Betel Adultos – 1º Trimestre de 2018 – 28/01/2018 – Lição 4: O sacrifício pacífico


Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza
TEXTO ÁUREO 
Levítico 3:1
1 E, se a sua oferta for sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha diante do SENHOR. (ARC)

TEXTO DE REFERÊNCIA
Levítico 3:1-3,17
1 E, se a sua oferta for sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha diante do SENHOR.
2 E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta e a degolará diante da porta da tenda da congregação; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar, em roda.
3 Depois, oferecerá do sacrifício pacífico a oferta queimada ao SENHOR: a gordura que cobre a fressura e toda a gordura que está sobre a fressura.
17 Estatuto perpétuo será nas vossas gerações, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura, nem sangue algum comereis. (ARC)
INTRODUÇÃO
Na epígrafe, isto é, o título inicial do capítulo 3 de levítico encontrado em algumas Bíblias é apresentado o tema do capítulo inteiro como: Os sacrifícios de paz ou das graças.
Diferentemente do Sacrifício da expiação que exigia um animal macho (Lv 1.3); no sacrifício pacífico, o animal poderia ser tanto macho como fêmea (Lv 3.1). Outra diferença entre ambos os sacrifícios é que na expiação, tudo era queimado (Lv 1.9) e aqui apenas aquilo mencionado nos versículos 3 e 4 de Levítico 3.
Quando comparamos o sacrifício pacífico com o holocausto ou sacrifício da expiação, descobrimos que o tríplice ato de “esfolar”, “partir em pedaços” e “lavar a fressura e as pernas” é inteiramente omitido no sacrifício pacífico. Mas isto é natural. No holocausto, como já estudamos na lição 2, encontramos Cristo oferecendo-se a Si mesmo a Deus e sendo aceito. Por isso tinha de ser simbolizada não só a Sua inteira rendição como também o processo de perscrutação a que Ele se submeteu. Na oferta pacífica o pensamento principal é a comunhão do adorador.
A oferta pacífica, objeto do nosso estudo nesta lição, se destaca a gratidão e comunhão do adorador com Deus, pilares essenciais para uma vida cristão saudável e produtiva no Reino de Deus.
Isaías Silva Freitas e Raimundo Ferreira de Oliveira afirmam que a oferta de paz pode ser interpretada como oferta inteira e completa em si mesmo, incluindo tanto a oferta mesma, como o ofertante.
Quanto à sua natureza, a oferta de paz levava em consideração o seguinte:
a) Não era uma oferta expiatória;
b) Era o sacrifício ou oferta do crente já perdoado e salvo;
c) Era uma cerimônia festiva;
d) Era oferta memorial (semelhante à Ceia do Senhor, hoje).
Esta oferta tinha um ritual belíssimo, que consistia no seguinte:
a) Um animal macho ou fêmea;
b) Imposição das mãos do ofertante;
c) O sangue do animal era aspergido em redor do altar;
d) A gordura era do Senhor, assim como o sangue;
e) Certas partes do animal oferecido eram queimadas, e outras simplesmente movidas perante o Senhor.
Era uma oferta que envolvia comunhão, gratidão e paz!
1 – UMA OFERTA DE COMUNHÃO
A característica distintiva de uma oferta de comunhão é o fato de ela constituir uma refeição partilhada entre Deus, o adorador (seus familiares) e os sacerdotes. A mais clara descrição de tal refeição é registrada no episódio do sacrifício compartilhado por Samuel, Saul e o povo da cidade (1 Sm 9.12-25).
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Ele atua tanto na vertical como na horizontal.
Na vertical aponta para a nossa comunhão com Deus e na horizontal para a nossa comunhão uns com os outros.
Além do fator apresentado acima, segundo Thomas J. King, a literatura sacerdotal apresenta três tipos de oferendas de comunhão: ação de graças (tôdâ), votivas (neder) e voluntária (nédãbâ).
1 – A oferta de ação de graças serve para exprimir agradecimentos a Deus e louvá-lo;
2 – As ofertas votivas celebram o cumprimento bem-sucedido de um voto;
3 – E as oferendas voluntárias refletem reações espontâneas de um adorador.
Por óbvio entendemos que todas as ofertas deveriam estar imbuídas da voluntariedade, mas o destaque da oferta citada acima, serve para enfatizar a necessidade da espontaneidade do adorador que se aproxima de Deus.
Também é evidente que a base comum para as ofertas de comunhão é a alegria (Dt 27.7).
