O capítulo 7 do livro de Isaías dá início a uma sequência de profecias que seguem até o capítulo 12. Esse bloco de sequências pode ser chamado de “O livro do Emannuel”, pois esses capítulos narram as primeiras profecias que Isaías, impelido pelo Espírito Santo, proclamou acerca do Messias. Sendo assim, é importante destacar alguns aspectos do contexto em que o profeta Isaías estava inserido, durante o tempo em que ele anunciava a vinda do Messias.
Após passar por uma forte e gloriosa experiência que impactou completamente a sua vida ministerial (Is 6.1-13), Isaías, o profeta do julgamento e da esperança, decidiu obedecer ao chamado que recebera de Deus e passou a anunciar a sua palavra com ousadia e temor. E com esse ímpeto que vemos o profeta atuando a partir do capítulo 7. Nesse trecho, Isaías é mandado por Deus para falar com Acaz, atual rei de Judá daquela época e sucessor de seu pai Jotão e neto de Uzias. Esses dois foram bons reis para Judá (2 Cr 26.1-4; 2 Rs 15.33-34), porém Acaz não tinha confiança no Senhor, chegando a oferecer vários sacrifícios para deuses pagãos. Dentre os tais, deu os seus próprios filhos para serem queimados como oferta (2 Cr 28.3; 2 Rs 16.3).
I - CONSOLO AO POVO SOFREDOR
Conforme Deus ordenara, Isaías foi encontrar-se com o rei Acaz, levando consigo o seu filho Sear-Jasube, cujo significado é “um resto voltará”. De acordo com o texto, o cenário político de Judá, a essa altura, não era dos melhores, pois a cidade estava prestes a ser tomada pelas forças aliadas de Rezim, rei da Síria, e Peca, rei de Israel. Esses líderes tinham como objetivo principal forjar uma aliança com Judá para combater as forças assírias que estavam se expandindo rapidamente e ameaçavam se tomar um império. Portanto, seria necessário, primeiramente, destronar Acaz, rei de Judá, e colocar um rei “fantoche” que favorecesse a aliança que aqueles reis tanto desejavam. Conforme se encontram registradas nas narrativas de 2 Crônicas 28, Judá já havia sofrido baixas que geraram medo no seio dos habitantes, e era assim que Acaz também se encontrava, conforme a narrativa bíblica: “moveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se movem as árvores do bosque com o vento” (Is 7.2).
Apesar de ter conhecimento dos cultos idólatras do rei de Judá, Deus, num ato de misericórdia, ordenou ao profeta Isaías dizer a Acaz que ele não estremecesse o seu coração com pavor dos inimigos que os cercavam. Pelo contrário, o rei só precisaria aquietar-se e confiar em Deus, pois Ele não deixaria o mal cair sobre o seu reinado. E como prova de que tais promessas vinham da parte do Senhor, foi dada a chance a Acaz de pedir um sinal que comprovasse a veracidade da palavra, conforme veremos no próximo capítulo deste comentário.
Com indignação, o profeta Isaías advertiu a casa de Davi, ou seja, não apenas ao rei Acaz, mas também toda a casa real, que esgotou a paciência de Deus. Assim, seguiu-se uma mensagem de julgamento, na qual o Senhor deixaria um sinal, ainda que fosse contra a vontade de Acaz. Trata-se do sinal de Emanuel, que significa “Deus conosco” ou “conosco-está-Deus” (7.14). Esse sinal serve para refutar a incredulidade de Acaz, que o fazia pensar que Deus não mais se importaria com o seu povo.
Somente sob a inspiração do Espírito Santo para ser feita uma declaração como a que foi feita por Isaías! Ao dizer conosco está Deus , o profeta não mais incluía o rei Acaz, porque este já fez a sua escolha diante de Deus. Porém, a inclusão que Isaías apontou apontava ao “remanescente que voltaria”, ou seja, Deus estava com o profeta e com o povo que voltaria do cativeiro. Foi nesse contexto em que Isaías, inspirado pelo Espírito Santo, começou, então, a “desenhar” a figura do Messias como símbolo de uma nova ordem, sem aparência de rei, mas com a dignidade de monarca, sem palácios, sem exércitos. Contudo, Ele ensinará e será juiz das nações, reinará com justiça, e as nações virão até Jerusalém para o conhecer.
