[O Senhor] faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste. Deuteronômio 10.18
A importância do profeta Eliseu começa pelo significado do seu nome na língua hebraica — “elisha”, que significa “Deus é salvação” — e no grego do Novo Testamento é “elissaios” (Lc 4.27). A vida de Eliseu indica que tinha uma família abastada, porque arava uma terra que tinha vários empregados. Era um homem rude, sem formação acadêmica alguma, que tinha calos nas mãos pelo serviço que exigia força e saúde para ser feito. Seu tempo de vida passou por, pelo menos, quatro reis de Israel — Jorão, Jeú, Jeoacaz e Jeoás nos capítulos 5 a 13 de 2 Reis — além de outros reis, inclusive estrangeiros, como o rei da Síria, Ben-Hadade, Hazael e até o rei de Judá, Josafá (2 Rs 3.11-19). Eliseu era um homem sem discriminação, que ia à casa de uma pobre viúva e até aos palácios dos reis. Quando foi desafiado a seguir o profeta Elias, Eliseu não titubeou na decisão de segui-lo. Desvencilhou-se de suas atividades rurais e passou a seguir a Elias, de quem se tornou o auxiliar imediato.
Acompanhando Elias até o seu arrebatamento por cima de sua cabeça, Eliseu não se descuidou e assistiu à maravilha de ver um carro de fogo que, mais rápido que a força do vento, passou entre os dois e os separou um do outro, levando Elias para o alto. Uma intervenção do sobrenatural sobre o natural que só Deus pode fazer. Os racionalistas rejeitam a literalidade da história, mas nós cremos no poder sobrenatural que o Senhor manifesta quando quer.
A partir de então, a história de Eliseu toma um rumo diferente. Ao tocar a capa de Elias nas águas do Jordão e elas se abrirem fazendo um caminho para que ele passasse para o outro lado, Eliseu não teve mais dúvida. Estava investido de autoridade espiritual, e a partir daquele momento iniciava seu ministério, que se tornou ousado e com operação de milagres (2 Rs 2.1,11-14). Ele vira o que Deus havia feito por meio de Elias e, agora, investido do mesmo poder e autoridade, os milagres começaram a acontecer. Eliseu se tornou o canal de milagres operados em várias ocasiões diferentes. A começar pela casa de uma viúva e dois filhos. Era a viúva de um profeta, a qual, sem condições de pagar uma dívida deixada pelo marido, corria o risco de ter que entregar os seus dois filhos para um tempo de serviço escravo poder pagar a dívida.
Essa narrativa bíblica descreve o modo de Deus agir por meio do seu servo Eliseu, multiplicando o azeite de um vasilhame de barro que havia na casa da viúva. A bondade de Deus foi demonstrada na vida daquela família que acreditou na orientação do profeta e foi agraciada com o milagre da multiplicação do azeite.
AS PRIMEIRAS PROEZAS DO MINISTÉRIO DE ELISEU
Desde a travessia do rio Jordão mediante a visão gloriosa e literal da elevação de Elias em carro de fogo (2 Rs 2.12-14), Eliseu estava consciente de que o ministério profético estava sobre os seus ombros. Os sinais que caracterizaram a vida do profeta Elias se manifestaram sobre a vida de Eliseu.
Eliseu se Depara com uma Crise de Águas Contaminadas em Jericó
A água é vital para uma cidade, e Jericó estava vivendo o drama da água contaminada em seus mananciais. Não é de estranhar que as águas de Jericó fossem ruins, pois essa cidade era uma cidade amaldiçoada; por isso, o seu solo era improdutivo (Js 6.26). Porém, o servo de Deus estava lá e mais cinquenta moços da escola de profetas que haviam assistido ao arrebatamento de Elias, que não acreditavam que Elias tivesse, de fato, subido ao céu num redemoinho, mas que poderia estar em algum monte. Por três dias o procuraram e não o encontraram. Ao voltar para Eliseu, reconheceram que ele agora era o seu novo líder, e deveriam respeitá-lo e obedecer-lhe. Em Jericó, ao voltar, depararam-se com o problema das águas contaminadas em seus veios. Não só os filhos dos profetas, mas os chefes de famílias da cidade de Jericó também reconheceram que Eliseu tinha algo mais que poderia resolver o problema da água e foram até ele. Eliseu não discutiu com eles, mas exerceu sua fé no sobrenatural usando meios naturais para demonstrar o poder de Deus (2 Rs 2.20). Ao pedir que trouxessem sal num prato, não dá direito a ninguém de querer imitar milagres passados e dogmatizá-los como modo de Deus operar hoje.
