CPAD Jovens – 1º Trimestre de 2018 – 18/02/2018 – Lição 7: O perigo da falsa religiosidade



Este post é assinado por: Rafael Cruz
Texto do dia
“Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição?”
(Mateus 15.3)

Texto bíblico 
Mateus 15.1-17
1 Então, chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo:
2 Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão.
3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição?
4 Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, que morra de morte.
5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim, esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe,
6 E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.
7 Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
8 Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.
9 Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.
10 E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi e entendei:
11 o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.
12 Então, acercando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?
13 Ele, porém, respondendo, disse: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
14 Deixai-os; são condutores cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.
15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
16 Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender?
17 Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e é lançado fora?
INTRODUÇÃO 
A Paz do Senhor querido leitor do nosso blog!
Quando falamos em falsa religiosidade, lembramos logo das passagens da Bíblia onde nos fala sobre os ‘hipócritas’. Então nessa introdução vamos pegar o significado dessa palavra direto do dicionário bíblico Wycliffe:
No contexto da dramaturgia grega, o termo hipócrita era aplicado a um ator no palco do teatro. Visto que um ator finge ser alguém que não ele mesmo, hypokrites era aplicado metaforicamente a uma pessoa que “atua em um papel” na vida real, fingindo ser melhor do que realmente e, alguém que simula a bondade. Na literatura grega secular, portanto, hypokrites pode ser neutro ou indesejável, significando uma pessoa que coloca em prática um engano através da piedade fingida.
O termo “hipócrita” ocorre 18 vezes e “hipocrisia” duas vezes nas palavras de Jesus. Ele advertiu os seus discípulos contra o “fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lucas 12.1). Ele diagnosticou estes fariseus como parecendo justos aos homens, mas estando cheios de hipocrisia e iniquidade por dentro (Mateus 23.28). As passagens paralelas sugerem que Ele acusou os fariseus de algo mais do que um mero fingimento; por exemplo, a expressão “sua hipocrisia” em Marcos 12.15. Em Mateus 22.18, esta expressão e “sua malicia” ou maldade, e em Lucas 20.23, e “sua astucia (ou ardil)”. Somente em Lucas 20.20 o verbo hypokrino retém o significado grego original de fingir; os escribas e os principais dos sacerdotes, tentando prender a Jesus, enviaram espias “que fingiam ser sinceros”.
Depois de hipocrisia, a lembrança é justamente para os fariseus, que eram um grupo político/religioso do tempo de Jesus que conferiam igual valor às tradições dos anciãos e às Escrituras Sagradas. Eram meticulosos quanto ao cumprimento da Lei Mosaica, e por isso a maioria dos escribas pertencia a esse grupo. Suas características eram: legalismo, falsidade, aparência.
Hipócrita religioso é aquele que vive de forma diversa daquilo que prega!
Vamos a lição!
I – A INJUSTIÇA DA FALSA RELIGIOSIDADE (Mt 15.1-9)
1 – As acusações injustas dos escribas e fariseus (vv. 1,2) 
Assim como no tempo de Daniel, em que os súditos do Rei Nabucodonosor procuravam algo para acusa-lo, com Jesus não foi diferente; escribas e fariseus ficavam sempre ‘vigiando’ tudo que Ele fazia ou falava para ver se achavam nEle erro algum. Em umas dessas vezes o acusaram injustamente sobre o ato de lavar as mãos.
Essa tradição dos anciãos tratava-se de um conjunto de mandamentos e ensinos não escritos de famosos rabis do passado, a fonte autorizada do ensino dos escribas. Essa era uma tradição interpretativa (não consta na Lei original) e uma expansão rabínica da lei que exigia isso. Somente os sacerdotes precisavam fazer uma lavagem cerimonial antes das refeições para se purificarem de qualquer coisa impura.
O lavar das mãos não significa necessariamente mãos sujas, e, sim, mãos que não haviam sido lavadas de acordo com as regras dos anciãos, e por isso ainda estavam cerimonialmente contaminadas.
Nesta passagem nos encontramos com toda a concepção do puro e o impuro. Trata-se de uma questão puramente cerimonial. Estar limpo ou puro significava estar em um estado em que se podia adorar e aproximar-se de Deus. Ser impuro significava encontrar-se em um estado em que tal adoração e aproximação eram impossíveis. Esta impureza se contraía ao tocar certas pessoas ou ao tocar ou comer certas coisas. Uma mulher era impura, por exemplo, se tinha um fluxo de sangue, embora tal fluxo fosse o seu período menstrual normal. Era impura durante um tempo determinado depois de ter dado à luz um filho. Todo corpo morto era impuro, e tocar um cadáver significava converter-se em impuro. Todo gentio era impuro.
