A VIDA SEGUNDO O ESPIRITO - LB EBD/CPAD - Subsídio Teológico


No final do capítulo 7, Paulo disse que Jesus Cristo é a resposta à necessidade mais urgente do homem: a libertação da morte espiritual (7:24-25). O capítulo 8 afirma que Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) trabalha para a salvação dos fiéis. É um capítulo que consola todos que lutam contra o pecado no serviço ao Senhor.

A Palavra de Deus afirma que quando confessamos o Senhor Jesus como nosso Senhor e Salvador, em arrependimento e fé, passamos a estar unidos com Cristo, o Espírito de Deus habita em nós e somos libertos das cadeias do pecado. No entanto, nossos desejos pecaminosos não desaparecem; a carne não mais nos escraviza, mas permanece em nós, o que dá início à guerra entre Espírito e carne.

Como filhos de Deus, chamados à santidade, queremos glorificar ao nosso Senhor em todas as nossas atitudes, entretanto acabamos falhando diversas vezes, de forma que o apóstolo Paulo afirma: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” – Rm 7:19.

"A carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que porventura seja do vosso querer" ( "... de modo que não podeis fazer as coisas que gostaríeis de fazer"). Estas palavras de Gálatas 5:17 já foram citadas como um sumário da situação que Paulo descreve mais extensamente e em termos mais vividos e pessoais em 7:14-25. Mas imediatamente antes dessas palavras ele tinha dito: "Andai no Espírito, e jamais satisfareis à concupiscência da carne" (Gl 5:16). A réplica desta exortação jaz diante de nós em 8:1-17. Não foi feita menção alguma do Espírito Santo no capítulo 7, mas Ele ocupa o capítulo 8, que descreve a vida vitoriosa e cheia de esperança vivida por aqueles que não andam "segundo a carne, mas segundo o Espírito (8:4), aqueles "Que estão em Cristo Jesus" (8.1).

A VIDA NO ESPÍRITO E A OPOSIÇÃO AOS DESEJOS E INCLINAÇÕES DA CARNE

No capítulo 7 Paulo declara que passava o conflito interior que todos nós também passamos:

"Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. (Romanos 7:15:19)

Depois faz a pergunta: Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?(Romanos 7:24), externando assim a sua incapacidade de vencer a carne.
Muitos pensam que esta pergunta ficou sem resposta; mas não! Logo a seguir, ele mesmo afirma: Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.(Romanos 7:25)
E o capítulo 8 revela como Jesus Cristo nos dá esta vitória. Temos a provisão de Cristo para vencermos. E da mesma forma como havia dito aos Gálatas que o segredo de não cumprir os desejos da carne é ‘andar no Espírito’, o apóstolo também o diz em outras palavras aos crentes de Roma. "Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8:2)

O FRACASSO DA LEI (Rm 8.1-4)  

O sistema anterior de vida, mediante a obediência à lei, manifestamente nunca logrou êxito. Agora se prova bom pela encarnação de Jesus e a presença do Espírito. A lei é incapaz de conferir benefícios, mas o que ela falhou em fazer, a graça realizou mediante Cristo e o Espírito Santo. A vida triunfante começa aqui e agora na ausência de qualquer sentença por desajustamento com Deus. Unido a Cristo, o crente é absolvido e está livre para sempre da lei do pecado e da morte. A justa exigência da lei, uma vida reta, é levada a cabo não "por" nós, mas em nós (v. 4). Isto é o que fora impossível à lei (v. 3). A ideia é mais de inabilidade inerente da lei em fazer algo no sentido de uma vida santa, do que meramente de sua impotência por fazer o que Cristo realizou. O fracasso da lei é absoluto. A nova lei sob que estamos é a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus, a qual emancipa da lei do pecado e da morte.