Milgrom sustenta que todas as celebrações alegres incluíam esse tipo de oferta.
Gerstenberger descreve a refeição associada com a oferta de comunhão como uma ocasião de “felicidade incontida” com “comidas e bebidas magníficas, e a experiência da bênção e da presença divina”.
Nesta oferta, é interessante frisar que o ofertante voluntário e adorador podia comer da oferta oferecida ao Senhor, contudo a parte mais excelente estava reservada a Deus que a receberia como cheiro suave (Lv 3.5,16).
1.1 – A comunhão do adorador
O sacrifício de Jesus no calvário teve como propósito principal resgatar a comunhão entre Deus e o homem. O amor de Deus pela humanidade conduziu o Seu Filho a rude cruz. Este amor tinha como objetivo principal trazer de volta o relacionamento do homem com Deus!
Mateus 3:2
2 e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. (ARC)
Mateus 4:17
17 Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. (ARC)
O programa mínimo para ingressar na vida da Igreja é o arrependimento e fé.
Strong nos ensina que o verbo ‘arrepender-se’, no hebraico é ‘nacham’ e o mesmo ocorre por 108 vezes no Antigo Testamento. Segundo ele, significa: ‘mudar de mente’, ‘arrepender-se’. Uma raiz primitiva, com significado adequado de‘suspirar’, isto é, ‘respirar fortemente’ e, por implicação, para se desculpar, no sentido favorável, de alguma pena, ou seja, para consolar. Tem o sentido de reflexão!
João 16:8-11
E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:
9 do pecado, porque não creem em mim;
10 da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11 e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. (ARC)
Pastor Eliel Goulart, um dos comentaristas da EBD Comentada afirma que uma das obras do Espírito Santo é a de convencer o homem da incredulidade: “do pecado, porque não creem em mim.” Pregadores antigos afirmavam que a incredulidade é a mãe de todos os pecados. E na verdade, todo pecado tem sua raiz na incredulidade. E a maior de todas as incredulidades, a mais fatal delas, é a de rejeitar a Cristo.
O Espírito Santo leva o homem ao arrependimento, convencendo-o da justiça de Cristo, pois Ele foi para o Pai, conforme Atos 2.33 – “De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” E convence da justiça provida por Cristo e em Cristo, a todos os que creem e confiam Nele.
O Espírito Santo leva o homem ao arrependimento, convencendo-o do juízo, pois o julgamento de Satanás foi assegurado na cruz. É obra já consumada. E ainda há quem prefere permanecer aliado a Satanás nesse juízo!
Eis a tríplice obra do Espírito Santo que glorifica a Cristo e conduz o homem ao arrependimento:
1 – Convence que é pecado não crer em Cristo;
2 – Convence da justiça de Cristo na qual podemos descansar;
3 – Convence da obra vitoriosa de Cristo contra Satanás.
O arrependimento acrescido de fé propicia ao homem a sua regeneração, isto é, a criatura agora é refeita por Deus, em Deus e para Deus.
Myer Pearlman afirma que a regeneração é o ato divino que concede ao penitente que crê uma vida nova e mais elevada mediante união pessoal com Cristo.
O Novo Testamento assim descreve a regeneração:
1 – Nascimento - Deus o pai é quem “gerou”, e o crente é “nascido” de Deus – I João 5.1 – “nascido do Espírito” – João 3.3 – “nascido do alto” (tradução literal de João 3. 3 e 7). Esses termos referem-se ao ato da graça criadora que faz do crente um filho de Deus;
2 – Purificação - Deus nos salvou pela “lavagem” (literalmente, lavatório ou banho) da regeneração” – Tito 3.5. A alma foi lavada completamente das imundícias da vida de outrora. Experiência simbolicamente expressa no ato do batismo – Atos 22.16;
3 – Criação - Aquele que criou o homem no princípio e soprou em suas narinas o fôlego de vida, O recria pela operação do Seu Espírito Santo. O resultado prático: transformação da natureza, do caráter, dos desejos e dos propósitos;
4 – Ressurreição - Assim como Deus vivificou o barro inanimado e o fez vivo para com o mundo físico, assim Ele vivifica a alma em seus pecados e a faz viva para as realidades do mundo espiritual.
João Wesley diz que a regeneração é a grande mudança que Deus opera na alma quando a vivifica; quando ele a levanta da morte do pecado para a vida de justiça.
O novo homem refeito nessas condições torna-se apto para a comunhão com Deus e a sua adoração agora é aceitável.