Apesar de o sinal profético de Isaías deixar claro que as promessas se cumpririam muito em breve, ou seja, durante o período de vida do rei Acaz (7.16), observaremos que a profecia não se aplicaria apenas no tempo daquele rei, mas seu cumprimento final aponta para Jesus Cristo, nosso Senhor. De acordo com Mateus (1.23) e Lucas (1.27-33), uma criança nasceu e encarnou o mesmo sinal que Isaías anunciou a aproximadamente sete séculos atrás. Essa criança, porém, não anunciaria apenas que o Senhor estava somente com o povo de Judá, mas o Emanuel é dado agora por Deus como sinal para todo o mundo no tempo presente e no vindouro. Jesus Cristo é o Emanuel, o sinal de Deus para o mundo, pois veio para trazer a salvação e a libertação, paz para os aflitos e descanso aos abatidos. Ele veio trazer uma nova ordem ao mundo, um paradigma baseado no amor. Veio também anunciar a chegada do Reino de Deus a todos os seres humanos.
A característica primordial que articula esse Reino é a constante e eterna presença de Deus. Nada sucede sem a sua presença. Tudo acontece nEle e por Ele. Portanto, Jesus Cristo é o eterno sinal de que Deus está e estará sempre conosco em todas as situações.
1. O Instrumento de Deus para corrigir e livrar o seu povo
Para melhor compreensão do anúncio messiânico que se encontra no capítulo 9, será necessária uma leitura breve e geral dos acontecimentos que antecederam aquele texto. Assim, após o anúncio da destruição dos inimigos de Judá (7.4-9), Deus ordenou a Isaías que fosse ter com sua esposa, que se encontrava grávida, prestes a dar à luz. E ela gerou um filho. Então, o Senhor falou ao profeta que este chamasse o menino de Maer-Salal-Hás-Baz (“pronto ao saque, rápido aos despojos”). Esse nome, portanto, sinalizava que a promessa não tardaria e seria cumprida logo (8.1^4), quando os assírios invadiram o Reino do Norte. Mas o Reino do Sul também teria seu tempo de exílio ao ser feito cativo pela Babilônia.
Em seguida, assistimos uma série de advertências que o profeta declarou contra Judá, pois o seu povo e a casa de Davi subestimaram a ação de Deus e depositaram confiança na Assíria (8.6-8). Não bastasse essa falsa confiança, o profeta advertiu também acerca da vã esperança que muitos deles depositavam ao consultarem adivinhos e espíritos familiares (8.19) quando deveriam viver sob o seguinte lema: “à lei e ao testemunho”. Essa frase, embora curta, será de extrema importância para os que assim desejam viver, pois, assim como luz, iluminará os seus caminhos. Isso porque o profeta estava prevendo tempos de escuridão, de fome e de opressão àqueles que decidissem se afastar da fé (8.22) e, em resposta, eles amaldiçoarão ao rei e ao Senhor, o que prova mais uma vez que seus corações estariam endurecidos.
2. A Arrogância do instrumento de Deus
Os Assírios eram um povo arrogante. Embora naquele momento estivessem sendo instrumento de Deus, não reconheceram essa verdade e diziam que tinham muita força própria, sabedoria, inteligência; que tinham o poder de mover as nações e remover seus limites, de roubar riquezas e destronar reis (Is 10.13-14). O profeta afirma que jamais um instrumento poderá se gloriar contra aquele que o utiliza, como se o machado pudesse mover a mão do lenhador (Is 10.15).