Grupos neopentecostais, que gostam de explorar essas coisas, procuram ensinar a prática de colocar sal em casas, terrenos e outras coisas, como se Deus se limitasse a operar sempre do mesmo modo. Refutamos essas práticas utilizadas por líderes cristãos que dependem de manipulações para fazer acontecer alguma coisa. O Deus de milagres sempre operará como quiser porque Ele não fica circunscrito a experiências passadas.
O saneamento das águas más aconteceu com o sal colocado nas águas, mas a cura daquelas águas não era por causa do sal, mas sim pelo poder de Deus. Em outra ocasião, quando Israel peregrinava no deserto sob a liderança de Moisés, o povo encontrou água, mas aquela água era amarga, e o povo começou a murmurar contra Moisés, dizendo que ele havia trazido o povo para morrer de sede e de fome no deserto (Êx 15.22-26). Moisés chamou aquela lagoa de “Mara”, que significa “amarga”. Deus orientou Moisés a tomar um pedaço de uma árvore do deserto e lançá-lo naquelas águas; assim elas seriam saradas e transformadas em água potável (Êx 15.23-27). Naquele lugar, o Senhor se manifestou a Israel como Yahweh Ropheka, ou de forma aportuguesada como Jeová-Raphah, que significa “O Senhor que cura”.
Uma Intervenção Divina numa Circunstância Difícil
Três reis que não serviam ao Senhor Deus de Israel — Jorão, rei de Israel (2 Rs 3.1), Josafá, rei de Judá (2 Rs 3.7) e o rei de Edom (2Rs 3.9) — se uniram para enfrentar os exércitos de Moabe, que eram muito fortes. Na realidade, os três reis, mesmo não sendo tementes a Deus, reconheciam que em Israel havia um homem de Deus que tinha a resposta que eles precisavam ouvir. Joráo era o filho mais novo de Acabe, um rei que fora inimigo do profeta Elias e não merecia qualquer cooperação da parte do homem de Deus, Eliseu. Josafá foi um rei profano, e o rei de Edom era pagão. Porém, Josafá sabia que Deus agia de modo especial por meio de um homem especial, o profeta Eliseu (2 Rs 3.11). Aqueles três reis haviam marchado para ir ao encontro dos exércitos de Moabe, sabendo que aqueles exércitos eram muito mais poderosos que eles.
Pergunta-se então: Por que Deus resolveu intervir naquela guerra? Em primeiro lugar, para preservar o seu nome perante as nações e para demonstrar àqueles reis que a causa maior e mais importante daquela intervenção era Eliseu. Eliseu era o homem que representava os interesses divinos naquelas terras. Por isso, Eliseu tinha a palavra que eles precisavam ouvir. Esses exércitos se encontraram no deserto de Edom depois de sete dias de calor, sequidão e falta de água. Eliseu, confiante na providência divina, deu ordem para que eles cavassem muitas covas, porque viria uma grande chuva e encheria aquelas covas e supriria a necessidade dos soldados (2 Rs 3.16,17). Aqueles reis não duvidaram da palavra de Eliseu, e puseram seus homens para cavar covas nas terras desérticas e vermelhas de Edom. Vieram as chuvas e encheram aquelas covas. A cor da água ficou avermelhada e, quando os moabitas se preparavam para marchar com aqueles reis, foram confundidos porque a chuva caiu apenas nas terras onde estavam os três e a força do sol com seu brilho virou um espelho avermelhado que fez com que os moabitas, vendo a cor de sangue naquele deserto, entendessem que podia ser o sangue dos exércitos mortos. Os moabitas levantaram-se para invadir as cidades de Israel, mas foram surpreendidos com a reação dos exércitos dos três reis e foram destruídos, porque Deus assim o permitiu. Não importa como acontece nas intervenções divinas. O que vale é saber que Deus é poderoso para mudar situações.
Na caminhada ministerial de Eliseu, muitas proezas e milagres aconteceram porque o Senhor era com Ele.
UMA FAMÍLIA PIEDOSA EM DIFICULDADES A Crise Económica de uma Família
Esta história vem logo após um incidente internacional que provocou uma guerra de três reis contra o rei de Moabe. Nesse incidente, Deus usou Eliseu para demonstrar a intervenção divina numa circunstância que nenhum homem comum poderia resolver. Entende-se que por amor à casa de Davi, Deus deu vitória aos três reis.
