têm um forte compromisso com a vida do formigueiro. A formiga, ademais, é considerada o animal mais forte do mundo, haja vista poder carregar (dependendo da espécie) 35, 50 ou até 100 vezes o peso do seu corpo. O conceito que Deus tem sobre o jovem cristão é que ele é forte (1 Jo 2.14). Isso demonstra o quanto o jovem deve se esforçar pelo futuro, pois nisso há uma grande esperança (Jr 31.17). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31b).
3. Solteiro, porém feliz
Há alguns, como Jacó, que esperaram muito tempo, e Deus providenciou um casamento. Outros, no entanto, igualmente fiéis ao Senhor, ficaram sem se casar, como foi o caso de Jeremias (Jr 16.1,2). Por que isso acontece? A resposta é: soberania divina. Não devemos questionar os porquês de tantas coisas inexplicáveis. Entretanto, como servos, cabe-nos agradecer ao Senhor pelo dom da vida e pela sua presença conosco. Afinal, está escrito: “Canta alegremente, ó estéril que não deste à luz! Exulta de prazer com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto! Porque mais são os filhos da solitária do que os filhos da casada, diz o Senhor” (Is 54.1). Não há motivo para ficar triste, porque o Senhor tem cuidado de você (1 Pe 5.7). http://www.ensinadorcristao.com.br/