O Pai-Nosso
7 de Maio de 2017
TEXTO DO DIA
“E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar [...]” (Lc 11.1).
SÍNTESE
A oração do Pai-Nosso representa uma segurança, mas também um desafio aos discípulos do Senhor de todos os tempos.
TEXTO BÍBLICO
Mateus 6.9-15.
9 — Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10 — Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.
11 — O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12 — Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
13 — E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!
14 — Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós.
15 — Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
INTRODUÇÃO
Embora “curta”, a belíssima oração do Senhor, também conhecida como Pai-Nosso, ou oração dominical, contém farto material de instrução bíblica e teológica. Há muito se dividem as opiniões acerca de ela ser uma oração para se repetir tal como o Mestre ensinou ou se constitui apenas um roteiro, ou esboço, que os crentes devem utilizar como forma de orientação de seus devocionais particulares ou na liturgia de um culto. O fato mais importante é que o Mestre orava e, com seu exemplo e suas palavras, ensinou seus discípulos a fazerem o mesmo, tanto na forma, quanto no conteúdo (Lc 11.1-4).
I. FILIAÇÃO DIVINA, RECONHECIMENTO DA SANTIDADE E A VINDA DO REINO
1. Paternidade celestial.
O Antigo Testamento registra pouquíssimas ocorrências em que Deus é, de forma inferida ou textual, chamado de Pai (Dt 32.6; 2Sm 7.14; 1Cr 17.13; Sl 68.5; Is 64.8; Jr 3.4; 31.20; Ml 1.6; 2.10). A novidade trazida pelo Senhor é a forma íntima como não apenas Ele se dirige ao Pai, mas também sua abertura a cada um de seus discípulos para que possam dirigir-se ao Criador da mesma forma. Ainda que reconhecendo sua grandeza e transcendência (“que estás nos céus”), o Mestre demonstra que o Pai não está longe, pois é “nosso” (v.9).
2. A santidade do nome divino.
A santificação do nome do Pai, não é de alguma coisa produzida pelo suplicante, ou seja, a santidade é intrínseca ao nome do Criador (v.9). Conforme o entendia a cultura judaica, o nome de Deus era inseparável da sua Pessoa (Êx 3.13,14; 20.7). Sendo santo, o nome do Pai, cabe a quem se dirige a Ele, respeitá-lo.
3. A vinda do Reino e a vontade divina cumprida integralmente.
A primeira súplica é definidora e norteia todo o restante. É importante notar que ela diz respeito à realidade divina e não terrenal. Pedir ao Pai, cujo nome é santo e a quem não se deve dirigir a palavra se esta não corresponde à intenção, para que o Reino dEle venha (v.10a), não contempla apenas um desejo escatológico ou de uma vinda futurística. O complemento do que se está suplicando revela claramente que se aspira que a vontade do Eterno Deus seja feita aqui (onde os seres humanos exercem sua vontade própria), tal como ela é realizada no céu, onde a vontade do Criador é ordem vigente e situação em curso (v.10b). E a prova de que o suplicante quer exatamente isso, é se em sua própria experiência de vida, no dia a dia, ele permite que a vontade divina seja prevalente (Rm 6.11 cf. Gl 2.20).
Pense!
Queremos, de fato, que a vontade de Deus seja feita na Terra, assim como ela é feita no céu?
Ponto Importante
Aspirar pelo Reino de Deus significa estar disposto a abdicar, aqui e agora, das vontades terrenas que nos prendem ao materialismo e ao consumismo.
II. O ALIMENTO, O PERDÃO MÚTUO E O LIVRAMENTO
1. O alimento necessário, tanto para hoje quanto para o amanhã.
De acordo com os melhores especialistas da língua grega, a expressão epiousios (“cada dia”), contém três possibilidades de significação: pão necessário, pão diário e pão de amanhã (v.11). Dessa maneira, o primeiro pedido referente à realidade e necessidade terrenas tem um sentido bem mais profundo, pois leva em conta tanto aquilo que é urgente, quanto o que é necessário e até mesmo o desejo maior do discípulo, qual seja participar da Grande Ceia daquele Dia (Lc 14.15-24 cf. Mt 26.26-29). O pão de cada dia pedido para agora é, nesse caso, um desejo escatológico de que venha a plenitude do Reino, conforme pedido na primeira súplica referente à realidade divina.