3. Deus destruirá o inimigo cruel
Angústia, escuridão e sombras de ansiedades. Esses eram os sentimentos que habitariam (e habitaram) no povo de Judá e os fariam mergulhar completamente nas trevas. Em meio ao caos, e após proferir o julgamento do povo, o profeta, sob as instruções do Senhor, anunciou, enfim, a esperança para os povos cansados e oprimidos e a destruição tanto da Assíria quanto da Babilônia. Assim, as terras de Zebulom, Naftali e a Galileia, que juntas serão mais tarde chamadas apenas de Galileia, tornam-se o primeiro alvo do profeta Isaías para lhes anunciar o fim da escuridão, do medo e das trevas. Essa escolha deve-se possivelmente pelo fato de as terras da Galileia terem sido destruídas de maneira mais severa durante as guerras sírias e também quando os assírios invadiram Efraim (Is 8.4), sendo a primeira a ser tomada. Nessa investida, Tiglate-Pileser, rei assírio, deportou a sua população para a Assíria (2 Rs 15.29).
Mas a intervenção de Deus chegou na hora exata para o povo de Jerusalém e, como um lenhador, o Senhor destruirá as forças assírias, pois essa é aqui colocada como uma vasta floresta de árvores imponentes que caíram em todo seu esplendor (10.18); serão derrubados, em primeiro lugar, os ramos com violência; e os de alta estatura serão cortados, e os elevados serão abatidos, conforme anuncia o profeta. Essa trama faz-nos lembrar de que não existem reinos ou reinados que excederão o grande governo do Senhor. Assim, todos os reinos que se exaltam e soberbamente se enchem de orgulho serão certamente aniquilados pelo Senhor. Não importa quão altas sejam as suas árvores ou quão fortes os seus caules. Deus sempre abaterá todos os que se exaltam e elevará os que procuram a humildade que não é fingida ou disfarçada de hipocrisia.
Isaías diz que o Senhor dos Exércitos fará definhar a Assíria. O próprio Deus em um dia consumiria parte de seus exércitos (Is 10.16-19). Isso aconteceu quando, de uma só vez, morreram 185 mil soldados dizimados por uma peste (2 Rs 19.35), quando esse exército estava acampado ao redor de Jerusalém para a destruir, depois de já ter destruído todas as cidades em volta. Mas a destruição final da Assíria viria com a invasão dos Medos e dos Babilônios em 612 a.C.. A magnífica civilização de ilimitada ambição e conquistas violentas e cruéis terminaria, conforme descrito por Isaías (10.24-25).
II - O PODER DO MESSIAS
O Messias para Israel seria o grande libertador que finalmente tiraria do seu povo a vergonha de ser escravizado e subjugado por outros povos, como no caso da Assíria e da Babilônia. Somente Ele teria poder para trazer libertação total e completa. Todos os demais reis frustraram a esperança do povo, mas esse seria vencedor. Essa mesma importância Jesus assumiu para o povo da nova aliança, a Igreja.
1. A Grande luz do menino que nasceu
O povo que andou em trevas viu finalmente uma luz! Por fim, encerrava-se uma era trágica marcada pela morte. O profeta antevê todos esses acontecimentos e certamente se regozija pelo fato de saber que Deus não abandonaria o seu povo. Ainda que esse povo mergulhasse nas mais terríveis trevas, haveria sempre uma saída no Senhor. Tal como o sinal (Is 7.14) era para sinalizar trilhos de esperança, a luz, aqui, indica o término do pesado sofrimento, que a opressão política externa teria o seu fim, que a libertação estaria à vista, que há uma direção a ser seguida, pois agora não se anda mais sobre o que não se vê, porque os caminhos estão iluminados; é anunciado mais uma vez um futuro excelso, e as terras da Galileia, que muito sofreram, seriam testemunhas de que essa luz veio ao mundo e nunca mais se apagará.
A importância da luz na Bíblia se dá pelo fato de simbolizar e estar ligada à vida e à felicidade. Por isso, Deus é comparado à luz (Tg 1.17), pois dEle emana a vida e a felicidade. Nenhuma vida seria possível na Terra se não houvesse abundância de luz. Nenhuma vida espiritual teria as pessoas que conhecem a Deus se Ele não as alimentasse com sua luz poderosa. Dessa forma se diz do Messias que virá, que Ele irradiará uma grande luz, iluminando os que andavam na escuridão (Is 9.2). Agora não haverá mais desorientação, nem confusão, pois o Messias, o Cristo, já proporcionou abundante luz para os seus filhos, pois, diante dessa luz, há clareza no caminho (Jo 14.6). Aqueles que moravam em regiões de morte têm agora lugar permanente na vida abundante (Jo 5.24).
