Lição 10, Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança 1º Trimestre de 2018 - Título: A Supremacia de CRISTO - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: Pr. José Gonçalves, pastor presidente das Assembleias de DEUS em Água Branca, PI.
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454.
Ajuda http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/hebreus.htm
Estudo Importante - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm
TEXTO ÁUREO"Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa." (Hb 10.22)
VERDADE PRÁTICAA Nova Aliança é uma dádiva divina que traz grandes responsabilidades. LEITURA DIÁRIASegunda - Hb 10.14 Uma única oferta santificou aos que creem
Terça - Hb 10.12 O único ofertante suficiente para o sacrifício
Quarta - Hb 10.10 Uma única vez, um único sacrifício e a substituição do culto
Quinta - Hb 10.23 A necessidade de vigilância para continuar crendo na promessa
Sexta - Hb 10.35 A necessidade de confiança na grande recompensa
Sábado - Hb 10.36 A necessidade de perseverança para alcançar a promessa LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Hebreus 10.1-7,22-251 - Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. 2 - Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. 3 - Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz comemoração dos pecados, 4 - porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados. 5 - Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; 6 - holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. 7 - Então, disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó DEUS, a tua vontade.
22 - cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, 23 - retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. 24 - E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, 25 - não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando- os uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. OBJETIVO GERAL - Mostrar que a Nova Aliança é uma dádiva divina que traz grandes responsabilidades. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Saber qual a dádiva da Nova Aliança; Apresentar os privilégios da Nova Aliança; Explicar as responsabilidades da Nova Aliança. INTERAGINDO COM O PROFESSORPrezado(a) professor(a), nesta lição veremos os inúmeros privilégios que a Nova Aliança oferece a todos aqueles que creem no sacrifício de JESUS e buscam se achegar a DEUS. Mediante a fé em JESUS fomos justificados e regenerados e hoje temos livre acesso a presença do Pai. Com certeza, este é o maior benefício que nos foi concedido pelo Senhor. Todos os benefícios da Nova Aliança só se tornaram possíveis mediante a obra expiatória de JESUS CRISTO, pois na Antiga Aliança somente o sumo sacerdote podia entrar no SANTO dos Santos uma vez no ano no Dia da Expiação. Hoje por meio do sacrifício perfeito e eterno de CRISTO temos livre acesso à presença de DEUS. Este é um grande privilégio que conduz a uma grande responsabilidade. Como crentes jamais devemos negligenciar a Nova Aliança menosprezando a graça de DEUS. PONTO CENTRAL - A Nova Aliança é uma dádiva divina que traz grandes responsabilidades.
Resumo da Lição 10, Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança
I - A DÁDIVA DA NOVA ALIANÇA
1. Uma única oferta. 2. Um único ofertante. 3. Uma única vez. II - OS PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA 1. Regeneração. 2. Adoração. 3. Comunhão. III - AS RESPONSABILIDADES DA NOVA ALIANÇA 1. Vigilância. 2. Confiança. 3. Perseverança. SÍNTESE DO TÓPICO I - A Nova Aliança nos concede uma grande dádiva. SÍNTESE DO TÓPICO II - Muitos são os privilégios da Nova Aliança, mas o acesso direto à presença de DEUS, graças à mediação de CRISTO, constitui o maior deles. SÍNTESE DO TÓPICO III - Na Nova Aliança há privilégios, mas também grandes responsabilidades. PARA REFLETIR - A respeito de Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança, responda:
Segundo a lição, o que o Antigo Testamento põe em destaque? O Antigo Testamento põe em destaque as centenas de sacrifícios que eram realizados ano após ano no culto judaico.
"Enquanto os sacrifícios da Antiga Aliança necessitavam ser frequentemente repetidos, o sacrifício de CRISTO foi feito uma única vez em favor de todos os homens." O que esse fato demonstra?Esse fato demonstra inequivocamente por um lado que os sacrifícios de animais eram imperfeitos e jamais poderiam aperfeiçoar alguém e, por outro lado, deixam claro que somente o sangue de CRISTO poderia satisfazer a justiça de DEUS.
Em que está fundamentada a grandeza da Nova Aliança? A grandeza da Nova Aliança está na mudança interna que ela produz, isto é, no coração (Hb 10.16).
Segundo a lição, por que não há dúvida para o autor de Hebreus que o cristão poderia cair da graça? Não há dúvida que o autor acreditava que um cristão genuíno pode decair da graça, senão, não teria sentido algum seu duro tom exortativo.
O que o autor de Hebreus destaca sobre a jornada da vida cristã? O autor destaca que na jornada da vida cristã o crente precisa de paciência (Hb 10.36).
Resumo rápido do Pr. Henrique da Lição 10, Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança
I - A DÁDIVA DA NOVA ALIANÇA
1. Uma única oferta. E o rei Salomão ofereceu sacrifícios de bois, vinte e dois mil, e de ovelhas, cento e vinte mil; e o rei e todo o povo consagraram a casa de Deus.
2 Crônicas 7:5
2. Um único ofertante. 3. Uma única vez. II - OS PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA 1. Regeneração. A regeneração Quando correspondemos ao chamado divino e ao convite do Espírito e da Palavra, Deus realiza atos soberanos que nos introduzem na família do seu Reino: regenera os que estão mortos nos seus delitos e pecados; justifica os que estão condenados diante de urn Deus santo; e adota os filhos do inimigo. Embora estes atos ocorram simultaneamente naquele que crê, e possível examiná-los separadamente. A regeneração e a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por "regeneração" aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referencia aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 se refere a renovação espiritual do individuo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega varias figuras de linguagem para descrever o que acontece. 0 Senhor "tirara da sua carne o coração de pedra e lhes dará urn coração de carne" (Ez 11.19). Deus diz: "Espalharei água pura sobre vos, e ficareis purificados... E vos darei urn coração novo e porei dentro de vós urn espírito novo... E porei dentro de vos o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos" (Ez 36.25,27). Deus colocará a sua lei "no seu interior e a escreverá no seu coração" Jr 31.33). Ele "circuncidará o teu coração... para amares ao Senhor" (Dt 30.6). O Novo Testarnento apresenta a figura do ser criado de novo (2 Co 5.17) e a da renovação (Tt 3.5), porém a rnais comum é a e nascer gr. gennaõ, gerar ou dar a luz) . Jesus disse: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" 003.3). Pedro declara que Deus, em sua grande misericórdia) "nos gerou de novo para uma viva esperança" (1 Pe 1.3). E uma obra que somente Deus realiza. Nascer de novo diz respeito a uma transformação radical. Mas ainda se faz mister urn processo de amadurecimento. A regeneração é o início do nosso crescimento no conhecimento de Deus, na nossa experiência de Cristo e do Espírito e no nosso caráter moral. (Teologia sistemática – Stanley M.Horton – CPAD)
CONCLUSÃO
Assim, enquanto o mundo continua em busca da nova humanidade através dos caminhos do pós-modernismo humanista, negando a necessidade da regeneração bíblica, nós, os cristãos redimidos pelo sangue de CRISTO, reafirmamos com ousadia os fundamentos da sua doutrina, sem a qual o revestir-se do novo homem jamais poderá ser alcançado.
2. Adoração.
HÁ MUITA DIFERENÇA ENTRE LOUVOR E ADORAÇÃO
1- Louva-se a DEUS pelo que ELE fez ou faz, mas adora-se a ELE pelo que ELE é;
2- O louvor é um agradecimento a DEUS, a adoração é um engrandecimento de DEUS;
3- No louvor precisa-se da participação de outras pessoas e às vezes de instrumentos musicais, a adoração é individual e nasce dentro de nós, em nosso espírito;
4 - O louvor chega aos átrios, a adoração chega ao santo dos santos (presença de DEUS);
5 - No louvor são usados o corpo e a alma; na adoração são usados o corpo (mortificado), a alma (lavada no sangue de JESUS) e o espírito (“recriado”);
6 - Para louvar a DEUS não é preciso comunhão com o ESPÍRITO SANTO, pois até os animais o louvam (Sl 148, 149, 150); para se adorar a DEUS é preciso uma estreita comunhão com o ESPÍRITO SANTO, pois é ELE que nos transporta ao trono.
7 - O louvor é um aceno e cumprimento, a adoração é um abraço e um beijo cheio de amor.
8 - Tomemos como exemplo um marido que dá um fogão de presente à sua esposa e manda entregar em sua casa. A esposa louva ao marido pelo seu ato de amor, mas quando o mesmo chega em casa ela o abraça e beija agradecida e cheia de amor (isso é adoração).
9 - Para louvar não é preciso nascer de novo, para adorar só com espírito “recriado” (ligado a DEUS pelo novo nascimento, através do ESPÍRITO SANTO).
10 - Observação: Por isso se vê tão poucos adoradores e tantos que louvam.
11 - Aos homens se aplaude (manifestação externa), a DEUS se adora (manifestação interna).
12 - Note que JESUS está dizendo para a mulher que os judeus adoravam a DEUS com a palavra de DEUS (em verdade, pois possuíam todos os escritos do Pentateuco até os profetas) mas suas bocas diziam uma coisa e o coração outra. Não adoravam em Espírito, só com a verdade.
13 - Os samaritanos adoravam em Espírito, pois não tinham nem o templo legítimo e nem a palavra (só adotavam o Pentateuco), faltava-lhes portanto a verdade.
JESUS está dizendo que chegou o tempo de adorar em Espírito e em Verdade, pois ele envia o ESPÍRITO SANTO àqueles que lhe aceitarem como senhor e salvador e estes aprenderão o real sentido da adoração.
Veja que é DEUS quem procura aos verdadeiros adoradores que o adoram em Espírito e em verdade.
Não é nem no Monte Gerizim em Samaria (templo já destruído) e nem no Monte Moriá em Jerusalém (onde estava erigido um suntuoso templo construído por Herodes) - mas a verdadeira adoração a DEUS é feita onde você estiver, bastando para isso erguer o pensamento a DEUS e adorá-lo, entregando-se totalmente ao ESPÍRITO SANTO.
Pricípios de Adoração
12 mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de DEUS, 14 Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados. 22 cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, 23 retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. 24 E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras, 25 não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. PONTO DE CONTATO: Os profetas anunciaram uma Nova Aliança. Em que ela se baseia? Qual a sua precípua finalidade? Ela indica o único caminho que conduz o homem a DEUS. A Nova Aliança propicia a entrada ao trono divino, mediante o perdão e o esquecimento de todos os pecados. CRISTO inaugurou-a com o sacrifício de si mesmo. Agora já não precisamos continuar fazendo os sacrifícios levíticos. O que aqueles sacrifícios não podiam fazer, foi feito pelo sacrifício de CRISTO sobre a cruz. ORIENTAÇÃO DIDÁTICA: O preparo da lição faz parte dos deveres do professor, e deve ser feito tendo em vista a necessidade do aluno, e não a do professor. O que interessa a um aluno adulto, não interessa a um jovem ou a uma criança. Preparar uma lição sem pensar nisso é ficar diante da classe pregando no deserto. O professor deve preparar a lição tendo em mira três propósitos para com o aluno: 1) O que desejo que meus alunos aprendam? 2) O que desejo que meus alunos sintam? 3) O que desejo que meus alunos façam? (A Escola Dominical, CPAD.) Para esta lição, peça a seus alunos que tentem identificar, no texto em estudo, quais as quatro fraquezas do sacrifício levítico. Observe o esquema abaixo:
Os sacrifícios levíticos...
1) Não podem tornar perfeitos os ofertantes (v.1);
2) Não podem satisfazer a consciência quanto ao pecado (v.2);
3) Não podem apagar a memória dos pecados (v.3);
4) Não podem tirar os pecados (v.4). COMENTÁRIOS/INTRODUÇÃO
No Antigo Testamento, os sacrifícios eram repetidos todos os dias por sacerdotes comuns. O sumo sacerdote entrava todos os anos no lugar santíssimo para oferecer sacrifícios por si mesmo e pelo povo. Mas, como tudo isso era “sombra dos bens futuros”, tais sacrifícios não aperfeiçoavam ninguém. Com CRISTO, nosso Sumo Sacerdote, temos a certeza da plena salvação que nos aperfeiçoa, até que um dia cheguemos “a varão perfeito, à medida da estatura completa de CRISTO” (Ef 4.13). E isso só ocorrerá no céu.
I. SACRIFÍCIOS INEFICAZES
1. A sombra dos bens futuros (v.1). O Antigo Pacto se constituía de sacrifícios, holocaustos, oblações e oferendas, que eram figuras “dos bens futuros”, ou seja, do evangelho de CRISTO, que nos trouxe as riquezas da graça de DEUS, a começar pela salvação de nossas almas, através do sacrifício vicário de JESUS. Por serem sombras e não a realidade, os sacrifícios de animais não puderam aperfeiçoar “os que a eles se chegam”.
2. O sangue de animais não tirava os pecados (vv.2-4). Para que serviam aquelas ofertas, se o escritor diz que “é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados” (v.2)? Os sacrifícios não levavam os homens a DEUS, mas serviam, por antecipação, de meio para expiação. A palavra expiação no hebraico tem o significado de “cobrir” os pecados, num delito contra a Lei.
3. DEUS preparou um corpo para JESUS (v.5). Somente no corpo humano (encarnação), Ele poderia ser aceito por DEUS como oferta perfeita no lugar do homem pecador. No Antigo Testamento, os sacrifícios eram substitutos imperfeitos. O corpo de CRISTO foi a solução de DEUS para substituir todos os sacrifícios imperfeitos do Antigo Testamento. Seu sangue, derramado na cruz, não apenas cobriu os pecados, mas tirou-os, e lançou-os nas profundezas do mar (Mq 7.19). João exclamou: “Eis o Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
II. O PRIMEIRO FOI TIRADO PARA O ESTABELECIMENTO DO SEGUNDO
1. CRISTO obedeceu a DEUS (v.9). JESUS foi obediente até à morte (Fp 2.8). Ele cumpriu todos desígnios divinos no intuito de salvar o homem da perdição eterna. Sua morte foi prova inconteste da sua total resignação, obediência e submissão à vontade de DEUS. Ele afirmou: “Eis aqui venho, para fazer, ó DEUS, a tua vontade”.
Trata-se de uma lição de valor espiritual inigualável para todos nós: JESUS, sendo DEUS, voluntariamente despojou-se de sua glória, e apresentou-se ao Pai na disposição irrestrita de cumprir cabalmente o plano divino de redenção da humanidade (ver Fp 2.5-8).
2. O Velho Pacto substituído pelo Novo (v.9). Ao dizer a Escritura “tira o primeiro para estabelecer o segundo”, vemos a substituição definitiva do antigo sistema legal mosaico, no qual os sacrifícios eram ineficazes para salvação, pelo Novo Pacto, estabelecido por CRISTO, com seu sacrifício perfeito.
3. Comparação entre o velho e o Novo Concerto. A lei não transformava o homem em termos morais; o evangelho de CRISTO transforma, pois “é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16); a lei apenas condenava o culpado; a graça de DEUS o liberta. A lei consistia de símbolos da realidade; a graça consiste na realidade dos símbolos; a lei era “o ministério da morte” (2 Co 3.7); a graça é “lei do ESPÍRITO de vida, em CRISTO JESUS” (Rm 8.2).
III. UM SACRIFÍCIO PERFEITO
1. Santificados pela oblação do corpo de CRISTO (v.10). Oblações eram ofertas incruentas (sem sangue), inanimadas, oferecidas a DEUS tais como: vinho, azeite, flor de farinha, etc. Se de um lado, CRISTO ofereceu seu próprio sangue como holocausto em nosso favor, por outro, Ele foi aceito como oferta de cheiro suave a DEUS, “feita uma vez”, de modo que, em CRISTO, somos aceitos por DEUS.
2. Sacrifício único (vv. 11-14). O escritor lembra que os sacerdotes, no Velho Pacto, diariamente ofereciam sacrifícios que não podiam tirar pecados. E acentua que CRISTO ofereceu “um único sacrifício pelos pecados”, demonstrando a eficácia do seu auto oferecimento a DEUS pelos pecadores. Acrescenta que CRISTO está “assentado para sempre à destra de DEUS” “...esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés”.
3. Sacrifício que aperfeiçoa. Diferente dos sacrifícios do Antigo Pacto, que apenas cobriam temporariamente o pecado, mas não transformava o pecador, o sacrifício de CRISTO constituiu-se “numa só oblação”, que “aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (v.13; ver v.10). Aqui temos algo que a lei não podia fazer: santificar as pessoas. Com o advento da graça, somos santificados pela Palavra (Jo 17.17), pela fé em CRISTO (At 26.18) e pelo sangue de JESUS (1 Pe 1.2).
IV. PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES DO CRENTE EM JESUS
1. Entrar no santuário de DEUS (v.19). No Antigo Pacto, as pessoas comuns do povo não podiam adentrar no santuário propriamente dito. Só chegavam até ao pátio, que era a parte exterior do tabernáculo. Em CRISTO, no entanto, homens e mulheres salvos são “sacerdotes reais” (1 Pe 2.9), e têm “ousadia para entrar no Santuário pelo sangue de JESUS”. Este é um privilégio que só os fiéis lavados e remidos pelo sangue de CRISTO podem ter.
Tais crentes não precisam de medianeiros, guias, orixás ou gurus. JESUS é “o único mediador entre DEUS e o homem” (1 Tm 2.5).
2. Como chegar a DEUS (vv.22-25). Não se pode chegar a DEUS de qualquer maneira. O escritor, em sua incisiva exortação, nos mostra os cuidados que devemos ter para chegarmos à presença de DEUS:
a) “Com verdadeiro coração”. Só podemos ter acesso ao Pai e ser aceitos por Ele se tivermos um coração sincero, limpo e puro (Mt 5.8).
b) “Em inteireza de fé”. O crente, ao buscar a presença de DEUS, não pode ter dúvida alguma de sua
existência, do seu poder e de sua graça.
c) “Tendo o coração purificado da má consciência”. Para DEUS não valem as aparências. Ele vê o interior do homem. O salmista disse que DEUS nos sonda e entende o nosso pensamento (Sl 139.1,2). Se dermos lugar à iniquidade, Ele não nos ouvirá (Sl 65.18).
d) “O corpo lavado com água limpa”. Certamente, o texto bíblico aqui refere-se à purificação do crente pela Palavra, como se lê em Ef 5.26: “purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra”, isto em relação à Igreja.
e) Retendo firmes a confissão da esperança. Em Hb 3.6 somos exortados a “conservar firme a confiança e a glória da esperança até ao fim”. A confissão da esperança indica a nossa fé nas gloriosas e infalíveis promessas de DEUS, “porque fiel é o que prometeu”.
f) Considerando uns aos outros, estimulando-nos “à caridade e às boas obras”. O bom relacionamento entre os crentes é condição importante para o acesso a DEUS. A caridade (amor em ação) é a marca do cristão. Boas obras são dever do salvo (Ef 2.10).
g) “Não deixando a nossa congregação”. Aqui não se refere ao sentido físico: deixar a igreja local para ir congregar-se em outro bairro; mas sim, que não devemos deixar de congregar-nos, de nos reunirmos, tendo em vista a necessidade da comunhão coletiva. Somos membros uns dos outros (Rm 12.5). É equivocada e carnal a idéia de que alguém pode ser “crente em casa”, a menos que esteja doente.
h) “Admoestando-nos uns aos outros”. Admoestar, aqui, tem no original o sentido de animar, encorajar. Essa prática, quando realizada com amor, tem grande efeito no fortalecimento e encorajamento espiritual da comunidade cristã.
CONCLUSÃO
Diante do que estudamos nesta lição, cremos que não há lugar para qualquer dúvida quanto à superioridade do Novo Concerto, baseado no perfeito e único sacrifício de CRISTO em relação ao antigo, realizado na base de sacrifícios de animais, que apenas cobriam provisoriamente os pecados do povo. Subsídio Teológico
“O sangue dos touros (Hb 10.4). O sangue de animais era apenas uma provisão ou expiação temporária pelos pecados do povo; em última análise, era necessário um homem para servir como substituto da humanidade. Por isso, CRISTO veio à terra e nasceu como homem a fim de que pudesse oferecer-se a si mesmo em nosso lugar (2.9,14). Além disso, somente um homem isento de pecado poderia tomar sobre si nosso castigo pelo pecado (2.14-18; 4.15) e, assim, de modo suficiente e perfeito, satisfazer as exigências da santidade de DEUS (cf. Rm 3.25,26).
“Aperfeiçoou para sempre os... santificados (Hb 10.14). A oferenda única de CRISTO na cruz e seu resultado (i.e., a salvação perfeita) são eternamente eficazes todos quantos estão santificados ao se chegarem a DEUS por meio de CRISTO (v.22;7.25) Note que a palavra no grego “santificar”, aqui e no versículo 10, são particípios presentes que enfatizam a ação contínua no tempo presente.
“Quando vedes que se vai aproximando aquele dia (Hb 10.25). O dia da volta de CRISTO para buscar os seus fiéis está se aproximando. Até chegar esse dia, enfrentaremos muitas provações espirituais e muitas falsificações na doutrina. Devemos congregar-nos regularmente para encorajarmos mutuamente e nos firmarmos em CRISTO e na fé apostólica do novo concerto.” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, págs. 1914, 1915.)
QUESTIONÁRIO: 1. Por que os sacrifícios de animais não puderam aperfeiçoar os ofertantes?
R. Por serem sombras “dos bens futuros”, e não a realidade.
2. Qual o significado da palavra expiação?
R. Significa “cobrir” os pecados, como exigência para a reparação de um delito.
3. Por que DEUS preparou corpo para JESUS?
R. Porque somente no corpo da carne (na encarnação), Ele poderia ser aceito por DEUS como substituto perfeito para o homem pecador.
