Grandes tragédias sempre chamam a atenção da opinião pública, por causa de um sentimento mórbido presente em muitos seres humanos. Esse desejo de observar e compreender as motivações por trás de episódios chocantes, entretanto, fica mais aguçado à proporção que os elementos da trama se tornam mais sinistros.
O Brasil, no ano de 2002, ficou estupefato com uma história que mais parecia um filme de terror — o homicídio do casal Manfred e Marísia von Richthofen. Eles eram pessoas respeitadas na sociedade e moravam em um bairro nobre da Cidade de São Paulo. A morte do casal foi mostrada repetidas vezes em vários canais de televisão, principalmente pela forma como se deu: eles foram mortos com pancadas de barra de ferro nas suas cabeças, enquanto dormiam. No enterro, igualmente mostrado por todas as emissoras, as pessoas observavam consternadas a dor suportada pelos filhos do casal, os quais choravam abundantemente diante de um crime tão horrendo.
Logo após isso, porém, a chocante verdade veio à tona: um dos arquitetos do crime foi a bela (e “meiga”) filha primogênita do casal, Suzane Richthofen. Ela conhecera um rapaz chamado Daniel, em agosto de 1999, e, algum tempo depois, começou a namorá-lo. O relacionamento, porém, não contava com o apoio dos pais de Suzane. Diante disso, ela e o namorado Daniel, durante meses, com a ajuda de Cristian, irmão de Daniel, estabeleceram um plano para simular um latrocínio e assassinar o casal Richthofen, com o objetivo de Suzane receber a herança dos pais e dividi-la com os cúmplices.
No dia 31 de outubro de 2002, o plano foi executado: Suzane abriu a porta da mansão da família no Brooklin, em São Paulo, sendo esta a oportunidade que os outros dois envolvidos entraram na casa e foram diretamente para o quarto do casal, no segundo andar do imóvel, e ali mataram Manfred e Marísia. Presos, eles confessaram o crime, e cada um dos três foi condenado a quase quarenta anos de reclusão.
Os contornos desta história terrível revelam não apenas um problema circunstancial e localizado, mas também uma lamentável situação bastante ampla na sociedade pós-moderna, a qual está em apuros. Os altos índices de violência (inclusive sexual), corrupção e todos os tipos de males cada vez mais crescentes são provas irrefutáveis disso. Onde o ser humano errou? O espaço deste capítulo é muito pequeno para abordar toda a problemática que a cosmovisão da pós-modernidade tem trazido ao mundo.
Como não poderia deixar de ser, pela textura social, há, igualmente, nas famílias, graves e sérias dificuldades. A família do século XXI vivência uma profunda crise em todos os aspectos. Há um interesse indisfarçável em muitos que exista uma quebra de paradigmas históricos, nos quais a civilização ocidental foi assentada.
Sem dúvida, vivemos numa Era de turbulência pós-moderna, em que se vê o desrespeito ao casamento, com o rompimento desses conceitos tradicionais, bem como pela crise de autoridade instalada, o que reflete fortemente no desequilíbrio da identidade familiar, acarretando dificuldades de relacionamentos entre esposo, esposa e filhos. Acrescente-se a tudo isso a forte presença da cosmovisão materialista na sociedade. Há algum tempo atrás, falava-se: a educação é a solução para os problemas da sociedade. Citavam, para tanto, uma célebre frase atribuída a Victor Hugo: "Quem abre uma escola fecha uma prisão". Não entendiam que, além da educação, mais importante era a cosmovisão transmitida nessa escola. O que as crianças vão aprender é mais importante do que o lugar onde elas aprenderão! Prova insofismável disso é que, com o passar do tempo, muitas escolas foram abertas, e nenhuma prisão no Brasil foi fechada por falta de presos. Aliás, o déficit do sistema prisional nacional é, hoje, o maior de todos os tempos.