No capítulo 4, Eliseu se volta às famílias dos profetas quando se depara com a situação alarmante de uma viúva e seus dois filhos que estavam vivendo um estado caótico de gêneros de primeira necessidade e uma dívida impagável. A narrativa não identifica o nome dessa mulher, que era esposa de um profeta que havia falecido e deixado uma dívida. A situação daquela família era de completa penúria, pois além da perda do marido, estavam vivendo uma crise económica, em que faltavam alimentos básicos e não tinham nenhum recurso financeiro. A viúva corria o risco de perder seus dois filhos para os credores. Seus filhos poderiam ser vendidos como escravos para saldar a dívida. O texto indica que o marido dessa mulher poderia ter sido um servidor do profeta Eliseu. A situação era gravíssima, pois não havia nem dinheiro nem qualquer tipo de alimentos dentro de casa. Era pobreza total, e isso significava privação das necessidades básicas da vida. A Bíblia nos dá a garantia de que “Deus faz justiça ao órfão e à viúva” (Dt 10.18; SI 68.5; 146.9).
Vivemos em tempos de grandes dificuldades económicas, quando muitas famílias estão em total pobreza material. Famílias inteiras que vivem nas favelas das grandes cidades comem restos de comida encontrados nos lixões das cidades. Sem alimentação, nem educação, nem segurança, a pobreza gera desespero e violência, e os governos tentam fazer alguma coisa, mas muito pouco é feito para mudar esse estado caótico de pobreza. Nesse meio se encontram muitos cristãos fiéis a Deus que vivem de migalhas e muito pouco que as igrejas fazem por eles. Muitas igrejas ficaram ricas e usam os seus recursos para quaisquer projetos de construções e outras coisas mais, porém muito pouco é investido na obra social para amenizar a pobreza dos nossos próprios irmãos na fé.
A Situação daquela Viúva e seus Dois Filhos
Naquele tempo, o povo rural enfrentava muitas dificuldades para fazer as culturas locais produzirem; por isso, a pobreza era grande e a maioria dos colonos estava endividada. Uma vez que as colheitas não eram boas, os colonos rurais se viam obrigados a vender suas terras e outros bens materiais, e até a própria família, para saldar suas dívidas. Uma vez vendidos os filhos dessa viúva, as leis que regiam esses negócios exigiam seis anos de serviços para saírem da escravatura. A situação daquela viúva era triste, porque ela não tinha outra saída para a solução do problema senão pagar a dívida com o trabalho servil de escravo dos seus filhos. Naquela época, as mulheres eram privadas de direitos e, principalmente, as viúvas. A viúva poderia encontrar algum parente que se tornasse o seu remidor e se casasse com ela. No caso daquela viúva com dois filhos, não houve ninguém que a remisse. Pelo contrário, a dívida contraída por seu marido deveria ser paga com a entrega de seus dois filhos ao credor (Êx 21.1-11; Lv 25.29-31; Dt 15.1-11). Nesse contexto inevitável, essa pobre viúva precisaria de uma intervenção de Deus para mudar aquele estado de desespero. Ela lembrou-se do homem de Deus que a conhecia e sabia da situação que estava vivendo. O texto diz que ela clamou ao profeta e mostrou a sua situação. Ela sabia que Jeová é aquele que “faz justiça ao órfão e à viúva” (Dt 10.18).
0 ATO BENIGNO DE ELISEU QUE OPEROU UM MILAGRE
Eliseu Cria em El-Shaddai, o Todo-Poderoso
Eliseu ouviu os reclamos daquela viúva e, naturalmente, como homem comum, ele se sente incapaz de resolver o problema. Porém, ele sabia muito mais que o seu Deus, o El-Shaddai, era aquEle que podia operar o milagre na casa daquela mulher. Ele sabia que o El-Shaddai havia se manifestado muitas vezes em variadas situações na história de homens e mulheres da Bíblia, e que só Ele poderia operar o milagre na vida daquela família.
0 Deus de Milagres Operou de Modo Especial na Casa daquela Viúva
Quando Eliseu pergunta àquela viúva “Que te hei de fazer?”, estava confrontando os limites de sua pessoa como homem, que estava pronto para ajudar, dentro dos limites desse seu espírito humanitário. Eliseu não agia com atitude presunçosa só por causa dos milagres que já haviam sido operados por seu intermédio. Ele tinha consciência de suas limitações, e não ostentava atitude de senhorio sobre as operações de Deus. Mas, confiante no poder de Deus e certo de que é Deus que “faz justiça ao órfão e à viúva”, lhe daria uma solução que resultasse na glória de Deus. Na segunda pergunta do profeta à viúva, “Que é que tens em casa?”, ele vislumbrou em sua mente a operação de Deus.