4. Que significa a expressão: “tira o primeiro para estabelecer o segundo”?
R. Refere-se à substituição definitiva do antigo pelo novo concerto.
5. Que significa a expressão “não deixando a nossa congregação”?
Que não devemos deixar de reunirmos, tendo em vista a necessidade da comunhão coletiva. A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO (iii) Sua oferta de Si mesmo em prol doutros (10.1-18) 1. Poder-se-ia pensar que o escritor comprovou suficientemente seu argumento para dispensar qualquer comentário adicional sobre o sacrifício sem igual de CRISTO, mas quer inclucar a compreensão da ineficácia da totalidade do culto ritual levítico. Inevitavelmente há nesta seção alguma coincidência parcial com as seções anteriores, mas não deixa de haver algumas novas idéias para ocupar a nossa atenção. Em primeiro lugar, há uma declaração sucinta das insuficiências da velha ordem (w. 14). O contraste entre a sombra (skian) e a imagem real (eikona) corresponde ao contraste entre a antiga e a nova aliança, a antiga e a nova abordagem a DEUS. Há, porém, uma conexão básica semelhante entre elas, assim como um objeto tem alguma semelhança com sua sombra. Uma sombra nunca pode alegar que é uma revelação completa do seu objeto. No máximo, pode apenas dar um mero esboço da realidade. Além disto, uma vez que a forma verdadeira tenha sido vista, a sombra se toma irrelevante. Esta observação é usada pelo escritor para ressaltar mais uma vez as insuficiências dos antigos procedimentos tipo sombra. Os bens vindouros são claramente o evangelho com seu sumo-sacerdócio espiritual. Alguns escritores patrísticos os identificavam com os sacramentos cristãos.87 Mas a interpretação aqui parece ser mais geral, no sentido de todas as coisas boas que a lei fornecia somente como adumbração. Isto nos leva de volta à lista de coisas “melhores” já mencionadas na Epístola. Vale notar que é dito que a lei “tem” a sombra ao invés de “ser” a sombra, o que sugere que a lei mesma não é a sombra, mas só que possui a sombra, i.é, o culto cerimonial. Há, também, entesourado na lei aquilo que é mais permanente, i.é, as exigências morais. A despeito do caráter impressionante de um cerimonial que deve ser repetido ano após ano, não podia realizar aquilo que era necessário. A repetição da oferta em cada Dia da Expiação sucessivo e as ofertas diárias contínuas davam testemunho de um caráter temporário. Já vimos anteriormente que o autor está muito preocupado com a procura da perfeição (o verbo teleioõ, tomar perfeito, ocorre 9 vezes e o substantivo teleiòsis uma vez), e reconhece que o sistema levítico não poderia fornecêla. A impossibilidade é declarada de modo enfático (nunca jamais, oudepote). Tivera um longo período em que podia demonstrar este fato. A descrição daqueles que esperavam obter benefícios como os ofertantes [lit. “os que se aproximam”] forma paralelo com a descrição dos que vinham através de CRISTO (cf. 7.25; 10.22). Aproximar-se de DEUS é a atividade mais sublime do homem. 2. A dedução feita da repetição das ofertas é sua insuficiência. Se a perfeição tivesse sido conseguida, as ofertas teriam cessado, o que não ocorreu segundo o antigo sistema. O que as ofertas faziam era providenciar purificação para pecados cometidos desde a oferta anterior, mas nada podiam fazer ontra o pecado, a causa que jazia à raiz. Todos os que prestam culto segundo o sistema antigo sabiam que não tinham sido purificados de modo definitivo (kekatharismenous). Mais uma vez, a ênfase aqui recai sobre uma vez em contraste com perpetuamente no v. 1. É a qualidade definitiva da obra expiadora de CRISTO em prol da perfeição do Seu povo que está em mente como contraste. A consciência (syneidèsin) de pecados é levada a efeito pela lembrança constante da necessidade do homem nos sacrifícios repetidos, o oposto exato do efeito da oferta de CRISTO, que leva à aniquilação do pecado (cf. 9.26). 3. Esta função das ofertas levíticas como recordação de pecados todos os anos demonstrava vividamente sua insuficiência para levar a efeito uma remoção permanente do pecado e das suas conseqüências. Toda oferta que era feita testificava da insuficiência da oferta anterior e lembrava o adorador que outra oferta semelhante deveria acontecer. O senso da responsabilidade pelo pecado era, portanto, conservado vivo. A mesma palavra é achada na instituição da Última Ceia ao descrevê-la como memorial à morte de CRISTO, uma lembrança da completa libertação do pecado através daquela morte. A superioridade desta recordação cristã sobre os sacrifícios é vívida. Estes últimos sacrifícios, que foram ordenados por DEUS, visavam assim preparar o caminho para aquela oferta perfeita que podia tratar eficazmente com as conseqüências do pecado, muna base permanente. 4. A impossibilidade referida neste versículo é moral. Os sacrifícios de animais, por serem irracionais, não podiam ter efeitos permanentes em realizar a remoção do pecado. Embora formassem parte da ordenança divina segundo a lei, sua intenção era temporária, e prenunciavam o perfeito auto-sacrifício de um ser moral. A longa seqüência de derramar o sangue de touros e de bodes visava um alvo impossível, se tal alvo fosse a perfeição. Aqueles cristãos judaicos que vieram de um passado de adoração no Templo precisariam aprender, mediante a reflexão, a futilidade ulterior do sistema que abandonaram. 0 alvo do autor era demonstrar a superioridade incomensurável de CRISTO, e demonstrar que o sistema sacrificial do Antigo Testamento tinha validez somente porque prenunciava o sacrifício supremo e definitivo de CRISTO. Os adoradores na era do Antigo Testamento recebiam certos meios da graça mas aqueles meios nunca conseguiram realizar uma remoção completa dos pecados, que somente poderia ser realizada por um sacrifício humano perfeito, em contraste com um sacrifício animal. 5-6. Em vista da insuficiência do sacrifício animal, é demonstrada a necessidade de uma abordagem mais eficaz, e o escritor passa a dar a resposta. Vê um prenúncio dela no Salmo 40.6-8 que primeiramente cita, e então passa a expor. Não tem dificuldade em atribuir as palavras do salmista ao próprio CRISTO, como se CRISTO falasse através do salmista. Certamente, as palavras não acharam seu cumprimento perfeito até que se aplicassem a CRISTO. A palavra por isso (dio) forma uma ligação imediata com a insuficiência das ofertas levíticas mencionadas no v. 4. A cláusula qualificante, ao entrar [CRISTO] no mundo, demonstra que o contexto do Salmo é transferido para os termos de CRISTO e é visto como mais aplicável nesta ocasião. É como se o escritor visse CRISTO, depois da Sua encarnação, tomando nos Seus lábios as palavras deste Salmo como a expressão da Sua missão. A referência, portanto, não diz respeito exclusivamente ao evento de encarnação, mas à consciência contínua de JESUS de que estava cumprindo a vontade do Seu Pai. Deve ser notado que o texto grego não menciona o nome de CRISTO neste versículo, mas meramente emprega a terceira pessoa. O escritor toma por certo que todos imediatamente identificarão Aquele Que entrou no mundo. O título “CRISTO” é transportado de 9.28. Não há dúvida de que o autor está convicto quanto à realidade da pré- xistência de CRISTO. Na citação do Antigo Testamento quatro palavras são usadas para as ofertas levíticas: sacrifícios (thysia), ofertas (prosphora), holocaustos (holokautõmata) e as ofertas pelo pecado (peri hamartias). O primeiro par é geral, o segundo é representativo. Juntamente, resumem de modo equitativo a totalidade do sistema levítico. Na primeira declaração, o contraste é feito entre o suposto desejo de DEUS pelo sacrifício e a provisão que realmente fez de um corpo para a obra sacrificial do Seu Filho. As palavras antes corpo me formaste seguem o texto da Septuaginta que difere do hebraico; este último tem “ouvidos abriste para mim.” A mudança é notável e a Septuaginta deve ser considerada uma interpretação e extensão do hebraico. O fornecimento de ouvidos demonstra a exigência de que DEUS seja ouvido e, implicitamente, que espera-se a obediência a Ele. 0 corpo incluiria, naturalmente, a facilidade de escutar, mas vai além dela. A declaração refere-se ao funcionamento perfeito do corpo humano, o que foi cumprido somente em CRISTO. Conforme é aplicada aqui, a citação sugere que aquilo que CRISTO fez tinha de ser feito no “corpo,” i.é, como ser humano. Era como homem que Ele devia demonstrar Seu perfeito cumprimento da vontade de DEUS. Embora o tempo do verbo na citação esteja no passado, não pode neste caso referir-se a um ato já completado, porque o cumprimento ainda é futuro. Expressa, pelo contrário, aquilo que é eterno na mente de DEUS. Pode-se perguntar em que sentido um corpo poderia ser formado (katartizõ — “preparar”) como se suas partes separadas tivessem de ser juntadas para formar o todo. Mas o verbo, provavelmente, foi escolhido somente para sugerir o caráter perfeito da provisão. A declaração paralela no v. 6, que demonstra que DEUS não tem mais prazer nos sacrifícios específicos do que nos gerais, serve para acrescentar ênfase àquilo que já foi dito, de conformidade com o estilo da poesia hebraica. Embora os sacrifícios fossem ordenados por DEUS, era a atitude dos adoradores que interessava a Ele. A história de Israel já demonstra a tendência de que o sistema sacrificial fosse considerado uma finalidade em si mesmo, tomando-se mera formalidade. A necessidade de cumprir a vontade de DEUS fora negligenciada, daí a aplicabilidade das palavras do Salmista. 7. À medida em que a citação continua, a obediência exigida à vontade de DEUS toma-se mais explícita. Então eu disse parece referir-se ao tempo quando o corpo foi plenamente preparado, e, neste caso, as palavras foram cumpridas na encarnação e dizem respeito à abordagem de CRISTO ao Seu ministério todo. As palavras Eis aqui estou expressam um fato consumado, não uma predição, e traduzem as palavras do Salmista na própria vida e ressaltada nos Evangelhos, especialmente no Evangelho segundo João. Foi enviado da parte de DEUS e veio cumprir uma missão divina. Para fazer, ô DEUS, a tua vontade é o alvo do homem perfeito. Tem sido apenas parcialmente cumprido até mesmo pelos mais piedosos entre os homens, com a exceção de JESUS. Aquilo que foi visto pelo Salmista como o alvo mais desejável, fica sendo uma expressão de fato nos lábios de JESUS. Realmente cumpriu a vontade de DEUS, ao ponto de Se tomar obediente até à morte. Alguma disputa existe acerca da palavra traduzida rolo (kephalis), po causa da obscuridade da sua derivação com este significado. Apesar disto, é achada algures na Septuaginta (cf. Ez 2.9). A frase rolo do livro refere-se, aparentemente, a algumas instruções autorizadas que governavam o comportamento e as atividades do Salmista-rei. Parece claro que para JESUS o livro abrange a totalidade das revelações escritas dos propósitos de DEUS e, portanto, fornece o padrão perfeito para a vontade divina. Quando é aplicado a JESUS CRISTO, portanto, há a alusão óbvia a tudo quanto DEUS fez conhecer profeticamente acerca do Messias vindouro. No Novo Testamento há muitas citações do Antigo Testamento introduzidas com a fórmula está escrito (gegraptai), e que se revestem, portanto, de um caráter autorizado. Este fato é bem ressaltado na maneira de Lutero entencler a palavra como “permanece escrito”. Aquilo que permanece escrito possui um caráter inviolável. 8-9. A repetição, aqui, das idéias principais já achadas nos w . 5-7 enfatiza, mais uma vez, o contraste entre o meio antigo e o novo de chegar- se a DEUS. Especialmente notável é a nova ocorrência das palavras: Eis aqui estou para fazer, ô DEUS, a tua vontade como uma expressão da perfeita obediência de CRISTO. O comentário geral sobre a citação inteira é: Remove o primeiro para estabelecer o segundo. Uma palavra incomum é empregada para a abolição do primeiro, porque o verbo que é traduzido remove (anaireij geralmente tem o sentido de “matar.” Há algo de definitivo no desaparecimento do velho. Se não tivesse sido assim, o segundo nunca poderia ter sido estabelecido. É a diferença entre o fracasso total das ofertas irracionais levarem a efeito uma solução final e a suficiência total da obediência racional para estabelecer um novo caminho uma vez por todos. 10. Nessa vontade refere-se à vontade de DEUS que acaba de ser mencionada na citação. Seu único cumprimento completo é visto na perfeita obediência de CRISTO. O efeito imediato é que temos sido santificados. A idéia parece ser que aqueles que estão em CRISTO foram de tal maneira identificados com Ele que nEle eles também cumpriram a vontade de DEUS. Este sentido de solidariedade com CRISTO não é tão freqüente nesta Epístola como nas Epístolas de Paulo, mas é tanto mais notável neste contexto. O processo da santificação é um que nunca foi completado senão em CRISTO. Se não fosse assim, o verbo não poderia ter sido usado no tempo perfeito, como o é aqui. Posto que CRISTO é perfeitamente santificado mediante Sua perfeita obediência à vontade de DEUS, pode ser dito que Sua santificação é compartilhada por todos aqueles que crêem. É digno de nota, no entanto, que o escritor não define melhor os beneficiários — o “nós” deve ser interpretado à luz do capítulo anterior (cf. 9.28). O acréscimo das palavras mediante a oferta do corpo de JESUS CRISTO esclarece os meios mediante os quais a obediência de CRISTO pode ser eficaz para nós. É importante notar que foi o corpo de CRISTO que foi oferecido, porque isto chama a atenção à centralidade da cruz. Aquilo que Ele fez, fê-lo no corpo, na esfera da vida humana, o mesmo tipo de vida humana que nós possuímos. Na Sua oferta de Si mesmo, reuniu a humanidade. Naturalmente, o escritor não está dizendo que os crentes não têm mais necessidade de obediência porque CRISTO a cumpriu, mas, sim, que DEUS nos recebeu com base no perfeito cumprimento da vontade de DEUS feito por CRISTO. A quâlidade definitiva disto (uma vez por todas, ephapaz) já foi mencionada em 7.27 e 9.12. 11. A seção seguinte (w. 11-14) concentra-se na glória atual de CRISTO a fim de completar a declaração no v. 10 acerca da oferta do corpo. Embora sua qualidade definitiva seja mencionada, não era o fim. Nesta Epístola, como noutras partes do Novo Testamento, a morte é ligada com a glorificação. A continuidade interminável dos sacrifícios inadequados segundo a velha ordem está em contraste marcante com a nova ordem. Os aspectos principais de interesse no presente versículo são: (i) a posição dos sacerdotes (todo sacerdote se apresenta — lit. “fica de pé”), (ii) a continuidade dos sacrifícios (a oferecer muitas vezes) e (iii) sua ineficácia de realizar o seu propósito (i.é, para remover pecados). O primeiro aspecto tem contraste marcante no versículo seguinte com a posição de CRISTO: assentou-se. Estes sacerdotes nunca poderiam sentar-se porque sua obra nunca era completa. Em segundo lugar, muitas vezes (pollakis) está em direto contraste com uma vez por todas (ephapax). E em terceiro lugar, a incapacidade das antigas ofertas removerem os pecados é contrastada no v. 12 com a única oferta de CRISTO pelos pecados. Mais uma vez, a fraqueza da velha ordem fica sendo o pano de fundo para a demonstração da maior glória da nova. A última cláusula chama a atenção à qualidade dos sacrifícios, conforme demonstra o relativo que (haitines, “que são de tal tipo”). Era inerente na sua própria natureza que faltava-lhes o poder de remover (perielein) pecados. A palavra significa literalmente “remover o que cerca,” como despir um manto indesejado. É mais sugestiva do que a palavra paralela usada no v. 4 (aphairein). A palavra achada aqui é usada em 2 Coríntios 3.16 para a remoção do véu da mente do homem quando se volta para o Senhor. Vale notar, ainda, que embora em 10.4 o tempo seja presente, aqui é passado (aoristo), para corresponder à ação completa da oferta de CRISTO no v. 12. 12. Há um contraste aqui entre todo sacerdote e “este” (que ARA identifica como JESUS). Ressalta-Se, em contraste com eles, como um sacerdote de um tipo inteiramente diferente. A construção no grego poderia permitir que as palavras traduzidas para sempre (eis to diènekes) sejam ligadas à parte final da frase, i.é, para demonstrar a qualidade definitiva da entronização de CRISTO. Mas a tradução de ARA ressalta a idéia que é básica nesta Epistola, i.é a qualidade sem igual e completa do sacrifício de CRISTO, e isto parece preferível.88 A constante reiteração desta idéia cristã central talvez sugira que o escritor sabia que alguns dos seus leitores não tinham muita certeza quanto a ela e talvez estivessem em dúvida se ainda havia a mesma inadequação dos antigos sacrifícios. O caráter conclusivo do sacrifício de CRISTO é visto não somente no Seu sacrifício único como também na Sua entronização: assentou-se à destra de DEUS. Isto foi mencionado duas vezes antes (1.3; 8.1) e volta a ocorrer outra vez em 12.2, o que demonstra que, é uma das características dominantes da carta, para a qual um bom título geral poderia ser: “CRISTO entronizado.” 13. O período de espera entre a entronização de CRISTO e Seu triunfo final sobre Seus inimigos é idêntico à presente era. Não há dúvida quanto ao resultado final. Ao discutir a razão pela demora em subjugar os inimigos visto que a vitória já foi ganha, Hughes comenta: “A demora deve ser vista mais como um prolongamento do dia da graça, e, portanto, como sinal da misericórdia e da longanimidade de DEUS.” O subjugar dos inimigos é outro eco do Salmo 110 (v. 1), já muitas vezes citado nesta Epístola. Estava mesmo na mente do escritor quando começou a escrever (cf. 1.13). Esta idéia é tirada mais da linguagem figurada da entronização do que ofício sumo-sacerdotal. É a esta altura que a ordem de Melquisedeque é claramente aplicável, já que nosso Sumo Sacerdote também tomou a Si o cargo de Rei. É como Rei que não permitirá que Seus inimigos triunfem. A mesma idéia é exposta por extenso por Paulo em 1 Coríntios 15.23ss., onde, porém, não tem ligação alguma com o tema sumo-sacerdotal. 14. O pensamento volta para o Sumo Sacerdote e Sua única oferta a fim de chamar a atenção ao resultado obtido por ela, ou seja: a obtenção da perfeição para os crentes. A ligação entre a oferta e o ato da purificação já foi feita no v. 10 e, portanto, a ênfase aqui deve recair sobre o verbo aperfeiçoou (teteleiõken). Este verbo considera a ação como já sendo completa, embora presumivelmente só num sentido antecipatório, conforme subentendem as palavras para sempre. Em Si mesmo CRISTO reuniu todos aqueles que Ele representa para compartilhar com eles a Sua perfeição. A frase quantos estão sendo santificados (tous hagiazomenous) está no tempo presente contínuo e pode ser interpretada: “os que estão constantemente sendo santificados,” i.é, a sucessão contínua das pessoas que vêm sob a aplicação eficaz da única oferta. 15. A esta altura a discussão volta-se novamente à Nova Aliança como a seção final da parte doutrinária principal da Epístola (w. 15-18). Mais uma vez, como em 8.8ss., é citada uma passagem de Jeremias 31, embora, desta vez, a seleção é consideravelmente mais curta. Há, na realidade, algumas diferenças significantes, das quais a primeira é a fórmula introdutória. Em 8,8ss. nenhuma fórmula é usada, mas aqui o testemunho específico do ESPÍRITO SANTO é visto na passagem (como em 3.7 ao introduzir SI 95). Neste caso parece que a função especial do ESPÍRITO SANTO é chamar a atenção à combinação da idéia de uma lei interna e a completa remoção do pecado. Atribui-se, claramente, importância à conexão das duas idéias na passagem original{porquanto, após ter dito ... Acrescenta), que demonstra o conceito que o escritor tem da inspiração, que se estende à seqüência das idéias. A expressão: E disto nos dá testemunho também o Espirito SANTO pode ser entendido alternativamente no sentido de testemunho com relação a nós, ao invés de dirigido a nós. Mas fica claro o ponto essencial. Aquilo que Jeremias escreveu tem relevância direta tanto para o escritor quanto para seus leitores. 16. Na primeira parte da citação há uma mudança da redação, sendo que corações e mentes foram trocados entre si em comparação com 8.10. Não faz diferença ao sentido. 17. Na segunda parte há um acréscimo das palavras e das suas iniqüidades, que apenas define mais especificamente a natureza dos seus pecados, i.é, aqueles atos que são contrários à lei de DEUS. 18. Como um tipo de tiro para cobrir a retirada, o escritor volta a tirar a conclusão de que já não há oferta pelo pecado. Já que a remissão é prometida sob a Nova Aliança, a necessidade de semelhante oferta cessou de existir. Não se pode duvidar que, visto que esta seção principal da Epístola termina desta maneira, a perfeição da oferta que CRISTO fez visa acabar finalmente com a celebração do antigo culto ritual. Raiou uma nova era. Está em vigor uma nova aliança que toma obsoletos os sacrifícios de Levítico. Qualquer mensagem que eles visassem transmitir está mais perfeitamente cumprida em CRISTO. II. EXORTAÇÕES (10.19-13.25) Embora vários apelos aos leitores tenham sido feitos no decorrer da seção doutrinária, os últimos capítulos contêm conselhos cristãos acerca de várias questões de vida prática. Há, também, grandes passagens sobre fé e disciplina. A. A POSIÇÃO PRESENTE DO CRENTE (10.19-39) O escritor expõe os privilégios e as responsabilidades da vida cristã. A exposição leva a mais uma passagem de advertência solene e a uma lembrança do valor da experiência cristã passada. (i) O novo e vivo caminho (10.19-25) 19. Que aplicação da discussão doutrinária anterior começa aqui fica claro na palavra pois, que é melhor entendida como sendo uma referência à totalidade da demonstração anterior. É com base em tudo quanto foi dito acerca do Sumo Sacerdote e Sua oferta eficaz que a declaração no presente versículo pode ser feita. Tendo... intrepidez é declarado como um fato. Tendo em vista tudo quanto CRISTO já fez e agora é, não há razão porque todos os crentes não possam aproximar-se com confiança. No curso da sua exposição acerca do Sumo Sacerdote, o escritor lembrou os leitores da sua confiança em CRISTO (3.6; 4.16). A palavra aqui traduzida intrepidez (parrèsia) é a palavra para a “confiança” que o Novo Testamento geralmente relaciona com a liberdade do homem por causa do seu novo relacionamento com DEUS.90 Esta confiança aqui é especificamente relacionada com a abordagem a DEUS, com a entrada no SANTO dos Santos, entendido como símbolo da presença de DEUS. É um quadro de todos os crentes, que agora têm um convite para entrarem no SANTO dos Santos, já não reservado para o sacerdócio. Está escrito que a via de aproximação é pelo sangue de JESUS, que aqui resume tudo quanto JESUS fez por nós ao oferecer-Se a Si mesmo. O SANTO dos Santos já não está mais separado para a realização contínua dos sacrifícios. Está totalmente aberto por causa da oferta perfeita já feita. Deve ser notado, porém, que o acesso está disponível somente àqueles que são classificados como irmãos, àqueles que, segundo 3.1: “participam da vocação celestial.” É importante notar que aqueles que descobrem uma nova abordagem a DEUS mediante JESUS CRISTO tambe'm descobrem um novo relacionamento uns com os outros. 20. Ao descrever o acesso como um novo e vivo caminho, o escritor emprega uma palavra que ocorre somente aqui no Novo Testamento.Novo (prosphaton) originalmente significava “recentemente morto”, mas seu significado derivado é “novo” ou “recente.” Visa formar um contraste com a velha ordem, e assim chama a atenção à sua novidade, que imediatamente a liga com a obra de CRISTO. A idéia do caminho também é sugestiva, não somente porque era o título pelo qual os cristãos primitivos eram conhecidos, mas também por causa de um jogo de palavras em grego entre esta palavra e a palavra usada no v. 19 para “entrada” (hodos e eisodos). Aliás, a totalidade da frase usada aqui seria uma descrição apta para o conceito do cristianismo mantido por este escritor. A idéia do caminho já foi introduzida em 9.8 e parece ter sido algum tipo de termo técnico para o acesso a DEUS. No grego não há palavra que corresponda a pelo, o que faz com que caminho seja o objeto de consagrou (ou “abriu”) e liga-nos com a idéia da entrada no v. 19. A construção é difícil no grego, mas parece claro que as palavras não identificam JESUS com o caminho. O caminho de acesso é, na realidade, o resultado da Sua obra expiadora. As palavras seguintes: pelo véu, isto é, pela sua carne, têm dado ocasião a muitos debates. O primeiro problema diz respeito ao véu. Posto ser esta uma alusão ao véu que separava o SANTO dos Santos, parece mais natural considerar o véu como um obstáculo e ser vencido antes de se obter acesso. Mas é difícil vincular este obstáculo com “sua carne”, porque neste caso subentende que a vida humana de JESUS O separava de DEUS e que tinha de ser penetrada antes da comunhão ser restaurada. Reconhecidamente, a vida humana de JESUS impunha restrições sobre Ele e, nesse sentido rigorosamente limitado, podia ser descrita como um “véu” através do qual tinha de passar. Mas, por outro lado, não deve ser suposto que, ao assim fazer, descartou Sua verdadeira humanidade ao entrar. Estas dificuldades desapareceriam se as palavras pela (dia) sua came forem entendidas como uma explicação do caminho, e neste caso o significado seria “pelo novo e vivo caminho, isto é, pela sua came.” Este seria o equivalente de dizer que o novo caminho para DEUS fora aberto por JESUS como ser humano, o que concordaria com a discussão no capítulo 2 acerca da necessidade da encarnação. É possível, do outro lado, considerar a cortina como símbolo do meio de abordagem ao invés de ser um empecilho a tal abordagem, e neste caso haveria menos dificuldade em vincular a “came” com o “véu.” No que dizia respeito ao sumo sacerdote no Dia da Expiação, o véu cessava momentaneamente de ser um obstáculo e ficava sendo, pelo contrário, o caminho de entrada. Uma vez que o grande sacerdote é mencionado no versículo seguinte, é altamente provável que esta idéia tinha a primazia na seqüência de pensamentos do escritor. Há algum debate sobre se o escrito aqui alude, de qualquer maneira, ao rasgar do véu do Templo na ocasião da morte de JESUS. Seja qual for o ponto de vista adotado quanto a isto, fica claro que considera o SANTO dos Santos totalmente aberto por meio de JESUS CRISTO. 21. Já em 4.14 JESUS é descrito como “grande sumo sacerdote,” e a presente declaração é um eco daquele título. A grandeza consistia na eficácia sem igual da obra de CRISTO em abrir um novo e vivo caminho. A expressão sobre a casa de DEUS é uma lembrança das declarações em 3.1-6, onde a superioridade de JESUS sobre Moisés é vista em relação à casa de DEUS. Aqui as palavras são abrangentes, e incluem tanto a igreja na terra quanto a igreja no céu, mas a ênfase principal recai sobre a comunidade terrestre, conforme demonstra a seqüência. 22. É aqui que chegamos à exortação principal nesta Epístola. É expressa em três etapas: aproximemo-nos (v. 22), guardemos firme (v. 23) e consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras (v. 24). A primeira exortação refere-se à devoção pessoal, a segunda à consistência, e a terceira às obrigações sociais. Esta não é a primeira vez que os leitores são exortados a aproximar-se, porque uma declaração semelhante é feita em 4.16 antes da discussão sobre a obra sumo-sacerdotal de JESUS ter começado. A repetição da mesma idéia visa a ênfase. Tendo em vista tudo quanto foi dito na passagem interveniente, há tanto mais razão para exortar os adoradores a se aproximarem. Quatro condições de aproximação são definidas neste versículo: (i) Com sincero coração. Se o adjetivo for entendido no mesmo sentido que em 8.2, refere-se àquilo que é real em contraste com aquilo que é apenas aparente. Não pode haver fingimento de uma devoção que não é verídica. A expressão, segundo parece, refere-se à realidade da aproximação a DEUS feita pelo adorador. (ii) Em (en) plena certeza da fé. Alguma ênfase já tem sido dada à fé nesta Epístola, e haverá mais no capítulo 11. Esta plena certeza é importante, porque já não há razão alguma para duvidar que o acesso será obtido. O escritor não somente é claro quanto à possibilidade da plena certeza, como também toma por certo que ela está presente em todos os adoradores que fazem uso do “novo caminho.” O uso da preposição (en) realmente sugere que esta certeza da fé é a esfera ou ambiente em que a aproximação deve ser feita. (iii) Tendo os corações purificados de má consciência. Sem dúvida, a metáfora da aspersão (aqui purificação) é derivada do culto ritual levítico, onde é mencionado o sangue aspergido sobre o povo como ratificação da antiga aliança (Êx 24.8) e na ocasião da consagração de Arão e dos seus filhos (Êx 29.21). Não há menção específica ali, como há aqui, da purificação da consciência. Mas o meio totalmente mais eficaz de purificação, que os cristãos possuem, relaciona-se diretamente com a consciência. É mais do que um ato ritual; é uma condição moral. (iv) E lavado o corpo com água pura. Parece tratar-se de uma alusão ao batismo cristão, embora este ponto de vista não esteja sem dificuldades. Se for correta, exigiria algum rito iniciatório de natureza pública antes de alguém poder aproximar-se. Mas visto que as demais condições não são externas, parece estranho que a quarta condição o seja. A lavagem do corpo talvez ache alguma explicação em Efésios 5.26 onde está escrito que CRISTO purificou a igreja “por meio da lavagem de água pela palavra,” que é mais intelegivelmente interpretado num sentido espiritual. O uso do adjetivo “pura” também pareceria sugerir um significado simbólico. A diferença entre (iii) e (iv) seria, portanto, entre a pureza das atitudes internas e a dos atos manifestos. 23. A segunda exortação — guardemos firme - usa um verbo (katechò) que já foi usado em 3.6, 14, no sentido de guardarmos firme a nossa ousadia (parrèsia) ou a confiança que desde o princípio tivemos (tèn archèn tès hypostaseòs). Aqui, no entanto, é outra palavra que é usada, i.é, a confissão (homologian). Não há, porém, muita distinção na idéia principal destas diferentes palavras, porque as duas se referem à verdade básica da posição cristã. Claramente, uma exortação para “guardar firme” nunca é inapropriada num mundo em que os valores estão em contínua mudança, mas onde os padrões cristãos são constantes. A expressão inteira: a confissão da esperança, é surpreendente, porque teríamos esperado “fé” ao invés de “esperança.” Mas a esperança é mais abrangente, porque inclui promessas específicas a respeito do futuro. Há uma conexão mais específica entre a fé e a esperança no capítulo seguinte (cf. 11.1). Vale notar, além disto, que em 3.6 há uma ligação entre a confiança e a esperança como coisas que vale a pena guardar. Para outras referências à esperança, cf. 6.11, 18; 7.19. Certamente, esta Epístola olha para o futuro e oferece glórias do porvir que brilham mais do que as glórias da velha ordem. Apesar disto, o escritor tem consciência de que alguns dos seus leitores talvez passem o perigo de relaxar seu apego a esta esperança, porque os conclama a segurar firme sem vacilar (aklinè). A palavra grega traduzida desta maneira é usada somente aqui no Novo Testamento, e é baseada na idéia de um objeto reto que não se inclina em nenhuma direção. Não há lugar na experiência cristã para uma esperança firme numa ocasião e vacilante noutra. Sustentar esta certeza não é um ato sem justificativa, porque não depende de si mesma, mas da fidelidade de quem fez a promessa. Algumas facetas das promessas dè DEUS serão ilustradas no capítulo seguinte, que é, na realidade, um comentário da declaração feita aqui. (Não somente registra a fé dos homens, como também a fidelidade de DEUS. Outras declarações específicas na Epístola, que chamam a atenção à fidelidade, são 2.17 e 3.2 que se referem ao nosso Sumo Sacerdote fiel, e 11.1 onde está escrito que Sara reconheceu a fidelidade de DEUS. 24. A terceira exortação focaliza-se na responsabilidade social. É relevante que a palavra considerar (katanoòmen) seja usada aqui, porque aquilo que o escritor conclama evidentemente exige pensamento concentrado. O alvo proposto é nos estimularmos ao amor e às boas obras. Um pouco de raciocínio é claramente necessário para resolvermos como podemos fazer isto da melhor maneira possível. Algo mais do que o esforço individual é necessário para promover o amor e as boas obras. Os cristãos precisam estar alertas às necessidades do seu próximo. A ação em conjunto é indispensável. A palavra traduzida estimular (eis paroxysmon) é um termo notável que significa “incitação” e ou é usada, como aqui, num bom sentido, ou, como em Atos 15.39, num mau sentido (i.