I. A ERA DAS CRISES
1. Crise educacional
Desde tempos imemoriais, os pais ensinam aos filhos o caminho da vida, cuidam deles e os educam com o que aprenderam. Com o passar do tempo, quando a prole pode viver sozinha, é liberada. Entretanto, até que os filhos tenham condições de estabelecer sua própria casa - processo da individuação —, submeter-se-ão à liderança de seus pais. Isso concorda com o dito na Bíblia. Está escrito: “Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; (...) Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia...” (Hb 12.9,10). Assim sendo, cabe aos pais estabelecer as regras educacionais, como bem lhes parecer, para seus filhos.
Hoje, porém, querem construir na sociedade um novo padrão educacional, em homenagem ao relativismo moral. Vários teóricos defendem que, caso as crianças sejam entregues a si mesmas, sem a imposição da educação tradicional com padrões objetivos, espontaneamente se inclinarão ao amor, à abnegação, ao trabalho competente e serão muito mais criativas. Com isso, admitem que a natureza humana é essencialmente boa, em contraste com o que diz a Bíblia (Pv 22.15), não precisando, por isso, na visão deles, de ensinamento dos valores morais tradicionais. Nessa esteira, surgiu a teoria educacional do Construtivismo, que se coaduna perfeitamente com a famigerada e tão difundida ideologia de gênero, sendo que ambas são extremamente prejudiciais à família. Um abismo chama outro abismo (SI 42.7).
O preclaro professor F. Solano Portela Neto comenta:
De uma forma simplificada, podemos dizer que o Construtivismo postula que o conhecimento é algo que cresce, subjetiva e individualmente, como um cristal em uma solução salina. Nesse sentido, não é algo que deva ser transmitido ou dado pelo professor. O mestre é apenas um agente facilitador nesse processo de crescimento. De acordo com o Construtivismo, o direcionamento dos professores (e, por inferência, dos pais e de todos os envolvidos no processo educativo da criança) pode ser algo prejudicial e não benéfico ao estudante, principalmente se eles não compreenderem os estágios de assimilação cognitiva das crianças e procurarem agir como agentes transmissores de suas próprias realidades. O Construtivismo é a filosofia atual de maior alcance, abrangência ou influência na sociedade brasileira. (...) Você pode nunca ter ouvido o termo; você pode não ter o mínimo interesse em filosofia educacional; você pode não ter familiaridade com os nomes dos principais proponentes dessa corrente, mas são altíssimas as possibilidades de que o Construtivismo já influenciou ou vai influenciar a sua vida. Se você tem filhos em idade escolar, há mais de 90% de probabilidade de que estejam sendo orientados com uma visão educacional construtivista. Mesmo que a prática pedagógica em uma escola específica não seja coerentemente construtivista, essa filosofia, que abraça não somente a forma de desenvolver o conhecimento, mas também a formação dos sistemas de valores e relações Interpessoais, terá participado ativamente da formação dos alunos”.
Portanto, como se vê, o relativismo moral está profundamente impregnado na denominada filosofia construtivista, estimulando as crianças a construírem seus próprios conselhos, longe da orientação de seus pais e professores e, é claro, de Deus. Não é à toa, portanto, que esta geração tenha produzido tantos filhos desrespeitosos aos seus genitores, mestres, líderes religiosos e demais autoridades. O método educacional construtivista legou a muitas delas o conceito de que essas “autoridades” nada têm a lhes acrescentar. Isso tudo tem como pano de fundo a tese iluminista da utopia, a qual crê na bondade inata do homem e, por isso, credita à educação liberal e à ciência a resolução de todos os males do mundo. O Todo-Poderoso, porém, determina que os pais ensinem a Palavra de Deus aos seus filhos assentados em casa, e andando pelo caminho, e deitando-se, e levantando-se (Dt 11.19).
2. Crise de autoridade
A crise de autoridade, observada como fenômeno no mundo moderno, tem se apresentado como um problema cada vez mais grave, a qual tem atingido as instituições do Estado, escolas, famílias e igrejas em todo o mundo.
