ESCOLA DOMINICAL CPAD JOVENS - Conteúdo da Lição 2


A cosmovisão cristã em um mundo de vãs ideologias
08 de Outubro de 2017


TEXTO DO DIA
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

SÍNTESE
Desenvolver uma visão de mundo essencialmente cristã é crucial para discernir a vontade de Deus em uma época cheia de ideologias vãs.

TEXTO BÍBLICO

Romanos 12.1,2; Colossenses 2.4-8.

Romanos 12
1 — Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 — E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Colossenses 2
4 — E digo isto para que ninguém vos engane com palavras persuasivas.
5 — Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.
6 — Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele,
7 — arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças.
8 — Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.

INTRODUÇÃO
Sabemos que a sociedade atual é dominada por ideologias incompatíveis com o evangelho. Tais formas de pensamento negam a soberania de Cristo e tentam substituir os valores cristãos por concepções secularizadas do mundo. Saber, portanto, como elas funcionam e quais são os seus fundamentos é crucial para o crente não ser enredado por engodos e vãs sutilezas.

Nesta lição, além do conceito de ideologia e as características que contradizem a fé cristã, veremos como formar uma mentalidade essencialmente cristã, uma visão de mundo abrangente, pela qual possamos discernir as vozes do nosso tempo e refutar os sistemas de ideias incompatíveis com as Escrituras.

I. UM MUNDO MOVIDO POR IDEIAS E IDEAIS

1. Ideologia e seu sentido.
Diariamente, as pessoas são compelidas a decidir sobre uma série de coisas ou a se pronunciar a respeito dos mais variados temas que emergem na sociedade. Tais ações não são adotadas em completa neutralidade. Um dos aspectos que moldam a conduta e a opinião de alguém, especialmente nos temas mais complexos, é a sua ideologia. Em linhas gerais, os dicionários definem “ideologia” como o conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais, políticos que caracterizam o pensamento de um indivíduo ou grupo social. A ideologia é um elemento crucial em qualquer visão de mundo, pois fornece as crenças básicas e estabelece os ideais de vida de uma pessoa.

2. Ideias e consequências.
“Ideias têm consequências” é a frase que melhor explica o caráter orientador das ideologias, seja de forma individual ou coletiva. Jesus afirmou que uma árvore é conhecida pelos seus frutos (Mt 7.15-20). Assim como árvores ruins não podem dar bons frutos, ideologias maléficas, portadoras de visões distorcidas acerca da humanidade e da moralidade, não podem dar bons resultados para a sociedade; ao contrário, elas trazem prejuízos e levam ao caos social. Por esse motivo, devemos ter cautela e discernimento para não nos tornarmos presas de ideologias desvirtuadas, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo (Cl 2.8).

Pense!
Ideologia não é algo puramente teórico. Tem consequência prática na vida das pessoas.

Ponto Importante
A ideologia é um elemento crucial em qualquer cosmovisão, pois fornece as crenças básicas e estabelece os ideais de vida.

II. CARACTERÍSTICAS DAS IDEOLOGIAS CONTRÁRIAS AO EVANGELHO

1. Idolatram algo dentro da criação.
O ponto comum a todas as ideologias contrárias ao Evangelho é a ênfase excessiva a algum aspecto da criação, o que faz surgir um tipo de idolatria (Êx 20.3; Rm 1.25; 1Co 10.7). Tal ocorre quando se valoriza mais a liberdade (individualismo), a nação (nacionalismo), o dinheiro (capitalismo), a propriedade comum (socialismo) ou o meio ambiente (ambientalismo), por exemplo, acima de Deus, crendo que tais elementos, por si sós, possam proporcionar prosperidade, segurança e salvação para o homem.
Ainda que possam expressar desejos legítimos, a devoção demasiada a cada um desses aspectos equipara-se à idolatria. Afinal, compreendemos que o pecado de idolatria se expressa não somente pela adoração aos deuses feitos de pedra ou madeira, mas também pela veneração a ideias e doutrinas humanas, que possam levar a um estilo de vida correspondente (Sl 115.8). Nesse aspecto, cabe o alerta paulino para fugir da idolatria (1Co 10.14). Não se deixe enganar por ideias que têm aparência de piedade (2Tm 3.5) e dizem defender o bem, mas no fundo estão cheias de mentiras (Jo 8.44).

2. Negam a realidade do pecado. As ideologias mundanas negam os efeitos do pecado, ao dizer que a natureza humana é essencialmente boa. O filósofo francês do Século XVIII Jean-Jacques Rousseau dizia que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Tal concepção, além de defender a completa liberdade e autonomia do indivíduo, como forma de libertação das instituições da sociedade, especialmente família e igreja, leva a uma visão utópica da realidade, na qual acredita ser possível criar uma sociedade perfeita nesse mundo, bastando estabelecer as estruturas econômicas e sociais adequadas. O utopismo não se coaduna com as bases cristãs, pois sabemos que os problemas deste mundo, embora possam ser remediados pela lei e pelos bons costumes, nunca serão solucionados completamente, diante da falibilidade humana. Depois da Queda, nos tornamos falhos e precisamos de regeneração, por isso o teólogo holandês Jacó Armínio afirmou ser necessária uma renovação do nosso intelecto, afeições ou vontade.