é, contenda). Parece sugerir que amar uns aos outros não acontecerá automaticamente. É necessário trabalhar o amor, até mesmo provocá-lo, assim como se faz com as boas obras. Esta combinação de amor e de boas obras é notável por enfatizar que o amor deve ter resultados práticos. O adjetivo traduzido boas (kalos) demarca as obras como boas na aparência, por possuírem uma qualidade atraente. Sugere que as obras devem ser tão evidentemente boas em si mesmas que nenhuma dúvida possa existir acerca do seu valor verdadeiro. 25. Outra exigência de um tipo social, que tem aplicação direta à declaração anterior, é a necessidade da comunhão coletiva. É lógico que nenhuma provocação ao amor é possível a não ser que ocorram oportunidades apropriadas para o processo de despertamento ter efeito. As palavras: Não deixemos de congregar-nos, presumivelmente referem-se a cultos de adoração, embora o fato não seja declarado. Talvez tenha sido propositadamente deixado ambíguo a fim de incluir outras reuniões de um tipo mais informal, mas a palavra grega (episynagògè) sugere alguma assembléia oficial. Parece que alguns tinham negligenciado seus encontros com os irmãos cristãos, o que é visto como uma séria fraqueza. É possível que os leitores tenham se separado do grupo principal, o que significava que suas oportunidades de estimular-se ao amor e ás boas obras estavam severamente limitadas. As assembléias cristãs visam ter um resultado positivo e útil: i.é, “encorajar uns aos outros” (fazer admoestações, ARA). A palavra usada aqui (parakaleõ) pode igualmente ser traduzida “exortar.” A idéia básica é que os cristãos devem fortalecer e estimular uns aos outros. Não há dúvida de que influência incalculável para o bem pode advir do exemplo poderoso de pessoas retas em associação com outras do mesmo tipo. O Novo Testamento não oferece apoio algum à idéia de cristãos isolados. A comunhão estreita e regular não é apenas uma idéia agradável, como também uma absoluta necessidade para o encorajamento dos valores cristãos. De início, é surpreendente que o escritor acrescente a esta altura as palavras: e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima. Nada preparou os leitores para a menção do “Dia”. Há muitas referências noutros livros do Novo Testamento ao Dia do Senhor (e.g. 1 Ts 5.2; 2 Pe 3.10) e deve ser suposto que os leitores desta Epístola teriam sabido imediatamente a que se referia. De qualquer forma, é familiar por causa do Antigo Testamento, mas o escritor o usa de uma maneira especificamente cristã, subentendendo um dia de prestação de contas (cf. Lc 17.26; Rm 2.16; Ap 6.17). Certamente tem conexão com a Segunda Vinda de CRISTO, embora esta não seja mencionada aqui tampouco. Tudo quanto está em mira é o efeito salutar de ser lembrado da aproximação do dia. A expressão “aproximar-se” (engizõ) é comumente usada no Novo Testamento para descrever a aproximação do dia (cf. Rm 13.12; Fp 4.5; Tg 5.8; 1 Pe 4.7). Para um apelo semelhante ao dia que se aproxima como base para o comportamento ético cuidadoso, cf. 2 Pedro 3.11. Vale notar, no presente contexto, que o verbo é indicativo e registra uma realidade consumada — vedes — e não está, como os verbos anteriores, na forma de uma exortação. A iminência do dia era cosiderada clara. Não devia ser considerada um segredo. Os cristãos deviam viver como se o raiar do dia estivesse tão próximo que sua chegada estava só um pouco além do horizonte. Apesar dos séculos que se passaram desde então, a possível iminência do dia ainda fornece uma motivação poderosa para muitos crentes no sentido de padrões morais elevados. (ii) Outra advertência (10.26-31) 26. Este versículo introduz uma nova seção (w. 26-31) que adverte contra os perigos da apostasia de maneira muito semelhante às advertências no cap. 6. Presumivelmente, é provocada pela menção do dia da prestação das contas no v. 25. Os aspectos sérios do julgamento contrário são vividamente focalizados. Se vivermos deliberadamente em pecado coloca a ênfase no pecado responsável, no tipo de pecado no qual as pessoas entram com os olhos abertos. A posição da palavra deliberadamente (hekousiõs) como a primeira palavra na frase reforça esta idéia. O culto ritual levítico oferecia providências para os pecados inadvertidos, mas não para os pecados voluntários. A esta altura o uso que o escritor faz da primeira pessoa do plural (“nós” oculto, hèmón), identifíca-se com aqueles que recebem a advertência. O pleno conhecimento da verdade é aludido como uma coisa recebida, o que sugere que tem uma forma reconhecida. Ademais, o artigo com a palavra verdade (tès alétheias) toma claro que já existe um corpo de doutrina definível, que todos os cristãos devem conhecer. É o equivalente à totalidade da revelação cristã. O apóstolo Paulo tem muito mais para dizer sobre o conhecimento (epignõsis) do que o autor desta Epístola. De fato, este é o único lugar nesta Epístola onde esta palavra é usada. Ressalta a qualidade deliberada do pecado se uma compreensão inteligente da “verdade” já tinha sido adquirida. Semelhante pecado deliberado, ocorrendo depois de obtida um domínio de “a verdade”, subentende uma rejeição da verdade, cujo aspecto cardeal é a singularidade do sacrifício de CRISTO. Se este for rejeitado, não sobra nenhum outro sacrifício adequado. Em grego, a ordem das palavras é significante mais uma vez, porque a ênfase recai sobre as palavras: pelos pecados. Pode haver sacrifício, mas nenhum que tenha qualquer eficácia para a remoção dos pecados. Desta maneira, as sérias conseqüências do pecado deliberado são ressaltadas. 27. Sem um sacrifício expiador no qual se possa confiar, tudo quanto permanece é juízo e fogo vingador. A alternativa é expressa forte e vividamente. A primeira: juízo, é expressada em termos dos temores do homem (certa expectação horrível), a segunda: fogo vingador, em termos da provisão de DEUS. Completam- se mutuamente. Certa expectação horrível de juízo chama a atenção à reação que a expectativa produz naqueles que se enquadram na categoria de pecadores deliberados. A proporção em que os pensamentos do julgamento aterrorizam os transgressores depende do caráter do juiz, e, na medida em que esta passagem continua, toma-se claro que não se pode fazer pouco do Seu juízo (cf. v. 31). 28. Um exemplo da pena capital é citado da lei de Moisés como exemplo do julgamento sob a antiga aliança, de modo que fornece um paralelo para um julgamento semelhante sob a nova aliança. O caso específico citado é aquele em que alguém tiver rejeitado (athetèsas) a lei de Moisés, i.é, deixou-a de lado como algo sem nenhuma conseqüência. Parece subentender uma recusa positiva de aceitar a autoridade da lei mosaica. Para semelhante homem não havia misericórdia sob a antiga aliança. Não poderia esperar nada senão a morte. Visto que a disposição — pelo depoimento de duas ou três testemunhas - é tirada de Deuteronômio 17.6, é razoável supor que o escritor tinha em mente, a esta altura, a passagem inteira de 17.2-6. Esta trata do pecado específico dos que estavam dentro da antiga aliança mas que tinham cometido o pecado da idolatria e, como resultado, foram condenados à morte por apedrejamento. A presença das testemunhas era exigida para garantir que ninguém fosse condenado na base de um relato falso. Nenhuma lição específica é tirada deste fato quando os paralelos com a Nova Aliança são sugeridos neste Epístola. 29. O argumento agora procede do menor para o maior, portanto as palavras quanto mais severo são aplicadas ao delito mais sério sob a nova aliança. Os leitores estão exortados a dedicar pensamento especial a isto: julgais vós? (dokeite). Embora as palavras sejam expressas na forma de uma pergunta, não há dúvida acerca da resposta. O escritor toma por certo que o estado mental que está para mencionar é até pior do que a violação da lei mosaica. Envolve maior castigo. Ao falar deste castigo emprega uma palavra (timõria) que não ocorre em qualquer outro lugar no Novo Testamento e que o descreve precisamente em termos daquilo que o delito merece. O delito específico, que é suficientemente sério para justificar um castigo maior, é expressado de modo tríplice, (i) Primeiramente, envolvia o desprezo ao Filho de DEUS. O verbo usado aqui (katapateô) significa calcar aos pés ou tripudiar, expressão vívida quando é usada a respeito do Filho de DEUS. Deve envolver não somente uma rejeição da posição cristã, como também o mais forte antagonismo contra JESUS CRISTO. É um caso extremo de apostasia que está sendo contemplado, (ii) Em segundo lugar, o transgressor profanou o sangue da aliança. A expressão grega traduzida profanou (koinon hègêsamenos) pode ser traduziada “considerar comum” no sentido de tratar o sangue de CRISTO como não sendo diferente do sangue de qualquer outro homem, mas a interpretação mais positiva das palavras no sentido de “considerar profano” é mais provável. Posto que o sangue era o meio de ratificar uma aliança (tanto a antiga quanto a nova), considerá-lo profano era o equivalente de destruir a base inteira do acordo. Qualquer pessoa que adotasse semelhante ponto de visa estaria realmente desprezando a obra de CRISTO. Na frase qualificadora, com o qual foi santificado, o contraste é ressaltado entre uma atitude ímpia para com o sacrifício de CRISTO e os resultados santos daquele sacrifício para o crente, (iii) O terceiro ato é descrito como ultrajar o ESPÍRITO da graça. O verbo é outra palavra que não ocorre mais no Novo Testamento (enybrizein), que significa nlo somente ultraje, como também insolência. É uma rejeição arrogante do ESPÍRITO através de cujo intermédio a graça (o favor gratuito de DEUS) chegou ao homem. Esta é a única ocasião no Novo Testamento onde o ESPÍRITO é chamado o ESPÍRITO da graça, mas aqui o propósito do escritor é resumir numa palavra todos os benefícios que o ESPÍRITO trouxe. Esses três aspectos da apostasia não somente colocam o homem numa posição de condenação, como também o deixam numa posição especificamente anti- ristã. É impossível saber se o escritor tem em mente pessoas que realmente se viraram contra o cristianismo depois de terem estado associadas com ele, ou se está considerando qual seria a posição de quaisquer pessoas que chegassem a assim fazer. Quando esta passagem é considerada em conjunção como capítulo 6, fica claro que o escritor tem bem presentes as conseqüências sérias para aqueles que se tomarem antagônicos a JESUS CRISTO. Quaisquer pessoas que já tivessem feito assim não seriam demovidas pelos argumentos no decurso da Epístola que demonstram a superioridade de CRISTO. Parece melhor, portanto, supor que estas advertências fortes são propostas para demonstrar o contraste entre aqueles que entram nos benefícios do sacrifício de CRISTO e aqueles que resolutamente se recusam a entrar. 30. A fim de que ninguém pense que o escritor exagerou a perspectiva do julgamento, este chama a atenção dos seus leitores para o caráter do juiz, que é a garantia de que o julgamento será justo. As palavras: Ora, nós conhecemos aquele imediatamente focalizam a atenção na Pessoa. Segue-se, então, uma citação, ou melhor, uma adaptação de uma citação tirada de Deuteronômio 32.35 (cf. também Rm 12.19, onde é achada a mesma adaptação). A segunda citação é tirada do versículo seguinte em Deuteronômio 32. A respectiva passagem é aquela em que Moisés faz seu discurso de despedida e relembra ao povo de Israel como DEUS o tinha tratado. O discurso também contém advertências, e é desta seção especialmente que as citações são tiradas. As duas juntas ressaltam o fato de que a vingança e o julgamento pertencem ao Senhor. A vindicação do povo de DEUS vai de mãos dadas com o julgamento dos Seus inimigos. 31. O terror da expectativa mencionada no v. 27 agora é reforçado pelo uso da mesma palavra para descrever o resultado de cair nas mãos do DEUS vivo. A expressão “DEUS vivo” já ocorreu antes nesta Epístola (3.12; 9.14) e ocorre outra vez em 12.22. Tem relevância especial aqui por estar ligada com “mãos”, que simbolizam a atividade de DEUS. Ao falar assim das “mãos” de DEUS, o escritor está usando uma figura de linguagem bem-conhecida para o implementar, da parte de DEUS, dos Seus próprios julgamentos. Logo, neste contexto “as mãos de DEUS” estão contra aqueles que, através das suas ações ou atitudes, se colocaram fora da Sua misericórdia. Um uso diferente de uma expressão semelhante: “a poderosa mão de DEUS,” é achada em 1 Pedro 5.6. (iii) O valor da experiência passada (10.32-39) 32. O assunto da seção seguinte, w. 32-39, é a perseverança, que primeiramente é tratada em retrospecto, e então passa a ser o assunto de mais exortações. O processo da recordação às vezes é uma atividade frutífera quando chama à mente lições anteriores, mesmo se aquelas lições tenham sido aprendidas numa escola severa. A palavra lembrar-se (anamimnêskõ) é usada somente aqui nesta Epístola, mas ocorre duas vezes em Marcos (11.21; 14.72) e três vezes em Paulo (1 Co 4.17; 2 Co 7.15 e 2 Tm 1.6). Denota algum esforço em chamar à mente. Teríamos pensado que semelhante esforço seria desnecessário quando o assunto da lembrança são os sofrimentos anteriores do crente, mas é surpreendente como a memória da maioria das pessoas precisa ser incitada. Os dias anteriores dão a entender que este grupo de crentes já era cristão havia algum tempo. Agora podem relembrar dias anteriores ao tempo da sua iluminação. Esta é uma maneira expressiva de referir-se à sua conversão (cf. 6.4). Relembra a declaração paulina em 2 Coríntios 4.6, onde a idéia da iluminação espiritual se destaca. A estes cristãos é dito: sustentastes grande luta. A palavra athlèsin que descreve esta luta é outra palavra que não é achada em qualquer outro lugar no Novo Testamento, e significa um certame atlético, e, portanto, é aplicada de modo metafórico a uma luta. Neste caso a linguagem figurada parece dizer respeito a uma corrida de obstáculos, sendo que os sofrimentos são os obstáculos a serem vencidos. 33. Aqui são dados pormenores do tipo de sofrimento que os leitores tinham suportado. É descrito como expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio, quanto de tribulações. Demonstra-se assim como tinham um envolvimento pessoal nos sofrimentos de CRISTO. Das duas palavras aqui usadas para denotar o sofrimento, “opróbrio” (oneidismoi) é achada também em 11.26 na descrição do opróbrio que Moisés sofreu como resultado da sua rejeição da posição exaltada no Egito, e em 13.13 na descrição daquilo que aguarda os que saem fora do arraial com CRISTO. É estreitamente ligado com o opróbrio que CRISTO suportou (cf. Rm 15.3). A outra palavra: tribulações (thlipsis), é muito mais comum no Novo Testamento, embora ocorra somente aqui em Hebreus. Talvez o exemplo mais notável do seu uso seja Colossenses 1.24, em que Paulo fala em preencher o que resta das aflições de CRISTO. Estes hebreus tinham participado de uma experiência semelhante. O verbo traduzido expostos como em espetáculo (theatrizomai) ocorre somente aqui no Novo Testamento, mas Paulo usa o substantivo cognato em 1 Coríntios 4.9. Tanto o verbo quanto o substantivo derivam sua força de expressão de um espetáculo no teatro, e a idéia é que os cristãos foram usados como um alvo público para maus tratos. Esta idéia também harmoniza-se com os maus tratos aos quais o próprio CRISTO foi sujeitado. Além dos seus próprios sofrimentos pessoais, às vezes sofriam mediante a associação com outras pessoas. Uma comunidade cristã com laços estreitos forçosamente experimentará os dois tipos de sofrimento quando vem a perseguição. Não se declara qual forma assumiu este segundo tipo. Bastava para o propósito do escritor relembrar aos leitores que eram coparticipantes (koinõnoi), que relembra o conceito neotestamentário familiar da comunhão ou da participação. Os crentes tinham achado um privilégio “compartilhar” dos sofrimentos uns dos outros. Esta é comunhão no nível mais profundo. 34. Aquilo que é descrito de modo geral no versículo anterior é descrito aqui de modo mais específico para servir de exemplo, mas na ordem inversa. Vos compadescestes dos encarcerados é um exemplo de uma abordagem ativa, ao passo que aceitar o espólio é um exemplo da abordagem passiva. Estes cristãos tiveram experiência das duas situações. Tinham, na realidade, demonstrado simpatia, semelhante àquela do nosso Sumo Sacerdote (4.15), embora num nível inferior. Conforme demonstra a palavra grega (synepathèsate), esta compaixão cristã consiste na capacidade de “sofrer com” os que sofrem. Identificam-se mentalmente com os encarcerados. Nenhuma indicação é dada da natureza ou da causa do aprisionamento, mas presumivelmente era por causa da confissão cristã das respectivas pessoas. Sabemos pelas cartas de Paulo que ele mesmo foi encarcerado muitas vezes, e também sabemos que vários outros eram presos juntamente com ele. Era bastante comum naqueles dias primitivos os cristãos serem encarcerados sempre que suas convicções eram consideradas contrárias ao gosto das autoridades civis. Não fica claro em quais circunstâncias este cristãos tinham aceito com alegria o espólio dos seus bens. Certamente revelavam uma abordagem especialmente madura, porque sua atitude era mais positiva do que a mera resignação. Tinham aprendido a regozijar-se no meio das perdas. Sua abordagem às suas posses era sadia, porque sua posição espiritual não dependia das vantagens materiais. Tinham aprendido o valor superior do seu patrimônio superior, que, segundo se supõe, refere-se às suas vantagens em CRISTO. Era a isto que CRISTO chamara de ajuntar tesouros no céu (Mt 6.19). A descrição adicional da possessão como durável acrescenta outra dimensão à sua superioridade, porque claramente esta além da possibilidade de perda. 35. O apelo à experiência passada é sempre valioso quando relembra uma confiança anterior, especialmente quando aquela confiança tinha começado a vacilar no interim. A experiência madura como aquela que acaba de ser mencionada certamente não poderia ser jogada fora. O escritor expressa a questão como um desafio pessoal direto: Não abandoneis (apobaléte), portanto, a vossa confiança. A palavra que emprega significa “jogar fora” assim como se joga lixo que não tem mais utilidade. Seria realmente trágico se a confiança anterior destes cristãos fosse alijada desta maneira. Além disto, o escritor diz que ela tem grande galardão no tempo presente (echei), no sentido de que o crente que ficar firme já começa a ter experiência do galardão, ainda que seu cumprimento esteja no futuro. 36. Perseverança é um aspecto mais específico da confiança. É uma persistência até mesmo quando as circunstâncias são contrárias. O capítulo seguinte fornecerá muitos exemplos da perseverança da fé. Acentuase a necessidade dos leitores (tendes necessidade), que demonstra que o escritor reconhece sua falta de um espírito de perseverança, e este fato está bem em harmonia com o pano de fundo geral dos temores do escritor no tocante aos seus leitores. O propósito da perseverança é expresso com exatidão nas palavras: para que havendo feito a vontade de DEUS... Já neste capítulo a devoção de JESUS à vontade de DEUS foi mencionada (cf. w. 5ss.), e agora o mesmo alvo é colocado diante dos leitores. Fica certo que qualquer abandono da confiança anterior não estaria de conformidade com a vontade de DEUS. Fica claro, também, que o exemplo de JESUS CRISTO incluía sofrimentos. É uma das marcas de um cristão maduro ter um conceito da vontade de DEUS que leva em conta os acontecimentos contrários. É na base de cumprir a vontade de DEUS que os leitores alcançarão a promessa. Esta é outra maneira de referir-se ao galardão mencionado no v. 35. A idéia resume a herança gloriosa do crente, porque as promessas de DEUS são totalmente fidedignas. 37-38. Com o intuito de confirmar seu argumento, o escritor liga juntas duas passagens da Escritura: Isaías 26.20 (LXX) e Habacuque 2.34. A primeira frase: Porque ainda dentro de pouco tempo, ecoa a linguagem de Isaías 26.20, onde as mesmas palavras são seguidas pela cláusula: “até que passe a ira,” o que demonstra que nos dias de Isaías Israel tinha que esperar até que DEUS agisse. É citada aqui para renovar a confiança daqueles que imaginavam que a falta de ação demonstrava uma falta da parte de DEUS de cumprir Sua promessa. A parte seguinte da citação vem da passagem em Habacuque, embora haja modificações do original. Há um propósito diferente, porque o profeta estava pensando na ameaça dos caldeus.94 Aqui, o pensamento diz respeito à certeza da intervenção de DEUS, que era especialmente relevante para a igreja num período de perseguição. A certeza de que aquele que vem não tardaria demonstra que qualquer demora deve ser considerada temporária. A primeira declaração no v. 38 é citada por Paulo em Romanos 1.17 para resumir o teor do seu argumento teológico (cf. também G1 3.11). Aqui, a lição principal a ser aprendida é a necessidade da fé a fim de sustentar a confiança anterior. As palavras adicionais: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma atribuem importância adicional à necessidade da fé. A possibilidade é expressa como uma cláusula condicional, e não há indicação que algum deles realmente tivesse retrocedido. Na realidade, o v. 39 sugere o inverso. 39. Aqui o escritor identifica seus leitores com ele na rejeição da própria idéia de retroceder. As palavras traduzidas para a perdição (eis apõleianj são uma interpretação da passagem que acaba de ser citada, porque é somente assim que o escritor pode entender o resultado do desprazer de DEUS. Aqui é contrastada com o resultado da fé, i.é, que o escritor e os leitores igualmente gozarão da conservação da alma. Esta idéia da conservação, o antônimo exato da destruição, é característica da salvação. A mesma palavra é ligada com a salvação em 1 Tessalonicenses 5.9. SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA I - CRISTO como Expiação do Pecado 1 Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Alguém já fez uma definição curiosa no tocante à função da Lei até que CRISTO viesse, dizendo: O pecado deforma; A filosofia reforma; A religião conforma; A Lei informa; CRISTO transforma. Paulo, escrevendo aos gálatas, diz: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que, pela fé, fôssemos justificados” (G1 3.24). A função do aio no mundo antigo era conduzir o aluno até a sala de aula e ali entregá-lo ao pedagogo. Em alguns casos, o aio também era um pedagogo, mas em outros, ele era o condutor que conduzia o aluno até a presença daquele. Assim, a Lei não são os bens futuros, pois estes eram administrados por CRISTO. Mas ela nos serviu de sombra destes bens futuros, e através de seu conjunto de ordenanças, informações e profecias que revelavam a vontade divina, nos conduziu até CRISTO (o verdadeiro pedagogo). Assim, CRISTO significa para nós o fim de um período e o começo de um outro. “Porque o fim da lei é CRISTO para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). 2 Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. O escritor sagrado, aqui neste texto, mostra-nos que os sacrifícios que eram oferecidos a cada dia na antiga aliança, mesmo que cobrissem o pecado, não tinham a eficácia e o valor do sacrifício expiatório de CRISTO. A repetição de sacrifícios mostra-nos que os adoradores não tinham a consciência de que os seus pecados tinham sido expiados definitivamente. Porém, aqueles que crêem em CRISTO e confessam os seus pecados, levados por um arrependimento produzido em seus corações pelo ESPÍRITO SANTO, alcançam de DEUS o perdão — sentindo-o como alívio da alma na própria consciência. Assim, os seus corações não mais os condenam e eles passam a ter confiança em DEUS, conforme é declarado pelo apóstolo João: “Amados, se o nosso coração nos não condena, temos confiança para com DEUS; e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (I Jo 3.21,22). 3 Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz comemoração dos pecados, A Lei sempre lembrava o pecado, porém CRISTO sempre lembra o perdão dos pecados. É a primeira lembrança que vem à mente daquele que com CRISTO se encontra. “Eis o Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). A cada ano em Israel havia a comemoração dos pecados no Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote fazia expiação por si mesmo e pelo pecado do povo. Assim, a Lei assumia um aspecto negativo, segundo o qual é vista como agente condenatório, que revela ao homem o seu pecado e o seu subseqüente julgamento (Rm 7.7). Isto não acontece na condição revelada no Evangelho da graça de DEUS. Ele não só perdoa o pecado, mas ainda justifica o homem do seu pecado, dizendo: “E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades” (Hb 10.17). Esta grande declaração de DEUS proferida pelo profeta Jeremias nos traz o consolo e a confiança nas promessas de DEUS a respeito do nosso perdão. 4- porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados. Parece haver uma pequena contradição entre o texto em foco e o que está escrito em 9.13,14, nesta epístola. Mas em suma, não se trata de contradição, e sim, da continuação do argumento iniciado ali e confirmado aqui. Ali diz que “... se o sangue de touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de CRISTO, que, pelo ESPÍRITO eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a DEUS, purificará a vossa consciência das obras mortas...” O que o autor quer mostrar aqui é que os sacrifícios dos animais não eram instrumentos de uma expiação vicária, mas apenas a exibição da necessidade da mesma. Isto sugere ao povo eleito a firme esperança de uma redenção vindoura, segundo a promessa de DEUS, que seria o próprio CRISTO, que não apenas efetuou a redenção, mas Ele mesmo “... foi feito por DEUS sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (I Co 1.30). II- O Corpo de CRISTO: O Perfeito Sacrifício 5 Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo mepreparaste; Esta expressão aponta para o corpo humano de JESUS CRISTO, que foi preparado por DEUS no ventre da virgem (Lc 1.31,35). Ainda que o original hebraico queira dar aqui um outro sentido, dizendo que em lugar de “corpo me preparaste”, deve-se ler: “os meus ouvidos abriste”, isto é, para eu ouvir e obedecer aos teus mandamentos (SI 40.68). Contudo, o sentido coloquial no texto em foco é a humanidade de JESUS CRISTO. O próprio CRISTO também se comparou a um templo quando os judeus lhe pediram um sinal quanto a sua autoridade. Então Ele disse: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos, foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo” (Jo 2.19-21), pois como homem, CRISTO era tríplice e compunha-se de corpo, alma e espírito. Ele mesmo fala dessa tríplice constituição, quando diz: “o meu corpo” (Mt 26.12); “a minha alma” (Mt 26.38); “o meu espírito” (Lc 23.46). Foi, portanto, este corpo que foi oferecido a DEUS como sacrifício propiciatório pelos santos e pela humanidade (I Jo 2.1,2). 6 holocaustos e oblaçõespelo pecado não te agradaram. Holocaustos eram as ofertas queimadas, o que simbolizava a CRISTO oferecendo-se sem mácula a DEUS (Hb 9.14) em seu desejo de fazer a vontade do Pai, mesmo até a morte. Tem valor expiatório, porque o cristão nem sempre tem tido esse prazer de fazer a vontade de DEUS; tem valor de substituição, porque CRISTO morreu em lugar do pecador. Os animais aceitáveis para sacrifícios são cinco, sobre os quais o Dr. C. Scofield faz o seguinte comentário: 1°— O novilho, ou boi, simboliza o Servo paciente (I Co 9.9,10; Hb 12.2,3), obediente até a morte (Is 52.13-15; Fp 2.5-8). A oferta neste caráter é como substituto, visto que o ofertante não tem sido obediente assim. 2o — A ovelha simboliza a CRISTO submisso, mesmo nessa fase da morte sobre a cruz (Is 53.7; At 8.32-35). 3o — A cabra simboliza o pecador (Mt 25.33), e quando empregada em sacrifício, simboliza a CRISTO “contado com os transgressores” (Is 53.12; Lc 23.33), e “feito pecado” e “maldição” (2 Co 5.21; G1 3.13), como substituto do pecador. 4° e 5o — Rolas ou pombinhos são símbolos de tristeza e inocência (Is 38.14: 59.11; Mt 23.37; Hb 7.26). Associados com a pobreza em Levítico 5.7, falam de quem por amor de nós se fez pobre (Lc 9.58) e cujo caminho de pobreza começou com sua sujeição em deixar “a forma de DEUS” e terminou com o sacrifício pelo qual fomos enriquecidos (2 Co 8.9; Fp 2.6-8). (Obs. Pr Henrique - Para mim, são simbolo de pureza, santidade). 7 Então, disse: Eis aqui venho (noprincípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó DEUS, a tua vontade. Foi bastante pertinente a aplicação dessa parte do Salmo 40 a JESUS, o que sumaria perfeitamente sua vida e sua obra. Ninguém pode entendê-lo sem perceber que sua devoção à vontade de DEUS era a sua própria alma. Até mesmo como um menino de doze anos de idade, ao ser questionado por seus pais, que por três dias o procuravam, Ele disse: “Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49) Ele enfrentou as tentações que sofreu no deserto, uma após a outra, afirmando sua total aderência à vontade divina. “A minha comida [aquilo que satisfaz a minha fome] consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34). CRISTO teve uma atitude extraordinária. O que quer que dissesse, onde quer que tenha ido, movimentava-se com calma, confiança e força. Tudo quanto havia nEle participava de suas palavras e de seus feitos, e o segredo era sua completa devoção aos propósitos do Pai. Até mesmo no último conflito, no jardim do Getsêmani e na cruz, quando parece ter sido assolado por dúvidas, de uma coisa Ele nunca duvidou: que a vontade de DEUS era boa e que a seguiria até o fim. 8 Como acima diz: Sacrifício, e oferta, e holocaustos, e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). As “oblações” eram tipos de ofertas, constantes de bolos de trigo sem fermento, sobre os quais eram colocados azeite e incenso (cf. Lv 2.4-16). Havia também outros tipos de “oblações” (ofertas incruentas), descritas em Levítico 2. Antes mesmo de CRISTO vir ao mundo, o Antigo Testamento mostrava que a verdadeira vontade de DEUS não era se deleitar em sacrifícios de animais, e sim, em corações santificados, dominados exclusivamente pelo seu temor. Ao advertir os israelitas, Samuel disse: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (I Sm 15.22). E o salmista conclui, dizendo: “Porque te não comprazes em sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para DEUS são o espírito quebrantado; a um coração que- brantado e contrito não desprezarás, ó DEUS” (SI 51.16,17). 