Vislumbra-se um sentimento coletivo de indignação com todo e qualquer tipo de autoridade. Isso, obviamente, começa na família e é confirmado na escola, ou vice-versa. O fato é que, cada vez mais, as pessoas não querem se submeter aos outros em amor. Os ensinamentos legados pelos pais ou professores tradicionais não encontram, em regra, recepção cognitiva adequada nos que deveriam ser educados.
Por conta desta presente crise de autoridade, é relativamente comum vermos notícias informando sobre professores agredidos por alunos, como a que aconteceu no dia 10 de julho de 2015, no Estado de Sergipe. A diretora de uma escola pública foi agredida com socos e golpes de caneta por um adolescente de dezesseis anos que, anteriormente, fazendo o uso de uma bomba, destruiu um mictório do colégio e, em decorrência, foi suspenso. A diretora vinha conversando com o aluno, demonstrando o erro cometido, só que sem “bater de frente” com ele. Porém, mesmo assim, o discente não aceitou pacificamente a disciplina e cometeu a agressão. A diretora informou que pedirá transferência da escola, por não aguentar mais tanta violência.
Há trinta anos, dificilmente se ouvia falar sobre episódios como esse, mas hoje tais narrativas já se tornaram banais. Sem dúvida, a cosmovisão pós-modernista está na raiz do problema, pela ação famigerada do relativismo moral. Ora, se não existe verdade absoluta, então não deve existir submissão a quem quer que seja. A primeira motivação dessa crise, portanto, é sociológica.
E óbvio que também existe um componente espiritual em cada rebelião. A Bíblia nunca aprovou rebelião alguma contra a autoridade constituída por Deus. Jesus, por exemplo, censurou Pedro por ter usado uma espada contra o "policial" Malco (Mt 26.51,52), determinou o pagamento de tributo aos ditadores romanos e repreendeu Tiago e João por quererem incendiar os samaritanos, que estavam, por direito, em sua terra, mas que não deixaram Jesus entrar lá (Lc 9.54,55). Aliás, neste último episódio, Jesus repreendeu os discípulos dizendo: “vós não sabeis de que espírito sois.” Assim sendo, a origem da crise de autoridade, a qual, praticamente, todas as instituições enfrentam hoje, tem um forte componente da esfera espiritual — o princípio da rebelião de Satanás.
3. Crise de identidade
Qual o papel de pais e filhos na família? E na escola, o que cabe aos professores fazer? Bem, como a maioria dos formadores de opinião acredita na validade teórica do relativismo moral, então não há resposta para essas perguntas (Pelo menos para eles!). O certo é que pais e professores tradicionais reclamam da dificuldade de estabelecer limites e regras aos mais jovens, que querem impor seu desejo por mais liberdade e autonomia, e o fazem de forma a romper com todos os padrões pré-estabelecidos, comprometendo as regras mais básicas de convivência, a ponto de, muitas vezes, tornar insustentável o relacionamento familiar e em sala de aula (2 Tm 3.2).
Esta crise de identidade é fomentada em todos os lugares. Por exemplo, o personagem Bart, do desenho animado “Os Simpsons”, não respeita o pai, que é um homem bobo, inoperante, que não lidera sua família (por isso que faz tanto sucesso) e, no aspecto da moralidade, aprova o homossexualismo (inclusive de sua esposa!) e o casamento gay. A referida série está no ar há muitos anos e possui um alto índice de audiência, pois retrata o padrão da sociedade moderna.
II. UMA FAMÍLIA EM CRISE
1. Problemas de relacionamentos
A família dos dias de hoje passa por uma forte crise de relacionamentos. É comum observar na mídia pais que matam sutis crianças, filhos planejando a morte de pais e irmãos, pelos motivos mais variados, conforme se vê na introdução deste capítulo. Certamente, “há algo podre no reino das famílias dos dias atuais”, parafraseando Hamlet, o príncipe dinamarquês.