2. A Imensa alegria (is 9.3)
Isaías previu que essa luz traria uma grande alegria ao povo remanescente, porém uma alegria superior a todas as experiências boas que o povo já havia vivido. Sendo assim, o profeta tenta fazer aproximações comparativas dessa alegria com os melhores momentos que o povo já experimentou, como os dias em que o povo saía para celebrar as colheitas feitas (9.3); ou então nos dias em que repartiam os despojos; e até mesmo como nos dias em que Deus usou Gideão e o seu pequeno exército para derrotar os midianitas, quando nem chegaram a lutar contra os midianitas e, mesmo assim, venceram (Jz 7). Mas, ainda assim, esses exemplos não chegavam perto daquilo que o profeta Isaías contemplou por meio do Espírito Santo. A alegria era tamanha que essa palavra aparece registrada por mais de três vezes em apenas dois versículos (9.3,4).
Antes que perguntassem qual a razão de tamanha alegria, o profeta Isaías nos responde imediatamente: “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu!” Esse menino não é apenas uma criança comum. Pelo contrário, nEle repousam grandes atributos de equidade e justiça, como afirma Ridderbos. O profeta Isaías certamente não tinha em mente um príncipe terreno (pois alguns estudiosos comparam o nascimento da criança com o rei Ezequias), mas estava se referindo ao Grande Rei do futuro que seria chamado também de Messias, Cristo ou Ungido.
Isaías compara a alegria que o Messias traria à mesma alegria que havia na época das colheitas (dia de pagamento com aumento de salário) ou como num despojo de guerra em que conseguissem muitas riquezas. A vinda de Cristo a terra representa uma boa-nova expressa nos Evangelhos, tão extraordinária que o anjo que apareceu aos pastores em muita glória, a ponto de eles ficarem aterrorizados, disse: “[...] vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo” (Lc 2.10). A alegria de Cristo consiste no fato de Ele ter poder para perdoar pecados, salvar, curar e batizar no Espírito Santo. Mas, além disso, estar com Cristo é estar com a fonte permanente de alegria. Assim, mesmo em meio às tribulações e angústias, podemos experimentar sua alegria em nossa alma.
3. A Quebra do jugo (is 9.4)
Jugo é designado na Bíblia como uma peça de ferro ou madeira que era colocada no pescoço do boi para controlá-lo, ou seja, um instrumento de opressão e submissão. Não existe nada pior para o ser humano do que ser aprisionado por algum jugo. Existem muitas pessoas aprisionadas pelo pecado, por outras pessoas, ou mesmo por situações da vida que as oprimem e as subjugam. Mas Cristo, o Messias, veio para estraçalhar qualquer jugo e para tomar completamente livres todos os que o reconhecem como Cristo.
III - OS NOMES DO MESSIAS
O Messias libertador do povo seria o contraponto de todos os reis e reinos que fracassaram e fracassariam. Conforme descrito por Isaías, esse rei teria que ter qualificativos que nenhum outro rei, em qualquer tempo ou lugar teve, pois somente Ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (Ap 19.16). Ele é Jesus Cristo, aquEle que foi enviado por Deus como o Messias.
1. Maravilhoso Conselheiro
Maravilhoso é a prova clara de que o Messias iria transcender os limites da compreensão e existência humanas comuns. Por exemplo, os milagres que os Evangelhos relatam acerca de Jesus, o Messias, deixaram claro que Ele era extraordinário, ou seja, não é comum aos seres humanos caminharem sobre as águas (Mc 6.45-52; Mt 14.22-36; Jo 6.15-21), ou que simplesmente ordenem aos mortos para que voltem à vida (Jo 11.1-46). E o que dizer da sua morte e ressurreição?
A característica de Conselheiro é indispensável aos reis, especialmente quando se trata do Rei dos reis e Senhor dos senhores, que governará eternamente. Desde o Antigo Testamento ao Novo Testamento, observamos que Deus sempre deixou claro que o Messias seria amante da sabedoria (e.g. Pv 8; Is 11.2). Essa sabedoria é notável ao percebermos que, até mesmo quando criança, antes de dar início ao seu ministério, Jesus já se sentava para gastar tempo com os doutores, ouvindo-os e interrogando-os (Lc 2.41-52).