9 Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó DEUS, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. O Salmo 40, já comentado no versículo 7 deste capítulo, apresenta o Messias prometido como um servo fiel a DEUS, disposto a fazer em tudo a sua vontade. “Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito de mim: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó DEUS meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração” (SI 40.68). O ato de furar a orelha de um escravo — o que era sinal visível de que aquele escravo se decidira por ficar voluntariamente sob o domínio de seu senhor, apesar de poder ser posto em liberdade — era uma decisão tomada mais por amor do que pelo dever (Êx 21.5,6). Tal quadro mostra em alegoria a total disponibilidade de CRISTO, oferecendo-se para fazer a vontade do Pai. Ele foi “... obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). 10 Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de JESUS CRISTO, feita uma vez. A santificação faz parte integral da vontade divina na vida cristã. “Porque esta é a vontade de DEUS, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição” (I Ts 4.3). A conclusão triunfante que a vontade divina apresenta quanto à santificação cristã foi cumprida na oferta do corpo de CRISTO. E mediante o que Ele sofreu em seu corpo, e não devido a sacrifícios de animais, que somos santificados; porque somente o sangue daquEle “que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” pode nos levar ao nível de santificação progressiva até a perfeição desta por DEUS exigida, conforme lemos em Apocalipse 22.11, que diz: “Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda”. 11 assim todo sacerdote cparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; Antes da inauguração do sacerdócio oficial, cujos principais representantes foram Arão e seus filhos, cada chefe da casa representava sua família na adoração a DEUS. Somente um sacerdote é mencionado antes disso na Bíblia. Trata-se de Melquisedeque, que era rei de Salérm e sacerdote do DEUS Altíssimo (Gn 14.18-20). Quando foi celebrada a Páscoa no Egito, cada chefe de família assumiu a responsabilidade da casa perante DEUS. O filho primogênito de cada família israelita passara a pertencer a DEUS por direito e por resgate (Ex 13.1,2). Contudo, no episódio que envolveu o povo eleito com o bezerro de ouro, o Senhor escolheu a tribo de Levi como substituto do filho mais velho de cada família israelita (Nm 3.5-13; 8.17,18). Porém, na Nova Aliança selada por CRISTO, o direito sacerdotal passou como direito adquirido para todos os filhos de DEUS (Ap 1.6). III - O Senhorio de CRISTO 12 mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de DEUS, Já tivemos a oportunidade de abordar o valor sublime do sacrifício de CRISTO. Ele seria o cumprimento perfeito e ideal daqueles que foram instituídos na antiga aliança. Todos eles, sem exceção, eram apenas “sombras” de um sacrifício perfeito, eterno e permanente, pois como tal, apontavam para CRISTO e para sua morte na cruz. Qualquer outra direção que os homens sigam procurando a salvação de suas almas não tem validade alguma, pois somente CRISTO é “o caminho” que conduz à vida eterna. É nEle, portanto, que encontramos “... o arrependimento e a remissão dos pecados” (cf. Lc 24.47). Ele “... está assentado para sempre à destra de DEUS”. Pode-se compreender esta declaração como vinculado ao ato de sacrifício único de CRISTO. Este sacrifício tem um valor eterno, pelo que também não precisa ser repetido. daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Em I Coríntios 15.25,26, ao falar sobre o senhorio de CRISTO, Paulo diz: “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”. Nós sabemos que DEUS quer e pode destruir todo o mal e removê-lo para sempre do universo, mas Ele determinou um tempo quando isso irá acontecer. Por esta razão CRISTO está assentado à direita de DEUS, esperando o tempo que Ele determinou para a destruição das hostes do mal. No Armagedom, de acordo com os ensinamentos das Escrituras, será destruído o poder gentílico mundial, representado (pelo menos em tese) pelos governantes humanos. Depois disso, a consolidação de todas as forças do mal, juntamente com seus agentes, serão aniquilados por DEUS no ardente lago de fogo e enxofre (Ap 19.20; 20.9,10,15). 13 Porque, com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. A medida certa da estatura de CRISTO somente será atingida pelos cristãos mediante o caminho da perfeição e da santificação. Quando lá chegarmos, seremos semelhantes ao Senhor. Os santos já são parecidos com CRISTO e devem se esforçar para atingir sua estatura que, sem dúvida, é o modelo para todos nós (Ef 4.12-15). Ninguém pode crescer, espiritualmente falando, fora da graça de DEUS; por esta razão Pedro nos exorta, dizendo: “... crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO” (2 Pe 3.18). Somente estando na graça de nosso Senhor JESUS os santos crescerão em todas as dimensões de suas vidas, como acontecia nos dias da Igreja Primitiva. Ali, “[crescia] o número dos discípulos” (At 6.1), “crescia a palavra de DEUS” (At 6.7), “e todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47). No entanto, para os crentes atuais, o padrão continua o mesmo e a exortação é esta: “... cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, CRISTO” (Ef 4.15). 14 E também o ESPÍRITO SANTO no-lo testifica, porque, depois de haver dito: Inúmeras referências bíblicas marcam a presença do ESPÍRITO SANTO no período do Antigo Testamento, descrevendo-o como membro ativo da Divindade e participante de decisões somente a ela inerentes. Em várias manifestações e demonstrações de poder, tanto no universo físico como no espiritual, sua presença é sentida e revelada. Ora repreendendo, ora testificando, como nos é dito aqui no texto em foco. Ele é, portanto, o ESPÍRITO eterno (Hb 9.14). E onipresente (SI 139.7-10), onipotente (Lc 1.35) e onisciente (I Co 2.10). A Ele se atribuem obras divinas: Tomou parte na criação (Gn 1.2); produz novas criaturas para JESUS (Jo 3.5); ressuscitou a JESUS CRISTO dentre os mortos (Rm 1.4; 8.11). Negar a existência e as operações miraculosas do ESPÍRITO SANTO no homem e no universo, é negar por extensão a DEUS e a nosso Senhor JESUS CRISTO. IV - Jamais me Lembrarei de seus Pecados 15 Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta: Esta citação do escritor sagrado já foi comentada em Hebreus 8.10, quando o Senhor, falando a respeito de Israel e sua restauração, diz: “... porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei”. Estas palavras do Senhor, proferidas pelo profeta Jeremias, apontavam para um tempo posterior, pois perdão incondicional antes da morte de CRISTO não era cogitado em hipótese alguma. Qualquer pecado tinha o seu preço — e para muitos deles o preço era a morte (cf. Ez 18.4; Rm 6.23). No tempo presente, alguns judeus já contam com este favor da parte de DEUS, mas outros não. Isto é, que CRISTO é realmente o Filho de DEUS, o Messias prometido, conforme descreve Paulo: “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça” (Rm 11.5). Mas aos outros, aguarda-se um futuro ainda por vir. Com as leis divinas em seus pensamentos e corações, Israel será agraciado por DEUS mediante o sacrifício de CRISTO, especialmente quando este voltar para aniquilar o Anticristo e pôr fim à Grande Tribulação. “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26). 16 E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. A grande vantagem do povo de DEUS é servir ao DEUS de Israel que, por misericórdia, se esquece de seus pecados. “Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniqüidades. Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto está longe o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões... Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (SI 103.9,10-14). Aqui está, portanto, o segredo da grande vitória dos santos em relação aos pecadores. Os pecados daqueles sempre estão em memória diante de DEUS (SI 109.14), enquanto os dos santos são lançados para trás de suas costas e emergidos nas profundezas do grande mar de seu esquecimento (cf. Is 38.17; Mq 7.19). 17 Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecadoA remissão dos pecados, tanto de Israel como dos gentios que aceitaram o plano divino oferecido por CRISTO, faz parte da bondade de DEUS, que operou desta forma movido por um amor infinito (Jo 3.16). Muitas vezes no mundo antigo, para se libertar um escravo era preciso, primeiro, que se verificasse as condições de saúde e a idade deste escravo. Ninguém queria se arriscar a promover a libertação de um escravo idoso e doente. Mas o sacrifício de CRISTO cobriu todas estas necessidades e ignorou todas as fraquezas humanas. Portanto, aquilo que Ele é — e aquilo que Ele fez, ultrapassa qualquer possibilidade de entendimento da mente humana! No grego, remissão é aphesis, que quer dizer “livramento”, “soltura”, “perdão”, “cancelamento”. Essa palavra aponta para a eficácia da expiação de CRISTO. Isso é glorioso! V- Um Novo Caminho 18 Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de JESUS, Só se tem ousadia quando se tem confiança em alguém ou em alguma coisa. E nossa ousadia, conforme descreve o autor sagrado, advém do merecimento que nos é concedido “pelo sangue de JESUS”. Das sete bem-aventuranças contidas no Apocalipse (1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14), a última é dedicada para garantir o direito “[àqueles] que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas”. Esta cidade santa é de fato um verdadeiro santuário, visto que “o Senhor DEUS Todo-poderoso e o Cordeiro” é o seu templo. Nela entrarão aqueles que foram lavados no sangue do Cordeiro divinal! Isto sim nos dá ousadia — e devemos colocá-la em prática! Pois através desta confiança que temos no sangue de JESUS passamos a ter ousadia, não apenas para entrar no santuário e nos dirigirmos a Ele, como também para pregar e, acima de tudo, buscar a santificação. 20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, A alusão ao “véu” em comparação ao corpo humano de CRISTO é a do “segundo véu”, citado em 9.3. Este véu era a cortina que separava o Lugar SANTO do Santíssimo. Era chamado de “véu interior” e tornou-se símbolo do corpo de CRISTO, que foi rasgado pelo malho da ira divina, mediante o qual foi nos foi concedido acesso a DEUS. O véu natural, instalado no Santuário terrestre, foi rasgado por mãos invisíveis de DEUS, quando da morte de JESUS na cruz, tendo cumprido sua missão (Mt 27.51). As mãos divinas fizeram do véu duas partes, cortando-o de alto a baixo, indicando que a salvação partia diretamente de DEUS em direção ao homem. A mãohumana o teria partido de baixo para cima; isso significava que o homem sairia de seu lugar ao encontro de DEUS para que fosse consumada a redenção, o que seria impossível. Agora, o homem podia chegar-se a DEUS “pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou” pelo véu, isto é, por meio de CRISTO. Doravante em CRISTO tudo é novo, como por exemplo: Um novo nascimento (Jo 3.3,5); Um novo coração (Ez 18.31); Uma nova criatura (2 Co 5.17); Uma nova doutrina (Mc 1.27); Um novo mandamento (Jo 13.34); Uma aliança (Hb 12.24); Uma nova alegria (Lc 2.10); Uma nova canção (SI 40.3); Um novo nome (Ap 2.17); Uma nova vida (Rm 6.4); Uma novidade de espírito (Rm 7.6); Um novo caminho (Hb 10.20). Finalmente, em CRISTO tudo se fez novo (2 Co 5.17), porque aquEle que estava assentado sobre o trono (DEUS) faz para CRISTO e também para nós a seguinte promessa: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5). 21 e tendo um grande sacerdote sobre a casa de DEUS, Tem sido discutido pelos comentaristas o sentido exato a que se refere o termo “casa” neste versículo, se este grande sacerdote encontra-se ministrando na igreja, que de uma certa maneira é a casa de DEUS (I Tm 3.15), ou se no próprio céu (Hb 8.1,2). Os sacerdotes eram os guardiães dos ritos sagrados, os quais promoviam o conhecimento sobre a santidade de DEUS e a necessidade dos homens aproximarem-se dEle, desde que limpos do pecado, mediante os holocaustos apropriados e a mudança de vida a eles correspondentes. Eles queimavam o incenso sobre o atar de ouro, no Lugar SANTO, o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais. Mas todas estas e outras funções eram exercidas num santuário terreno, que um dia foi destruído. Contudo, em relação aos crentes, eles têm um grande Sumo Sacerdote que permanece para sempre, ministrando numa verdadeira casa — que é a sua igreja —, e num verdadeiro santuário — que é o céu-casa esta e santuário este que jamais serão destruídos. 22 cheguemo - nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, Os sacerdotes levíticos, quando das abluções batismais, tinham de ser totalmente imersos e purificados, a fim de poderem servir em seu ofício (Ex 29.21; Lv 8.30). Arão e seus filhos passaram rigorosamente por esta espécie de purificação. “Moisés fez chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água” (Lv 8.6). Isso era símbolo da purificação moral, da purificação da alma e de todos os seus vícios, excessos e pecados. Os cristãos também reconhecem que além do batismo cristão, eles têm sido “... santificados pela oblação do corpo de JESUS CRISTO, feita uma vez” (Hb 10.10). Em suma, cada crente então procura andar em santidade de vida, “... renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas” (Tt 2.12) e dedicando-se inteiramente ao serviço do Mestre. Cada cristão deve ser um vaso santificado para uso santo do Senhor, para que por meio da santificação possa ouvir de seus lábios as solenes palavras: “... este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15). V - A Confiança do Cristão 23 retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. A nossa confiança em reter firme a nossa confissão de fé em DEUS e no sacrifício expiatório de CRISTO repousa no fato de que aquEle que nos prometeu a entrada em seu Reino eterno "... é fiel”. Portanto, esta “... esperança não traz confusão, porquanto o amor de DEUS está derramado em nossos corações pelo ESPÍRITO SANTO que nos foi dado” (Rm 5.5). A verdadeira esperança cristã é a vida eterna que alcançará todo aquele que nela perseverar. Porém, na presente era, já temos "... a promessa da vida presente e da que há de vir” (I Tm 4.8). Em outras palavras, “... quem ouve a minha palavra [disse JESUS] e crê naquele que me enviou tem a vida eterna...” (Jo 5.24). Esta é a promessa da “vida presente” (que pode ser material e espiritual), confirmada na extensão da vida humana até a sua chegada final, por meio da perseverança, conforme está escrito: “aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24.13). 24 E consideremo - nos uns aos outros;para nos estimularmos à caridade e às boas obras, O fruto da consideração somente terá lugar em nossas vidas se existir humildade em nossos corações. A recomendação de Paulo aos romanos e aos filipenses deixa isso bem claro: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10). E depois ele fala novamente aos filipenses: “Nada façais por contenda ou por vangloria, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3). A perda de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, foi pensar só em si mesmo, quando disse no seu coração: “De quem se agradará o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?” (Et 6.6) Ele não sabia que o homem cuja honra agradara ao rei era Mardoqueu, o que o levou à destruição, porque não teve a humildade de considerar os outros superiores a si mesmo. Ele esqueceu do sábio conselho que diz: “... diante da honra vai a humildade” (Pv 15.33). 25 não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. Alguns destes cristãos hebreus tinham se voltado para o judaísmo, deixando assim a sua própria congregação. Outros haviam se desviado totalmente, voltando-se para o mundo. E não satisfeitos, começaram a ridiculizar o Filho de DEUS, expondo sua obra redentora ao vitupério, conforme fica subentendido nos versículos que se seguem. Parece-nos que tal fracasso em suas vidas foi desencadeado por um lento processo, começando pela “negligência” (5.11). O isolamento da igreja e da comunidade traz prejuízo tanto para o cristão como para a igreja, que fica privada da presença de um de seus filhos. Evidentemente, é importante que não deixemos a congregação a que pertencemos, seja ela grande ou pequena, rica ou pobre, próxima ou distante. Ali foi o lugar escolhido por DEUS para que glorifiquemos o seu nome e exerçamos nossas pequenas ou grandes atividades (cf. Dt 12.5-7). VI - O Perigo de nos Voltarmos contra DEUS 26 Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, Os versículos 26-29 deste capítulo são uma reminiscência daquilo que foi escrito no capítulo 6.4-8, quando o escritor sagrado adverte os cristãos sobre o perigo de caírem num estado de apostasia e por meio desta, entristecerem o ESPÍRITO SANTO. A menção feita aqui é a respeito daqueles que vivem pecando “voluntariamente”. O Dr. F. W. Grant observa que este ato de pecar “voluntariamente” representa mais que um fruto da ignorância, sendo uma aberta oposição a DEUS e a tudo que é divino. Não se trata de uma fraqueza da alma, mas de uma atitude obstinada do espírito. Deve ser esta a razão por que “não resta mais sacrifício pelos pecados” para tais transgressores, visto que voluntariamente se entregaram à prática da iniqüidade (cf. SI 109.17). 27 mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Em algumas passagens das Escrituras, os inimigos de DEUS são aqueles que procuram fazer mal ao seu povo. Mas aqui, a advertência vem contra aqueles que vivem pecando “voluntariamente” e expondo o Filho de DEUS ao vitupério. De qualquer forma, rejeitar o sacrifício redentor de CRISTO é persistir na senda do erro, e errar conscientemente pode agravar a pena de quem o faz, de acordo com o seguinte ensinamento de JESUS: “E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado...” (Lc 12.47,48). O castigo da ignorância será menor do que o castigo da consciência — e o escritor, aqui, adverte que conhecer a JESUS e depois o negar será algo digno de um maior “juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários” de DEUS e de CRISTO. 28 Quebrantando alguém a lei de Moisés; morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. O julgamento por DEUS será inevitável. Contudo, ele será realizado de acordo com a justiça divina. O Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO testemunharão todos os atos dos homens e todos serão julgados de acordo com as suas obras. Semelhante capacidade de julgamento a Trindade divina tem conferido a seus juizes e à sua Igreja aqui na terra. A lei de Moisés orientava que os juizes determinassem a morte daquele que prevaricasse contra um mandamento ou ordem divina, reputado como passivo de pena capital. A prova testemunhai, neste caso, seria somente a partir de duas ou três testemunhas. “Por boca de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha, não morrerá” (Dt 17.6). Este procedimento foi transferido para o seio cristão com respeito à conduta moral dos anciãos. Ao dar instruções sobre o procedimento na escolha dos obreiros, Paulo fez a seguinte recomendação: “Não aceites acusação contra presbítero, senão com duas ou três testemunhas” (I Tm 5.19). Devemos, portanto, evitar certos julgamentos precipitados baseados apenas em informações de alguém cuja vida é reprovada por DEUS e pela sociedade. 29 De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de DEUS, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao ESPÍRITO da graça? A santificação é um processo iniciado na conversão, e a conversão se baseia na expiação. Seja como for, a santificação se deve inteiramente à obra do ESPÍRITO SANTO. A santificação é parte integrante de um dos títulos do ESPÍRITO SANTO. Isso faz parte de sua natureza divina como “o ESPÍRITO de santificação” (Rm 1.4). Portanto, “... pisar o Filho de DEUS” e ter “... por profano o sangue do testamento”, é fazer “... agravo ao ESPÍRITO da graça”, que além de sua missão plena de convencer o homem do pecado, mostrando-lhe a justiça de CRISTO, santifica o homem de acordo com as exigências divinas. Assim, tem sido defendido pelos intérpretes que “pisar o Filho de DEUS e ter por profano o sangue [de CRISTO]” pode ser comparado à blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO, visto que com tais atos é feito “agravo ao ESPÍRITO da graça”. Este ato revela a perversidade de espírito do homem que, desafiando a verdade, prefere chamar de trevas a própria luz. Nesse contexto, a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO denota rejeição consciente e deliberada do poder e da graça salvadora de DEUS. VII - Somente a DEUS Pertence a Vingança 30 Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Uma pessoa pode (mas não deve) se vingar de duas maneiras: uma contra si mesma e a outra, contra outrem. No primeiro caso, vem a advertência divina em Romanos 12.19, que diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor”. Algumas pessoas praticam o suicídio como uma forma de vingança, seja contra outros ou contra si mesmas. O suicídio viola o direito natural, porque o homem não pertence a si mesmo. Matando-se, o homem peca contra DEUS, que é o Senhor da vida. E peca ainda contra si mesmo, privando-se do primeiro dentre os bens deste mundo e do mundo vindouro, que é a vida. DEUS disse: “Não matarás” (Ex 20.13), quer dizer: A ti mesmo e a outrem. 31 Horrenda coisa é cair nas mãos do DEUS vivo. Cair nas mãos do DEUS vivo eqüivale dizer: “estar sob o julgamento divino”, quando este não vem mesclado com sua misericórdia. Este é um cálice que é dado aos homens sem “mistura” (ou seja, sem mistura de misericórdia). Então ele será sorvido “puro”, isto é, o juízo será sem misericórdia (SI 75.8; Tg 2.13; Ap 14.10). Alguém pode cair nas mãos de DEUS de duas maneiras: uma estando sob as mãos de misericórdia e a outra, sob as mãos do juízo divino. Sob a misericórdia de DEUS, quando alguém cai, alcança perdão e misericórdia; porém, nas mãos do juízo divino, quem lá cair, encontrará castigo e condenação. Em 2 Samuel 24.14, Davi deseja cair nas mãos do Senhor, dizendo: “Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias...” E com tal objetivo, o homem que ali cai deve orar como o salmista: “Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor” (SI 6.1). VIII - As Perseguições aos Cristãos 32 Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que depois de serdes iluminados; suportastes grande combate de aflições. Alguns têm pensado que esta passagem sugere uma perseguição de certa gravidade no passado, quando Roma fora incendiada por Nero em julho de 64 d.C., após a qual Nero iniciou uma intensa perseguição contra os cristãos de Roma. Mas esta perseguição de Nero contra os cristãos, sob falsa acusação de sua participação no incêndio da cidade, era a segunda desse gênero. Priscila e Áquila e outros cristãos-judeus de seus dias foram também expulsos dali. (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma.) O motivo alegado para tal expulsão foi, segundo os historiadores, uma rebelião causada por Cresto (At 18.1,2). Esta expulsão ocorreu em 49 d.C. e levou à confiscação de bens e maus-tratos de alguns cristãos, embora não tenha havido derramamento de sangue, conforme ficou demonstrado no texto em foco (cf. Hb 12.4). 33 Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações e, em parte, fostes participantes com os que assim foram tratados. Era costume entre os romanos se espancar publicamente aqueles que aos seus olhos eram considerados culpados. Paulo e outros cristãos foram alvos deste tipo de vitupério. A sua fé fora insultada, suas doutrinas tinham sido rejeitadas como algo que não tivesse qualquer valor. Contudo, eles foram exortados a permanecerem firmes na fé, com propósito de coração. Em meio a tais aflições, eles podiam ouvir o brado de esperança dado pelo apóstolo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). E se de fato é Paulo o autor desta epístola, o brado aqui é semelhante ao que encontramos em Romanos e em outras epístolas de sua autoria. 34 Porque também vos compadecestes dos que estavam nas prisões e com gozo permitistes a espoliação dos vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes nos céus uma possessão melhor e permanente. Era comum na história dos povos antigos que propriedades e possessões de pessoas consideradas hereges, bem como daqueles reputados por perigosos para a comunidade, fossem confiscadas, reduzindo-se tais pessoas à miséria. Antes do ano 70 d.C., quando os bens dos judeus foram confiscados pelo Império Romano, muitos cristãos foram orientados, cremos pelo próprio ESPÍRITO SANTO, a dedicar seus bens à obra da evangelização. Pelo menos é isso que lemos em Atos 4.34, “Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos”. Uma parte deste dinheiro era repartido entre os necessitados e uma outra parte, empregada na evangelização. Contudo, mesmo havendo esta disposição entre os cristãos, alguns bens foram confiscados, sob a alegação de que aquelas pessoas eram hereges e nocivas aos interesses de Roma. 35 Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Desde a Igreja Primitiva e nos séculos que se seguiram, muitos cristãos perderam tudo o que possuíam por causa de sua fé. Porém, seus olhos estavam fixados numa recompensa maior e mais valiosa, porque não era terrena, e sim, eterna. O próprio DEUS é a recompensa grandiosa de seu povo; foi assim que Ele se apresentou a Abraão, quando este temeu a perda de seus bens por causa de sua fé. “Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão” (Gn 15.1). CRISTO e a sua glória, bem como as suas riquezas, é uma recompensa sem igual, que ultrapassa todos os limites passageiros dos bens desta vida, não podendo ser expressada pela linguagem humana. “... como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que DEUS preparou para os que o amam” (I Co 2.9). IX - A Paciência Necessária ao Cristão 36 Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de DEUS, possas alcançar a promessa. Nos versículos que se seguem, o autor sagrado faz uma citação do profeta Habacuque, quando DEUS exortou seu povo quanto à paciência, dizendo que seu juízo sobre os caldeus dar-se-ia no tempo determinado (Hc 2.3). Esta promessa divina é de igual modo aplicada com respeito a estes cristãos hebreus, quando o apóstolo Paulo nos diz que num futuro mui breve DEUS cumpriria sua promessa de vingança para com seus inimigos e de recompensa para seus santos (cf. 2Ts 1.610). A vinda de JESUS terminaria com todo e qualquer sofrimento humano. Restava, portanto, para eles e para nós, um pouco de paciência até que JESUS volte, conforme fica demonstrado nos versículos seguintes. Todavia, a necessidade de paciência não deve somente envolver a esperança da vinda de nosso Senhor, mas ela deve estar presente em outros sofrimentos que acompanham a vida humana (cf. Tg 5.11). 37 Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará. O grego, aqui, indica “um pouco, quão muito, muito pouco”, e algumas traduções dizem: “dentro de pouco tempo, e o que há de vir virá”. O contexto deste versículo, como também do seguinte, segue uma citação do profeta Habacuque, que diz: “Porque a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá” (Hc 2.3,4). O sentido implícito na passagem de Hebreus é, em primeiro plano, a vinda de JESUS, mas o sentido também adiciona a ajuda divina em nosso favor, “... a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”, alcançando assim, da parte do Senhor nosso DEUS, todas as promessas que dizem respeito ao nosso bem- estar, tanto na vida presente como na vida futura. 38 Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Apesar de o Antigo Testamento ser de uma gigantesca extensão, a palavra “fé” somente aparece por duas vezes. A primeira delas, em I Samuel 21.5, quando, questionado pelo sacerdote Aimeleque no tocante à pureza moral dos mancebos, Davi responde: “Sim em boa fé, as mulheres se nos vedaram desde ontem; e, anteontem...” Porém como substantivo, ela somente é vista em Habacuque 2.4, quando o profeta diz: “... mas o justo, pela sua fé, viverá”; citação esta que é reiterada por três vezes no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Neste ponto, a idéia é que aquele que é verdadeiramente justo confia inteiramente em CRISTO, seja na abundância, seja na necessidade. Em todos os aspectos de sua vida CRISTO ocupa o primeiro lugar (cf. Fp 4.11-13). A fé deve estar presente em nosso viver, devendo também nos acompanhar quando chegar a hora da partida desta vida para a outra. O sucesso daquelas testemunhas que são mencionadas no capítulo 11 desta epístola, é que todas elas viveram e morreram na “fé” (11.13). 39 Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma. Um dos motivos da demora de JESUS em vir buscar o seu povo escolhido deve-se ao fato de que DEUS, “... não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender- se”, orienta-o que demore um “poucochinho de tempo” até que estas almas se arrependam (cf. 2 Pe 3.9). Este mesmo sentimento encontra-se no coração amoroso de nosso Senhor JESUS CRISTO. Por esta razão Ele orou ao Pai, dizendo: “Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição...” (Jo 17.12). Muitos opinam que Judas Iscariotes foi predestinado por DEUS para cumprir as Escrituras. Mas em tudo quanto este discípulo fez, de alguma forma jamais deixou-se levar pela influência de JESUS em sua vida. Ele preferiu a maldade, tornou-se maldoso e se perdeu por causa dessa maldade. Até mesmo depois de trair seu Mestre poderia ainda ter sido salvo, se realmente tivesse se arrependido e buscado o perdão de seus pecados. Mas as Escrituras mostram seu caráter anterior. Ele era um “ladrão” (Jo 12.6); “um hipócrita” (Lc 22.48); “um diabo” (Jo 6.70); “um filho da perdição” (Jo 17.12); “um precipitado” (At 1.18). Ele não desejou a salvação, então ela se afastou dele (SI 109.17). Contudo, afora a atitude de Judas, nosso Senhor disse: “nenhum deles se perdeu”, isto é, “nenhum outro” discípulo cujo coração era dominado pelo amor de DEUS. SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 10 - 1 TRIMESTRE E 2018 SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO TOP 1
"Quando as pessoas se reuniam para a oferta de sacrifícios no Dia da Expiação, elas eram lembradas dos seus pecados, e sem dúvida se sentiam culpadas novamente. O que elas mais precisavam era do perdão - o perdão permanente e poderoso que destrói o pecado, o perdão que temos em CRISTO. Quando confessamos um pecado a Ele, não precisamos pensar nesse pecado nunca mais.
Os sacrifícios de animais não podiam remover os pecados; eles forneciam apenas uma forma temporária de lidar com o pecado até que JESUS viesse para lidar com o pecado de forma permanente. Como, então, as pessoas eram perdoadas nos tempos do Antigo Testamento? Pelo fato de os crentes do Antigo Testamento seguirem o mandamento de DEUS sobre a oferta de sacrifícios, DEUS lhes perdoava quando realizavam seus sacrifícios movidos pela fé. Mas essa prática aguardava, com expectativa, o sacrifício perfeito de CRISTO. O modo de CRISTO é superior à maneira do Antigo Testamento porque o mundo antigo apenas apontava para a obra excelente que CRISTO faria para remover os pecados" (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1798).