O homem tem se distanciado do seu Criador. O Senhor Jesus falou que a desagregação familiar seria marcante a tal ponto que os inimigos do homem seriam seus próprios familiares (Mt 10.21,36; 24.10). Isso é, sem dúvida, realidade em muitos lares, onde não há entendimento conjugal, os irmãos são verdadeiros rivais e há toda sorte de perturbação (Tg 3.16).
Como juiz de direito, tenho presenciado muitos casos de relacionamentos familiares rompidos. A família está em crise. O Altíssimo, entretanto, tem um propósito especial para cada núcleo familiar. Ele sempre quis as famílias felizes e abençoadas (Gn 12.3b). Observa-se, porém, que a sociedade não procura fazer a vontade do Eterno, e é por isso que ela está indo de mal a pior, enganando e sendo enganada.
2. Materialismo
Outro problema tem atingido frontalmente as famílias, acirrando ainda mais a crise contemporânea: o materialismo. Ele incute a ideia de que os bens materiais são mais importantes que as riquezas espirituais. Ele cega, tira a esperança e desconsidera as coisas da fé.
Recentemente, li uma reportagem muito triste de um inglês chamado Tom Attwater, de 32 anos, que tinha um tumor no cérebro e faleceu dia 29/9/2015, após arrecadar cerca de R$ 3 milhões (£ 500 mil) para garantir o futuro de sua enteada Kelli, de seis anos, que já tinha tido um sério problema de saúde.
Sabendo de sua morte iminente, ele escreveu uma carta de despedida para Kelli, na qual aborda diversos assuntos. Ele disse lamentar que não pudesse vê-la crescer e diz suas últimas palavras: “Por favor, não culpe as pessoas ou o mundo por isso”. Ele continuou aconselhando Kelli sobre assuntos como escola, meninos, casamento, família, amigos, carreira profissional, além de pedir a ela que aprenda a dirigir e que seja feliz em primeiro lugar.
A história poderia ter sido bonita e não triste se Tom Attwater não fosse um materialista. Ele nada disse à Kelli acerca de Deus, bem como em relação às bênçãos que derivam da obediência ao Altíssimo, ou sobre a importância de ajuntar tesouros no Céu. Ele só pensava nos tesouros da Terra. Por isso, empreendeu uma campanha de arrecadação de dinheiro. Ele não conseguia enxergar além do que seus olhos podiam ver. Quanta pobreza existencial!
Com o rei Davi foi bem diferente, pois, mesmo cheio de defeitos em relação à família, nos últimos instantes de vida, quando aconselhou seu filho Salomão, recomendou a ele que conhecesse o Deus de seu pai e que o servisse com integridade. Salomão era um homem intelectual, um leitor voraz, porém Davi sabia que o conhecimento mais importante dizia respeito a ter intimidade com o Criador. Quanta diferença existe entre o fim das pessoas que conhecem a Deus e as que são materialistas! Como na história do rico e Lázaro (mencionada em um capítulo anterior), na qual o rico, no Inferno, ao ver o ex-mendigo no Céu, suplicou a Deus que Lázaro fosse enviado à Terra para falar sobre a realidade do castigo eterno a seus familiares, porém já era tarde demais. Os materialistas, na Bíblia e fora dela, nunca terminam bem os seus dias, seja nesta dimensão da vida ou no porvir.
Enquanto a cosmovisão judaico-cristã confere ao Todo-Poderoso a primazia na existência, o materialismo ensina que as coisas desta vida ocupam o lugar proeminente. O materialista olha para a vida sem a dimensão da eternidade, obtendo, por isso, uma visão extremamente empobrecida da realidade. A Bíblia diz que o justo pode ver mais, além, pois ele viverá da fé. Uma sociedade criada sob a orientação materialista tem tudo para apresentar altos índices de criminalidade, corrupção, prostituição, desesperança, etc. Será que essas características são encontradas nesta geração?