2. Deus Forte
Poder que não é acompanhado por conselhos sábios ou conselhos sem poder para agir são ambos infrutíferos. Portanto, essa característica atribuída ao Messias é complementar à sabedoria. Foi com poder e sabedoria que fomos salvos. Paulo faz uma excelente comparação ao dizer que Cristo é a cabeça sobre todo principado e potestade, sejam humanas ou espirituais (Cl 2.8-13), pois nEle “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (v.9), ou seja, não há e nunca haverá nenhuma criatura e situação que possa nos arrancar de Cristo (Rm 8.31-39), pois todos os seres viventes estão sob o seu governo, que é eterno e poderoso.
Contrapondo a fraqueza dos governantes que oprimiram os fracos e desvalidos (Is 10.1-2), mas também se sobrepondo aos países que oprimiram Israel, como Assíria e Babilônia, agora o Deus Forte assume o controle. Ele tem todo o poder e pode governar. Ele é infinitamente mais forte que todos os inimigos e vai dar descanso ao seu povo. Além disso, é na força de, Deus que o Messias, também sendo Deus, imporá a justiça e o direito. Ninguém mais oprimirá seu próximo, pois a equidade será estabelecida. Ele é forte o suficiente para estabelecer a tão esperada paz.
3. Pai da Eternidade
O governo e o cuidado que o Messias tem pelo seu povo serão eternos. Sendo assim, desde a eternidade, Deus vem preparando esse evento futuro. É pensando desse modo que o apóstolo João descreveu que, no princípio, Ele era e sempre será. Essa característica extrapola toda a compreensão humana, mas o fato é que, por transitar de eternidades a eternidades, o Senhor É o que É, e nEle são todas as coisas. Todas as coisas se perdem diante dEle, e é Ele que nos aponta o futuro e nos convida a sermos parte dEle e a participarmos da alegria eterna que, já desde Isaías, está nos convidando e continuará nos convidando até que o tempo por Ele estabelecido se cumpra. Porém, uma coisa é certa: em Deus, há um futuro maravilhoso sem trevas e sem medo. Esse tempo pode ser aproveitado nos nossos dias, pois basta lembrar que o Senhor “conosco-está” e opera maravilhas em nossas vidas, conduzindo-nos sabiamente como um pastor conduz as suas ovelhas e nos protege com segurança e destreza contra todos os inimigos que nos tentam no dia a dia. E o mais importante: é Ele quem nos guia em caminhos de paz.
Deus contrapõe a efemeridade de tudo o que é humano. “Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17). Exatamente por ser eterno, sem começo nem fim, é que Ele é o Deus Forte que controla e mantém todas as coisas em seu devido lugar, com todas as leis da natureza por Ele criadas e sustentadas. Antes que houvessem sido criados céus e terra, Ele já existia (Jo 1.1), pois Ele criou a própria eternidade. Além disso, Ele existirá para todo o sempre, numa perpetuidade de poder, glória e majestade. Podemos dizer ainda que não há rugas na fronte do altíssimo, pois Ele é perpetuamente jovem!
4. Príncipe da Paz
Essa é a utopia de todos os tempos e lugares. Todo o mundo procura um instante de paz. Até os mais sanguinários líderes, em algum momento de suas carreiras, sonharam com a paz. A paz para o povo que vivia em trevas significava finalmente o cessar dos conflitos armados, repouso e bem-estar. Porém, essa paz não deve ser compreendida apenas sob esse ponto de vista, pois a paz tem sua origem na expressão hebraica shalom, que pode ser compreendida também como toda a salvação, bênção e felicidade. Mas a palavra também sugere prosperidade, espaço, riqueza, saúde, bem--estar, felicidade e contentamento. Enfim, é uma paz muito abrangente.
