David Eubank carrega criança, vítima do Estado Islâmico, nos braços. (Foto: Free Burma Rangers)
David Eubank contou que após descobrir que havia sobreviventes entre os corpos de vítimas do Estado Islâmico em uma zona de guerra, orou e correu para o resgate.
O militar da reserva do Exército norte-americano, David Eubank relatou sobre como viu Deus agir de forma clara recentemente, mesmo quando todas as possibilidades pareciam estar contra ele e os civis que ele tentava proteger no Oeste de Mossul (Iraque).
Eubank é um soldado da reserva do Exército dos EUA, que fundou um grupo paramilitar, chamado "Free Burma Rangers" ("Guardiões Livres de Myanmar") para proteger civis em locais onde o terrorismo e a guerra têm tornado as situações cada vez mais críticas.
No início deste mês de junho, David e sua equipe receberam uma ligação de uma unidade militar iraquiana que estava lutando contra terroristas do Estado Islâmico, em Mossul.
"O Estado Islâmico abriu fogo intenso quando nos aproximamos do grupo de três sobreviventes", disse Eubank em uma postagem da Instagram.
"A unidade que nos ligou disse que os civis estavam chegandp à base deles, muitos tendo sido atingidos por tiros dos terroristas", contou Eubank à CNN.
Ele e os outros Guardiões estão atualmente no Iraque, ajudando milhares de civis a fugirem das áreas de risco, que ainda estão sob domínio ou ataque do Estado Islâmico.
Cenário de guerra
A equipe entrou em ação depois que eles receberam a ligação da unidade iraquiana.
"Nós chegamos lá e um rapaz veio chorando muito e dizendo: 'Minha filha foi baleada na minha frente, e a cabeça dela explodiu", lembrou Eubank.
O cenário era desesperador. Pelo menos 50 corpos de pessoas massacradas por combatentes do ISIS enquanto tentavam fugir, ainda estavam espalhados pelos arredores. Eubank tirou uma foto da cena.
Mas momentos depois de colocar a câmera para baixo, ele viu um movimento entre os mortos.
"Nós olhamos para aqueles 13 corpos meio que amontoados e então percebemos um movimento", contou o líder dos Guardiões.
Ele e sua equipe estavam a 150 metros de distância daqueles corpos, mas os terroristas do Estado Islâmico não paravam de atirar, o que dificultava o acesso dos Guardiões aos corpos para verificar o que era aquele movimento.
"A tentativa de escapar exigiria uma corrida em um terreno aberto e sobrecarregado pelo poderoso poder de fogo do Estado Islâmico", descreveu Eubank no site oficial dos Guardiões de Myanmar. "Nossa equipe podia ver que muitos soldados acabaram morrendo na tentativa de atravessar aquele, mas alguns ainda estavam vivos".
Ele sabia que tinha que fazer algo, mas também sabia bem dos riscos que ele sua equipe corriam.
"Não havia como atravesar aquele campo para ajudar os sobreviventes, mesmo que estivessem a apenas 150 metros de distância", escreveu Eubank. "Mas Eles [Guardiões] oraram e Deus abriu um caminho para eles".
Ele convocou as autoridades militares iraquianas e norte-americanas para saber se poderiam ajudar nesta importante ação.
"Nós oramos e conversamos com as forças iraquianas sobre como poderíamos fazer um resgate", disse Eubank. "Oramos mais e chamamos nossos amigos militares norte-americanos".
Então a ajuda veio. As forças dos EUA que apoiam os iraquianos com aviões formaram uma cortina de fumaça em sua localização, dando-lhes apenas o tempo suficiente para avançar por quase 150 metros.
"O Estado Islâmico abriu fogo intenso quando nos aproximamos do grupo de três sobreviventes, reunidos e entre mais de 50 cadáveres espalhados pela rua - bebês mortos, mães e pessoas de todas as idades - e já tinha sido assim por dois dias. Além do sol ardente, tínhamos que enfrentar os tiros dos terroristas", escreveu Eubank no Instagram.
David Eubank e outros "Guardiões" com sobreviventes de ataques do Estado Islâmico. (Foto: Free Burma Rangers)
A travessia
A cortina de fumaça deu cobertura aos Guardiões e outros soldados contra os tiros do Estado Islâmico. Um tanque iraquiano foi usado para cobrir Eubank e sua equipe durante o resgate.
"Os americanos responderam prontamente, nos ajudando a formar novamente outra cortina de fumaça quando o tanque partiu e passou entre os tiros desordenados do Estado Islâmico. Orei novamente, para que fôssemos guiados até os sobreviventes", lembrou Eubank sobre o momento em que passavam em meio a toda aquela fumaça e os tiros.
Ele atravessou aquele terreno aberto, onde todos os cadáveres estavam espalhados. Então, de repente, uma menina espiou por debaixo do cadáver de uma mulher.
"Eu vi uma pequena filha sair da parte de baixo do hijab [véu] de sua mãe morta e nós a chamamos, mas ela e outros dois homens feridos e ainda vivos não conseguiam sair dali", lembrou Eubank.
David então pegou a garota nos braços e agora teria que se arriscar durante os quase 150 metros de volta para o local onde eles estavam, refazendo a travessia.
"Ela estava gritando no meu colo, porque não queria deixar o corpo de sua mãe ali", disse Eubank à CNN.
Novamente, Eubank pediu que formassem uma nova cortina de fumaça.
"Os americanos nos responderam prontamente de novo", disse Eubank. "Eu orei e disse para mim mesmo: 'é agora ou nunca'. Eu sei que se eu morresse ali, minha família entenderia que foi para salvar a vida daquela garota".
"Corri o mais rápido que pude, depois que tirei a menina daquela pilha de cadáveres e voltei ao tanque. O Estado Islâmico continua atirando o tempo todo, mas o tanque iraquiano também continuava nos dando cobertura", acrescentou Eubank.
Outros Guardiões também conseguiram resgatar um homem do meio daqueles cadáveres naquele dia.
Tanto a garota quanto o homem foram rapidamente levados a um hospital iraquiano e estão se recuperando.
No dia seguinte, Eubank voltou à mesma região e ainda conseguiu resgatar mais sete sobreviventes.
"Mais de 70 mortos estavam espaçlhados ao redor dos sobreviventes - homens, mulheres, crianças, idosos, portadores de deficiência - ninguém foi poupado", disse Eubank.
Missão Família
A esposa de Eubank, Karen e seus filhos também estão no Iraque, ajudando aqueles que estão fugindo do Estado Islâmico.
Karen Eubank enviou à CBN News uma foto da garotinha que eles resgataram. Ela pode ser vista sentada em uma cama, assistindo a desenhos cristãos em um laptop.
"Ela passou a primeira noite e o dia seguinte conosco", disse Karen à CBN em um e-mail.
Guiame