HÁ DUAS LEIS EM FUNCIONAMENTO NA VIDA DOS QUE SERVEM A DEUS: A DE VIDA E A DE MORTE

Enquanto a lei do Espírito vivifica, a lei do pecado mata. No verso 6 lemos: "Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.”
Mas na exposição das leis, temos mais do que um mero contraste entre uma e outra; as Escrituras estão nos dizendo que uma lei é maior e sobrepõe a outra.

A lei do Espírito da vida nos livra da lei do pecado e da morte!
Graças a Deus! Embora a lei operante na maioria dos homens seja a do pecado, nós temos o antídoto: a lei do Espírito da vida. Quando a segunda entra em operação, a primeira é anulada.

Basta andar no Espírito, acionando voluntariamente esta lei, e você experimentará a vitória. Caso contrário, jamais agradará a Deus: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:7-8)

A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO À NATUREZA ADÂMICA

A Palavra de Deus afirma que quando confessamos o Senhor Jesus como nosso Senhor e Salvador, em arrependimento e fé, passamos a estar unidos com Cristo, o Espírito de Deus habita em nós e somos libertos das cadeias do pecado. No entanto, nossos desejos pecaminosos não desaparecem; a carne não mais nos escraviza, mas permanece em nós, o que dá início à guerra entre Espírito e carne.

Como filhos de Deus, chamados à santidade, queremos glorificar ao nosso Senhor em todas as nossas atitudes, entretanto acabamos falhando diversas vezes, de forma que o apóstolo Paulo afirma: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço – Rm 7:19. Haveria algum modo de agir diferentemente? Pela graça de Deus, sim! Este assunto é abordado em diversos livros da Bíblia, sendo a epístola de Paulo aos Gálatas uma das mais esclarecedoras. O texto de Gálatas 5:16-17 diz assim: Digo, porém: Andai no Espírito, e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.

O verbo andar é constantemente usado por Paulo para designar modo de vida. Só pode andar no Espírito, quem está em Cristo. Andar no Espírito é estar em processo de santificação, no qual o Senhor nos molda à imagem de Cristo (Rm 8:29). Viver desta forma nos possibilita a não satisfazer a concupiscência da carne, ou seja, a não saciar os desejos profundos da natureza humana corrompida.

VIVENDO EM UMA NOVA DIMENSÃO – A DIMENSÃO DO ESPÍRITO

Paulo inicia o capítulo oito, dizendo que nenhuma condenação há para os que são de Cristo Jesus, ou seja, aqueles que receberam ao Senhor Jesus, como único e suficiente salvador, e se arrependeram de seus pecados, estão justificados com Cristo, por isso estão livre da condenação do juízo final (Romanos 5:1-2).

A lei do Espírito da vida, ... essa lei é a que é revelada em Cristo Jesus, pois através de sua morte e ressurreição somos livres da condenação da lei do pecado. A lei do pecado referente as leis do antigo testamento onde aquele que não a cumprisse era condenado com a morte.

A lei se tornou enferma devido ao pecado, pois as pessoas não conseguiam cumprir as leis e com isso pecavam contra à Deus, por isso Deus enviou seu próprio Filho em semelhança de homem, sujeito ao pecado, porém Jesus nos mostrou que era possível cumprir as leis e com isso não pecou e com isso Deus condenou o pecado através da morte de Jesus na cruz do calvário. Por isso em Cristo cumprimos a lei, não pelos nossos méritos, mas pelos de Cristo (João 3:16 e Colossenses 2:13-14).

Paulo destaca a diferença entre aquele que ainda vive preso a uma vida de pecado, com aquele que pela fé creu no Senhor Jesus e teve seus pecados justificados...

Aqui temos a descrição perfeita do plano da salvação, uma vida espiritual de liberdade e justiça por meio da fé em Cristo.

Notem que neste versículo já derrubamos diversas seitas que pregam o outro evangelho, com doutrinas como "maldição hereditária", "troca de espíritos", "pagar o preço..."nenhuma condenação há..". Quando recebemos a Jesus, todo o nosso passado de pecado é apagado por Deus, que não se lembrará mais dele (Hb 10.17).