CONHEÇA MAIS TOP 1 - *Sobre a importância de congregar "10.25 Quando vedes que se vai aproximando aquele dia. O dia da volta de CRISTO para buscar os seus fiéis está se aproximando [...]. Até chegar esse dia, enfrentaremos muitas provações espirituais e muitas falsificações na doutrina. Devemos congregar-nos regularmente para nos encorajarmos mutuamente e nos firmarmos em CRISTO e na fé apostólica do novo concerto. 10.26 Se pecarmos voluntariamente. O escritor de Hebreus volta advertir seus leitores sobre o caso de abandonar a CRISTO, como fizeram em 6.4-8." Leia mais em "Bíblia de Estudo Pentecostal", CPAD, pp.1914,15. SUBSÍDIO DIDÁTICO TOP 2
Reproduza o esquema abaixo no quadro. Depois inicie a explicação do segundo TÓPICO da lição fazendo a seguinte indagação: "Quais os privilégios da Nova Aliança?" Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em seguida utilize o quadro para mostrar aos alunos alguns dos muitos privilégios alcançados pela Nova Aliança.
PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA1. Temos acesso pessoal a DEUS por meio de CRISTO e podemos nos aproximar dEle sem a necessidade de um sistema elaborado (Hb 10.22);
2. Podemos crescer na fé, vencer as dúvidas e os questionamentos e aprofundar nossa relação com DEUS (Hb 10.23);
3. Podemos desfrutar a motivação uns dos outros (Hb 10.24);
4. Podemos adorar juntos (Hb 10.25).
Adaptado de Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1800. SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP 3
"O autor de Hebreus faz uma série de exortações e uma delas é: 'Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança' (Hb 10.23). O autor retorna à sua preocupação pelos leitores, que estão em perigo de se afastar de sua fé e da confissão da esperança em CRISTO (cf. 2.1-3; 3.12-14; 4.1; 6.4-6; 10.26-31). 'Reter firme' significa literalmente não se desviar nem para um lado nem para o outro', e deste modo significa estar 'firme', 'estável', 'inabalável'. Para os leitores, reter firme sua 'esperança' em CRISTO como judeus convertidos incluía permanecerem firmes em sua fé, crendo que JESUS CRISTO é o seu sacrifício pelo pecado e o seu sumo sacerdote diante de DEUS. A 'esperança', porém, é mais abrangente do que a 'fé', porque inclui as promessas específicas de DEUS sobre o futuro. O incentivo mais forte possível para continuarem em direção à esperança é o caráter fidedigno de DEUS: 'Porque fiel é o que prometeu'. Nossa esperança é baseada na promessa infalível de DEUS; porque não apreciamos e confessamos isto confiante e ousadamente.
Outra exortação importante é: 'Consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade [ou ao amor] e às boas obras' (Hb 10.24). Este verso enfoca o 'amor' (Hb 10.24,25), que completa a tríade com a fé (Hb 10.22) e a esperança (Hb 10.23). Os cristãos devem encorajar-se mutuamente e estimularem-se uns aos outros ('incitar', 'provocar') às expressões práticas do amor. O objetivo desta ação é o aumento e o aprofundamento do 'amor e das boas obras' em meio aos crentes. O amor deve ter 'um resultado prático' e 'uma expressão tangível'" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) COMENTÁRIO Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1602). CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 73, p41. SUGESTÃO DE LEITURA - Santidade que Liberta, Um Mestre fora da Lei, Heróis da Fé. AJUDA BIBLIOGRÁFICA A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO A Excelencia da Nova Aliança em CRISTO - Orton H Wiley - Comentário Exaustivo da carta aos Hebreus - Editora Central Gospel - Estrada do Guerenguê . 1851 - Taquara I 11111 Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22713-001 PEDIDOS: (21) 2187-7090 . AS GRANDES DEFESAS DO CRISTIANISMO - CPAD - Jéfferson Magno Costa BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD. Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal. CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Myer Pearman - Editora Vida Comentário Bíblico Beacon, v.5 - CPAD. Comentário Bíblico TT W. W. Wiersbe Comentário Bíblico Expositivo - Novo Testamento - Volume I - Warren W. Wiersbe CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares - CPAD Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA http://www.gospelbook.net, www.ebdweb.com.br, http://www.escoladominical.net, http://www.portalebd.org.br/, Bíblia The Word. O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edições Vida Nova – J. D. Douglas Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD Revista Ensinador Cristão - CPAD.Revista CPAD - 3º Trimestre de 2001 - Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes” - Comentarista: Elinaldo Renovato SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. Teologia Sistemática Pentecostal - A Doutrina da Salvação - Antonio Gilberto - CPAD Teologia Sistemática - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - A Salvação - Myer Pearman - Editora Vida Teologia Sistemática de Charles Finney
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm fonte http://www.apazdosenhor.org.br/
VERDADE PRÁTICAA Nova Aliança é uma dádiva divina que traz grandes responsabilidades. LEITURA DIÁRIASegunda - Hb 10.14 Uma única oferta santificou aos que creem
Terça - Hb 10.12 O único ofertante suficiente para o sacrifício
Quarta - Hb 10.10 Uma única vez, um único sacrifício e a substituição do culto
Quinta - Hb 10.23 A necessidade de vigilância para continuar crendo na promessa
Sexta - Hb 10.35 A necessidade de confiança na grande recompensa
Sábado - Hb 10.36 A necessidade de perseverança para alcançar a promessa LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Hebreus 10.1-7,22-251 - Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. 2 - Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. 3 - Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz comemoração dos pecados, 4 - porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados. 5 - Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; 6 - holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. 7 - Então, disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó DEUS, a tua vontade.
22 - cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, 23 - retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. 24 - E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, 25 - não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando- os uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. OBJETIVO GERAL - Mostrar que a Nova Aliança é uma dádiva divina que traz grandes responsabilidades. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Saber qual a dádiva da Nova Aliança; Apresentar os privilégios da Nova Aliança; Explicar as responsabilidades da Nova Aliança. INTERAGINDO COM O PROFESSORPrezado(a) professor(a), nesta lição veremos os inúmeros privilégios que a Nova Aliança oferece a todos aqueles que creem no sacrifício de JESUS e buscam se achegar a DEUS. Mediante a fé em JESUS fomos justificados e regenerados e hoje temos livre acesso a presença do Pai. Com certeza, este é o maior benefício que nos foi concedido pelo Senhor. Todos os benefícios da Nova Aliança só se tornaram possíveis mediante a obra expiatória de JESUS CRISTO, pois na Antiga Aliança somente o sumo sacerdote podia entrar no SANTO dos Santos uma vez no ano no Dia da Expiação. Hoje por meio do sacrifício perfeito e eterno de CRISTO temos livre acesso à presença de DEUS. Este é um grande privilégio que conduz a uma grande responsabilidade. Como crentes jamais devemos negligenciar a Nova Aliança menosprezando a graça de DEUS. PONTO CENTRAL - A Nova Aliança é uma dádiva divina que traz grandes responsabilidades.
Resumo da Lição 10, Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança
I - A DÁDIVA DA NOVA ALIANÇA
1. Uma única oferta. 2. Um único ofertante. 3. Uma única vez. II - OS PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA 1. Regeneração. 2. Adoração. 3. Comunhão. III - AS RESPONSABILIDADES DA NOVA ALIANÇA 1. Vigilância. 2. Confiança. 3. Perseverança. SÍNTESE DO TÓPICO I - A Nova Aliança nos concede uma grande dádiva. SÍNTESE DO TÓPICO II - Muitos são os privilégios da Nova Aliança, mas o acesso direto à presença de DEUS, graças à mediação de CRISTO, constitui o maior deles. SÍNTESE DO TÓPICO III - Na Nova Aliança há privilégios, mas também grandes responsabilidades. PARA REFLETIR - A respeito de Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança, responda:
Segundo a lição, o que o Antigo Testamento põe em destaque? O Antigo Testamento põe em destaque as centenas de sacrifícios que eram realizados ano após ano no culto judaico.
"Enquanto os sacrifícios da Antiga Aliança necessitavam ser frequentemente repetidos, o sacrifício de CRISTO foi feito uma única vez em favor de todos os homens." O que esse fato demonstra?Esse fato demonstra inequivocamente por um lado que os sacrifícios de animais eram imperfeitos e jamais poderiam aperfeiçoar alguém e, por outro lado, deixam claro que somente o sangue de CRISTO poderia satisfazer a justiça de DEUS.
Em que está fundamentada a grandeza da Nova Aliança? A grandeza da Nova Aliança está na mudança interna que ela produz, isto é, no coração (Hb 10.16).
Segundo a lição, por que não há dúvida para o autor de Hebreus que o cristão poderia cair da graça? Não há dúvida que o autor acreditava que um cristão genuíno pode decair da graça, senão, não teria sentido algum seu duro tom exortativo.
O que o autor de Hebreus destaca sobre a jornada da vida cristã? O autor destaca que na jornada da vida cristã o crente precisa de paciência (Hb 10.36).
Resumo rápido do Pr. Henrique da Lição 10, Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança
I - A DÁDIVA DA NOVA ALIANÇA
1. Uma única oferta. E o rei Salomão ofereceu sacrifícios de bois, vinte e dois mil, e de ovelhas, cento e vinte mil; e o rei e todo o povo consagraram a casa de Deus.
2 Crônicas 7:5
2. Um único ofertante. 3. Uma única vez. II - OS PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA 1. Regeneração. A regeneração Quando correspondemos ao chamado divino e ao convite do Espírito e da Palavra, Deus realiza atos soberanos que nos introduzem na família do seu Reino: regenera os que estão mortos nos seus delitos e pecados; justifica os que estão condenados diante de urn Deus santo; e adota os filhos do inimigo. Embora estes atos ocorram simultaneamente naquele que crê, e possível examiná-los separadamente. A regeneração e a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por "regeneração" aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referencia aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 se refere a renovação espiritual do individuo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega varias figuras de linguagem para descrever o que acontece. 0 Senhor "tirara da sua carne o coração de pedra e lhes dará urn coração de carne" (Ez 11.19). Deus diz: "Espalharei água pura sobre vos, e ficareis purificados... E vos darei urn coração novo e porei dentro de vós urn espírito novo... E porei dentro de vos o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos" (Ez 36.25,27). Deus colocará a sua lei "no seu interior e a escreverá no seu coração" Jr 31.33). Ele "circuncidará o teu coração... para amares ao Senhor" (Dt 30.6). O Novo Testarnento apresenta a figura do ser criado de novo (2 Co 5.17) e a da renovação (Tt 3.5), porém a rnais comum é a e nascer gr. gennaõ, gerar ou dar a luz) . Jesus disse: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" 003.3). Pedro declara que Deus, em sua grande misericórdia) "nos gerou de novo para uma viva esperança" (1 Pe 1.3). E uma obra que somente Deus realiza. Nascer de novo diz respeito a uma transformação radical. Mas ainda se faz mister urn processo de amadurecimento. A regeneração é o início do nosso crescimento no conhecimento de Deus, na nossa experiência de Cristo e do Espírito e no nosso caráter moral. (Teologia sistemática – Stanley M.Horton – CPAD)
A REGENERAÇÃO Jo 3.3: “JESUS respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de DEUS.” Em 3.1-8, JESUS trata de uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a regeneração (Tt 3.5), ou o nascimento espiritual. Sem o novo nascimento, ninguém poderá ver o reino de DEUS, i.e., receber a vida eterna e a salvação mediante JESUS CRISTO. importantes fatos a respeito do novo nascimento. | (1) A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef 4.23,24), efetuadas por DEUS e o ESPÍRITO SANTO (3.6; Tt 3.5; ver o estudo A REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS). Por esta operação, a vida eterna da parte do próprio DEUS é outorgada ao crente (3.16; 2Pe 1.4; 1Jo 5.11), e este se torna um filho de DEUS (1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). Já não se conforma com este mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo DEUS “em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24). |
(2) A regeneração é necessária porque, à parte de CRISTO, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a DEUS e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1Co 2.14). | |
(3) A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para DEUS (Mt 3.2) e coloca a sua fé pessoal em JESUS CRISTO como seu Senhor e Salvador (ver 1.12). | |
(4) A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a JESUS CRISTO (2Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado (ver 8.36; Rm 6.14-23), e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a DEUS e de seguir a direção do ESPÍRITO(Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1Jo 2.29), ama aos demais crentes (1Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1Jo 3.9; 5.18) e não ama o mundo ( 1Jo 2.15,16). | |
(5) Quem é nascido de DEUS não pode fazer do pecado uma prática habitual na sua vida (ver 1Jo 3.9). Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo sincero e o esforço vitorioso de agradar a DEUS e de evitar o mal (1Jo 2.3-11, 15-17, 24-29; 3.6-24; 4.7,8,20; 5.1), mediante uma comunhão profunda com CRISTO (ver 15.4) e a dependência do ESPÍRITO SANTO (Rm 8.2-14). | |
(6) Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos do mundo, seja qual for a religião que professam, demonstram que ainda não nasceram de novo (1Jo 3.6,7). | |
(7) Assim como uma pessoa nasce do ESPÍRITO ao receber a vida de DEUS, também pode extinguir essa vida ao enveredar pelo mal e viver | |
(8) O novo nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico, pois o relacionamento entre DEUS e o salvo é questão do espírito e não da carne (3.6). Logo, embora a ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser desfeita, o relacionamento de pai para filho, que DEUS quer manter conosco, é voluntário e dissolúvel durante nosso período probatório na terra (ver Rm 8.13 nota). Nosso relacionamento com DEUS é condicionado pela nossa fé em CRISTO durante nossa vida terrena; fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor sinceros (Hb 5.9; 2Tm 2.12). |
1. O homem foi criado por DEUS em perfeição.
Só o DEUS Altíssimo, Pessoal e Onipotente, a quem rendemos toda honra e glória, seria capaz disso! | O homem não surgiu do acaso, como ensinam os humanistas, |
O homem foi criado à imagem e semelhança de DEUS (Gn 1.26,27). | |
DEUS é a causa primária de todas as coisas, inclusive o ser humano. | |
O homem que veio à existência em estado de perfeição espiritual, moral, psíquica e física. | |
O homem é um complexo aparelho psíquico consciente e perfeito, capaz de pensar e agir por vontade própria, que o reveste de responsabilidade moral por seus feitos e de característica singular, acima de todos os seres da Criação (Gn 1.28-31). | |
O homem foi criado num corpo completo, funcional e com uma anatomia perfeita. | |
DEUS, soprou-lhe o espírito (Gn 2.7) a fim de propiciar-lhe comunhão |
2. O homem pecou e foi afetado pelo pecado. | Satanás interagindo enganosamente com o livre-arbítrio do homem, seduziu-o e por meio dele (o homem), introduziu o pecado e a morte no mundo (Rm 5.12). |
Um dos principais significados do vocábulo pecado é errar o alvo. | |
O propósito de DEUS para a raça humana foi desvirtuado pela desobediência de nossos primeiros pais (Gn 2.15-17). | |
O pecado passou a contaminar todo homem que vem ao mundo, tornando-o presa fácil de Satanás. | |
Mediante a disseminação de ideologias materialistas, como a que estamos estudando hoje, o pecado, afasta a humanidade cada vez mais de DEUS. |
3. O homem necessita da regeneração. "Mas DEUS, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo lugar, que se arrependam" (AT 17.30). | No próprio juízo de DEUS ao primeiro casal, extensivo a toda raça humana, veio também implícita a promessa de sua redenção (Gn 3.15) |
Na época exata, o Filho Unigênito de DEUS tomou a forma de homem para, através de sua obra vicária, redimir o ser humano de seus pecados e das mãos de Satanás (vv. 24-26; Fp 2.5-11). | |
A parte de DEUS está perfeitamente consumada, como claramente expõe reiteradamente a Epístola aos Hebreus. | |
Basta ao homem crer na providência divina e pela fé salvífica em CRISTO, aceitá-la, ao invés de dar ouvidos ao pós-modernismo humanista, que o leva cada vez mais para o abismo. | |
CRISTO veio para restaurar todas as coisas, a partir do homem (Mt 19.28; At 3.21). | |
Quando o pecador se arrepende de seus pecados e aceita a JESUS como seu Salvador, ele experimenta a nova vida em CRISTO, gerada pelo poder do ESPÍRITO SANTO, que nele passa a habitar após receber a salvação. |
A REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS Jo 20.22 “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o ESPÍRITO SANTO.” A outorga do ESPÍRITO SANTO por JESUS aos seus discípulos no dia da ressurreição não foi o batismo no ESPÍRITO SANTO como ocorreu no dia de Pentecoste (At 1.5; 2.4). | (1) Durante a última reunião de JESUS com seus discípulos, antes da sua paixão e crucificação, Ele lhes prometeu que receberiam o ESPÍRITO SANTO, como aquele que os regeneraria: “habita convosco, e estará em vós” (14.17 veja nota). JESUS agora cumpre aquela promessa. |
(2) Da frase, “assoprou sobre eles”, em 20.22, infere-se que se trata da sua regeneração. A palavra grega traduzida por “soprou” (emphusao) é o mesmo verbo usado na Septuaginta (a tradução grega do AT) em Gn 2.7, onde DEUS “soprou em seus narizes [de Adão] o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. É o mesmo verbo que se acha em Ez 37.9: “Assopra sobre estes mortos, para que vivam”. O uso que João faz deste verbo neste versículo indica que JESUS estava lhes outorgando o ESPÍRITO a fim de neles produzir nova vida e nova criação. Isto é, assim como DEUS soprou para dentro do homem físico o fôlego da vida, e o homem se tornou uma nova criatura (Gn 2.7), assim também, agora, JESUS soprou espiritualmente sobre os discípulos, e eles se tornaram novas criaturas. Mediante sua ressurreição, JESUS tornou-se em “espírito vivificante” (1Co 15.45). | |
(3) O imperativo “Recebei o ESPÍRITO SANTO” estabelece o fato que o Espírito, naquele momento histórico, entrou de maneira inédita nos discípulos, para neles habitar. A forma verbal de “receber” está no aoristo imperativo (gr. lebete, do verbo lambano), que denota um ato único de recebimento. Este “recebimento” da vida pelo ESPÍRITO SANTO antecede a outorga da autoridade de JESUS para eles (Jo 20.23), bem como do batismo no ESPÍRITO SANTO, pouco depois, no dia de Pentecoste (At 2.4). | |
(4) Antes dessa ocasião, os discípulos eram verdadeiros crentes em CRISTO, e seus seguidores, segundo os preceitos do antigo concerto. Porém, eles não eram plenamente regenerados no sentido da nova aliança. A partir de então os discípulos passaram a participar dos benefícios do novo concerto baseado na morte e ressurreição de JESUS (ver Mt 26.28; Lc 22.20; 1Co 11.25; Ef 2.15,16; Hb 9.15-17. Foi, também, nessa ocasião, e não no Pentecoste, que a igreja nasceu, i.e., uma nova ordem espiritual, assim como no princípio DEUS soprou sobre o homem até então inerte para de fato torná-lo criatura vivente na ordem material (Gn 2.7). | |
(5) Este trecho é essencial para a compreensão do ministério do ESPÍRITO SANTO entre o povo de DEUS: (a) os discípulos receberam o ESPÍRITO SANTO (i.e., o ESPÍRITO SANTO passou a habitar neles e os regenerou) antes do dia de Pentecoste; e (b) o derramamento do ESPÍRITO SANTO | |
(6) Estas duas obras distintas do ESPÍRITO SANTO na vida dos discípulos de JESUS são normativas para todo cristão. Isto é, todos os autênticos crentes recebem o ESPÍRITO SANTO ao serem regenerados, e a seguir precisam experimentar o batismo no ESPÍRITO SANTO para receberem poder para serem suas testemunhas (At 1.5,8; 2.4; ver 2.39). | |
(7) Não há qualquer fundamento bíblico para se dizer que a outorga por JESUS do ESPÍRITO SANTO em 20.22 era tão somente uma profecia simbólica da vinda do ESPÍRITO SANTO no Pentecoste. O uso do aoristo imperativo para “receber” (ver supra) denota o recebimento naquele momento e naquele lugar. |
2- O louvor é um agradecimento a DEUS, a adoração é um engrandecimento de DEUS;
3- No louvor precisa-se da participação de outras pessoas e às vezes de instrumentos musicais, a adoração é individual e nasce dentro de nós, em nosso espírito;
4 - O louvor chega aos átrios, a adoração chega ao santo dos santos (presença de DEUS);
5 - No louvor são usados o corpo e a alma; na adoração são usados o corpo (mortificado), a alma (lavada no sangue de JESUS) e o espírito (“recriado”);
6 - Para louvar a DEUS não é preciso comunhão com o ESPÍRITO SANTO, pois até os animais o louvam (Sl 148, 149, 150); para se adorar a DEUS é preciso uma estreita comunhão com o ESPÍRITO SANTO, pois é ELE que nos transporta ao trono.
7 - O louvor é um aceno e cumprimento, a adoração é um abraço e um beijo cheio de amor.
8 - Tomemos como exemplo um marido que dá um fogão de presente à sua esposa e manda entregar em sua casa. A esposa louva ao marido pelo seu ato de amor, mas quando o mesmo chega em casa ela o abraça e beija agradecida e cheia de amor (isso é adoração).
9 - Para louvar não é preciso nascer de novo, para adorar só com espírito “recriado” (ligado a DEUS pelo novo nascimento, através do ESPÍRITO SANTO).
10 - Observação: Por isso se vê tão poucos adoradores e tantos que louvam.
11 - Aos homens se aplaude (manifestação externa), a DEUS se adora (manifestação interna).
12 - Note que JESUS está dizendo para a mulher que os judeus adoravam a DEUS com a palavra de DEUS (em verdade, pois possuíam todos os escritos do Pentateuco até os profetas) mas suas bocas diziam uma coisa e o coração outra. Não adoravam em Espírito, só com a verdade.
13 - Os samaritanos adoravam em Espírito, pois não tinham nem o templo legítimo e nem a palavra (só adotavam o Pentateuco), faltava-lhes portanto a verdade.
JESUS está dizendo que chegou o tempo de adorar em Espírito e em Verdade, pois ele envia o ESPÍRITO SANTO àqueles que lhe aceitarem como senhor e salvador e estes aprenderão o real sentido da adoração.
Veja que é DEUS quem procura aos verdadeiros adoradores que o adoram em Espírito e em verdade.
Não é nem no Monte Gerizim em Samaria (templo já destruído) e nem no Monte Moriá em Jerusalém (onde estava erigido um suntuoso templo construído por Herodes) - mas a verdadeira adoração a DEUS é feita onde você estiver, bastando para isso erguer o pensamento a DEUS e adorá-lo, entregando-se totalmente ao ESPÍRITO SANTO.
Primeiro princípio da adoração - não há presenças e manifestação de DEUS sem sacrifício.
Segundo - Adoração não tem nada a ver com louvor.
Terceiro - Adoramos a DEUS pelo que Ele é não pelo que faz.
Quarto - Não precisamos estar em lugar determinado para adorarmos a DEUS. Somos templo do ESPÍRITO SANTO. Somos um mesmo Espírito com Ele.
Quinto - Adoração exige entrega de. Nossa vida a DEUS total.
3. Comunhão.
III - AS RESPONSABILIDADES DA NOVA ALIANÇA
1. Vigilância.
2. Confiança.
3. Perseverança
COMENTÁRIOS DE REVISTAS E LIVROS
Revista CPAD - 3º Trimestre de 2001 - Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes” - Comentarista: Elinaldo Renovato
LIÇÃO 10 - A EFICÁCIA DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - HEBREUS 10.1,3,4 , 9-12,14 ,19,22-25 1 Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. 3 Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz comemoração dos pecados,4 porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados.Segundo - Adoração não tem nada a ver com louvor.
Terceiro - Adoramos a DEUS pelo que Ele é não pelo que faz.
Quarto - Não precisamos estar em lugar determinado para adorarmos a DEUS. Somos templo do ESPÍRITO SANTO. Somos um mesmo Espírito com Ele.
Quinto - Adoração exige entrega de. Nossa vida a DEUS total.
12 mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de DEUS, 14 Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados. 22 cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, 23 retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. 24 E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras, 25 não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. PONTO DE CONTATO: Os profetas anunciaram uma Nova Aliança. Em que ela se baseia? Qual a sua precípua finalidade? Ela indica o único caminho que conduz o homem a DEUS. A Nova Aliança propicia a entrada ao trono divino, mediante o perdão e o esquecimento de todos os pecados. CRISTO inaugurou-a com o sacrifício de si mesmo. Agora já não precisamos continuar fazendo os sacrifícios levíticos. O que aqueles sacrifícios não podiam fazer, foi feito pelo sacrifício de CRISTO sobre a cruz. ORIENTAÇÃO DIDÁTICA: O preparo da lição faz parte dos deveres do professor, e deve ser feito tendo em vista a necessidade do aluno, e não a do professor. O que interessa a um aluno adulto, não interessa a um jovem ou a uma criança. Preparar uma lição sem pensar nisso é ficar diante da classe pregando no deserto. O professor deve preparar a lição tendo em mira três propósitos para com o aluno: 1) O que desejo que meus alunos aprendam? 2) O que desejo que meus alunos sintam? 3) O que desejo que meus alunos façam? (A Escola Dominical, CPAD.) Para esta lição, peça a seus alunos que tentem identificar, no texto em estudo, quais as quatro fraquezas do sacrifício levítico. Observe o esquema abaixo:
Os sacrifícios levíticos...
1) Não podem tornar perfeitos os ofertantes (v.1);
2) Não podem satisfazer a consciência quanto ao pecado (v.2);
3) Não podem apagar a memória dos pecados (v.3);
4) Não podem tirar os pecados (v.4). COMENTÁRIOS/INTRODUÇÃO
No Antigo Testamento, os sacrifícios eram repetidos todos os dias por sacerdotes comuns. O sumo sacerdote entrava todos os anos no lugar santíssimo para oferecer sacrifícios por si mesmo e pelo povo. Mas, como tudo isso era “sombra dos bens futuros”, tais sacrifícios não aperfeiçoavam ninguém. Com CRISTO, nosso Sumo Sacerdote, temos a certeza da plena salvação que nos aperfeiçoa, até que um dia cheguemos “a varão perfeito, à medida da estatura completa de CRISTO” (Ef 4.13). E isso só ocorrerá no céu.
I. SACRIFÍCIOS INEFICAZES
1. A sombra dos bens futuros (v.1). O Antigo Pacto se constituía de sacrifícios, holocaustos, oblações e oferendas, que eram figuras “dos bens futuros”, ou seja, do evangelho de CRISTO, que nos trouxe as riquezas da graça de DEUS, a começar pela salvação de nossas almas, através do sacrifício vicário de JESUS. Por serem sombras e não a realidade, os sacrifícios de animais não puderam aperfeiçoar “os que a eles se chegam”.
2. O sangue de animais não tirava os pecados (vv.2-4). Para que serviam aquelas ofertas, se o escritor diz que “é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados” (v.2)? Os sacrifícios não levavam os homens a DEUS, mas serviam, por antecipação, de meio para expiação. A palavra expiação no hebraico tem o significado de “cobrir” os pecados, num delito contra a Lei.
3. DEUS preparou um corpo para JESUS (v.5). Somente no corpo humano (encarnação), Ele poderia ser aceito por DEUS como oferta perfeita no lugar do homem pecador. No Antigo Testamento, os sacrifícios eram substitutos imperfeitos. O corpo de CRISTO foi a solução de DEUS para substituir todos os sacrifícios imperfeitos do Antigo Testamento. Seu sangue, derramado na cruz, não apenas cobriu os pecados, mas tirou-os, e lançou-os nas profundezas do mar (Mq 7.19). João exclamou: “Eis o Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
II. O PRIMEIRO FOI TIRADO PARA O ESTABELECIMENTO DO SEGUNDO
1. CRISTO obedeceu a DEUS (v.9). JESUS foi obediente até à morte (Fp 2.8). Ele cumpriu todos desígnios divinos no intuito de salvar o homem da perdição eterna. Sua morte foi prova inconteste da sua total resignação, obediência e submissão à vontade de DEUS. Ele afirmou: “Eis aqui venho, para fazer, ó DEUS, a tua vontade”.
Trata-se de uma lição de valor espiritual inigualável para todos nós: JESUS, sendo DEUS, voluntariamente despojou-se de sua glória, e apresentou-se ao Pai na disposição irrestrita de cumprir cabalmente o plano divino de redenção da humanidade (ver Fp 2.5-8).
2. O Velho Pacto substituído pelo Novo (v.9). Ao dizer a Escritura “tira o primeiro para estabelecer o segundo”, vemos a substituição definitiva do antigo sistema legal mosaico, no qual os sacrifícios eram ineficazes para salvação, pelo Novo Pacto, estabelecido por CRISTO, com seu sacrifício perfeito.