“Que é que tens em casa”? (2 Rs 4.2) é uma pergunta que, colocada no contexto das famílias na sociedade atual, se choca com a realidade da pobreza, da mendicância nas cidades, da busca de alimentos nos lixões das grandes metrópoles, dos maus serviços de saúde. A igreja de Cristo na terra não pode fugir ao seu papel social, e sim seguir o exemplo da igreja que saiu do Pentecostes (At 4.32-35). Em vez de querermos espiritualizar todas as suas ações, a igreja deveria investir em exercer justiça social. Não adotamos a teologia da libertação dos teólogos modernos, nem devemos cruzar os braços sem alguma ação em favor dos necessitados. Essa pergunta deveria ser feita pelos adeptos da teologia da prosperidade, que confundem o “ser com o ter” e ensinam que os pobres são pobres porque não conseguem a bênção da prosperidade. Existe uma teologia chamada “teologia da pobreza” que ensina e declara que pobreza material é garantia de espiritualidade, usando como texto para essa ideia equivocada uma interpretação da expressão “pobres de espírito” como pobreza material. Na história deste capítulo, Eliseu era o homem de Deus, que confiava em Jeová-Jireh e sabia que Deus podia mudar aquele estado de penúria daquela viúva e seus filhos. Por isso, perguntou-lhe: “Que é que tens em casa”? (2 Rs 4.2). A resposta da viúva foi clara e precisa: “Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite”.
Deus Começa o Milagre a partir do que Temos
“Tua serva não tem nada, senão uma botija de azeite. ” A lição maior que aprendemos com essa declaração da viúva é que, a partir do nada, ou do pouco que temos, Deus age e opera milagres. Na Bíblia temos histórias lindas dos milagres de Deus em prover a necessidades de seus servos. O que é que temos em mãos para começar a ver a operação de Deus? Moisés tinha em mãos “uma vara”, e com essa vara Deus operou grandes maravilhas; Davi tinha uma funda, e com uma pedrinha matou o gigante Golias (1 Sm 17.23-25,40,49); Pedro e seus companheiros de pesca tinham uma rede e viram o milagre da pesca abundante depois de uma noite sem pegar nada (Lc 5.1-7); Dorcas tinha uma agulha de costura (At 9.36-40).
O que temos em mãos, ou em casa, para crer no Deus de milagres? Em 1954, na cidade de Chapecó, SC, meu pai, pastor Osmar Cabral, atendia a nova igreja na cidade e as dificuldades financeiras eram enormes. Certo dia, faltou de tudo em nossa casa. O comércio não vendia nada fiado para qualquer crente e meu pai saiu à procura de alguma coisa para trazer para casa numa outra cidade próxima. Minha mãe reuniu-se comigo e minha irmã, que tínhamos apenas 9 e 7 anos de idade, para orar a Deus que enviasse comida para a nossa casa. A noite, já muito tarde, alguém bateu à porta de nossa casa de madeira e perguntou pelo meu pai, que ainda não havia retornado. Essa pessoa se identificou e disse que Deus o enviara para trazer comida. Minha mãe o recebeu, e o homem trouxe para dentro de casa muito feijão, arroz, carne seca e outros alimentos. O Deus de milagres tocou no coração desse irmão que não nos conhecia, vindo de outra cidade, para encher a nossa casa de alimentos. E a partir de “uma botija de azeite” que Deus torna tudo abundante, porque Ele é o “Deus de toda provisão”.
A PROVISÃO NA MEDIDA CERTA
Eliseu trouxe tranquilidade e fé para aquela pobre viúva, tornando-a capaz de suprir as necessidades básicas de sua casa e com condição de pagar sua dívida com os credores. Ele a orientou como deveria fazer, porque o abastecimento da sua casa não seria momentâneo, mas serviria para ter em estoque muito azeite, que poderia ser vendido, e com o dinheiro ela sustentaria a sua casa e seus dois filhos continuariam com ela.
Provisão Abundante sem Desperdício
O que a viúva tinha em casa senão uma “botija de azeite”? Foi um bom começo o “ter uma botija de azeite”, mas se ela não tivesse nada, o Senhor operaria do mesmo modo.