Interessante é entrar na presença de Deus tendo comunhão com Ele e Cristo fez isto por nós. A oferta pacífica representava essa comunhão.
Estar em comunhão com Deus é gozar dos seus benefícios (Sl 103.1-2) e beber a cada dia o cálice da salvação (Sl 116.13).
A maior expressão da comunhão com Deus na atual dispensação se revela na ordenança deixada por Cristo referente a Ceia do Senhor (1 Co 11.23-34). Assim como a oferta pacífica os envolvidos comiam em demonstração de comunhão, na ceia do Senhor, a igreja, que é corpo de Cristo (1 Co 2.27) come e bebe do pão e do vinho confirmando a sua comunhão com Jesus (1 Co 10.16) que é a cabeça deste corpo (Cl 1.18).
Quão belo é o culto de Ceia, pois ela possui também caráter festivo e o que festejamos? A nossa comunhão com Deus!
1.2 – Comunhão com Deus
Assim como o sangue de Jesus Cristo nos justifica pela fé (cremos no sacrifício vicário) garantindo a nossa paz com Deus e por ela a nossa comunhão (Rm 5.1), a oferta pacífica também possuía na figura do sangue que era aspergido no altar, a referência a esta comunhão, onde o ofertante era aceito por Deus – “pois sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados” (Hb 9.22).
Sem comunhão com Deus, não há adoração genuína. O sacrifício pacífico exigia a presença do ofertante e do sacerdote, mas a presença relevante para o adorador era sem sombras de dúvida a do próprio Deus. Oferecer a sua oferta dentro dos padrões estabelecidos pelo Senhor, tornava o homem aceitável e assim ele comungava com o Seu Criador.
O sacrifício pacífico era naquele tempo, uma expressão de amizade e de comunhão restauradas.
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Neste ponto gostaria de expor o que diz o teólogo Broadman sobre o significado mais exato da oferta pacífica. Segundo Broadman, a expressão oferta pacífica tem-se tornado comum no inglês desde a versão do Rei Tiago (KJV) e é mantida na Versão Padrão Revisada (RSV). Porém pode causar mal-entendidos, pois este tipo de sacrifício certamente não tinha como finalidade apaziguar uma deidade irada da forma metafórica em que é às vezes usada. O sentido exato da palavra hebraica tem sido muito discutido. Ela está ligada, etimologicamente, à palavra usada para expressar “paz, bem-estar”, através de um sentido básico de “ser inteiro, completo”. Daí ter sido entendida muitas vezes como referindo-se ao sacrifício que faz com que o relacionamento entre as pessoas seja inteiro ou completo. Por conseguinte, tem sido sugerido que seu sentido real é ou “oferta de comunhão” ou “oferta comunitária”.
Logo, torna-se mais fácil entendermos que esta oferta manifesta uma comunhão com Deus que regula o ser humano por completo. Não somos mais ou menos Filhos de Deus, não somos mais ou menos lavados e não temos mais ou menos os nossos pecados perdoados. Tudo é completo!
Quando estamos perfeitamente bem com Deus, todas as demais relações e áreas da nossa vida também estarão bem. Não se trata apenas de uma sensação de bem-estar ou euforia, mas se trata de uma completa paz de espírito (interior) que se reflete no exterior. Como exemplo raso do assunto podemos citar Salomão: “Um coração alegre, aformoseia o rosto” (Pv 15.13a)
M.Ryerson Turnbull afirma ainda que este sacrifício é chamado como oferta pacífica, porque Deus estava em paz com o seu ofertante e indicava a Sua atitude amiga convidando o ofertante a assentar-se à Sua mesa e participar da festa que Ele havia preparado. Isto só era possível porque a oferta removia o pecado, dando condições ao ofertante de estar na presença de Deus gozando de comunhão!
Somente em Cristo o ser humano pode desfrutar da comunhão com Deus refletida em Sua presença. Assim como a coluna de fogo e a nuvem acompanharam o povo de Israel em sua peregrinação no deserto, a Igreja goza do mesmo privilégio em uma escala muito mais elevada, pois desta feita Ele habita em nós através do Espírito Santo (Jo 14.23; 1 Co 3.16,17; 6.19; 2 Co 6.16).
Por fim a oferta pacífica fala da comunhão restaurada resultando da perfeita satisfação alcançada em Cristo. Deus é propiciado e o homem é reconciliado – há comunhão!
Por Cláudio Roberto
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