ESCOLA DOMINICAL CPAD - Conteúdo da Lição 5 - Revista CPAD - JOVENS


As exigências básicas da Justiça sob a ótica de Jesus
30 de Abril de 2017




TEXTO DO DIA
“Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” (Lc 17.10).

SÍNTESE
O bem deve ser feito pelo simples fato de isso ser correto e recomendável, e não para proporcionar status ou visibilidade social.

TEXTO BÍBLICO

Mateus 6.1-8,16-18.
1 — Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 — Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
3 — Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
4 — para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
5 — E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
6 — Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
7 — E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.
8 — Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes.
16 — E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
17 — Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,
18 — para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.

INTRODUÇÃO
Os chamados “atos básicos de justiça do judaísmo” — esmola, oração e jejum — eram os pilares principais da religião oficial de Israel. Apesar de serem atos prezados pelos judeus, assim como contrapôs a justiça dos escribas (Mt 5.20), mostrando que a do Reino vai muito além (Mt 5.21-48), o Mestre procede da mesma maneira em relação à justiça dos fariseus (Mt 6.1-8,16-18). Jesus demonstra que mesmo tais atos não são piedosos em si mesmos, antes o que determina a sinceridade e a pureza deles é a atitude do coração, a intenção desprovida de qualquer outro interesse a não ser ajudar as pessoas como forma de gratidão a Deus, bem como orar e jejuar visando o estreitamento da relação com o Pai, pois Ele contempla o coração e não apenas o exterior (1Sm 16.7 cf. Lc 18.9-14).

I. PRIMEIRO ATO DE JUSTIÇA — A ESMOLA

1. Os deveres de Israel para com os pobres.
Por também ter sido estrangeiro e peregrino em “terra estranha”, esperava-se do povo de Israel sensibilidade e solidariedade com as pessoas menos favorecidas, bem como em relação ao órfão, à viúva e ao estrangeiro (Dt 10.17-19; 24.14-22). Ciente da obstinação e dureza do coração humano, Deus, através de Moisés, ordena que em caso de sobra em uma colheita, não se deve “rebuscar”, isto é, repassar a mesma área do campo para ver se não ficou nada ainda a ser colhido ou recolhido, pois tal sobra era uma provisão divina a essas pessoas (Dt 24.19-22).

2. A atualidade da prática de auxiliar os pobres.
A despeito de a prática de auxiliar os pobres estar sendo observada nos dias de Jesus (Mt 26.6-9), e até no tempo da igreja do primeiro século (Gl 2.10), o Mestre sabia que mesmo as ações virtuosas podem ser praticadas com motivações escusas. Por isso, Ele não contesta o ato de justiça de ajudar, mas chama a atenção para os motivos que, para além das aparências, podem não ser tão nobres (v.1 cf. Mt 19.21,22; Jo 12.4-6).

3. A atitude de quem ajuda.
Não é de censura a instrução de Jesus acerca do auxílio aos menos favorecidos, ou seja, os pobres devem ser ajudados e assistidos em suas necessidades por aqueles que possuem mais condições (Mt 25.31-46; At 20.35). A observação do Mestre diz respeito não unicamente à motivação, mas também quanto à discrição com que se deve fazer o bem, ou dar esmolas às pessoas necessitadas. O Mestre utiliza expressivas figuras de linguagem ao falar de “tocar trombetas” (motivação de fazer publicidade) e também de “a mão esquerda não saber o que faz a direita” (falta de discrição) (vv.2,3). Em outras palavras, se a finalidade é ajudar e não se autopromover com a necessidade e o problema alheio, então deve-se agir discreta e sigilosamente, pois do contrário já se terá recebido a recompensa aqui mesmo, nada devendo esperar do Pai celestial em seu tribunal de galardão (vv.2,4 cf. 1Co 3.12-15).

Pense!
Você acredita que, observando o texto de Gálatas 2.10, e depois de estudar esse tópico, a igreja tem alguma responsabilidade em relação aos pobres?

Ponto Importante
O que fica claro foi que Jesus não aboliu a boa prática de auxiliar os menos favorecidos, mas advertiu acerca do cuidado de se fazer publicidade com a situação miserável das pessoas.

II. SEGUNDO ATO DE JUSTIÇA — A ORAÇÃO

1. Orar com discrição.
De forma semelhante, o Mestre trata da oração (v.5). Como alguém que orava muito (Lc 6.12,13; 11.1; Mt 14.23; 26.36-46; Lc 22.44), Jesus não desaconselha a prática da oração, antes a afirma (Mt 26.41; Lc 18.1). Contudo, o Mestre dá instruções muito claras acerca do cuidado com a discrição no momento de se falar com Deus (v.5). Ele refere-se ao perigo de querer mostrar-se piedoso, e não da posição física ou mesmo do ato de orar em público em algum momento (Mt 11.25,26; Lc 18.10-14). Quem quer mostrar-se piedoso a fim de obter aplausos e admiração pública nada deve esperar da parte de Deus em termos de galardão.