3. Comparação entre o velho e o Novo Concerto. A lei não transformava o homem em termos morais; o evangelho de CRISTO transforma, pois “é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16); a lei apenas condenava o culpado; a graça de DEUS o liberta. A lei consistia de símbolos da realidade; a graça consiste na realidade dos símbolos; a lei era “o ministério da morte” (2 Co 3.7); a graça é “lei do ESPÍRITO de vida, em CRISTO JESUS” (Rm 8.2).
III. UM SACRIFÍCIO PERFEITO
1. Santificados pela oblação do corpo de CRISTO (v.10). Oblações eram ofertas incruentas (sem sangue), inanimadas, oferecidas a DEUS tais como: vinho, azeite, flor de farinha, etc. Se de um lado, CRISTO ofereceu seu próprio sangue como holocausto em nosso favor, por outro, Ele foi aceito como oferta de cheiro suave a DEUS, “feita uma vez”, de modo que, em CRISTO, somos aceitos por DEUS.
2. Sacrifício único (vv. 11-14). O escritor lembra que os sacerdotes, no Velho Pacto, diariamente ofereciam sacrifícios que não podiam tirar pecados. E acentua que CRISTO ofereceu “um único sacrifício pelos pecados”, demonstrando a eficácia do seu auto oferecimento a DEUS pelos pecadores. Acrescenta que CRISTO está “assentado para sempre à destra de DEUS” “...esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés”.
3. Sacrifício que aperfeiçoa. Diferente dos sacrifícios do Antigo Pacto, que apenas cobriam temporariamente o pecado, mas não transformava o pecador, o sacrifício de CRISTO constituiu-se “numa só oblação”, que “aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (v.13; ver v.10). Aqui temos algo que a lei não podia fazer: santificar as pessoas. Com o advento da graça, somos santificados pela Palavra (Jo 17.17), pela fé em CRISTO (At 26.18) e pelo sangue de JESUS (1 Pe 1.2).
IV. PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES DO CRENTE EM JESUS
1. Entrar no santuário de DEUS (v.19). No Antigo Pacto, as pessoas comuns do povo não podiam adentrar no santuário propriamente dito. Só chegavam até ao pátio, que era a parte exterior do tabernáculo. Em CRISTO, no entanto, homens e mulheres salvos são “sacerdotes reais” (1 Pe 2.9), e têm “ousadia para entrar no Santuário pelo sangue de JESUS”. Este é um privilégio que só os fiéis lavados e remidos pelo sangue de CRISTO podem ter.
Tais crentes não precisam de medianeiros, guias, orixás ou gurus. JESUS é “o único mediador entre DEUS e o homem” (1 Tm 2.5).
2. Como chegar a DEUS (vv.22-25). Não se pode chegar a DEUS de qualquer maneira. O escritor, em sua incisiva exortação, nos mostra os cuidados que devemos ter para chegarmos à presença de DEUS:
a) “Com verdadeiro coração”. Só podemos ter acesso ao Pai e ser aceitos por Ele se tivermos um coração sincero, limpo e puro (Mt 5.8).
b) “Em inteireza de fé”. O crente, ao buscar a presença de DEUS, não pode ter dúvida alguma de sua
existência, do seu poder e de sua graça.
c) “Tendo o coração purificado da má consciência”. Para DEUS não valem as aparências. Ele vê o interior do homem. O salmista disse que DEUS nos sonda e entende o nosso pensamento (Sl 139.1,2). Se dermos lugar à iniquidade, Ele não nos ouvirá (Sl 65.18).
d) “O corpo lavado com água limpa”. Certamente, o texto bíblico aqui refere-se à purificação do crente pela Palavra, como se lê em Ef 5.26: “purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra”, isto em relação à Igreja.
e) Retendo firmes a confissão da esperança. Em Hb 3.6 somos exortados a “conservar firme a confiança e a glória da esperança até ao fim”. A confissão da esperança indica a nossa fé nas gloriosas e infalíveis promessas de DEUS, “porque fiel é o que prometeu”.
f) Considerando uns aos outros, estimulando-nos “à caridade e às boas obras”. O bom relacionamento entre os crentes é condição importante para o acesso a DEUS. A caridade (amor em ação) é a marca do cristão. Boas obras são dever do salvo (Ef 2.10).
g) “Não deixando a nossa congregação”. Aqui não se refere ao sentido físico: deixar a igreja local para ir congregar-se em outro bairro; mas sim, que não devemos deixar de congregar-nos, de nos reunirmos, tendo em vista a necessidade da comunhão coletiva. Somos membros uns dos outros (Rm 12.5). É equivocada e carnal a idéia de que alguém pode ser “crente em casa”, a menos que esteja doente.
h) “Admoestando-nos uns aos outros”. Admoestar, aqui, tem no original o sentido de animar, encorajar. Essa prática, quando realizada com amor, tem grande efeito no fortalecimento e encorajamento espiritual da comunidade cristã.
CONCLUSÃO
Diante do que estudamos nesta lição, cremos que não há lugar para qualquer dúvida quanto à superioridade do Novo Concerto, baseado no perfeito e único sacrifício de CRISTO em relação ao antigo, realizado na base de sacrifícios de animais, que apenas cobriam provisoriamente os pecados do povo. Subsídio Teológico
“O sangue dos touros (Hb 10.4). O sangue de animais era apenas uma provisão ou expiação temporária pelos pecados do povo; em última análise, era necessário um homem para servir como substituto da humanidade. Por isso, CRISTO veio à terra e nasceu como homem a fim de que pudesse oferecer-se a si mesmo em nosso lugar (2.9,14). Além disso, somente um homem isento de pecado poderia tomar sobre si nosso castigo pelo pecado (2.14-18; 4.15) e, assim, de modo suficiente e perfeito, satisfazer as exigências da santidade de DEUS (cf. Rm 3.25,26).
“Aperfeiçoou para sempre os... santificados (Hb 10.14). A oferenda única de CRISTO na cruz e seu resultado (i.e., a salvação perfeita) são eternamente eficazes todos quantos estão santificados ao se chegarem a DEUS por meio de CRISTO (v.22;7.25) Note que a palavra no grego “santificar”, aqui e no versículo 10, são particípios presentes que enfatizam a ação contínua no tempo presente.
“Quando vedes que se vai aproximando aquele dia (Hb 10.25). O dia da volta de CRISTO para buscar os seus fiéis está se aproximando. Até chegar esse dia, enfrentaremos muitas provações espirituais e muitas falsificações na doutrina. Devemos congregar-nos regularmente para encorajarmos mutuamente e nos firmarmos em CRISTO e na fé apostólica do novo concerto.” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, págs. 1914, 1915.)
QUESTIONÁRIO: 1. Por que os sacrifícios de animais não puderam aperfeiçoar os ofertantes?
R. Por serem sombras “dos bens futuros”, e não a realidade.
2. Qual o significado da palavra expiação?
R. Significa “cobrir” os pecados, como exigência para a reparação de um delito.
3. Por que DEUS preparou corpo para JESUS?
R. Porque somente no corpo da carne (na encarnação), Ele poderia ser aceito por DEUS como substituto perfeito para o homem pecador.
4. Que significa a expressão: “tira o primeiro para estabelecer o segundo”?
R. Refere-se à substituição definitiva do antigo pelo novo concerto.
5. Que significa a expressão “não deixando a nossa congregação”?
Que não devemos deixar de reunirmos, tendo em vista a necessidade da comunhão coletiva. A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO (iii) Sua oferta de Si mesmo em prol doutros (10.1-18) 1. Poder-se-ia pensar que o escritor comprovou suficientemente seu argumento para dispensar qualquer comentário adicional sobre o sacrifício sem igual de CRISTO, mas quer inclucar a compreensão da ineficácia da totalidade do culto ritual levítico. Inevitavelmente há nesta seção alguma coincidência parcial com as seções anteriores, mas não deixa de haver algumas novas idéias para ocupar a nossa atenção. Em primeiro lugar, há uma declaração sucinta das insuficiências da velha ordem (w. 14). O contraste entre a sombra (skian) e a imagem real (eikona) corresponde ao contraste entre a antiga e a nova aliança, a antiga e a nova abordagem a DEUS. Há, porém, uma conexão básica semelhante entre elas, assim como um objeto tem alguma semelhança com sua sombra. Uma sombra nunca pode alegar que é uma revelação completa do seu objeto. No máximo, pode apenas dar um mero esboço da realidade. Além disto, uma vez que a forma verdadeira tenha sido vista, a sombra se toma irrelevante. Esta observação é usada pelo escritor para ressaltar mais uma vez as insuficiências dos antigos procedimentos tipo sombra. Os bens vindouros são claramente o evangelho com seu sumo-sacerdócio espiritual. Alguns escritores patrísticos os identificavam com os sacramentos cristãos.87 Mas a interpretação aqui parece ser mais geral, no sentido de todas as coisas boas que a lei fornecia somente como adumbração. Isto nos leva de volta à lista de coisas “melhores” já mencionadas na Epístola. Vale notar que é dito que a lei “tem” a sombra ao invés de “ser” a sombra, o que sugere que a lei mesma não é a sombra, mas só que possui a sombra, i.é, o culto cerimonial. Há, também, entesourado na lei aquilo que é mais permanente, i.é, as exigências morais. A despeito do caráter impressionante de um cerimonial que deve ser repetido ano após ano, não podia realizar aquilo que era necessário. A repetição da oferta em cada Dia da Expiação sucessivo e as ofertas diárias contínuas davam testemunho de um caráter temporário. Já vimos anteriormente que o autor está muito preocupado com a procura da perfeição (o verbo teleioõ, tomar perfeito, ocorre 9 vezes e o substantivo teleiòsis uma vez), e reconhece que o sistema levítico não poderia fornecêla. A impossibilidade é declarada de modo enfático (nunca jamais, oudepote). Tivera um longo período em que podia demonstrar este fato. A descrição daqueles que esperavam obter benefícios como os ofertantes [lit. “os que se aproximam”] forma paralelo com a descrição dos que vinham através de CRISTO (cf. 7.25; 10.22). Aproximar-se de DEUS é a atividade mais sublime do homem. 2. A dedução feita da repetição das ofertas é sua insuficiência. Se a perfeição tivesse sido conseguida, as ofertas teriam cessado, o que não ocorreu segundo o antigo sistema. O que as ofertas faziam era providenciar purificação para pecados cometidos desde a oferta anterior, mas nada podiam fazer ontra o pecado, a causa que jazia à raiz. Todos os que prestam culto segundo o sistema antigo sabiam que não tinham sido purificados de modo definitivo (kekatharismenous). Mais uma vez, a ênfase aqui recai sobre uma vez em contraste com perpetuamente no v. 1. É a qualidade definitiva da obra expiadora de CRISTO em prol da perfeição do Seu povo que está em mente como contraste. A consciência (syneidèsin) de pecados é levada a efeito pela lembrança constante da necessidade do homem nos sacrifícios repetidos, o oposto exato do efeito da oferta de CRISTO, que leva à aniquilação do pecado (cf. 9.26). 3. Esta função das ofertas levíticas como recordação de pecados todos os anos demonstrava vividamente sua insuficiência para levar a efeito uma remoção permanente do pecado e das suas conseqüências. Toda oferta que era feita testificava da insuficiência da oferta anterior e lembrava o adorador que outra oferta semelhante deveria acontecer. O senso da responsabilidade pelo pecado era, portanto, conservado vivo. A mesma palavra é achada na instituição da Última Ceia ao descrevê-la como memorial à morte de CRISTO, uma lembrança da completa libertação do pecado através daquela morte. A superioridade desta recordação cristã sobre os sacrifícios é vívida. Estes últimos sacrifícios, que foram ordenados por DEUS, visavam assim preparar o caminho para aquela oferta perfeita que podia tratar eficazmente com as conseqüências do pecado, muna base permanente. 4. A impossibilidade referida neste versículo é moral. Os sacrifícios de animais, por serem irracionais, não podiam ter efeitos permanentes em realizar a remoção do pecado. Embora formassem parte da ordenança divina segundo a lei, sua intenção era temporária, e prenunciavam o perfeito auto-sacrifício de um ser moral. A longa seqüência de derramar o sangue de touros e de bodes visava um alvo impossível, se tal alvo fosse a perfeição. Aqueles cristãos judaicos que vieram de um passado de adoração no Templo precisariam aprender, mediante a reflexão, a futilidade ulterior do sistema que abandonaram. 0 alvo do autor era demonstrar a superioridade incomensurável de CRISTO, e demonstrar que o sistema sacrificial do Antigo Testamento tinha validez somente porque prenunciava o sacrifício supremo e definitivo de CRISTO. Os adoradores na era do Antigo Testamento recebiam certos meios da graça mas aqueles meios nunca conseguiram realizar uma remoção completa dos pecados, que somente poderia ser realizada por um sacrifício humano perfeito, em contraste com um sacrifício animal. 5-6. Em vista da insuficiência do sacrifício animal, é demonstrada a necessidade de uma abordagem mais eficaz, e o escritor passa a dar a resposta. Vê um prenúncio dela no Salmo 40.6-8 que primeiramente cita, e então passa a expor. Não tem dificuldade em atribuir as palavras do salmista ao próprio CRISTO, como se CRISTO falasse através do salmista. Certamente, as palavras não acharam seu cumprimento perfeito até que se aplicassem a CRISTO. A palavra por isso (dio) forma uma ligação imediata com a insuficiência das ofertas levíticas mencionadas no v. 4. A cláusula qualificante, ao entrar [CRISTO] no mundo, demonstra que o contexto do Salmo é transferido para os termos de CRISTO e é visto como mais aplicável nesta ocasião. É como se o escritor visse CRISTO, depois da Sua encarnação, tomando nos Seus lábios as palavras deste Salmo como a expressão da Sua missão. A referência, portanto, não diz respeito exclusivamente ao evento de encarnação, mas à consciência contínua de JESUS de que estava cumprindo a vontade do Seu Pai. Deve ser notado que o texto grego não menciona o nome de CRISTO neste versículo, mas meramente emprega a terceira pessoa. O escritor toma por certo que todos imediatamente identificarão Aquele Que entrou no mundo. O título “CRISTO” é transportado de 9.28. Não há dúvida de que o autor está convicto quanto à realidade da pré- xistência de CRISTO. Na citação do Antigo Testamento quatro palavras são usadas para as ofertas levíticas: sacrifícios (thysia), ofertas (prosphora), holocaustos (holokautõmata) e as ofertas pelo pecado (peri hamartias). O primeiro par é geral, o segundo é representativo. Juntamente, resumem de modo equitativo a totalidade do sistema levítico. Na primeira declaração, o contraste é feito entre o suposto desejo de DEUS pelo sacrifício e a provisão que realmente fez de um corpo para a obra sacrificial do Seu Filho. As palavras antes corpo me formaste seguem o texto da Septuaginta que difere do hebraico; este último tem “ouvidos abriste para mim.” A mudança é notável e a Septuaginta deve ser considerada uma interpretação e extensão do hebraico. O fornecimento de ouvidos demonstra a exigência de que DEUS seja ouvido e, implicitamente, que espera-se a obediência a Ele. 0 corpo incluiria, naturalmente, a facilidade de escutar, mas vai além dela. A declaração refere-se ao funcionamento perfeito do corpo humano, o que foi cumprido somente em CRISTO. Conforme é aplicada aqui, a citação sugere que aquilo que CRISTO fez tinha de ser feito no “corpo,” i.é, como ser humano. Era como homem que Ele devia demonstrar Seu perfeito cumprimento da vontade de DEUS. Embora o tempo do verbo na citação esteja no passado, não pode neste caso referir-se a um ato já completado, porque o cumprimento ainda é futuro. Expressa, pelo contrário, aquilo que é eterno na mente de DEUS. Pode-se perguntar em que sentido um corpo poderia ser formado (katartizõ — “preparar”) como se suas partes separadas tivessem de ser juntadas para formar o todo. Mas o verbo, provavelmente, foi escolhido somente para sugerir o caráter perfeito da provisão. A declaração paralela no v. 6, que demonstra que DEUS não tem mais prazer nos sacrifícios específicos do que nos gerais, serve para acrescentar ênfase àquilo que já foi dito, de conformidade com o estilo da poesia hebraica. Embora os sacrifícios fossem ordenados por DEUS, era a atitude dos adoradores que interessava a Ele. A história de Israel já demonstra a tendência de que o sistema sacrificial fosse considerado uma finalidade em si mesmo, tomando-se mera formalidade. A necessidade de cumprir a vontade de DEUS fora negligenciada, daí a aplicabilidade das palavras do Salmista. 7. À medida em que a citação continua, a obediência exigida à vontade de DEUS toma-se mais explícita. Então eu disse parece referir-se ao tempo quando o corpo foi plenamente preparado, e, neste caso, as palavras foram cumpridas na encarnação e dizem respeito à abordagem de CRISTO ao Seu ministério todo. As palavras Eis aqui estou expressam um fato consumado, não uma predição, e traduzem as palavras do Salmista na própria vida e ressaltada nos Evangelhos, especialmente no Evangelho segundo João. Foi enviado da parte de DEUS e veio cumprir uma missão divina. Para fazer, ô DEUS, a tua vontade é o alvo do homem perfeito. Tem sido apenas parcialmente cumprido até mesmo pelos mais piedosos entre os homens, com a exceção de JESUS. Aquilo que foi visto pelo Salmista como o alvo mais desejável, fica sendo uma expressão de fato nos lábios de JESUS. Realmente cumpriu a vontade de DEUS, ao ponto de Se tomar obediente até à morte. Alguma disputa existe acerca da palavra traduzida rolo (kephalis), po causa da obscuridade da sua derivação com este significado. Apesar disto, é achada algures na Septuaginta (cf. Ez 2.9). A frase rolo do livro refere-se, aparentemente, a algumas instruções autorizadas que governavam o comportamento e as atividades do Salmista-rei. Parece claro que para JESUS o livro abrange a totalidade das revelações escritas dos propósitos de DEUS e, portanto, fornece o padrão perfeito para a vontade divina. Quando é aplicado a JESUS CRISTO, portanto, há a alusão óbvia a tudo quanto DEUS fez conhecer profeticamente acerca do Messias vindouro. No Novo Testamento há muitas citações do Antigo Testamento introduzidas com a fórmula está escrito (gegraptai), e que se revestem, portanto, de um caráter autorizado. Este fato é bem ressaltado na maneira de Lutero entencler a palavra como “permanece escrito”. Aquilo que permanece escrito possui um caráter inviolável. 8-9. A repetição, aqui, das idéias principais já achadas nos w . 5-7 enfatiza, mais uma vez, o contraste entre o meio antigo e o novo de chegar- se a DEUS. Especialmente notável é a nova ocorrência das palavras: Eis aqui estou para fazer, ô DEUS, a tua vontade como uma expressão da perfeita obediência de CRISTO. O comentário geral sobre a citação inteira é: Remove o primeiro para estabelecer o segundo. Uma palavra incomum é empregada para a abolição do primeiro, porque o verbo que é traduzido remove (anaireij geralmente tem o sentido de “matar.” Há algo de definitivo no desaparecimento do velho. Se não tivesse sido assim, o segundo nunca poderia ter sido estabelecido. É a diferença entre o fracasso total das ofertas irracionais levarem a efeito uma solução final e a suficiência total da obediência racional para estabelecer um novo caminho uma vez por todos. 10. Nessa vontade refere-se à vontade de DEUS que acaba de ser mencionada na citação. Seu único cumprimento completo é visto na perfeita obediência de CRISTO. O efeito imediato é que temos sido santificados. A idéia parece ser que aqueles que estão em CRISTO foram de tal maneira identificados com Ele que nEle eles também cumpriram a vontade de DEUS. Este sentido de solidariedade com CRISTO não é tão freqüente nesta Epístola como nas Epístolas de Paulo, mas é tanto mais notável neste contexto. O processo da santificação é um que nunca foi completado senão em CRISTO. Se não fosse assim, o verbo não poderia ter sido usado no tempo perfeito, como o é aqui. Posto que CRISTO é perfeitamente santificado mediante Sua perfeita obediência à vontade de DEUS, pode ser dito que Sua santificação é compartilhada por todos aqueles que crêem. É digno de nota, no entanto, que o escritor não define melhor os beneficiários — o “nós” deve ser interpretado à luz do capítulo anterior (cf. 9.28). O acréscimo das palavras mediante a oferta do corpo de JESUS CRISTO esclarece os meios mediante os quais a obediência de CRISTO pode ser eficaz para nós. É importante notar que foi o corpo de CRISTO que foi oferecido, porque isto chama a atenção à centralidade da cruz. Aquilo que Ele fez, fê-lo no corpo, na esfera da vida humana, o mesmo tipo de vida humana que nós possuímos. Na Sua oferta de Si mesmo, reuniu a humanidade. Naturalmente, o escritor não está dizendo que os crentes não têm mais necessidade de obediência porque CRISTO a cumpriu, mas, sim, que DEUS nos recebeu com base no perfeito cumprimento da vontade de DEUS feito por CRISTO. A quâlidade definitiva disto (uma vez por todas, ephapaz) já foi mencionada em 7.27 e 9.12. 11. A seção seguinte (w. 11-14) concentra-se na glória atual de CRISTO a fim de completar a declaração no v. 10 acerca da oferta do corpo. Embora sua qualidade definitiva seja mencionada, não era o fim. Nesta Epístola, como noutras partes do Novo Testamento, a morte é ligada com a glorificação. A continuidade interminável dos sacrifícios inadequados segundo a velha ordem está em contraste marcante com a nova ordem. Os aspectos principais de interesse no presente versículo são: (i) a posição dos sacerdotes (todo sacerdote se apresenta — lit. “fica de pé”), (ii) a continuidade dos sacrifícios (a oferecer muitas vezes) e (iii) sua ineficácia de realizar o seu propósito (i.é, para remover pecados). O primeiro aspecto tem contraste marcante no versículo seguinte com a posição de CRISTO: assentou-se. Estes sacerdotes nunca poderiam sentar-se porque sua obra nunca era completa. Em segundo lugar, muitas vezes (pollakis) está em direto contraste com uma vez por todas (ephapax). E em terceiro lugar, a incapacidade das antigas ofertas removerem os pecados é contrastada no v. 12 com a única oferta de CRISTO pelos pecados. Mais uma vez, a fraqueza da velha ordem fica sendo o pano de fundo para a demonstração da maior glória da nova. A última cláusula chama a atenção à qualidade dos sacrifícios, conforme demonstra o relativo que (haitines, “que são de tal tipo”). Era inerente na sua própria natureza que faltava-lhes o poder de remover (perielein) pecados. A palavra significa literalmente “remover o que cerca,” como despir um manto indesejado. É mais sugestiva do que a palavra paralela usada no v. 4 (aphairein). A palavra achada aqui é usada em 2 Coríntios 3.16 para a remoção do véu da mente do homem quando se volta para o Senhor. Vale notar, ainda, que embora em 10.4 o tempo seja presente, aqui é passado (aoristo), para corresponder à ação completa da oferta de CRISTO no v. 12. 12. Há um contraste aqui entre todo sacerdote e “este” (que ARA identifica como JESUS). Ressalta-Se, em contraste com eles, como um sacerdote de um tipo inteiramente diferente. A construção no grego poderia permitir que as palavras traduzidas para sempre (eis to diènekes) sejam ligadas à parte final da frase, i.é, para demonstrar a qualidade definitiva da entronização de CRISTO. Mas a tradução de ARA ressalta a idéia que é básica nesta Epistola, i.é a qualidade sem igual e completa do sacrifício de CRISTO, e isto parece preferível.88 A constante reiteração desta idéia cristã central talvez sugira que o escritor sabia que alguns dos seus leitores não tinham muita certeza quanto a ela e talvez estivessem em dúvida se ainda havia a mesma inadequação dos antigos sacrifícios. O caráter conclusivo do sacrifício de CRISTO é visto não somente no Seu sacrifício único como também na Sua entronização: assentou-se à destra de DEUS. Isto foi mencionado duas vezes antes (1.3; 8.1) e volta a ocorrer outra vez em 12.2, o que demonstra que, é uma das características dominantes da carta, para a qual um bom título geral poderia ser: “CRISTO entronizado.” 13. O período de espera entre a entronização de CRISTO e Seu triunfo final sobre Seus inimigos é idêntico à presente era. Não há dúvida quanto ao resultado final. Ao discutir a razão pela demora em subjugar os inimigos visto que a vitória já foi ganha, Hughes comenta: “A demora deve ser vista mais como um prolongamento do dia da graça, e, portanto, como sinal da misericórdia e da longanimidade de DEUS.” O subjugar dos inimigos é outro eco do Salmo 110 (v. 1), já muitas vezes citado nesta Epístola. Estava mesmo na mente do escritor quando começou a escrever (cf. 1.13). Esta idéia é tirada mais da linguagem figurada da entronização do que ofício sumo-sacerdotal. É a esta altura que a ordem de Melquisedeque é claramente aplicável, já que nosso Sumo Sacerdote também tomou a Si o cargo de Rei. É como Rei que não permitirá que Seus inimigos triunfem. A mesma idéia é exposta por extenso por Paulo em 1 Coríntios 15.23ss., onde, porém, não tem ligação alguma com o tema sumo-sacerdotal. 14. O pensamento volta para o Sumo Sacerdote e Sua única oferta a fim de chamar a atenção ao resultado obtido por ela, ou seja: a obtenção da perfeição para os crentes. A ligação entre a oferta e o ato da purificação já foi feita no v. 10 e, portanto, a ênfase aqui deve recair sobre o verbo aperfeiçoou (teteleiõken). Este verbo considera a ação como já sendo completa, embora presumivelmente só num sentido antecipatório, conforme subentendem as palavras para sempre. Em Si mesmo CRISTO reuniu todos aqueles que Ele representa para compartilhar com eles a Sua perfeição. A frase quantos estão sendo santificados (tous hagiazomenous) está no tempo presente contínuo e pode ser interpretada: “os que estão constantemente sendo santificados,” i.é, a sucessão contínua das pessoas que vêm sob a aplicação eficaz da única oferta. 15. A esta altura a discussão volta-se novamente à Nova Aliança como a seção final da parte doutrinária principal da Epístola (w. 15-18). Mais uma vez, como em 8.8ss., é citada uma passagem de Jeremias 31, embora, desta vez, a seleção é consideravelmente mais curta. Há, na realidade, algumas diferenças significantes, das quais a primeira é a fórmula introdutória. Em 8,8ss. nenhuma fórmula é usada, mas aqui o testemunho específico do ESPÍRITO SANTO é visto na passagem (como em 3.7 ao introduzir SI 95). Neste caso parece que a função especial do ESPÍRITO SANTO é chamar a atenção à combinação da idéia de uma lei interna e a completa remoção do pecado. Atribui-se, claramente, importância à conexão das duas idéias na passagem original{porquanto, após ter dito ... Acrescenta), que demonstra o conceito que o escritor tem da inspiração, que se estende à seqüência das idéias. A expressão: E disto nos dá testemunho também o Espirito SANTO pode ser entendido alternativamente no sentido de testemunho com relação a nós, ao invés de dirigido a nós. Mas fica claro o ponto essencial. Aquilo que Jeremias escreveu tem relevância direta tanto para o escritor quanto para seus leitores. 16. Na primeira parte da citação há uma mudança da redação, sendo que corações e mentes foram trocados entre si em comparação com 8.10. Não faz diferença ao sentido. 17. Na segunda parte há um acréscimo das palavras e das suas iniqüidades, que apenas define mais especificamente a natureza dos seus pecados, i.é, aqueles atos que são contrários à lei de DEUS. 18. Como um tipo de tiro para cobrir a retirada, o escritor volta a tirar a conclusão de que já não há oferta pelo pecado. Já que a remissão é prometida sob a Nova Aliança, a necessidade de semelhante oferta cessou de existir. Não se pode duvidar que, visto que esta seção principal da Epístola termina desta maneira, a perfeição da oferta que CRISTO fez visa acabar finalmente com a celebração do antigo culto ritual. Raiou uma nova era. Está em vigor uma nova aliança que toma obsoletos os sacrifícios de Levítico. Qualquer mensagem que eles visassem transmitir está mais perfeitamente cumprida em CRISTO. II. EXORTAÇÕES (10.19-13.25) Embora vários apelos aos leitores tenham sido feitos no decorrer da seção doutrinária, os últimos capítulos contêm conselhos cristãos acerca de várias questões de vida prática. Há, também, grandes passagens sobre fé e disciplina. A. A POSIÇÃO PRESENTE DO CRENTE (10.19-39) O escritor expõe os privilégios e as responsabilidades da vida cristã. A exposição leva a mais uma passagem de advertência solene e a uma lembrança do valor da experiência cristã passada. (i) O novo e vivo caminho (10.19-25) 19. Que aplicação da discussão doutrinária anterior começa aqui fica claro na palavra pois, que é melhor entendida como sendo uma referência à totalidade da demonstração anterior. É com base em tudo quanto foi dito acerca do Sumo Sacerdote e Sua oferta eficaz que a declaração no presente versículo pode ser feita. Tendo... intrepidez é declarado como um fato. Tendo em vista tudo quanto CRISTO já fez e agora é, não há razão porque todos os crentes não possam aproximar-se com confiança. No curso da sua exposição acerca do Sumo Sacerdote, o escritor lembrou os leitores da sua confiança em CRISTO (3.6; 4.16). A palavra aqui traduzida intrepidez (parrèsia) é a palavra para a “confiança” que o Novo Testamento geralmente relaciona com a liberdade do homem por causa do seu novo relacionamento com DEUS.90 Esta confiança aqui é especificamente relacionada com a abordagem a DEUS, com a entrada no SANTO dos Santos, entendido como símbolo da presença de DEUS. É um quadro de todos os crentes, que agora têm um convite para entrarem no SANTO dos Santos, já não reservado para o sacerdócio. Está escrito que a via de aproximação é pelo sangue de JESUS, que aqui resume tudo quanto JESUS fez por nós ao oferecer-Se a Si mesmo. O SANTO dos Santos já não está mais separado para a realização contínua dos sacrifícios. Está totalmente aberto por causa da oferta perfeita já feita. Deve ser notado, porém, que o acesso está disponível somente àqueles que são classificados como irmãos, àqueles que, segundo 3.1: “participam da vocação celestial.” É importante notar que aqueles que descobrem uma nova abordagem a DEUS mediante JESUS CRISTO tambe'm descobrem um novo relacionamento uns com os outros. 