Não significa que não pecaremos novamente, mas perante o Pai estamos justificados por Cristo Jesus!!!

Então qual é a explicação para fazer os servos de Jesus acreditar que é possível que haja alguma maldição em sua vida porque um antepassado seu pecou contra Deus? Se alguém de sua família pecou e não se arrependeu, ele pagará por seu pecado, cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12).

No versículo 2 é exposto que a lei foi incapaz de fazer, por causa de nossa natureza pecaminosa, Jesus tornou-se maldito, para que todos fossemos abençoados com a vida eterna.

A VITÓRIA DA GRAÇA  (Rm 8.5-13)

O apóstolo prossegue a descrever a vida da graça, como sendo do Espírito, contrastando-a com a vida da carne sob a lei. A vida velha tem seus interesses e se deixa absorver por coisas da carne, mas a vida nova se entretém de coisas espirituais. Se nossa vida se põe de acordo com a carne, nossa mentalidade recebe a influência disso. Se prevalece o elemento espiritual, os resultados análogos se verão em nossa compostura espiritual. A suma de tudo isto vem a ser que a mente carnal é morte; mas a mente do Espírito é vida e paz (v. 6). Por um lado, a morte é o resultado da vida carnal: por outro, a vida flui da vida do Espírito. A razão disso é clara.

A vida carnal é hostil a Deus, pois frustra os ideais divinos para a humanidade.

Centraliza-se em si mesma e está em guerra contra Deus. Por sua própria natureza, é incapaz de se submeter à lei de Deus (7). Considerando como supremo o mundo de seu próprio eu e nele vivendo, não pode agradar a Deus (8). A carne é, de fato, a sede da revolta contra Deus. Como sinônimo de carne, no sentido em que Paulo aí emprega o termo, João apresenta “o mundo” (cfr. Jo 16.8-11; Jo 17.6-9). É a vida sem Deus: vida de egoísmo, de indulgência própria e desobediência à luz da consciência.

O QUE PAULO QUER DIZER EM VIVER SEGUNDO O ESPÍRITO?

Em primeiro lugar, andar no Espírito é ‘viver em guerra contra a carne’. No versículo 17, Paulo diz: Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si”.

Phillip Melanchton, aluno e sucessor de Lutero, afirmou que “a carne é a natureza inteira do homem, seu senso e razão, sem o Espírito Santo”. A carne é a parte que continua em nós que deseja tudo o que é contrário à vontade revelada de Deus.

Nós não podemos viver em paz com a carne, temos de atacá-la, negá-la, mortificá-la, assim como está escrito em Romanos 8:13: “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis”. Não podemos, de forma alguma, negligenciar este ensino. A vida segundo a carne caminha para a morte. Nós, como filhos de Deus, devemos mortificar nossa carne diariamente, que significa apagar, destruir e suprimir nossos desejos pecaminosos.

VIVER EM DISCIPLINA ESPIRITUAL

Em segundo lugar, andar no Espírito é ‘viver em disciplina espiritual’. Quando Paulo diz ‘andai’, ele está se referindo a uma ação contínua. Ele não quis dizer: “Andem por um tempo”, ou: “Andem até ali”. O que ele realmente quis dizer foi: “Andem, não parem, continuem andando até o fim!”

Falar em disciplina é algo constrangedor, tido muitas vezes como coisa para idosos. As últimas gerações de jovens têm buscado cada vez mais uma vida sem rotina, sem metas a longo prazo, a velha filosofia de “deixar a vida levar”. Mas há um grande risco neste pensamento; a vida não é uma brincadeira ou um jogo de videogame, em que se tudo der errado é só apertar o botão restart e começar como se nada tivesse acontecido. As decisões que tomamos e o modo como utilizamos nosso tempo influenciam profundamente nossa vida, tanto no futuro breve, quanto no distante.

