ESCOLA DOMINICAL BETEL - Conteúdo da Lição 12 - Revista Betel


Quando a adoração perde o significado

18 de dezembro de 2016


Texto Áureo
“Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim”. João 15.4

Verdade Aplicada
Quando a adoração perde o significado, tornamo-nos reféns das lógicas do resultado.

Textos de Referência.

João 15.1-3; 5-6; 8
1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2 Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
5 Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer.
6 Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
8 Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.

Introdução
Na imensa crise do esvaziamento, coreografias pouco interessantes roubam a beleza e a arte. Vivemos na era da técnica em detrimento a graça. Há muitos que vivem em “adoração”, mas que não geram frutos de arrependimento.

1. A crise do vazio.
A esmagadora maioria dos que vivem nos chamados “movimentos da adoração” da atualidade vive num atordoado esforço para destruir a monstruosidade do vazio. A falta de sentido é percebida na forma como se pretende orar; do exagero ao sufocamento, os extremos vão fazendo a rotina da adoração do vazio (Jo 4.23-24).

1.1. A distância entre ética e estética.
O vazio alimenta-se de um sofrimento secreto, que por sua vez, apela à máscara. O teatro comportamental rouba a cena alargando ainda mais a distância entre o adorar e o povo, e, também entre o adorador e Deus. O erro fundamental está no vazio existencial. Gente que “adora” sem vida Morte no altar. Isso gera um profundo choque entre ética e estética: é o parecer superando o ser. Por essa razão, as características de shows são mais viáveis do que o culto. No show, tudo é produto de uma mistura entre o frenesi da massa e o desempenho dos astros, mas o culto só acontece quando os astros são destronados e o Soberano Deus é adorado como Santo.

1.2. A perigosa via dos extremos.
Para encobrir a vergonha do vazio, muitos se aventuram na perigosa via dos extremos: de um lado, uma melosidade sentimentalista que escraviza emoções. Gente produzindo uma espécie de estelionato emocional, onde as lágrimas são forçadas, sequestradas de sua inocência. Do outro lado, uma carnavalização folclórica que, em nome da liberdade cristã, “santifica” o ridículo (gente rolando no chão, imitando bichos, cabelos esvoaçantes, etc.). Essas taras sentimentalistas nada mais são do que fugas da normalidade. Gente que não suporta o silêncio. Gente que odeia a cadência normal dos dias. Gente viciada numa espécie de adrenalina espiritual. Gente que, se parar, percebe o vazio, e sofre. Gente que destrói o significado da adoração, porque disfarça seu vazio ao invés de preenchê-lo na presença do Altíssimo.

1.3. A terrível inversão dos valores.
Essa geração do vazio é rápida em inverter os valores. Humildade vira defeito, orgulho vira virtude. O vazio engole os valores. Grande parte das pessoas hoje luta por causas sem sentido. Uma das formas mais eficazes de desligar-nos de Deus é invertendo os calores. É gritando a graça com a fúria da lei. É caindo na tentação de ser o dono do nosso próprio culto. Se a adoração for invertida, Deus saíra de cena. Igreja sem Deus é apenas acúmulo de vazio (Jo 15.6).

2. A fixação dos resultados exteriores.
A adoração da atualidade corre atrás de resultados. Isso é tão notório que o linguajar do marketing virou rotina: publico alvo, estratégias de alcance, pesquisas de gêneros musicais, mídia. Essa tentação do retorno é fruto dos olhos seduzidos pelos “reinos do mundo e seu esplendor” oferecidos a Jesus pelo diabo no deserto (Mt 4.8). Esse é um grande motivo para mantermos nossos olhos constantemente lubrificados pela graça de Deus.

2.1. A interioridade negligenciada.
Vivemos a era da desvalorização das essências. O que vale é o espelho, não o rosto. Na tentação dos resultados exteriores, ignora-se a alma amordaçada. Ignora-se a tortura que ocorre no íntimo. Por isso, muitos dos “artistas” acabam nos consultórios psiquiátricos, em abismais depressões. Alimentam a mentalidade mitológica e sofrem por medo do esquecimento. Esse comportamento gera um fenômeno conhecido como “celebridade instantânea”, gente descartável. Enquanto dão algum prazer à massa, são amados e idolatrados, mas quando o encantamento se esvai, entram nos domínios de sua interioridade negligenciada e ferida para recolherem os estilhaços de sua vitrine sentimental.