3. Desrespeito ao casamento
A sociedade não valoriza o casamento, como acontecia no passado. Por isso, tantas mazelas nas famílias são vistas cada vez mais. E extremamente comum, por exemplo, que rapazes e moças saiam da casa de seus pais para morarem juntos antes do casamento. Essa prática se dissemina por todo o mundo.
Há poucos dias, li uma publicação que falava exatamente sobre os estágios de “desobediência” a Deus no mundo, tendo como parâmetro o fim paulatino do casamento em diversos países. A região na qual o casamento está sendo menos respeitado é a Escandinávia, que, no século passado, enviou muitos missionários para diversos lugares da terra, inclusive para o Brasil.
Isso é reflexo de uma profunda falta de temor a Deus. Ocorre em tal circunstância, por incrível que pareça, o cumprimento de uma mensagem profética de Jesus, ao falar sobre os dias antecedentes à Sua vinda, os quais seriam como os dias de Ló, nos quais os homens comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam (Lc 17.28), porém o Redentor nada disse sobre as pessoas se casarem. No versículo anterior, o Senhor, ao mencionar os dias de Noé, falou sobre a prática do casamento, entretanto depois excluiu propositalmente o termo, para demonstrar o desprezo da geração dos últimos dias pelo matrimónio. Quanta classe e inteligência, de Jesus, para dizer a verdade!
III. A TERRA CAMBALEIA
1. A cosmovisão pós-modernista
A experiência de globalização atual não é única na história da humanidade. No tempo de Daniel, havia, em certa medida, o processo da globalização babilónica; no tempo de Timóteo, estava em curso a globalização greco-romana. No meio de um pensamento dominante profundamente antagónico ao projeto de Deus para o homem, os pais de Daniel e, também, a avó e a mãe de Timóteo conseguiram educá-los, quando ainda eram muito jovens, com os valores fundamentais de uma vida com Deus. Eles se mantiveram fiéis à cosmovisão aprendida de seus pais e fizeram a diferença em sua geração.
Atualmente, as famílias vivem em meio a um caos sem precedentes, como consequência da cosmovisão pós-modernista, através da qual é ensinado o relativismo moral, o pluralismo cultural e o questionamento da fé, dentre outras teses nocivas.
Prova deste descalabro pode ser encontrada na guerra ideológica em curso, com o apoio de Organismos Internacionais, que tem como objetivo primordial que a união entre pessoas do mesmo sexo seja reconhecida como família, tendo tal fato acontecido, pela primeira vez na história da humanidade, no ano de 1989, na Dinamarca.
Isso, entretanto, apresenta-se como uma tragédia social e também como um atentado aos postulados bíblicos, pois a ideia de casamento sempre se sustentou, desde o início, em quatro pilastras: espécie (deve acontecer entre seres humanos), gênero (masculino e feminino), número ("dois”: um espécime de cada gênero) e fidelidade (casamento indissolúvel). Dessa maneira, ficou estabelecido por Deus o paradigma monogâmico heterossexual para a formação inicial da família.
A legislação brasileira admite o divórcio desde 1977, colocando, porém, alguns requisitos para a anulação matrimonial. Isso durou até poucos anos atrás, quando o ordenamento jurídico nacional passou a aceitar o divórcio irrestritamente. Ou seja, o casamento passou a ser considerado um mero contrato, o qual, a qualquer momento e sem nenhuma causa, pode ser desfeito. Os contratos de aluguel, por exemplo, devem durar, no mínimo, um ano; já para o casamento não existe qualquer previsão nesse sentido. Dessa forma, a legislação desconsiderou a coluna da "fidelidade” (indissolubilidade do casamento).
Com o reconhecimento das “uniões homoafetivas" como família, aconteceu o desprezo ao segundo baluarte: “gênero”. Desta maneira, poderá existir o entendimento de que não há mais razão para manter o casamento apenas entre duas pessoas, pois o pilar "número” é consequência lógica do "gênero”. Talvez seja por isso que já são reconhecidos, no Brasil, os denominados “casamentos poliafetivos”.
