Lição 5 - Cristo é Superior a Arão e à Ordem Levítica



1º Trimestre de 2018
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À QUALIFICAÇÃO
II – UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO AO SERVIÇO
III – UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
CONCLUSÃO


PONTO CENTRAL
Jesus Cristo é o sacerdote perfeito que executou o mais perfeito sacrifício pela humanidade.

OBJETIVO GERAL
Pontuar o sacerdócio do Senhor Jesus como superior à ordem levítica e que, por isso, Ele teve autoridade para inaugurar uma nova ordem.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Demonstrar biblicamente a natureza da superioridade do sacerdócio de Jesus Cristo;
II. Ensinar que o sacerdócio de Cristo foi superior quanto ao serviço;
III. Expressar a importância teológica do sacerdócio do Senhor Jesus.
1. RECAPITULANDO A LIÇÃO ANTERIOR

Na aula passada, o tema que sobressaltou aos olhos foi o contraste do ministério de Jesus em relação ao de Josué, conforme o escritor de Hebreus desenvolveu: 
JOSUÉ → Terreno → Temporário → Incompleto
JESUS → Celestial → Eterno → Completo
O esquema acima mostra que o nosso Senhor proveu uma mensagem superior, um descanso superior e uma orientação superior a de Josué. Ao mostrar para a igreja hebreia a superioridade de Jesus, a Palavra de Deus nos convida a receber a mensagem de Cristo com fé, a obedecê-la, a ter um coração contrito, a ter a certeza de um descanso completo e a experimentar o poder vivificante da Palavra. Essas características nos levam a ter a consciência de que precisamos com urgência perseverar na mensagem uma vez recebida de Cristo. Relembrar esse conteúdo é garantir o bom movimento do fio condutor que perpassa o tema ao longo de todo trimestre: perseverança da fé. Não se distraia acerca dessa importância.
2. INTRODUÇÃO À LIÇÃO
Após expor a superioridade de Cristo sobre Moisés e Josué, o escritor de Hebreus passa a mostrar a superioridade de Cristo em relação ao ministério de Arão, e por consequência, toda a ordem levítica estabelecida na Antiga Aliança. Por isso a lição desta semana tem três aspectos fundamentais: qualificação, serviço e importância teológica. Essas três esferas perpassam a revelação de nosso Senhor como verdadeiro sumo sacerdote conforme atesta estes versículos: “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” (Hb 4.14-16). Conforme apontado nestes três maravilhosos versículos, nosso Senhor é o sacerdote perfeito por excelência. 
3. Para compreender melhor a qualificação, o serviço e a importância teológica do ministério sacerdotal de nosso Senhor.
“No capítulo 4.14-16, o autor introduziu o assunto da doutrina do sacerdócio. Aqui ele tecerá mais detalhes da ordem sacerdotal levítica para contrastar posteriormente com o sacerdócio de Cristo, que é de uma outra ordem e superior ao levítico. A ideia do autor ao detalhar as qualificações exigidas do sacerdócio arônico tem o propósito de mostrar em primeiro lugar que Jesus havia preenchido esses qualitativos. É bom ter sempre em mente que o autor já havia mostrado Jesus como sendo o Filho de Deus, fato esse que o identifica com a raça humana e o qualificaria para ministrar como sumo sacerdote.

“Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados” (v.1).A primeira condição para alguém exercer o sacerdócio, revela o autor de Hebreus, é que ele tenha sido tomado de entre os homens. Somente um homem, que possui a mesma natureza de um outro homem, poderia oficiar como sacerdote. Nos primeiros capítulos de sua carta, o autor havia exposto uma farta argumentação em favor da humanidade de Jesus. Esses fatos agora se tornam de grande relevância quando ele o apresenta como um sumo sacerdote constituído em favor dos homens. O sacerdote tinha como dever apresenta dons e sacrifícios. Alguns comentaristas, como Robert Gundry, entendem que a expressão “dons e sacrifícios” são usadas como sinônimas.i Por outro lado, muitos outros eruditos, como Donald Guthrie, entendem que os sentidos desses termos devem ser mantidos distintos. Guthrie observa, por exemplo, que neste caso os dons (dôra) são uma referência as ofertas de cereais e os sacrifícios (thysias) às ofertas de sangue.ii Isso parece ser confirmado pelo uso do verbo grego prosphero (oferecer),que ocorre dezenove vezes nessa carta, e mantem esse sentido de apresentar ofertas e sacrifícios diante de Deus. O sacerdote, portanto, deveria ser alguém que se identificasse com seus semelhantes.
“E possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza” (v.2).O termo grego metriopathein, traduzida como “compadecer” tem o sentido de alguém que consegue moderar suas paixões e sentimentos. A.B. Bruce (1831-1899) destaca que esse vocábulo “significa sentir-se com outro, mas sem abster-se de sentir contra ele; sercapaz de ter antipatia. Foi usado por Philo para descrever o sofrimento sóbrio de Abraão sobre a perda de Sara e a paciência de Jacó sob aflição. Aqui parece ser empregado para denotar um estado de sentimento em relação ao ignorante e errado, com equilíbrio entre a severidade e indulgência excessiva”.iii O sacerdote lidava com todos os tipos de desvios, erros e pecados cometidos pelo povo. Nessa teia de relacionamentos ele via a fragilidade humana, o fracasso e o desespero. Como um homem colocado por Deus para representar os homens, o sacerdote sentia na sua própria alma o peso da miséria humana. Por outro lado, ele tinha diante de si a palavra de Deus, que o instruiu a dar ao pecado o tratamento adequado, mesmo que que o remédio fosse amargo. Era nesse momento que ele precisava agir com metripatheia, isto é, com compaixão!
“E por esta causa deve ele, tanto pelo povo, como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados” (v.3).O sacerdote da antiga aliança vivia um dilema. Ele necessitava fazer expiação não apenas pelos erros dos outros, mas também pelos seus. O sumo sacerdote deveria oferecer sacrifício primeiramente por si e depois pelo povo. “Depois Arão oferecerá o novilho da expiação, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa” (Lv 16.6). Samuel Perez Millos destaca que na cerimônia da expiação dos sacerdotes e do povo se observa dois aspectos. Primeiramente o sacerdote, por uma questão do direito divino natural que lhe competia, deveria se purificar de toda imundice pessoal já que isso tornava a oferta imunda e o impossibilitava de ministrar diante de Deus. Por outro lado, o direito positivo lhe prescrevia essa obrigação (L 4.3; 9,7; Hb 7.27; 9.7). Essa limitação, observa Millos, não é vista em Jesus Cristo, o eterno sumo sacerdote, que não teve necessidade de se purificar, visto ser imaculado e santo.iv
“E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” (v.4).O autor usa a palavra grega timê, traduzida aqui como honra, para destacar a natureza do sacerdócio.v O sacerdote era alguém chamado por Deus e não pelos homens. Nos dias do Novo Testamento o sistema sacerdotal havia se corrompido e se tornado um cargo político, não mais observando-se as prescrições divinas para o exercício desse oficio (Ex 28.1; Lv 8.1; Nm 16.5; Sl 105.26). Todavia, como observa C.S. Keener, o texto sugere que o autor esteja se referindo ao sistema sacerdotal veterotestamentário, onde as exigências da lei acerca do sacerdócio eram cumpridas, para contrastar com o sacerdócio de Jesus Cristo.vi
“Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei” (v.5).O autor mostra que Jesus cumpriu de uma forma completa todas as prescrições exigidas para o exercício do sacerdócio. Ele não se autoglorificou, constituindo-se a si mesmo como sacerdote. O léxico grego de Walter Bauer expressa bem o sentido do texto: “Ele não se elevou à glória do sumo sacerdócio”.vii No versículo quatro, o autor fala da honra que teve Arão ao ser escolhido como sumo sacerdote, todavia quando ele fala do sacerdócio de Jesus, mostra que o sacerdócio era algo inseparável de sua natureza. Deus dar testemunho de Jesus dizendo: “Tu és meu filho”.viii Essa atribuição lhe foi dada por Deus. Embora o autor não entre em detalhes sobre o momento no qual Jesus teria sido constituído sacerdote, os comentaristas destacam que a cristologia de Hebreus revela que Jesus é o filho de Deus desde a eternidade (Hb 1.1,2; 5.8), e que foi vocacionado pelo Pai para ser sumo sacerdote. Nesse aspecto, a vocação aconteceu antes da encarnação, contudo entrando em vigor na paixão e morte, obtendo sua confirmação na ressurreição e ascensão.ix
“Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (v.6).É no capítulo 7 que a relação entre o sacerdócio de Jesus e Melquisedeque será explorada com maior profundidade pelo o autor.x Aqui o comentarista bíblico Orton Wiley mostra o que a analogia do sacerdócio de Melquisedeque revela em relação ao de Cristo.
1. Melquisedeque era sacerdote por seu próprio direito, e não em virtude de sua relação com os outros;
2. Era sacerdote para sempre, sem substitutos, sem sucessor;
3. Ele não foi ungido com óleo, mas com o Espírito Santo, como sacerdote do Altíssimo;
4. Não ofereceu sacrifícios de animais, mas pão e vinho, símbolos da Ceia que depois Cristo instituiu; E (talvez o principal pensamento na mente do escritor da Epístola) Ele uniu as funções sacerdotais e reais, coisa estritamente proibida em Israel, mas a ser manifesta em Cristo, Sacerdote no seu trono (Zc 6.13).xi” (Trecho extraído da obra “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de Apostasia: Um estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”, editada pela CPAD)