2.2. A difícil conciliação entre a agenda pessoal e a intimidade com Deus.
Elevados a categoria de celebridades, muitos vivem escravizados pelas agendas. Perdem o contato com a família, com a Igreja local. Perdem o chão. Como dizia o poeta: “os mais belos hinos e poesia foram escritos em tribulação”. Os hinos e poesias de hoje são escritos em “tripulação” – no avião, na correria entre uma agenda e outra, na escada entre um palco e outro. É doloroso observar o esforço desumano que fazem para manter a imagem de santos, quando já perderam o caminho da santidade. Nenhum santo é feito no palco, mas na sarça, na fornalha, no deserto, no vale (Gn 32.22-32; Êx 3.2; Dn 3.1-30; 1Rs 19.1-21).

2.3. E quando o resultado não vêm?
A grande tragédia dessa geração do vazio é mirar no horizonte dos resultados e não vislumbrar esperança. Se o resultado não acontece, a inquietação rouba o sono. Como o mundo de hoje fabrica deuses com extrema velocidade, o medo do esquecimento leva a tentação de manipular falsos resultados. A mentira começa a governar a vida. Uma verdade precisa ser resgatada com urgência: aquilo que o Espírito Santo não quer fazer, marqueteiro nenhum pode produzir! (Gl 6.7).

3. A escravização do verbalismo.
Muitos são os que ainda carregam a síndrome da mulher samaritana: “Jerusalém ou Gerizim?” (Jo 4.20) Mais do que lugares, geografias demarcadas, era um jeito estabelecido de adorar – o império do tecnicismo.

3.1. A problemática gospel.
Existe hoje uma “cultura gospel”. Um movimento musical, o gospel, explodiu na última década do século XX entre os evangélicos e deu forma a um modo de vida configurado pela tríade: música, consumo e entretenimento. O problema dessa “cultura gospel” é que seu discurso é profundamente distante de sua prática. O verbalismo afirma Deus como Senhor, mas a prática cultua deuses descartáveis do orgulho e da fama.

3.2. Muita criatividade, pouco bom senso.
O conceito de profecia foi banalizado. Tudo hoje virou “profético”. Não contente com o vocábulo “profético” criam-se objetos proféticos, numa espécie de animismo eclesiástico: é óleo ungido, vara do poder, corredor do fogo, mãos ungidas, etc. A lista é longa, curiosa e desesperadamente “profética”. São nossas “Jerusalém e Gerizim”. Geografias ocultando corações. Criatividade duvidosa suprimindo o bom senso. Não basta termos um elaborado jargão profético, uma gramática ungida ou um dicionário de pode, mas sim, uma vida íntegra, humilde e digna diante do Senhor. Deus procura homens e mulheres de coração aberto (Jo 15.5).

3.3. A tentação da sofisticação.
A preocupação com o sofisticado leva essa geração à fuga da simplicidade. Cantar que Jesus é bom e salva o pecador é considerado retrógrado, passado, sem impacto. É preciso florear, carregar no apelo do marketing. É preciso “dar um trato” em Jesus. Essa crise é tão forte que tem aprisionado muitas almas. Muitos, em nome dessa sofisticação, alimentam a teatralização da própria existência. É gente que não suporta quando o culto termina no domingo à noite, pois sabe que o monstro da segunda-feira virá. Esse vazio machuca muitos “adoradores”.

Conclusão.
Estamos na era das ilusões. Para que não sejamos levados por essa forte correnteza, carecemos de bases sólidas, firmes na rocha, um trabalho de estruturação genuíno e fiel. Que o Agricultor por excelência tenha liberdade para nos podar, para que nossa adoração gere frutos de eternidade.

Questionário.

1. Como a falta de sentido é percebida?

2. O que é a Igreja sem Deus?

3. Qual a verdade que precisa ser resgatada com urgência?

4. O que muitos ainda carregam?

5. O que Deus procura?
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