2. Orar secretamente.
A oração sigilosa é a prática recomendada pelo Mestre (v.6). A quem utilizava tal expediente para destacar-se, a observação do Senhor soava como afronta. Os fariseus costumavam agir dessa maneira e, certamente, ficaram aborrecidos e desapontados por causa da orientação de Jesus (Mt 23.14). No entanto, como ilustra a história de Agar e Ismael, Deus não apenas ouve orações secretas e até mesmo o choro, mas os atende (Gn 21.14-21).

3. O perigo de a oração degenerar-se em vãs repetições.
A advertência do Senhor não se restringe a não orar como os hipócritas (os fariseus), mas para se cuidar com o perigo de a prática da oração não degenerar-se em artifícios, ou seja, adotar a forma pagã de orar como aqueles que não têm conhecimento de Deus. Estes achavam que usando mantras (fórmulas repetitivas para se pronunciar), obteriam o favor divino (v.7). Na verdade, como Criador, o Pai já sabe tudo o que o ser humano necessita (v.8 cf. vv.26-34). É curioso o fato de Jesus advertir para o perigo de que a prática hipócrita pode acabar levando à prática pagã, degenerando completamente a oração.

Pense!
Depois de aprender com essas orientações do Senhor, como devemos proceder ao orar?

Ponto Importante
O perigo de se orar com motivações mesquinhas, de acordo com o que ensina Jesus, é acabar levando as pessoas ao paganismo de achar que desenvolvendo mantras, suas orações se tornarão eficazes e, consequentemente, atendidas.

III. TERCEIRO ATO DE JUSTIÇA — O JEJUM

1. A prática do jejum no Antigo Testamento.
Considerando o volume de texto, são poucas as referências a respeito do jejum no Antigo Testamento. A recomendação na Lei, por exemplo, era que se fizesse uma vez ao ano na chamada Festa da Expiação (Lv 16.29-34). Outras referências à prática do jejum no Antigo Testamento têm uma relação direta com a crença e a devoção pessoais (2Sm 12.16-23; 2Cr 20.3; Ed 8.21; Ne 9.1; Et 4.3; Jl 2.12; Jn 3.5, etc.).

2. O jejum no Novo Testamento.
Jesus falou acerca do jejum unido à oração com finalidades bem definidas (Mt 17.21). Já os fariseus jejuavam, ritualística e religiosamente, duas vezes na semana (Lc 18.12). A fim de que não restassem dúvidas de que eles estavam jejuando, os fariseus adotavam outros procedimentos que caracterizavam a prática e, assim, garantiam a si próprios que as pessoas reconheceriam que eles estavam jejuando (v.16 cf. Mt 11.21; Lc 10.13).

3. O verdadeiro jejum.
O Mestre diz que, tal como a prática de dar esmolas e orar, o jejum deve ser discreto e ter motivações nobres, pois do contrário a pessoa já recebia sua recompensa (v.16). Assim, o ensino de Jesus objetiva a discrição ao jejuar, pois se tal ato visa agradar a Deus, não há necessidade alguma de que isso transpareça a outros (vv.17,18). Ademais, é sempre oportuno lembrar-se do jejum requerido por Deus em Isaías 58.2-12.

Pense!
Sendo uma prática devocional, devemos convocar um jejum coletivo?

Ponto Importante
A não ser por questões puramente espirituais, a forma de jejum mais aconselhável é a de praticar a justiça social exposta em Isaías 58.2-12.

CONCLUSÃO
Ao utilizar, nas três recomendações dos atos de justiça, a expressão “hipócritas”, o Mestre faz alusão aos fariseus, cujo qualificativo depreciador, tornou-se sinônimo deles (vv.2,5,16 cf. Mt 15.1,7; 16.1,3,6,12; 22.15-18 etc.). A advertência era que as pessoas não se tornassem, tal como aqueles religiosos, hipócritas, isto é, fingidos. Tal advertência continua atualíssima para os dias atuais.

HORA DA REVISÃO

1. Quais são os três “atos de justiça do judaísmo”?
Esmola, oração e jejum.

2. Jesus aboliu a prática de dar esmolas?
Não, pois os pobres devem ser ajudados e assistidos em suas necessidades por aqueles que possuem mais condições (Mt 25.31-46; At 20.35).

3. O Mestre disse algo a respeito da posição em que se deve orar ou proibiu se orar em público?
Não, Ele apenas orientou acerca do perigo de querer mostrar-se piedoso (Mt 11.25,26; Lc 18.10-14).

4. De acordo com o que Jesus ensinou, como se deve agir ao ajudar, orar ou jejuar?
Tudo deve ser discreto e ter motivações nobres, pois do contrário a pessoa já recebia sua recompensa.

5. Fale a respeito do jejum de Isaías 58.2-12.
Resposta pessoal.
fonte http://marcosandreclubdateologia.blogspot.com.br