2. Perdão divino e perdão no relacionamento interpessoal.
As bem-aventuranças precisam ser lembradas nesse ponto (Mt 5.3-12), pois elas mostram claramente a forma, ou perspectiva, segundo a qual os filhos do Reino veem todas as coisas. Assim, o que parece ser uma condição para ser perdoado por Deus é, na verdade, uma expressão do comportamento de quem encara as ofensas, insultos e até agressões, de forma perdoadora (v.12 cf. Mt 5.11,12). Justamente por ter aprendido com o Pai é que os filhos assim se comportam e, por isso, dirigem-se ao Senhor dessa maneira (1Jo 4.19). Uma vez que o Mestre estava ensinando os discípulos, mas considerando também uma audiência maior e, nesse caso, especificamente os fariseus, pelo fato de a piedade judaica possuir um conceito de perdão bastante restrito (tradicionalmente eram apenas três vezes que se deveria perdoar uma ofensa, Pedro “amplia” para sete tentando ser mais generoso, cf. Mt 18.21), Cristo então, depois de ensinar a oração, aí sim, considera a justiça dos fariseus e afirma ser uma condição para obter o perdão divino, exercer misericórdia e perdoar as pessoas (vv.14,15).
3. Livramento e queda.
A tradução literal desse texto dá uma ideia bastante negativa (Tg 1.13-15). Todavia, especialistas da língua grega defendem que uma tradução melhor revelaria que o que se quer dizer aqui é algo como “Não permitas que caia nas mãos do pecado” (v.13). Mas o sentido não é ser livrado da tentação em si, mas a última petição refere-se a não permitir que o suplicante caia em pecado, sucumba à provação e assim aparte-se de Deus (Lc 22.31,32 cf. Tg 1.2,3).
Pense!
Se a fim de obter o perdão divino devemos realmente perdoar a cada um que nos ofende, o quanto fomos perdoados desde que aceitamos o Evangelho?
Ponto Importante
Nossa cultura individualista reputa como uma fraqueza alguém não revidar à agressão, porém, quem se orienta pelos valores e justiça do Reino, deve ignorar o que se ensina a esse respeito.
III. A GLORIFICAÇÃO DO PAI NO FINAL DA ORAÇÃO
1. O Reino.
A oração termina com o reconhecimento de que o Reino é de Deus, e não propriedade dos homens (v.13). A despeito de muitos, de ontem e de hoje, pretenderem-se “donos” do Reino, ele continua sendo de Deus (Mt 23.13 cf. Mt 21.31).
2. O poder.
Os discípulos serão felizes se, tal como o salmista, conseguirem entender a mensagem de que “o poder pertence a Deus” (Sl 62.11).
3. A glória.
A glória pertence ao Senhor (Is 42.8). Qualquer oferta que venha com essa proposta, por mais sedutora que seja, é diabólica (Mt 4.8-10). O Mestre é a expressa imagem dessa glória que pertence somente ao Pai (1Jo 1.14).
Pense!
Será que existe, atualmente, pessoas que se acham proprietárias do Reino de Deus?
Ponto Importante
Sendo o poder e a glória pertencentes a Deus, nada justifica a postura altiva daqueles que se dizem seguidores de Cristo.
CONCLUSÃO
A oração do Senhor tem uma intenção muito clara, ensinar aos discípulos a não orar como os hipócritas ou como os pagãos. A introdução no versículo nove demonstra isso: “Portanto”. Os que abraçaram o Evangelho de Jesus e aceitaram sua justiça devem orar exatamente assim.
HORA DA REVISÃO
1. Qual a lição mais importante ensinada por Jesus na oração do Pai-Nosso?
O fato mais importante é que o Mestre orava e, com seu exemplo e suas palavras, ensinou seus discípulos a fazerem o mesmo, tanto na forma, como no conteúdo (Lc 11.1-4).
2. Ao dirigir-se a Deus como Pai, qual era a novidade dessa forma de Jesus tratar o Criador?
A novidade trazida pelo Senhor é a forma íntima como não apenas Ele se dirige ao Pai, mas também sua abertura a cada um de seus discípulos para que possam dirigir-se ao Criador da mesma forma.
3. Qual o significado de orar pela vinda do Reino e suplicar que a vontade de Deus seja feita na Terra assim como ela é feita no céu?
Se aspira que a vontade do Eterno Deus seja feita aqui (onde os seres humanos exercem sua vontade própria), tal como ela é realizada no céu, onde a vontade do Criador é ordem vigente e situação em curso (v.10b).
4. Como deve ser o comportamento de quem ora pedindo a Deus que o perdoe assim como perdoa as pessoas?
O comportamento de quem encara as ofensas, insultos e até agressões, de forma perdoadora (v.12 cf. Mt 5.11,12).
5. Comente sobre o final da oração, isto é, fale sobre Reino, poder e glória de Deus.
Resposta pessoal.
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