O profeta orientou a viúva e seus filhos que pedissem emprestados muitos vasilhames próprios (vasos de barro), tanto quanto pudessem tomar emprestados. Sem que os vizinhos e amigos soubessem, seus filhos trouxeram muitos vasilhames para dentro de casa. Tudo quanto aquela viúva tinha em casa era “uma pequena botija de azeite”. Fecharam a porta da casa e obedeceram à orientação do profeta de “tomar a botija de azeite” e começar a derramar em cada vasilhame o restinho do azeite que havia na botija. Então o milagre começou a acontecer, porque o azeite não terminava e quanto mais eles enchiam os vasos, mas o azeite se multiplicava até o último vaso, quando o azeite parou de derramar. O azeite continuou a fluir enquanto havia vasos para recebê-los. Não houve desperdício. Tanto quanto havia em capacidade de receber azeite foi o que Deus fez fluir para resolver o problema da viúva e seus filhos.
A lição que aprendermos é que, do pouco que temos, podemos exercer nossa fé para obtermos a bênção de Deus em todos os aspectos de nossa vida material, emocional e espiritual. O apóstolo Paulo disse aos romanos que Deus dá da sua graça na medida da nossa fé, ou “conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Rm 12.3). Deus nos dá tanto quanto precisamos e dá abundantemente. Nunca Ele dá demais ou de menos, mas sempre na medida da nossa capacidade de gerirmos aquilo que Ele nos dá.
A Obediência à Orientação do Profeta Foi Fundamental para Perceber a Bênção
Aquela mulher podia discutir com o profeta o seu modo de resolver o problema, mas ela sabia que o homem de Deus tinha a resposta divina para a sua vida. Tudo o que ela precisava lazer era aceitar a orientação do profeta e colocar sua fé em ação. Para não haver interferência no milagre, a viúva e seus filhos deveriam “tomar vasos emprestados”, ou seja, vasilhames de cerâmica, tantos quantos pudessem conseguir, e trazê-los para dentro de casa. A viúva só tinha uma botija, um pequeno vasilhame; por isso, precisaria de muitos vasilhames. Ela sabia que deveria obedecer à orientação do seu líder espiritual como aquele que cumpre o papel de representar os interesses de Deus na terra. Para não haver a interrupção dos credores à sua porta, nem o de sentir-se orgulhosa pelo suprimento miraculoso, ela deveria fechar a porta atrás de si na sua casa. Ela fez tudo conforme a orientação do servo de Deus para que o milagre acontecesse. O princípio da autoridade espiritual é o mesmo para os nossos dias. Um pastor deve ser respeitado como homem de Deus, e esse respeito se conquista com o exemplo de vida piedosa.
0 Azeite Flui enquanto Houver Vasos Disponíveis
Houve um outro tempo na vida de Israel em que havia uma crise de fé e de espiritualidade nos dias do profeta Zacarias (519-520 a.C.). Esse profeta tem uma visão maravilhosa do modo como Deus supriria o seu povo nas suas necessidades. Entre outras coisas da visão, Zacarias viu um candelabro todo de ouro com as suas sete lâmpadas e um vaso por cima das lâmpadas que supria com azeite. Esse grande castiçal de ouro que representava o povo de Deus (Zc 4.2). Para um castiçal que estava sem azeite, não havia nenhum recurso humano que pudesse suprir esse castiçal, mas aquele vaso estava cheio de azeite para as lâmpadas.
Fazendo uma comparação com a história vivida pela viúva e seus dois filhos, o azeite que se multiplicava era a provisão de Deus para suprir as necessidades daquela família. Na Igreja, é preciso um novo azeite que traga avivamento e renovação espiritual.
O azeite torna-se uma tipologia da provisão de Deus na vida dos que dependem dEle para as suas necessidades. Os filhos da viúva conseguiram muitos vasos e os trouxeram para dentro de casa, mesmo sem saberem o que ia acontecer. Eles creram na operação divina para realizar o milagre. Matthew Henry comentou que “nós nunca estamos em dificuldades em Deus, em seu poder e generosidade, e nas riquezas da sua graça. Toda a nossa dificuldade está em nós mesmos. E a nossa fé que falha, não a sua promessa. Ele dá mais do que pedimos: houvesse mais vasos, haveria mais em Deus para enchê-los, o suficiente para todos, o suficiente para cada um”.
Muitas igrejas cristãs estão vivendo o drama da viúva com a despensa vazia. Vivem das experiências passadas porque não há mais vasos disponíveis para que o Senhor faça fluir o azeite. Os vasos podem representar aquelas pessoas que trazemos para “dentro da casa”, ou seja, que se convertem e as trazemos para o convívio da igreja.
A medida da fé é a medida das bênçãos.