Resta apenas o pilar “espécie” para o casamento. A questão é: será respeitado por quanto tempo? Qual a justificativa para valorizar tal fundamento? Se for a perpetuação da espécie humana, isso já foi menosprezado com a possibilidade do casamento gay. A ruína da sociedade contemporânea se apressa velozmente.
Na Alemanha, por exemplo, ativistas conseguiram a aprovação de uma lei criminalizando a zoofilia (sexo com animais), pois se constatou naquele país a morte de 500.000 animais anualmente por causa de “abusos sexuais” de seus donos. O grupo zoófilo “ZETA", no entanto, pretende ajuizar ação judicial a fim de derrubar a lei. A queda do último pilar do casamento, ao que parece, na velocidade como andam as coisas, pode ser apenas uma questão de tempo.
A mudança de paradigmas humanos sobre o conceito de família não modificará a definição dada pelo Altíssimo. Tudo o que está acontecendo é cumprimento de profecias bíblicas (Mt 24.12; 2 Tm 3.1-4) e tornam desta uma Era turbulenta.
Há, como se vê, um intento do mal para mudar os valores morais, com o objetivo da destruição do projeto divino, que, ratifique-se: é a família monogâmica heterossexual. Apesar disso, nem tudo está perdido. O Todo-Poderoso quer mudar este quadro e estabelecer seu Reino nas famílias. "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará” (SI 37.5).
Em entrevista para a Seara News, o Pr. Antônio Gilberto, uma das maiores autoridades no ensino teológico no Brasil, demonstrou grande preocupação com o estado atual da família — dentro e fora da igreja. Ao ser perguntado sobre a afirmação que fizera de que a família estava fragilizada, ele respondeu:
“Os irmãos sabem o que é fragilizada? É uma coisa que se quebra com facilidade. Se não for dado um jeito nisso, ela se fragmenta. A família dentro da igreja — fora da igreja, Deus tenha misericórdia — está fragilizada. E qual é o passo seguinte se não houver uma providência Divina? Fragmentar a família. Sabe o que é fragmentar? Virar pedaços!"
2. A mídia como instrumento de desconstrução familiar
No meio dessa desordem moral que a sociedade pós-moderna está imersa, surge um elemento decisivo na conquista e manutenção das mentes dos homens pelo mal: os meios de comunicação em massa. Observa-se claramente um compromisso dos grandes estúdios de Hollywood, das emissoras de TVs e dos jornais e revistas de maior circulação, além de alguns sites da Internet, em divulgar o pensamento pós-moderno. As novelas brasileiras, em sua maioria, igualmente promovem os valores familiares de forma negativa. Há um projeto do mal para mudar o conceito de família, e a mídia, infelizmente, está sendo usada para isso. Época de palavrões, sexo ilícito, aborto, divórcio, adultérios, sexo fora do casamento, homossexualismo, etc. Crianças sem referências paternas ou famílias são constituídas com irmãos de vários pais e mães. Isso é a pós-modernidade, ou melhor, biblicamente falando, são os sinais dos últimos dias (2 Tm 3.1-4), e tem por objetivo, sobretudo, a destruição da família!
3. Epidemia de suicídios
A situação da família no século XXI é bastante grave. Muita coisa está fora do lugar. Os estudiosos, porém, fecham os olhos para as questões mais óbvias, como a ausência de Deus dos lares. Segundo a OMS, tirar a própria vida já é a segunda principal causa de morte em todo mundo para pessoas entre 15 e 29 anos de idade. Isso, segundo os especialistas, já é uma epidemia. O relatório apresentado mostra que 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos e, para cada caso fatal, há pelo menos outras vinte tentativas fracassadas.
Os sinais do fim dos tempos podem ser vistos abundantemente. O que mais falta acontecer? Somente uma coisa: "Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Co 15.51,52). Maranata! Ora, vem, Senhor Jesus!
Autor: Reynaldo Odilo