VIVER EM PROCESSO DE FRUTIFICAÇÃO

Se andarmos no Espírito, não satisfaremos as concupiscências da carne (v.16). É um fato óbvio que colheremos o que plantarmos. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.”Gl 6:7,8.

É difícil de imaginar versículos mais claros a este respeito do que os versículos de 19-24 do capítulo 5 de Gálatas, nos quais Paulo declara as obras da carne: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas. Por outro lado, o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.

A GLÓRIA A SER REVELADA (Rm 8.18-27)

No seu êxtase, em face da vitória da graça Paulo alçou o vôo muito além das mais ricas possibilidades da lei. Transportou-se para uma esfera jamais conhecida por ela. A Idéia de sofrimento não o abate (v. 18). Não tem dúvidas sobre quanto é duro seguir a Cristo (cfr. seus sofrimentos em At 19.23-41; At 20.18-35; 2Co 1.3-11; 2Co 6.4-10; 2Co 11.23-33). Tão pouco duvida que a glória por vir excederá de muito os sofrimentos presentes. Essa glória futura ou a manifestação final de Deus em Cristo não será simples visão objetiva, mas uma transformação subjetiva do caráter do crente (cfr. 2 Co 3.18; 1Jo 3.2). A certeza da glória futura não é uma comoção passageira de otimismo.

UM HINO DE LOUVOR (Rm 8.31-39)

Com um hino triunfante de louvor, Paulo encerra a análise do curso da vida cristã, que se desenvolve em âmbito fora do alcance e poder da lei. Se Deus dirige o nosso destino, nada mais importa. A nós, que somos da família da fé, Ele deu Seu próprio Filho, e com o dom maior certamente virá o menor. Não poupou a seu próprio Filho (32), isto lembra o sacrifício de Abraão (Gn 22.16). Desta promessa que abrange tudo, promessa de bênção ilimitada, o apóstolo continua, volvendo à primeira declaração do vers. 1, Agora, pois, nenhuma condenação há”.

CONCLUSÃO

Em Deus podemos ter a certeza de que tudo que acontece em nossas vidas cooperará para o nosso bem, para que possamos crescer a imagem de Cristo (2 Coríntios 4:16 e Efésios 4:13).

Isso não significa que somente acontecerá coisas boas, não é isso que a palavra de Deus diz, mas mesmo se passamos por dificuldades e provações, isso estará cooperando para o nosso crescimento espiritual.

Deus tem um propósito para todos que receberam o evangelho de Cristo e creram, e para que este propósito se cumpra, Deus trabalha em nossas vidas, para como Jesus é seu filho o primogênito, nós também possamos nos tornar filhos de Deus, e co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17), ou seja herdar através de Cristo a salvação e muito mais.

Foi para isso que Deus nos chamou e também nos justificou, perdoando os nossos pecados para que possamos ser glorificados com Cristo. Se andarmos em Espírito, viveremos no Espírito.

Pr. Dr. Adaylton Conceição de Almeida (Th.B.;Th.M.;Th.D.;D.Hu.) 
Ass. De Deus em Santos (Ministério do Belém) - São Paulo.

(O Pr. Dr. Adaylton de Almeida Conceição, foi Missionário no Amazonas e por mais de 20 anos exerceu seu ministério na Republica Argentina; é Licenciado, Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Doutor em Psicologia e em Humanidade, Escritor, Professor Universitário, Pós-graduado em Psicanálise e em Ciências Políticas, Juiz Arbitral do Tribunal de Justiça Arbitral-RJ, membro da Academia de Letras Machado de Assis de Brasília e Diretor da Faculdade Teológica Manancial).

Facebook: adayl manancial
Email: adayl.alm@hotmail.com

BIBLIOGRAFIA

Adaylton de Almeida Conceição – Introdução à Carta aos Romanos
Alexandre Amin - A vida no Espírito
F. F . Bruce – Romanos – Introdução e comentário
Manuel Pedro Cardoso  - Andar segundo o Espírito