20. Ao descrever o acesso como um novo e vivo caminho, o escritor emprega uma palavra que ocorre somente aqui no Novo Testamento.Novo (prosphaton) originalmente significava “recentemente morto”, mas seu significado derivado é “novo” ou “recente.” Visa formar um contraste com a velha ordem, e assim chama a atenção à sua novidade, que imediatamente a liga com a obra de CRISTO. A idéia do caminho também é sugestiva, não somente porque era o título pelo qual os cristãos primitivos eram conhecidos, mas também por causa de um jogo de palavras em grego entre esta palavra e a palavra usada no v. 19 para “entrada” (hodos e eisodos). Aliás, a totalidade da frase usada aqui seria uma descrição apta para o conceito do cristianismo mantido por este escritor. A idéia do caminho já foi introduzida em 9.8 e parece ter sido algum tipo de termo técnico para o acesso a DEUS. No grego não há palavra que corresponda a pelo, o que faz com que caminho seja o objeto de consagrou (ou “abriu”) e liga-nos com a idéia da entrada no v. 19. A construção é difícil no grego, mas parece claro que as palavras não identificam JESUS com o caminho. O caminho de acesso é, na realidade, o resultado da Sua obra expiadora. As palavras seguintes: pelo véu, isto é, pela sua carne, têm dado ocasião a muitos debates. O primeiro problema diz respeito ao véu. Posto ser esta uma alusão ao véu que separava o SANTO dos Santos, parece mais natural considerar o véu como um obstáculo e ser vencido antes de se obter acesso. Mas é difícil vincular este obstáculo com “sua carne”, porque neste caso subentende que a vida humana de JESUS O separava de DEUS e que tinha de ser penetrada antes da comunhão ser restaurada. Reconhecidamente, a vida humana de JESUS impunha restrições sobre Ele e, nesse sentido rigorosamente limitado, podia ser descrita como um “véu” através do qual tinha de passar. Mas, por outro lado, não deve ser suposto que, ao assim fazer, descartou Sua verdadeira humanidade ao entrar. Estas dificuldades desapareceriam se as palavras pela (dia) sua came forem entendidas como uma explicação do caminho, e neste caso o significado seria “pelo novo e vivo caminho, isto é, pela sua came.” Este seria o equivalente de dizer que o novo caminho para DEUS fora aberto por JESUS como ser humano, o que concordaria com a discussão no capítulo 2 acerca da necessidade da encarnação. É possível, do outro lado, considerar a cortina como símbolo do meio de abordagem ao invés de ser um empecilho a tal abordagem, e neste caso haveria menos dificuldade em vincular a “came” com o “véu.” No que dizia respeito ao sumo sacerdote no Dia da Expiação, o véu cessava momentaneamente de ser um obstáculo e ficava sendo, pelo contrário, o caminho de entrada. Uma vez que o grande sacerdote é mencionado no versículo seguinte, é altamente provável que esta idéia tinha a primazia na seqüência de pensamentos do escritor. Há algum debate sobre se o escrito aqui alude, de qualquer maneira, ao rasgar do véu do Templo na ocasião da morte de JESUS. Seja qual for o ponto de vista adotado quanto a isto, fica claro que considera o SANTO dos Santos totalmente aberto por meio de JESUS CRISTO. 21. Já em 4.14 JESUS é descrito como “grande sumo sacerdote,” e a presente declaração é um eco daquele título. A grandeza consistia na eficácia sem igual da obra de CRISTO em abrir um novo e vivo caminho. A expressão sobre a casa de DEUS é uma lembrança das declarações em 3.1-6, onde a superioridade de JESUS sobre Moisés é vista em relação à casa de DEUS. Aqui as palavras são abrangentes, e incluem tanto a igreja na terra quanto a igreja no céu, mas a ênfase principal recai sobre a comunidade terrestre, conforme demonstra a seqüência. 22. É aqui que chegamos à exortação principal nesta Epístola. É expressa em três etapas: aproximemo-nos (v. 22), guardemos firme (v. 23) e consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras (v. 24). A primeira exortação refere-se à devoção pessoal, a segunda à consistência, e a terceira às obrigações sociais. Esta não é a primeira vez que os leitores são exortados a aproximar-se, porque uma declaração semelhante é feita em 4.16 antes da discussão sobre a obra sumo-sacerdotal de JESUS ter começado. A repetição da mesma idéia visa a ênfase. Tendo em vista tudo quanto foi dito na passagem interveniente, há tanto mais razão para exortar os adoradores a se aproximarem. Quatro condições de aproximação são definidas neste versículo: (i) Com sincero coração. Se o adjetivo for entendido no mesmo sentido que em 8.2, refere-se àquilo que é real em contraste com aquilo que é apenas aparente. Não pode haver fingimento de uma devoção que não é verídica. A expressão, segundo parece, refere-se à realidade da aproximação a DEUS feita pelo adorador. (ii) Em (en) plena certeza da fé. Alguma ênfase já tem sido dada à fé nesta Epístola, e haverá mais no capítulo 11. Esta plena certeza é importante, porque já não há razão alguma para duvidar que o acesso será obtido. O escritor não somente é claro quanto à possibilidade da plena certeza, como também toma por certo que ela está presente em todos os adoradores que fazem uso do “novo caminho.” O uso da preposição (en) realmente sugere que esta certeza da fé é a esfera ou ambiente em que a aproximação deve ser feita. (iii) Tendo os corações purificados de má consciência. Sem dúvida, a metáfora da aspersão (aqui purificação) é derivada do culto ritual levítico, onde é mencionado o sangue aspergido sobre o povo como ratificação da antiga aliança (Êx 24.8) e na ocasião da consagração de Arão e dos seus filhos (Êx 29.21). Não há menção específica ali, como há aqui, da purificação da consciência. Mas o meio totalmente mais eficaz de purificação, que os cristãos possuem, relaciona-se diretamente com a consciência. É mais do que um ato ritual; é uma condição moral. (iv) E lavado o corpo com água pura. Parece tratar-se de uma alusão ao batismo cristão, embora este ponto de vista não esteja sem dificuldades. Se for correta, exigiria algum rito iniciatório de natureza pública antes de alguém poder aproximar-se. Mas visto que as demais condições não são externas, parece estranho que a quarta condição o seja. A lavagem do corpo talvez ache alguma explicação em Efésios 5.26 onde está escrito que CRISTO purificou a igreja “por meio da lavagem de água pela palavra,” que é mais intelegivelmente interpretado num sentido espiritual. O uso do adjetivo “pura” também pareceria sugerir um significado simbólico. A diferença entre (iii) e (iv) seria, portanto, entre a pureza das atitudes internas e a dos atos manifestos. 23. A segunda exortação — guardemos firme - usa um verbo (katechò) que já foi usado em 3.6, 14, no sentido de guardarmos firme a nossa ousadia (parrèsia) ou a confiança que desde o princípio tivemos (tèn archèn tès hypostaseòs). Aqui, no entanto, é outra palavra que é usada, i.é, a confissão (homologian). Não há, porém, muita distinção na idéia principal destas diferentes palavras, porque as duas se referem à verdade básica da posição cristã. Claramente, uma exortação para “guardar firme” nunca é inapropriada num mundo em que os valores estão em contínua mudança, mas onde os padrões cristãos são constantes. A expressão inteira: a confissão da esperança, é surpreendente, porque teríamos esperado “fé” ao invés de “esperança.” Mas a esperança é mais abrangente, porque inclui promessas específicas a respeito do futuro. Há uma conexão mais específica entre a fé e a esperança no capítulo seguinte (cf. 11.1). Vale notar, além disto, que em 3.6 há uma ligação entre a confiança e a esperança como coisas que vale a pena guardar. Para outras referências à esperança, cf. 6.11, 18; 7.19. Certamente, esta Epístola olha para o futuro e oferece glórias do porvir que brilham mais do que as glórias da velha ordem. Apesar disto, o escritor tem consciência de que alguns dos seus leitores talvez passem o perigo de relaxar seu apego a esta esperança, porque os conclama a segurar firme sem vacilar (aklinè). A palavra grega traduzida desta maneira é usada somente aqui no Novo Testamento, e é baseada na idéia de um objeto reto que não se inclina em nenhuma direção. Não há lugar na experiência cristã para uma esperança firme numa ocasião e vacilante noutra. Sustentar esta certeza não é um ato sem justificativa, porque não depende de si mesma, mas da fidelidade de quem fez a promessa. Algumas facetas das promessas dè DEUS serão ilustradas no capítulo seguinte, que é, na realidade, um comentário da declaração feita aqui. (Não somente registra a fé dos homens, como também a fidelidade de DEUS. Outras declarações específicas na Epístola, que chamam a atenção à fidelidade, são 2.17 e 3.2 que se referem ao nosso Sumo Sacerdote fiel, e 11.1 onde está escrito que Sara reconheceu a fidelidade de DEUS. 24. A terceira exortação focaliza-se na responsabilidade social. É relevante que a palavra considerar (katanoòmen) seja usada aqui, porque aquilo que o escritor conclama evidentemente exige pensamento concentrado. O alvo proposto é nos estimularmos ao amor e às boas obras. Um pouco de raciocínio é claramente necessário para resolvermos como podemos fazer isto da melhor maneira possível. Algo mais do que o esforço individual é necessário para promover o amor e as boas obras. Os cristãos precisam estar alertas às necessidades do seu próximo. A ação em conjunto é indispensável. A palavra traduzida estimular (eis paroxysmon) é um termo notável que significa “incitação” e ou é usada, como aqui, num bom sentido, ou, como em Atos 15.39, num mau sentido (i.é, contenda). Parece sugerir que amar uns aos outros não acontecerá automaticamente. É necessário trabalhar o amor, até mesmo provocá-lo, assim como se faz com as boas obras. Esta combinação de amor e de boas obras é notável por enfatizar que o amor deve ter resultados práticos. O adjetivo traduzido boas (kalos) demarca as obras como boas na aparência, por possuírem uma qualidade atraente. Sugere que as obras devem ser tão evidentemente boas em si mesmas que nenhuma dúvida possa existir acerca do seu valor verdadeiro. 25. Outra exigência de um tipo social, que tem aplicação direta à declaração anterior, é a necessidade da comunhão coletiva. É lógico que nenhuma provocação ao amor é possível a não ser que ocorram oportunidades apropriadas para o processo de despertamento ter efeito. As palavras: Não deixemos de congregar-nos, presumivelmente referem-se a cultos de adoração, embora o fato não seja declarado. Talvez tenha sido propositadamente deixado ambíguo a fim de incluir outras reuniões de um tipo mais informal, mas a palavra grega (episynagògè) sugere alguma assembléia oficial. Parece que alguns tinham negligenciado seus encontros com os irmãos cristãos, o que é visto como uma séria fraqueza. É possível que os leitores tenham se separado do grupo principal, o que significava que suas oportunidades de estimular-se ao amor e ás boas obras estavam severamente limitadas. As assembléias cristãs visam ter um resultado positivo e útil: i.é, “encorajar uns aos outros” (fazer admoestações, ARA). A palavra usada aqui (parakaleõ) pode igualmente ser traduzida “exortar.” A idéia básica é que os cristãos devem fortalecer e estimular uns aos outros. Não há dúvida de que influência incalculável para o bem pode advir do exemplo poderoso de pessoas retas em associação com outras do mesmo tipo. O Novo Testamento não oferece apoio algum à idéia de cristãos isolados. A comunhão estreita e regular não é apenas uma idéia agradável, como também uma absoluta necessidade para o encorajamento dos valores cristãos. De início, é surpreendente que o escritor acrescente a esta altura as palavras: e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima. Nada preparou os leitores para a menção do “Dia”. Há muitas referências noutros livros do Novo Testamento ao Dia do Senhor (e.g. 1 Ts 5.2; 2 Pe 3.10) e deve ser suposto que os leitores desta Epístola teriam sabido imediatamente a que se referia. De qualquer forma, é familiar por causa do Antigo Testamento, mas o escritor o usa de uma maneira especificamente cristã, subentendendo um dia de prestação de contas (cf. Lc 17.26; Rm 2.16; Ap 6.17). Certamente tem conexão com a Segunda Vinda de CRISTO, embora esta não seja mencionada aqui tampouco. Tudo quanto está em mira é o efeito salutar de ser lembrado da aproximação do dia. A expressão “aproximar-se” (engizõ) é comumente usada no Novo Testamento para descrever a aproximação do dia (cf. Rm 13.12; Fp 4.5; Tg 5.8; 1 Pe 4.7). Para um apelo semelhante ao dia que se aproxima como base para o comportamento ético cuidadoso, cf. 2 Pedro 3.11. Vale notar, no presente contexto, que o verbo é indicativo e registra uma realidade consumada — vedes — e não está, como os verbos anteriores, na forma de uma exortação. A iminência do dia era cosiderada clara. Não devia ser considerada um segredo. Os cristãos deviam viver como se o raiar do dia estivesse tão próximo que sua chegada estava só um pouco além do horizonte. Apesar dos séculos que se passaram desde então, a possível iminência do dia ainda fornece uma motivação poderosa para muitos crentes no sentido de padrões morais elevados. (ii) Outra advertência (10.26-31) 26. Este versículo introduz uma nova seção (w. 26-31) que adverte contra os perigos da apostasia de maneira muito semelhante às advertências no cap. 6. Presumivelmente, é provocada pela menção do dia da prestação das contas no v. 25. Os aspectos sérios do julgamento contrário são vividamente focalizados. Se vivermos deliberadamente em pecado coloca a ênfase no pecado responsável, no tipo de pecado no qual as pessoas entram com os olhos abertos. A posição da palavra deliberadamente (hekousiõs) como a primeira palavra na frase reforça esta idéia. O culto ritual levítico oferecia providências para os pecados inadvertidos, mas não para os pecados voluntários. A esta altura o uso que o escritor faz da primeira pessoa do plural (“nós” oculto, hèmón), identifíca-se com aqueles que recebem a advertência. O pleno conhecimento da verdade é aludido como uma coisa recebida, o que sugere que tem uma forma reconhecida. Ademais, o artigo com a palavra verdade (tès alétheias) toma claro que já existe um corpo de doutrina definível, que todos os cristãos devem conhecer. É o equivalente à totalidade da revelação cristã. O apóstolo Paulo tem muito mais para dizer sobre o conhecimento (epignõsis) do que o autor desta Epístola. De fato, este é o único lugar nesta Epístola onde esta palavra é usada. Ressalta a qualidade deliberada do pecado se uma compreensão inteligente da “verdade” já tinha sido adquirida. Semelhante pecado deliberado, ocorrendo depois de obtida um domínio de “a verdade”, subentende uma rejeição da verdade, cujo aspecto cardeal é a singularidade do sacrifício de CRISTO. Se este for rejeitado, não sobra nenhum outro sacrifício adequado. Em grego, a ordem das palavras é significante mais uma vez, porque a ênfase recai sobre as palavras: pelos pecados. Pode haver sacrifício, mas nenhum que tenha qualquer eficácia para a remoção dos pecados. Desta maneira, as sérias conseqüências do pecado deliberado são ressaltadas. 27. Sem um sacrifício expiador no qual se possa confiar, tudo quanto permanece é juízo e fogo vingador. A alternativa é expressa forte e vividamente. A primeira: juízo, é expressada em termos dos temores do homem (certa expectação horrível), a segunda: fogo vingador, em termos da provisão de DEUS. Completam- se mutuamente. Certa expectação horrível de juízo chama a atenção à reação que a expectativa produz naqueles que se enquadram na categoria de pecadores deliberados. A proporção em que os pensamentos do julgamento aterrorizam os transgressores depende do caráter do juiz, e, na medida em que esta passagem continua, toma-se claro que não se pode fazer pouco do Seu juízo (cf. v. 31). 28. Um exemplo da pena capital é citado da lei de Moisés como exemplo do julgamento sob a antiga aliança, de modo que fornece um paralelo para um julgamento semelhante sob a nova aliança. O caso específico citado é aquele em que alguém tiver rejeitado (athetèsas) a lei de Moisés, i.é, deixou-a de lado como algo sem nenhuma conseqüência. Parece subentender uma recusa positiva de aceitar a autoridade da lei mosaica. Para semelhante homem não havia misericórdia sob a antiga aliança. Não poderia esperar nada senão a morte. Visto que a disposição — pelo depoimento de duas ou três testemunhas - é tirada de Deuteronômio 17.6, é razoável supor que o escritor tinha em mente, a esta altura, a passagem inteira de 17.2-6. Esta trata do pecado específico dos que estavam dentro da antiga aliança mas que tinham cometido o pecado da idolatria e, como resultado, foram condenados à morte por apedrejamento. A presença das testemunhas era exigida para garantir que ninguém fosse condenado na base de um relato falso. Nenhuma lição específica é tirada deste fato quando os paralelos com a Nova Aliança são sugeridos neste Epístola. 29. O argumento agora procede do menor para o maior, portanto as palavras quanto mais severo são aplicadas ao delito mais sério sob a nova aliança. Os leitores estão exortados a dedicar pensamento especial a isto: julgais vós? (dokeite). Embora as palavras sejam expressas na forma de uma pergunta, não há dúvida acerca da resposta. O escritor toma por certo que o estado mental que está para mencionar é até pior do que a violação da lei mosaica. Envolve maior castigo. Ao falar deste castigo emprega uma palavra (timõria) que não ocorre em qualquer outro lugar no Novo Testamento e que o descreve precisamente em termos daquilo que o delito merece. O delito específico, que é suficientemente sério para justificar um castigo maior, é expressado de modo tríplice, (i) Primeiramente, envolvia o desprezo ao Filho de DEUS. O verbo usado aqui (katapateô) significa calcar aos pés ou tripudiar, expressão vívida quando é usada a respeito do Filho de DEUS. Deve envolver não somente uma rejeição da posição cristã, como também o mais forte antagonismo contra JESUS CRISTO. É um caso extremo de apostasia que está sendo contemplado, (ii) Em segundo lugar, o transgressor profanou o sangue da aliança. A expressão grega traduzida profanou (koinon hègêsamenos) pode ser traduziada “considerar comum” no sentido de tratar o sangue de CRISTO como não sendo diferente do sangue de qualquer outro homem, mas a interpretação mais positiva das palavras no sentido de “considerar profano” é mais provável. Posto que o sangue era o meio de ratificar uma aliança (tanto a antiga quanto a nova), considerá-lo profano era o equivalente de destruir a base inteira do acordo. Qualquer pessoa que adotasse semelhante ponto de visa estaria realmente desprezando a obra de CRISTO. Na frase qualificadora, com o qual foi santificado, o contraste é ressaltado entre uma atitude ímpia para com o sacrifício de CRISTO e os resultados santos daquele sacrifício para o crente, (iii) O terceiro ato é descrito como ultrajar o ESPÍRITO da graça. O verbo é outra palavra que não ocorre mais no Novo Testamento (enybrizein), que significa nlo somente ultraje, como também insolência. É uma rejeição arrogante do ESPÍRITO através de cujo intermédio a graça (o favor gratuito de DEUS) chegou ao homem. Esta é a única ocasião no Novo Testamento onde o ESPÍRITO é chamado o ESPÍRITO da graça, mas aqui o propósito do escritor é resumir numa palavra todos os benefícios que o ESPÍRITO trouxe. Esses três aspectos da apostasia não somente colocam o homem numa posição de condenação, como também o deixam numa posição especificamente anti- ristã. É impossível saber se o escritor tem em mente pessoas que realmente se viraram contra o cristianismo depois de terem estado associadas com ele, ou se está considerando qual seria a posição de quaisquer pessoas que chegassem a assim fazer. Quando esta passagem é considerada em conjunção como capítulo 6, fica claro que o escritor tem bem presentes as conseqüências sérias para aqueles que se tomarem antagônicos a JESUS CRISTO. Quaisquer pessoas que já tivessem feito assim não seriam demovidas pelos argumentos no decurso da Epístola que demonstram a superioridade de CRISTO. Parece melhor, portanto, supor que estas advertências fortes são propostas para demonstrar o contraste entre aqueles que entram nos benefícios do sacrifício de CRISTO e aqueles que resolutamente se recusam a entrar. 30. A fim de que ninguém pense que o escritor exagerou a perspectiva do julgamento, este chama a atenção dos seus leitores para o caráter do juiz, que é a garantia de que o julgamento será justo. As palavras: Ora, nós conhecemos aquele imediatamente focalizam a atenção na Pessoa. Segue-se, então, uma citação, ou melhor, uma adaptação de uma citação tirada de Deuteronômio 32.35 (cf. também Rm 12.19, onde é achada a mesma adaptação). A segunda citação é tirada do versículo seguinte em Deuteronômio 32. A respectiva passagem é aquela em que Moisés faz seu discurso de despedida e relembra ao povo de Israel como DEUS o tinha tratado. O discurso também contém advertências, e é desta seção especialmente que as citações são tiradas. As duas juntas ressaltam o fato de que a vingança e o julgamento pertencem ao Senhor. A vindicação do povo de DEUS vai de mãos dadas com o julgamento dos Seus inimigos. 31. O terror da expectativa mencionada no v. 27 agora é reforçado pelo uso da mesma palavra para descrever o resultado de cair nas mãos do DEUS vivo. A expressão “DEUS vivo” já ocorreu antes nesta Epístola (3.12; 9.14) e ocorre outra vez em 12.22. Tem relevância especial aqui por estar ligada com “mãos”, que simbolizam a atividade de DEUS. Ao falar assim das “mãos” de DEUS, o escritor está usando uma figura de linguagem bem-conhecida para o implementar, da parte de DEUS, dos Seus próprios julgamentos. Logo, neste contexto “as mãos de DEUS” estão contra aqueles que, através das suas ações ou atitudes, se colocaram fora da Sua misericórdia. Um uso diferente de uma expressão semelhante: “a poderosa mão de DEUS,” é achada em 1 Pedro 5.6. (iii) O valor da experiência passada (10.32-39) 32. O assunto da seção seguinte, w. 32-39, é a perseverança, que primeiramente é tratada em retrospecto, e então passa a ser o assunto de mais exortações. O processo da recordação às vezes é uma atividade frutífera quando chama à mente lições anteriores, mesmo se aquelas lições tenham sido aprendidas numa escola severa. A palavra lembrar-se (anamimnêskõ) é usada somente aqui nesta Epístola, mas ocorre duas vezes em Marcos (11.21; 14.72) e três vezes em Paulo (1 Co 4.17; 2 Co 7.15 e 2 Tm 1.6). Denota algum esforço em chamar à mente. Teríamos pensado que semelhante esforço seria desnecessário quando o assunto da lembrança são os sofrimentos anteriores do crente, mas é surpreendente como a memória da maioria das pessoas precisa ser incitada. Os dias anteriores dão a entender que este grupo de crentes já era cristão havia algum tempo. Agora podem relembrar dias anteriores ao tempo da sua iluminação. Esta é uma maneira expressiva de referir-se à sua conversão (cf. 6.4). Relembra a declaração paulina em 2 Coríntios 4.6, onde a idéia da iluminação espiritual se destaca. A estes cristãos é dito: sustentastes grande luta. A palavra athlèsin que descreve esta luta é outra palavra que não é achada em qualquer outro lugar no Novo Testamento, e significa um certame atlético, e, portanto, é aplicada de modo metafórico a uma luta. Neste caso a linguagem figurada parece dizer respeito a uma corrida de obstáculos, sendo que os sofrimentos são os obstáculos a serem vencidos. 33. Aqui são dados pormenores do tipo de sofrimento que os leitores tinham suportado. É descrito como expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio, quanto de tribulações. Demonstra-se assim como tinham um envolvimento pessoal nos sofrimentos de CRISTO. Das duas palavras aqui usadas para denotar o sofrimento, “opróbrio” (oneidismoi) é achada também em 11.26 na descrição do opróbrio que Moisés sofreu como resultado da sua rejeição da posição exaltada no Egito, e em 13.13 na descrição daquilo que aguarda os que saem fora do arraial com CRISTO. É estreitamente ligado com o opróbrio que CRISTO suportou (cf. Rm 15.3). A outra palavra: tribulações (thlipsis), é muito mais comum no Novo Testamento, embora ocorra somente aqui em Hebreus. Talvez o exemplo mais notável do seu uso seja Colossenses 1.24, em que Paulo fala em preencher o que resta das aflições de CRISTO. Estes hebreus tinham participado de uma experiência semelhante. O verbo traduzido expostos como em espetáculo (theatrizomai) ocorre somente aqui no Novo Testamento, mas Paulo usa o substantivo cognato em 1 Coríntios 4.9. Tanto o verbo quanto o substantivo derivam sua força de expressão de um espetáculo no teatro, e a idéia é que os cristãos foram usados como um alvo público para maus tratos. Esta idéia também harmoniza-se com os maus tratos aos quais o próprio CRISTO foi sujeitado. Além dos seus próprios sofrimentos pessoais, às vezes sofriam mediante a associação com outras pessoas. Uma comunidade cristã com laços estreitos forçosamente experimentará os dois tipos de sofrimento quando vem a perseguição. Não se declara qual forma assumiu este segundo tipo. Bastava para o propósito do escritor relembrar aos leitores que eram coparticipantes (koinõnoi), que relembra o conceito neotestamentário familiar da comunhão ou da participação. Os crentes tinham achado um privilégio “compartilhar” dos sofrimentos uns dos outros. Esta é comunhão no nível mais profundo. 34. Aquilo que é descrito de modo geral no versículo anterior é descrito aqui de modo mais específico para servir de exemplo, mas na ordem inversa. Vos compadescestes dos encarcerados é um exemplo de uma abordagem ativa, ao passo que aceitar o espólio é um exemplo da abordagem passiva. Estes cristãos tiveram experiência das duas situações. Tinham, na realidade, demonstrado simpatia, semelhante àquela do nosso Sumo Sacerdote (4.15), embora num nível inferior. Conforme demonstra a palavra grega (synepathèsate), esta compaixão cristã consiste na capacidade de “sofrer com” os que sofrem. Identificam-se mentalmente com os encarcerados. Nenhuma indicação é dada da natureza ou da causa do aprisionamento, mas presumivelmente era por causa da confissão cristã das respectivas pessoas. Sabemos pelas cartas de Paulo que ele mesmo foi encarcerado muitas vezes, e também sabemos que vários outros eram presos juntamente com ele. Era bastante comum naqueles dias primitivos os cristãos serem encarcerados sempre que suas convicções eram consideradas contrárias ao gosto das autoridades civis. Não fica claro em quais circunstâncias este cristãos tinham aceito com alegria o espólio dos seus bens. Certamente revelavam uma abordagem especialmente madura, porque sua atitude era mais positiva do que a mera resignação. Tinham aprendido a regozijar-se no meio das perdas. Sua abordagem às suas posses era sadia, porque sua posição espiritual não dependia das vantagens materiais. Tinham aprendido o valor superior do seu patrimônio superior, que, segundo se supõe, refere-se às suas vantagens em CRISTO. Era a isto que CRISTO chamara de ajuntar tesouros no céu (Mt 6.19). A descrição adicional da possessão como durável acrescenta outra dimensão à sua superioridade, porque claramente esta além da possibilidade de perda. 35. O apelo à experiência passada é sempre valioso quando relembra uma confiança anterior, especialmente quando aquela confiança tinha começado a vacilar no interim. A experiência madura como aquela que acaba de ser mencionada certamente não poderia ser jogada fora. O escritor expressa a questão como um desafio pessoal direto: Não abandoneis (apobaléte), portanto, a vossa confiança. A palavra que emprega significa “jogar fora” assim como se joga lixo que não tem mais utilidade. Seria realmente trágico se a confiança anterior destes cristãos fosse alijada desta maneira. Além disto, o escritor diz que ela tem grande galardão no tempo presente (echei), no sentido de que o crente que ficar firme já começa a ter experiência do galardão, ainda que seu cumprimento esteja no futuro. 