Texto: (Jo 1.1-14)
INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos que o advento do salvador é um evento incomparável; pontuaremos também propósitos para o aparecimento de Cristo na história da humanidade; e por fim, elencaremos algumas importantes verdades sobre a encarnação do Verbo, à luz do Evangelho escrito pelo apóstolo João.
I – O NASCIMENTO DE JESUS, UM ADVENTO INCOMPARÁVEL
De acordo com o dicionário Houaiss (2001, p. 94), o termo advento significa: “aparecimento, chegada de (alguém ou algo)”. O nascimento de Jesus é um advento incomparável na história da humanidade. Sobre o aparecimento de Cristo Brunelli afirma: “Tanto a chegada de Jesus a este mundo como a Sua saída ocorreram atipicamente. Esses acontecimentos (nascimento, ressurreição e ascensão) comprovam que Jesus não era uma pessoa comum” (2016,vol. 2, p. 50). Seu nascimento é um marco para a humanidade, um divisor de águas; tanto é fato que, ao nos reportarmos a eventos passados da história, usamos frequentemente a expressão: “antes de Cristo” (a.C.) e, “depois de Cristo” (d.C.). Notemos aspectos desse advento, que o tornou incomparável:
1.1 Uma concepção sobrenatural. A concepção de Jesus foi proveniente de uma ação miraculosa de Deus por meio do Espírito Santo no ventre da jovem Maria (Mt 1.18,20; Lc 1.34,35). O mesmo Espírito que no princípio pairava sobre as águas no relato da criação (Gn 1.2), semelhantemente de maneira maravilhosa, agiu na encarnação de Cristo. A respeito do advento de Jesus, o apóstolo Paulo diz: “[…] grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (1Tm 3.16).
1.2 Um nascimento natural. Apesar da concepção de Jesus ter sido sobrenatural, o seu nascimento aconteceu de maneira natural como qualquer outra pessoa. Maria teve uma gestação comum (biologicamente) a qualquer mulher de sua época, por isso é dito que Ele era nascido de mulher (Lc 2.4,5; Gl 4.4). Para os que viviam em Nazaré e desconheciam a sua procedência divina, o nazareno era tão somente um dos filhos de José (Lc 4.22; ver Lc 3.23). Essa informação nos ajuda a entender que sua plena humanidade seria evidente a partir de seu nascimento humano comum, e a sua plena divindade seria evidente a partir do fato de sua concepção no ventre de Maria pela obra poderosa do Espírito Santo (GRUDEM, 2007, p. 250).
II – PROPÓSITOS DO NASCIMENTO DE JESUS
Algumas pessoas ainda insistem em duvidar que Jesus tenha realmente existido; apesar disso, muitos historiadores atestaram essa verdade (ainda que como um personagem histórico), como os historiadores romanos Tácito, Plínio, o historiador judeu Flávio Josefo e até o Talmude, que também se refere a Jesus de Nazaré como uma pessoa histórica. Biblicamente afirmamos que Cristo em sua aparição na história humana, destaca-se também pelas razões que o fizeram vir ao mundo. Notemos alguns propósitos do nascimento de Jesus:
2.1 Como cumprimento profético. Desde o início das Escrituras vemos Deus prometendo enviar seu Filho ao mundo, começando pelo proto evangelho (Gn 3.15), e continuando por todo o AT. Isaías denominado o profeta messiânico assim declarou sobre o nascimento do Salvador: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14; ver Is 9.6). Há mais de trezentas referências do AT que se cumpriram em Jesus. Vejamos algumas:
PROFECIA | PROFETIZADO EM: | CUMPRIDO EM: |
O Messias nascido da semente da mulher | Gn 3.15 | Gl 4.4 |
O Messias nasceria de uma virgem | Is 7.14 | Mt 1.18; Lc 1.26-35 |
O Messias seria descendente de Abraão, Isaque e Jacó v | Gn 12.3; 17.19; 28.14 | At 3.25; Lc 3.23; Mt 1.1-13 |
O Messias descenderia da tribo de Judá | Gn 49.10; Sl 2.6-9 | Lc 3.33,34; Mt 1.2-3 |
O Messias descendente de Davi e herdeiro do trono | 2Sm 7.12-13; Sl 132.11; Jr 23.5 | Mt 1.1,6 |
O Messias nasceria em Belém | Mq 5.2 | Mt 2.1-2 |
O Messias seria chamado do Egito | Os 11.1 | Mt 2.15 |
2.2 Para revelar o Pai. Ninguém pode ver a Deus e viver (Êx 33.20), pois Ele habita na luz inacessível (1Tm 6.16). Uma das razões para que Cristo viesse ao mundo, foi exatamente para revelar o Deus invisível (Jo 4.24; Cl 1.15; 1Tm 1.17). Na encarnação Jesus nos revela o Pai com perfeição: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” (Jo 1.18; ver 2Co 4.4); devido a sua igualdade substancial (Fp 2.6; Cl 1.15; Cl 2.9; Hb 1.3), quem o vê, também vê ao Pai (Jo 14.9), pois afirma: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). A divindade de Jesus em sua humanidade é a chave para o conhecimento íntimo de Deus. Vindo ao mundo, Cristo revelou perfeitamente como Deus é. Morrendo por nós na cruz, ele demostrou quanto Deus nos ama (1Jo 3.1; 4.10,11,19; 5.15) (MACDONALD, 2011, p. 235 – acréscimo nosso).