i GUNDRY, Robert. Commentary on Hebrews. Baker Academic, Grand Rapids, Michigan. USA, 2010.
ii GUTHRIE, Donald. Hebreus – introdução e comentário. Editora Vida Nova, São Paulo.
iii BRUCE, Alexander Balmain. To The Epistle to Hebrews –the first apology of christianity: An exegetical study.Charles Scribner’s Sons. Fifth Avenue, New York City, 1899.
iv MILLOS, Samuel Perez. Hebreos – comentário exegético al texto griego del Nuevo Testamento. Editorial CLIE.
v Esse termo ocorre 41 vezes no Novo Testamento e 4 em Hebreus. Josefo usa essa palavra para se referir a honra do ofício do sumo sacerdote (Josefo, Antiguidades III, 188).
vi KEENER, C.S. Comentario del Contexto Cultural de la Biblia – Nuevo Testamento. Editorial Mundo Hispano, El Paso, Texas, USA.
vii BAUER, Walter. A Greek-English Lexico of the New Testament and Other Early Christian Literature. The University of Chicago Press, USA, 1979.
viii Veja a exposição de Thomas C. Edwards no seu Comentario Bíblico do Expositor – Carta aos Hebreus. Editora Koilas, Florianópolis, Santa Catarina, 2014. Edwards observa que o autor usa a palavra time (honra) para se referir a chamada de Arão. Todavia em relação a Jesus, ele usa o termo doksa, mostrando que o sacerdócio de Jesus era algo que fazia parte de sua personalidade e não alguma coisa que foi acrescentada, como no caso de Arão.
ix FRITZ, Laubach. Comentário aos Hebreus. Editora Esperança.
x “O sacerdócio de Melquisedeque foi uma fonte de numerosas especulações pós-bíblicas que foi intensificada pela dificuldade do versículo do Salmo 110.4: “ O Senhor jurou e não se arrependerá/Tu és sacerdote para sempre/ segundo a ordem de Melquisedeque”. Geralmente é acreditado que o Melquisedeque mencionado aqui e o de Gênesis são o mesmo” (Enciclopaedia Judaica, 22 volumes. Second Edition, vol. 14. Pp.11. Macmillan Reference, Farmington Hills, MI, USA, 2007.
xi WILEY, Orton. A Excelência da Nova Aliança em Cristo – comentário exaustivo da carta aos Hebreus. Editora Central Gospel.


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Videoaula - Pr. José Gonçalves.

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