Aquele a quem o profeta Isaías chamou de Príncipe da Paz, cujos atributos foram analisados anteriormente, culminam, de maneira simples, nesta grande revelação: o menino que carrega em seus ombros o principado será conhecido como Maravilhoso por causa das ações extraordinárias que realizaria. Será também conhecido como Conselheiro, pois sua sabedoria excederá inúmeras vezes mais do que a sabedoria do rei Salomão. NEle se encontra toda a plenitude divina. Logo, é Deus forte, que conhece e dita o tempo antes que o tempo se cumpra. Antes que o mundo existisse, Ele já existia. Isso porque Ele é o Pai da eternidade e, por isso mesmo, somente Ele pode trazer a paz completa para os seres humanos e no ser humano todo, como escreveu o salmista: “Porque ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude. Compade-cer-se-á do pobre e do aflito e salvará a alma dos necessitados. Libertará a sua alma do engano e da violência, e precioso será o seu sangue aos olhos dele” (SI 72.12-14).
IV - A CERTEZA DA VINDA DO MESSIAS
A consequência de todos os atributos do Messias que Isaías previu seria certamente o do reinado sem fim e também de sua multiplicação por toda a terra. Essa visão é semelhante àquela que o profeta Daniel interpretou acerca do sonho do Rei Nabucodonosor (Dn 2.35). A promessa feita a Davi sobre o reinado eterno finalmente se cumprirá nesse Rei (Jesus). Esse reinado certamente não conhecerá guerra nem trevas, pois o que estará assentado sobre o trono reinará sob a vontade completa de Deus. Atualmente, muitas pessoas que ouvem essas promessas não conseguem acreditar, pelo fato de soarem como boas demais para se tornarem reais. Mas o fato é que elas se cumprirão completamente com a segunda vinda de Cristo. Isso quer dizer que boa parte do que o profeta profetizou já se cumpriu, primeiramente em seu tempo ou logo após. Por fim, e acima de tudo, já se cumpriu e será ainda cumprido por meio de Jesus Cristo. Como garantia de que a palavra vem do Senhor, o próprio profeta Isaías deixou claro que “o zelo do Senhor dos Exércitos fará isso” (9.7b-NVI).
Através dos eventos históricos, podemos observar que o profeta Isaías falava realmente sob inspiração divina, pois, ao analisarmos o Novo Testamento, observaremos que o povo da Galileia contemplou a maravilhosa luz (Mt 4.12-17) quando Jesus deixou a cidade de Nazaré para começar sua atividade ministerial e, de lá, passou a anunciar a chegada do Reino de Deus. Outro aspecto também se deve ao fato de o anjo Gabriel descrever Jesus com os mesmos atributos que o profeta Isaías previu acerca do Messias (Lc 1.31-33); enfim, poderíamos citar aqui inúmeros trechos do Novo Testamento que apontam que as profecias de Isaías se cumprem em Jesus. Porém, o que importa para nós é saber, mediante a fé e as Escrituras, que Jesus já está sentado em seu trono de glória ao lado do Pai, pois venceu o príncipe das trevas (Mt 12.29; 1 Jo 3.8) e, um dia, fará raiar a alvorada de um Reino de paz que abrangerá céus e terra.
Após as extraordinárias visões que Isaías teve acerca do Messias, só lhe restou se encher de esperanças e entoar um salmo de ações de graça ao Senhor (Is 12). A nós também nos resta apenas dizer como o profeta: “Eis que Deus é a minha salvação” (v.2). Pois o que Isaías escreveu, apesar de estar inserido num outro contexto, afeta a cada um diretamente, pois sabemos, mediante a fé e as escrituras, que as profecias discorridas sobre o Messias se cumpriram parcialmente e ainda se cumprirão por completo. Hoje, sabemos que Jesus Cristo é o Messias, o Príncipe da Paz, o Emanuel, o nosso Salvador. O futuro anunciado por Isaías será executado por Ele, Jesus, que eternamente governará e libertará a terra da opressão e da morte. Cabe-nos, portanto, estarmos confiantes nessa fé no Senhor acerca do tempo que nos conduzirá triunfantemente a um futuro melhor, a dias incontáveis sem dor e de paz eterna.
http://www.ensinadorcristao.com.br/2016/08/licao-08-primeiras-profecias.htmlAutor: Claiton Ivan Pommerening