2.3 Para desfazer as obras do Diabo. Após a transgressão de Adão (Gn 3), de alguma maneira sua desobediência deu liberalidade para que o Diabo atuasse na raça humana (Ef 2.2), e isso se torna mais evidente pela prática do pecado pessoal (1Jo 3.8-a). Porém, com o advento de Cristo e consequentemente na sua morte, Ele desfez os laços com os quais as obras do Diabo se mantinham unidas: “[…] Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.8-b), Cristo Jesus derrotou e submeteu para sempre os poderes do mal (Mt 12.25-29; Lc 10.18; Jo 2.31; Cl 2.15; 1Pd 3.22). Jesus Cristo, mediante sua vitória, quebrantou o poder das forças do Diabo, e mediante sua ajuda essa mesma vitória pode ser nossa (BARCLAY, sd, p. 89).
2.4 Para salvar o homem de seus pecados. As Escrituras afirmam que Deus criou o homem reto (Ec 7.29). Porém, por causa do pecado de Adão (Gn 3.1-24) todos os homens tornaram-se destituídos da glória de Deus (Rm 3.23) e estavam debaixo da ira de Deus (Rm 1.18; Ef 5.6), marchando para a perdição (Rm 2.5). Por isso, Jesus se manifestou para aniquilar o pecado pelo Seu próprio sacrifício (Hb 9.28; 1Jo 3.5). Foi o próprio anjo Gabriel que destacou o propósito soteriológico do nascimento de Jesus: “[…] porque ele salvará o seu povo dos pecados” (Mt 1.21); para tanto, foi necessário que levasse em seu corpo os nossos pecados (Is 53.5; 1Pd 2.24), reconciliando o homem a Deus (2Co 5.19; lTm 2.5,6). Assim como por um homem entrou o pecado no mundo (Rm 5.12), e pela desobediência de um só todos foram feitos pecadores; Deus determinou que também por um só homem, Jesus Cristo, viesse o dom gratuito (Rm 5.15), e pela obediência de um, muitos fossem feitos justos (Rm 5.19).
III – A ENCARNAÇÃO DO VERBO
3.1 O fato da encarnação. No início da narrativa do Evangelho, o apóstolo João afirma: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós […]” (Jo 1.14-a). O que significa dizer que Cristo, o Deus eterno, tornou-se humano (Fp 2.5-9). A doutrina da encarnação do “Verbo Divino”, excede todo o entendimento humano. Desse milagre depende a essência do Evangelho. Foi por meio desse milagre que Deus introduziu no mundo o Primogênito (Hb 1.6); que Jesus veio em semelhança de carne (Rm 8.3), foi feito “descendência de Abraão” (Hb 2.16), “em tudo […] semelhante aos irmãos” (Hb 2.17). A encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5) e ser o fiel sumo sacerdote, para expiar os pecados do povo (Hb 2.17). Os gnósticos (grupo herético do 1º e 2º século), da época do apóstolo João, afirmavam que não houve uma encarnação real, pois pensavam que o corpo de Jesus fosse apenas uma “semelhança”. Para eles, Cristo era, no máximo, uma teofania (uma aparição de Deus em forma humana). Alegavam que o Verbo nunca se tornou carne, realmente. Em oposição, João fez uma declaração simples, direta e poderosa: “O Verbo se fez carne” (1Jo 4.2; 2Jo 7) (BEACON, 2006, p. 30).
3.2 A rejeição do Verbo. A nação que examinava as Escrituras e que aguardava a vinda do Messias, orando ardentemente por este acontecimento, cantando e profetizando acerca de sua vinda, não o reconheceram e nem o receberam quando Ele veio: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11; ver Lc 19.14). O que João nos ensina claramente é que Deus oferece a salvação por seu Filho Jesus a todas as pessoas (Jo 1.9; 3.16), porém, esse presente pode ser rejeitado (At 7.51,52; 1Pd 2.7,8).
3.3 A dádiva da encarnação. O homem só tem o poder (o direito) de se tornar filho de Deus, se crer em Cristo: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Jo 1.12). Quando o homem crê e experimenta o novo nascimento (Jo 3.1-7), automaticamente passa a fazer parte da família de Deus (Ef 2.19), sendo esse privilégio, mais uma expressão do grande amor de Deus (1Jo 3.1). No entanto, as Escrituras deixam bem claro que, aqueles que o receberam tornaram-se filhos de Deus, não por serem descendentes de Abraão “não nasceram do sangue”, nem por geração natural “nem da vontade da carne”; nem pelos seus próprios esforços “nem da vontade do homem”,“mas de Deus” (cf. Jo 1.13), ou seja, através do dom gratuito e sobrenatural da parte de Deus, mediante uma nova vida gerada pelo Espírito Santo (2Pd 1.4).
CONCLUSÃO
O grande Amor de Deus, que é a essência do seu ser, foi provado ao enviar seu único Filho ao mundo, com a expressa finalidade de trazer salvação a todos os homens.
REFERÊNCIAS
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
BRUNELLI, Walter. Teologia para Pentecostais: Uma Teologia Sistemática Expandida. ACADÊMICO.
GRUDEM, Wayne. Manual de Doutrinas Cristãs: Teologia Sistemática ao alcance de todos. VIDA.
MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. MC.
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