Esta ideia não pertence aos judeus com exclusividade. Também é encontrada em outras religiões. Para um hindu de uma casta superior qualquer um que não pertence à mesma casta é impuro; se essa pessoa se fizer cristã, é ainda mais impura.
Resumindo: A tradição dos anciãos não era a Lei de Moisés, e sim uma tradição oral baseada na interpretação da Lei. Eles lavavam as mãos como um cerimonial para remover as impurezas, não por higiene pessoal.
Com isso vimos que não tinha fundamento a acusação dos fariseus contra Jesus e seus discípulos, visto que a acusação vinha de uma interpretação da lei e não da Lei de Deus.
2 – Os acusadores eram na verdade os transgressores ( 3-9)
De acordo com o que vimos no tópico anterior, os fariseus enfatizavam mais a tradição oral do que a literalidade da lei. Além de dar grande valor às tradições religiosas, como a lavagem das mãos antes das refeições e ao recolhimento do dizimo, os fariseus jejuavam regularmente e enfatizavam a observância do sábado. Entretanto, eram avarentos e, em suas orações gostavam de se vangloriar de seus atributos morais.
Em razão do seu legalismo, Jesus os repreendeu de forma corajosa, chamando-os de amantes dos primeiros lugares, hipócritas e condutores de cegos, pois a religiosidade deles estava baseada no exterior, nos rituais e na justiça própria, em desprezo à parte mais importante da lei: o juízo, a misericórdia e a fé.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. (Mateus 23.23 – ACF)
Um dos exemplos era a invocação da tradição de Corbã como subterfúgio para não cuidar de seus pais na velhice, dizendo que seus bens haviam sido consagrados como oferta a Deus e ao Templo e, por isso, não poderiam ser utilizados. Jesus disse que eles haviam invalidado a lei pela tradição.
Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas. (Marcos 7.13 – ACF)
Corbã pode significar aquilo que se oferece ou dedica a Deus. Agora, suponhamos que alguém tenha um pai ou mãe que vivia na pobreza e necessidade, e suponhamos que esse pai pobre e ancião chegasse a seu filho em busca de ajuda. Havia uma forma na qual o homem podia evitar ajudar a seus pais. Podia dedicar oficialmente todo seu dinheiro e propriedades a Deus e ao templo. Nesse caso sua propriedade seria Corbã, oferecida a Deus, dedicada a Deus, então diria a seu pai ou mãe: “Sinto muito, não posso lhe dar nada, todos os meus pertences estão dedicados a Deus.” Qualquer um podia fazer uso de uma prática e regra ritual e cerimonial para fugir da obrigação básica de ajudar e honrar a seu pai e a sua mãe. Podia aferrar-se a uma regra dos escribas para apagar um dos Dez Mandamentos.
Mas Corbã tem outro sentido, e pode ser que nesta passagem se trate desse segundo significado. Corbã se usava como juramento. Qualquer um podia dizer a seu pai ou mãe: “Corbã, se qualquer coisa que possuo é empregada alguma vez para ajudá-los.” Agora, suponhamos que este homem tivesse dor de consciência; suponhamos que tinha preferido seu rechaço em um momento de ira, de mau humor ou de irritação, suponhamos que ao voltar a pensar sobre isto experimentava um sentimento mais generoso e filial e que sentia que, depois de tudo, existia o dever e a obrigação de ajudar a seus pais. Em tal caso qualquer pessoa razoável diria que o homem tinha experimentado um arrependimento genuíno, que sua mudança de idéia era algo bom, e que agora estava disposto a fazer o correto e obedecer a lei de Deus. “Não”, diria o escriba, “nossa lei diz que nunca se pode romper um juramento.” Citaria Números 30:2: “Quando um homem fizer voto ao SENHOR ou juramento para obrigar-se a alguma abstinência, não violará a sua palavra; segundo tudo o que prometeu, fará.” O escriba arguiria em forma legalista: “Fez um juramento, não pode quebrá-lo por motivo algum.”
Isso quer dizer que o escriba ataria a pessoa a um juramento apressado, feito em um momento de irritação, um juramento que de fato obrigava essa pessoa a desobedecer a lei suprema da humanidade e de Deus. Isso é o que Jesus quis dizer. Significava o seguinte: “Vocês estão empregando suas interpretações de escribas, suas tradições, para obrigar o homem a desonrar a seu pai e sua mãe, inclusive quando ele mesmo se arrependeu e viu qual é o seu dever.”
Eis o motivo pelo qual Jesus declarou aos seus discípulos: “se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.” (Mateus 5.20)
A conduta dos fariseus nos faz lembrar que a verdadeira santidade não se alcança através do legalismo e do esforço pessoal, mas pela fé em Cristo e através da sua maravilhosa graça.
Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. (Gálatas 2.16 – ACF)
Por Rafael Cruz
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