3. Descrêem no mundo espiritual.
A ideologia materialista não concebe a existência de algo além da matéria, assim como rejeita a concepção bíblica sobre os eventos escatológicos, tais como a volta de Jesus (1Ts 4.16,17), o julgamento dos pecadores (Ap 20.11) e a eternidade (Êx 15.18). Pense no perigo que essa ideia representa. Se não existe nada além do que podemos enxergar, a vida não tem propósito e o ser humano não deve prestar contas de seus atos a ninguém. Fiódor Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Nessa mentira diabólica está a justificação para o hedonismo, o liberalismo moral, o antropocentrismo e todo tipo de “ismo” iníquo, destruidor da moral e dos bons costumes.
Contradizendo a natureza e a narrativa bíblica (Gn 1.27), a mundana “ideologia de gênero”, por exemplo, apregoa que os dois sexos — masculino e feminino — são construções culturais e sociais, razão pela qual cada pessoa tem o direito de fazer a sua opção sexual (gênero). É uma prova do poder devastador das ideologias defendidas pelos ímpios. Paulo vaticinou que o “fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3.19). Mas nós pensamos nas coisas que são de cima! (Cl 3.2).

Pense!
Enquanto as ideologias são concebidas pelos homens, as verdades da fé cristã são reveladas por Deus. O cristianismo, por isso, não é uma ideologia

Ponto Importante
Se não existe nada além do que podemos enxergar, a vida não tem propósito e o ser humano não deve prestar contas de seus atos a ninguém.

III. MENTES RENOVADAS PARA UM MUNDO CHEIO DE IDEOLOGIAS VÃS

1. Inconformados com o mundo.
Diante de um contexto repleto de filosofias e ideologias nocivas à fé cristã, é preciso vivenciar na íntegra a recomendação paulina para não nos conformarmos (gr. syschematizesthe) com este mundo (Rm 12.2a). O sentido deste aconselhamento é que não nos amoldemos à forma, ao modelo, ao esquema do mundo. Nesta passagem, a palavra “mundo” não se refere às pessoas ou ao universo físico, e sim ao sistema filosófico, ideológico e espiritual fomentado pelo deus deste século e pela carne, em oposição à vontade de Deus. Nesse aspecto, expressou A. W Tozer: “A cruz ergue-se em ousada oposição ao homem natural. Sua filosofia é contrária aos processos da mente não regenerada”.

Não permita que o mundo à sua volta e as tendências da presente época definam o seu modo de viver. Mantenha a sua identidade, ainda que a maioria o ridicularize por suas convicções cristãs!

2. Transformação permanente.
O aconselhamento bíblico não se encerra no inconformismo. Além de rejeitar o costume do mundo, o salvo em Cristo deve ser transformado (gr. metamorphos). Isto ocorre primeiramente com a nova vida (Rm 6.4), mas deve prosseguir como uma prática constante (2Co 3.18). É um processo contínuo, como explica o Comentário Beacon: “Transformai-vos tem a força de ‘continuem sendo transformados’. Ao invés de nos entregarmos às influências que tendem a nos moldar à semelhança das coisas que estão ao nosso redor, devemos, dia após dia, empreender uma mudança na direção oposta”.

3. Em direção a uma cosmovisão cristã.
A transformação a que Paulo alude se dá pela renovação da mente. Enquanto cristãos, somos conclamados a desenvolver uma mentalidade eminentemente cristã, uma visão de mundo direcionada pelo pensamento de Deus, aplicável a todos os setores da sociedade. Em uma sociedade cada vez mais secularizada, renovar a mente, moldando-a aos valores do Reino, é algo crucial. O apóstolo Paulo expressou isso da seguinte forma: “Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Co 2.16). No original grego, a palavra mente (gr. nous) significa o lugar da consciência reflexiva, compreendendo as faculdades de percepção e entendimento, e do sentimento, julgamento e determinação.

Pense!
“No âmago do sistema cristão está a cruz de Cristo com o seu divino paradoxo. O poder do cristianismo aparece em sua antipatia pelos caminhos do homem decaído, jamais em seu acordo com ele” (A. W. Tozer).

Ponto Importante
A vida de Jesus é o paradigma de todo cristão, por isso raciocinar como Ele não é uma questão de escolha, mas de obediência.

CONCLUSÃO
Além de formar a própria lente do cristianismo, a tríade bíblica: Criação, Queda e Redenção nos ajuda a compreender e a refutar as ideologias não cristãs, pois toda visão de mundo pode ser analisada pela maneira como responde a três perguntas básicas: De onde viemos e quem somos nós (criação)? O que deu errado com o mundo (Queda)? E o que podemos fazer para consertar isso (redenção)? A Bíblia responde plausivelmente a todos esses questionamentos.

HORA DA REVISÃO

1. Como se define a palavra “ideologia”?
Conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais, políticos que caracterizam o pensamento de um indivíduo ou grupo social.

2. Além da adoração aos falsos deuses, como a idolatria pode se expressar?
Pela veneração a falsas ideias.

3. Por que o utopismo não se coaduna com as bases cristãs?
Pois sabemos que os problemas deste mundo, embora possam ser remediados pela lei e pelos bons costumes, nunca será perfeito diante da falibilidade humana.

4. Qual o sentido do aconselhamento de Paulo em Romanos 12.1 ao dizer para não nos conformarmos com este mundo?
Não nos amoldemos à forma, ao modelo, ao esquema do mundo.

5. Em sua opinião, como podemos desenvolver a mente cristã?
Resposta pessoal.
fonte  marcosandreclubdateologia.blogspot.com.br/