36. Perseverança é um aspecto mais específico da confiança. É uma persistência até mesmo quando as circunstâncias são contrárias. O capítulo seguinte fornecerá muitos exemplos da perseverança da fé. Acentuase a necessidade dos leitores (tendes necessidade), que demonstra que o escritor reconhece sua falta de um espírito de perseverança, e este fato está bem em harmonia com o pano de fundo geral dos temores do escritor no tocante aos seus leitores. O propósito da perseverança é expresso com exatidão nas palavras: para que havendo feito a vontade de DEUS... Já neste capítulo a devoção de JESUS à vontade de DEUS foi mencionada (cf. w. 5ss.), e agora o mesmo alvo é colocado diante dos leitores. Fica certo que qualquer abandono da confiança anterior não estaria de conformidade com a vontade de DEUS. Fica claro, também, que o exemplo de JESUS CRISTO incluía sofrimentos. É uma das marcas de um cristão maduro ter um conceito da vontade de DEUS que leva em conta os acontecimentos contrários. É na base de cumprir a vontade de DEUS que os leitores alcançarão a promessa. Esta é outra maneira de referir-se ao galardão mencionado no v. 35. A idéia resume a herança gloriosa do crente, porque as promessas de DEUS são totalmente fidedignas. 37-38. Com o intuito de confirmar seu argumento, o escritor liga juntas duas passagens da Escritura: Isaías 26.20 (LXX) e Habacuque 2.34. A primeira frase: Porque ainda dentro de pouco tempo, ecoa a linguagem de Isaías 26.20, onde as mesmas palavras são seguidas pela cláusula: “até que passe a ira,” o que demonstra que nos dias de Isaías Israel tinha que esperar até que DEUS agisse. É citada aqui para renovar a confiança daqueles que imaginavam que a falta de ação demonstrava uma falta da parte de DEUS de cumprir Sua promessa. A parte seguinte da citação vem da passagem em Habacuque, embora haja modificações do original. Há um propósito diferente, porque o profeta estava pensando na ameaça dos caldeus.94 Aqui, o pensamento diz respeito à certeza da intervenção de DEUS, que era especialmente relevante para a igreja num período de perseguição. A certeza de que aquele que vem não tardaria demonstra que qualquer demora deve ser considerada temporária. A primeira declaração no v. 38 é citada por Paulo em Romanos 1.17 para resumir o teor do seu argumento teológico (cf. também G1 3.11). Aqui, a lição principal a ser aprendida é a necessidade da fé a fim de sustentar a confiança anterior. As palavras adicionais: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma atribuem importância adicional à necessidade da fé. A possibilidade é expressa como uma cláusula condicional, e não há indicação que algum deles realmente tivesse retrocedido. Na realidade, o v. 39 sugere o inverso. 39. Aqui o escritor identifica seus leitores com ele na rejeição da própria idéia de retroceder. As palavras traduzidas para a perdição (eis apõleianj são uma interpretação da passagem que acaba de ser citada, porque é somente assim que o escritor pode entender o resultado do desprazer de DEUS. Aqui é contrastada com o resultado da fé, i.é, que o escritor e os leitores igualmente gozarão da conservação da alma. Esta idéia da conservação, o antônimo exato da destruição, é característica da salvação. A mesma palavra é ligada com a salvação em 1 Tessalonicenses 5.9. SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA I - CRISTO como Expiação do Pecado 1 Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Alguém já fez uma definição curiosa no tocante à função da Lei até que CRISTO viesse, dizendo: O pecado deforma; A filosofia reforma; A religião conforma; A Lei informa; CRISTO transforma. Paulo, escrevendo aos gálatas, diz: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que, pela fé, fôssemos justificados” (G1 3.24). A função do aio no mundo antigo era conduzir o aluno até a sala de aula e ali entregá-lo ao pedagogo. Em alguns casos, o aio também era um pedagogo, mas em outros, ele era o condutor que conduzia o aluno até a presença daquele. Assim, a Lei não são os bens futuros, pois estes eram administrados por CRISTO. Mas ela nos serviu de sombra destes bens futuros, e através de seu conjunto de ordenanças, informações e profecias que revelavam a vontade divina, nos conduziu até CRISTO (o verdadeiro pedagogo). Assim, CRISTO significa para nós o fim de um período e o começo de um outro. “Porque o fim da lei é CRISTO para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). 2 Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. O escritor sagrado, aqui neste texto, mostra-nos que os sacrifícios que eram oferecidos a cada dia na antiga aliança, mesmo que cobrissem o pecado, não tinham a eficácia e o valor do sacrifício expiatório de CRISTO. A repetição de sacrifícios mostra-nos que os adoradores não tinham a consciência de que os seus pecados tinham sido expiados definitivamente. Porém, aqueles que crêem em CRISTO e confessam os seus pecados, levados por um arrependimento produzido em seus corações pelo ESPÍRITO SANTO, alcançam de DEUS o perdão — sentindo-o como alívio da alma na própria consciência. Assim, os seus corações não mais os condenam e eles passam a ter confiança em DEUS, conforme é declarado pelo apóstolo João: “Amados, se o nosso coração nos não condena, temos confiança para com DEUS; e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (I Jo 3.21,22). 3 Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz comemoração dos pecados, A Lei sempre lembrava o pecado, porém CRISTO sempre lembra o perdão dos pecados. É a primeira lembrança que vem à mente daquele que com CRISTO se encontra. “Eis o Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). A cada ano em Israel havia a comemoração dos pecados no Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote fazia expiação por si mesmo e pelo pecado do povo. Assim, a Lei assumia um aspecto negativo, segundo o qual é vista como agente condenatório, que revela ao homem o seu pecado e o seu subseqüente julgamento (Rm 7.7). Isto não acontece na condição revelada no Evangelho da graça de DEUS. Ele não só perdoa o pecado, mas ainda justifica o homem do seu pecado, dizendo: “E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades” (Hb 10.17). Esta grande declaração de DEUS proferida pelo profeta Jeremias nos traz o consolo e a confiança nas promessas de DEUS a respeito do nosso perdão. 4- porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados. Parece haver uma pequena contradição entre o texto em foco e o que está escrito em 9.13,14, nesta epístola. Mas em suma, não se trata de contradição, e sim, da continuação do argumento iniciado ali e confirmado aqui. Ali diz que “... se o sangue de touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de CRISTO, que, pelo ESPÍRITO eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a DEUS, purificará a vossa consciência das obras mortas...” O que o autor quer mostrar aqui é que os sacrifícios dos animais não eram instrumentos de uma expiação vicária, mas apenas a exibição da necessidade da mesma. Isto sugere ao povo eleito a firme esperança de uma redenção vindoura, segundo a promessa de DEUS, que seria o próprio CRISTO, que não apenas efetuou a redenção, mas Ele mesmo “... foi feito por DEUS sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (I Co 1.30). II- O Corpo de CRISTO: O Perfeito Sacrifício 5 Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo mepreparaste; Esta expressão aponta para o corpo humano de JESUS CRISTO, que foi preparado por DEUS no ventre da virgem (Lc 1.31,35). Ainda que o original hebraico queira dar aqui um outro sentido, dizendo que em lugar de “corpo me preparaste”, deve-se ler: “os meus ouvidos abriste”, isto é, para eu ouvir e obedecer aos teus mandamentos (SI 40.68). Contudo, o sentido coloquial no texto em foco é a humanidade de JESUS CRISTO. O próprio CRISTO também se comparou a um templo quando os judeus lhe pediram um sinal quanto a sua autoridade. Então Ele disse: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos, foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo” (Jo 2.19-21), pois como homem, CRISTO era tríplice e compunha-se de corpo, alma e espírito. Ele mesmo fala dessa tríplice constituição, quando diz: “o meu corpo” (Mt 26.12); “a minha alma” (Mt 26.38); “o meu espírito” (Lc 23.46). Foi, portanto, este corpo que foi oferecido a DEUS como sacrifício propiciatório pelos santos e pela humanidade (I Jo 2.1,2). 6 holocaustos e oblaçõespelo pecado não te agradaram. Holocaustos eram as ofertas queimadas, o que simbolizava a CRISTO oferecendo-se sem mácula a DEUS (Hb 9.14) em seu desejo de fazer a vontade do Pai, mesmo até a morte. Tem valor expiatório, porque o cristão nem sempre tem tido esse prazer de fazer a vontade de DEUS; tem valor de substituição, porque CRISTO morreu em lugar do pecador. Os animais aceitáveis para sacrifícios são cinco, sobre os quais o Dr. C. Scofield faz o seguinte comentário: 1°— O novilho, ou boi, simboliza o Servo paciente (I Co 9.9,10; Hb 12.2,3), obediente até a morte (Is 52.13-15; Fp 2.5-8). A oferta neste caráter é como substituto, visto que o ofertante não tem sido obediente assim. 2o — A ovelha simboliza a CRISTO submisso, mesmo nessa fase da morte sobre a cruz (Is 53.7; At 8.32-35). 3o — A cabra simboliza o pecador (Mt 25.33), e quando empregada em sacrifício, simboliza a CRISTO “contado com os transgressores” (Is 53.12; Lc 23.33), e “feito pecado” e “maldição” (2 Co 5.21; G1 3.13), como substituto do pecador. 4° e 5o — Rolas ou pombinhos são símbolos de tristeza e inocência (Is 38.14: 59.11; Mt 23.37; Hb 7.26). Associados com a pobreza em Levítico 5.7, falam de quem por amor de nós se fez pobre (Lc 9.58) e cujo caminho de pobreza começou com sua sujeição em deixar “a forma de DEUS” e terminou com o sacrifício pelo qual fomos enriquecidos (2 Co 8.9; Fp 2.6-8). (Obs. Pr Henrique - Para mim, são simbolo de pureza, santidade). 7 Então, disse: Eis aqui venho (noprincípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó DEUS, a tua vontade. Foi bastante pertinente a aplicação dessa parte do Salmo 40 a JESUS, o que sumaria perfeitamente sua vida e sua obra. Ninguém pode entendê-lo sem perceber que sua devoção à vontade de DEUS era a sua própria alma. Até mesmo como um menino de doze anos de idade, ao ser questionado por seus pais, que por três dias o procuravam, Ele disse: “Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49) Ele enfrentou as tentações que sofreu no deserto, uma após a outra, afirmando sua total aderência à vontade divina. “A minha comida [aquilo que satisfaz a minha fome] consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34). CRISTO teve uma atitude extraordinária. O que quer que dissesse, onde quer que tenha ido, movimentava-se com calma, confiança e força. Tudo quanto havia nEle participava de suas palavras e de seus feitos, e o segredo era sua completa devoção aos propósitos do Pai. Até mesmo no último conflito, no jardim do Getsêmani e na cruz, quando parece ter sido assolado por dúvidas, de uma coisa Ele nunca duvidou: que a vontade de DEUS era boa e que a seguiria até o fim. 8 Como acima diz: Sacrifício, e oferta, e holocaustos, e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). As “oblações” eram tipos de ofertas, constantes de bolos de trigo sem fermento, sobre os quais eram colocados azeite e incenso (cf. Lv 2.4-16). Havia também outros tipos de “oblações” (ofertas incruentas), descritas em Levítico 2. Antes mesmo de CRISTO vir ao mundo, o Antigo Testamento mostrava que a verdadeira vontade de DEUS não era se deleitar em sacrifícios de animais, e sim, em corações santificados, dominados exclusivamente pelo seu temor. Ao advertir os israelitas, Samuel disse: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (I Sm 15.22). E o salmista conclui, dizendo: “Porque te não comprazes em sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para DEUS são o espírito quebrantado; a um coração que- brantado e contrito não desprezarás, ó DEUS” (SI 51.16,17). 9 Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó DEUS, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. O Salmo 40, já comentado no versículo 7 deste capítulo, apresenta o Messias prometido como um servo fiel a DEUS, disposto a fazer em tudo a sua vontade. “Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito de mim: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó DEUS meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração” (SI 40.68). O ato de furar a orelha de um escravo — o que era sinal visível de que aquele escravo se decidira por ficar voluntariamente sob o domínio de seu senhor, apesar de poder ser posto em liberdade — era uma decisão tomada mais por amor do que pelo dever (Êx 21.5,6). Tal quadro mostra em alegoria a total disponibilidade de CRISTO, oferecendo-se para fazer a vontade do Pai. Ele foi “... obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). 10 Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de JESUS CRISTO, feita uma vez. A santificação faz parte integral da vontade divina na vida cristã. “Porque esta é a vontade de DEUS, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição” (I Ts 4.3). A conclusão triunfante que a vontade divina apresenta quanto à santificação cristã foi cumprida na oferta do corpo de CRISTO. E mediante o que Ele sofreu em seu corpo, e não devido a sacrifícios de animais, que somos santificados; porque somente o sangue daquEle “que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” pode nos levar ao nível de santificação progressiva até a perfeição desta por DEUS exigida, conforme lemos em Apocalipse 22.11, que diz: “Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda”. 11 assim todo sacerdote cparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; Antes da inauguração do sacerdócio oficial, cujos principais representantes foram Arão e seus filhos, cada chefe da casa representava sua família na adoração a DEUS. Somente um sacerdote é mencionado antes disso na Bíblia. Trata-se de Melquisedeque, que era rei de Salérm e sacerdote do DEUS Altíssimo (Gn 14.18-20). Quando foi celebrada a Páscoa no Egito, cada chefe de família assumiu a responsabilidade da casa perante DEUS. O filho primogênito de cada família israelita passara a pertencer a DEUS por direito e por resgate (Ex 13.1,2). Contudo, no episódio que envolveu o povo eleito com o bezerro de ouro, o Senhor escolheu a tribo de Levi como substituto do filho mais velho de cada família israelita (Nm 3.5-13; 8.17,18). Porém, na Nova Aliança selada por CRISTO, o direito sacerdotal passou como direito adquirido para todos os filhos de DEUS (Ap 1.6). III - O Senhorio de CRISTO 12 mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de DEUS, Já tivemos a oportunidade de abordar o valor sublime do sacrifício de CRISTO. Ele seria o cumprimento perfeito e ideal daqueles que foram instituídos na antiga aliança. Todos eles, sem exceção, eram apenas “sombras” de um sacrifício perfeito, eterno e permanente, pois como tal, apontavam para CRISTO e para sua morte na cruz. Qualquer outra direção que os homens sigam procurando a salvação de suas almas não tem validade alguma, pois somente CRISTO é “o caminho” que conduz à vida eterna. É nEle, portanto, que encontramos “... o arrependimento e a remissão dos pecados” (cf. Lc 24.47). Ele “... está assentado para sempre à destra de DEUS”. Pode-se compreender esta declaração como vinculado ao ato de sacrifício único de CRISTO. Este sacrifício tem um valor eterno, pelo que também não precisa ser repetido. daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Em I Coríntios 15.25,26, ao falar sobre o senhorio de CRISTO, Paulo diz: “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”. Nós sabemos que DEUS quer e pode destruir todo o mal e removê-lo para sempre do universo, mas Ele determinou um tempo quando isso irá acontecer. Por esta razão CRISTO está assentado à direita de DEUS, esperando o tempo que Ele determinou para a destruição das hostes do mal. No Armagedom, de acordo com os ensinamentos das Escrituras, será destruído o poder gentílico mundial, representado (pelo menos em tese) pelos governantes humanos. Depois disso, a consolidação de todas as forças do mal, juntamente com seus agentes, serão aniquilados por DEUS no ardente lago de fogo e enxofre (Ap 19.20; 20.9,10,15). 13 Porque, com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. A medida certa da estatura de CRISTO somente será atingida pelos cristãos mediante o caminho da perfeição e da santificação. Quando lá chegarmos, seremos semelhantes ao Senhor. Os santos já são parecidos com CRISTO e devem se esforçar para atingir sua estatura que, sem dúvida, é o modelo para todos nós (Ef 4.12-15). Ninguém pode crescer, espiritualmente falando, fora da graça de DEUS; por esta razão Pedro nos exorta, dizendo: “... crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO” (2 Pe 3.18). Somente estando na graça de nosso Senhor JESUS os santos crescerão em todas as dimensões de suas vidas, como acontecia nos dias da Igreja Primitiva. Ali, “[crescia] o número dos discípulos” (At 6.1), “crescia a palavra de DEUS” (At 6.7), “e todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47). No entanto, para os crentes atuais, o padrão continua o mesmo e a exortação é esta: “... cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, CRISTO” (Ef 4.15). 14 E também o ESPÍRITO SANTO no-lo testifica, porque, depois de haver dito: Inúmeras referências bíblicas marcam a presença do ESPÍRITO SANTO no período do Antigo Testamento, descrevendo-o como membro ativo da Divindade e participante de decisões somente a ela inerentes. Em várias manifestações e demonstrações de poder, tanto no universo físico como no espiritual, sua presença é sentida e revelada. Ora repreendendo, ora testificando, como nos é dito aqui no texto em foco. Ele é, portanto, o ESPÍRITO eterno (Hb 9.14). E onipresente (SI 139.7-10), onipotente (Lc 1.35) e onisciente (I Co 2.10). A Ele se atribuem obras divinas: Tomou parte na criação (Gn 1.2); produz novas criaturas para JESUS (Jo 3.5); ressuscitou a JESUS CRISTO dentre os mortos (Rm 1.4; 8.11). Negar a existência e as operações miraculosas do ESPÍRITO SANTO no homem e no universo, é negar por extensão a DEUS e a nosso Senhor JESUS CRISTO. IV - Jamais me Lembrarei de seus Pecados 15 Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta: Esta citação do escritor sagrado já foi comentada em Hebreus 8.10, quando o Senhor, falando a respeito de Israel e sua restauração, diz: “... porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei”. Estas palavras do Senhor, proferidas pelo profeta Jeremias, apontavam para um tempo posterior, pois perdão incondicional antes da morte de CRISTO não era cogitado em hipótese alguma. Qualquer pecado tinha o seu preço — e para muitos deles o preço era a morte (cf. Ez 18.4; Rm 6.23). No tempo presente, alguns judeus já contam com este favor da parte de DEUS, mas outros não. Isto é, que CRISTO é realmente o Filho de DEUS, o Messias prometido, conforme descreve Paulo: “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça” (Rm 11.5). Mas aos outros, aguarda-se um futuro ainda por vir. Com as leis divinas em seus pensamentos e corações, Israel será agraciado por DEUS mediante o sacrifício de CRISTO, especialmente quando este voltar para aniquilar o Anticristo e pôr fim à Grande Tribulação. “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26). 16 E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. A grande vantagem do povo de DEUS é servir ao DEUS de Israel que, por misericórdia, se esquece de seus pecados. “Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniqüidades. Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto está longe o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões... Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (SI 103.9,10-14). Aqui está, portanto, o segredo da grande vitória dos santos em relação aos pecadores. Os pecados daqueles sempre estão em memória diante de DEUS (SI 109.14), enquanto os dos santos são lançados para trás de suas costas e emergidos nas profundezas do grande mar de seu esquecimento (cf. Is 38.17; Mq 7.19). 17 Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecadoA remissão dos pecados, tanto de Israel como dos gentios que aceitaram o plano divino oferecido por CRISTO, faz parte da bondade de DEUS, que operou desta forma movido por um amor infinito (Jo 3.16). Muitas vezes no mundo antigo, para se libertar um escravo era preciso, primeiro, que se verificasse as condições de saúde e a idade deste escravo. Ninguém queria se arriscar a promover a libertação de um escravo idoso e doente. Mas o sacrifício de CRISTO cobriu todas estas necessidades e ignorou todas as fraquezas humanas. Portanto, aquilo que Ele é — e aquilo que Ele fez, ultrapassa qualquer possibilidade de entendimento da mente humana! No grego, remissão é aphesis, que quer dizer “livramento”, “soltura”, “perdão”, “cancelamento”. Essa palavra aponta para a eficácia da expiação de CRISTO. Isso é glorioso! V- Um Novo Caminho 18 Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de JESUS, Só se tem ousadia quando se tem confiança em alguém ou em alguma coisa. E nossa ousadia, conforme descreve o autor sagrado, advém do merecimento que nos é concedido “pelo sangue de JESUS”. Das sete bem-aventuranças contidas no Apocalipse (1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14), a última é dedicada para garantir o direito “[àqueles] que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas”. Esta cidade santa é de fato um verdadeiro santuário, visto que “o Senhor DEUS Todo-poderoso e o Cordeiro” é o seu templo. Nela entrarão aqueles que foram lavados no sangue do Cordeiro divinal! Isto sim nos dá ousadia — e devemos colocá-la em prática! Pois através desta confiança que temos no sangue de JESUS passamos a ter ousadia, não apenas para entrar no santuário e nos dirigirmos a Ele, como também para pregar e, acima de tudo, buscar a santificação. 20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, A alusão ao “véu” em comparação ao corpo humano de CRISTO é a do “segundo véu”, citado em 9.3. Este véu era a cortina que separava o Lugar SANTO do Santíssimo. Era chamado de “véu interior” e tornou-se símbolo do corpo de CRISTO, que foi rasgado pelo malho da ira divina, mediante o qual foi nos foi concedido acesso a DEUS. O véu natural, instalado no Santuário terrestre, foi rasgado por mãos invisíveis de DEUS, quando da morte de JESUS na cruz, tendo cumprido sua missão (Mt 27.51). As mãos divinas fizeram do véu duas partes, cortando-o de alto a baixo, indicando que a salvação partia diretamente de DEUS em direção ao homem. A mãohumana o teria partido de baixo para cima; isso significava que o homem sairia de seu lugar ao encontro de DEUS para que fosse consumada a redenção, o que seria impossível. Agora, o homem podia chegar-se a DEUS “pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou” pelo véu, isto é, por meio de CRISTO. Doravante em CRISTO tudo é novo, como por exemplo: Um novo nascimento (Jo 3.3,5); Um novo coração (Ez 18.31); Uma nova criatura (2 Co 5.17); Uma nova doutrina (Mc 1.27); Um novo mandamento (Jo 13.34); Uma aliança (Hb 12.24); Uma nova alegria (Lc 2.10); Uma nova canção (SI 40.3); Um novo nome (Ap 2.17); Uma nova vida (Rm 6.4); Uma novidade de espírito (Rm 7.6); Um novo caminho (Hb 10.20). Finalmente, em CRISTO tudo se fez novo (2 Co 5.17), porque aquEle que estava assentado sobre o trono (DEUS) faz para CRISTO e também para nós a seguinte promessa: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5). 21 e tendo um grande sacerdote sobre a casa de DEUS, Tem sido discutido pelos comentaristas o sentido exato a que se refere o termo “casa” neste versículo, se este grande sacerdote encontra-se ministrando na igreja, que de uma certa maneira é a casa de DEUS (I Tm 3.15), ou se no próprio céu (Hb 8.1,2). Os sacerdotes eram os guardiães dos ritos sagrados, os quais promoviam o conhecimento sobre a santidade de DEUS e a necessidade dos homens aproximarem-se dEle, desde que limpos do pecado, mediante os holocaustos apropriados e a mudança de vida a eles correspondentes. Eles queimavam o incenso sobre o atar de ouro, no Lugar SANTO, o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais. Mas todas estas e outras funções eram exercidas num santuário terreno, que um dia foi destruído. Contudo, em relação aos crentes, eles têm um grande Sumo Sacerdote que permanece para sempre, ministrando numa verdadeira casa — que é a sua igreja —, e num verdadeiro santuário — que é o céu-casa esta e santuário este que jamais serão destruídos. 22 cheguemo - nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, Os sacerdotes levíticos, quando das abluções batismais, tinham de ser totalmente imersos e purificados, a fim de poderem servir em seu ofício (Ex 29.21; Lv 8.30). Arão e seus filhos passaram rigorosamente por esta espécie de purificação. “Moisés fez chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água” (Lv 8.6). Isso era símbolo da purificação moral, da purificação da alma e de todos os seus vícios, excessos e pecados. Os cristãos também reconhecem que além do batismo cristão, eles têm sido “... santificados pela oblação do corpo de JESUS CRISTO, feita uma vez” (Hb 10.10). Em suma, cada crente então procura andar em santidade de vida, “... renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas” (Tt 2.12) e dedicando-se inteiramente ao serviço do Mestre. Cada cristão deve ser um vaso santificado para uso santo do Senhor, para que por meio da santificação possa ouvir de seus lábios as solenes palavras: “... este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15). V - A Confiança do Cristão 23 retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. A nossa confiança em reter firme a nossa confissão de fé em DEUS e no sacrifício expiatório de CRISTO repousa no fato de que aquEle que nos prometeu a entrada em seu Reino eterno "... é fiel”. Portanto, esta “... esperança não traz confusão, porquanto o amor de DEUS está derramado em nossos corações pelo ESPÍRITO SANTO que nos foi dado” (Rm 5.5). A verdadeira esperança cristã é a vida eterna que alcançará todo aquele que nela perseverar. Porém, na presente era, já temos "... a promessa da vida presente e da que há de vir” (I Tm 4.8). Em outras palavras, “... quem ouve a minha palavra [disse JESUS] e crê naquele que me enviou tem a vida eterna...” (Jo 5.24). Esta é a promessa da “vida presente” (que pode ser material e espiritual), confirmada na extensão da vida humana até a sua chegada final, por meio da perseverança, conforme está escrito: “aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24.13). 24 E consideremo - nos uns aos outros;para nos estimularmos à caridade e às boas obras, O fruto da consideração somente terá lugar em nossas vidas se existir humildade em nossos corações. A recomendação de Paulo aos romanos e aos filipenses deixa isso bem claro: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10). E depois ele fala novamente aos filipenses: “Nada façais por contenda ou por vangloria, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3). A perda de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, foi pensar só em si mesmo, quando disse no seu coração: “De quem se agradará o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?” (Et 6.6) Ele não sabia que o homem cuja honra agradara ao rei era Mardoqueu, o que o levou à destruição, porque não teve a humildade de considerar os outros superiores a si mesmo. Ele esqueceu do sábio conselho que diz: “... diante da honra vai a humildade” (Pv 15.33). 25 não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. Alguns destes cristãos hebreus tinham se voltado para o judaísmo, deixando assim a sua própria congregação. Outros haviam se desviado totalmente, voltando-se para o mundo. E não satisfeitos, começaram a ridiculizar o Filho de DEUS, expondo sua obra redentora ao vitupério, conforme fica subentendido nos versículos que se seguem. Parece-nos que tal fracasso em suas vidas foi desencadeado por um lento processo, começando pela “negligência” (5.11). O isolamento da igreja e da comunidade traz prejuízo tanto para o cristão como para a igreja, que fica privada da presença de um de seus filhos. Evidentemente, é importante que não deixemos a congregação a que pertencemos, seja ela grande ou pequena, rica ou pobre, próxima ou distante. Ali foi o lugar escolhido por DEUS para que glorifiquemos o seu nome e exerçamos nossas pequenas ou grandes atividades (cf. Dt 12.5-7). VI - O Perigo de nos Voltarmos contra DEUS 26 Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, Os versículos 26-29 deste capítulo são uma reminiscência daquilo que foi escrito no capítulo 6.4-8, quando o escritor sagrado adverte os cristãos sobre o perigo de caírem num estado de apostasia e por meio desta, entristecerem o ESPÍRITO SANTO. A menção feita aqui é a respeito daqueles que vivem pecando “voluntariamente”. O Dr. F. W. Grant observa que este ato de pecar “voluntariamente” representa mais que um fruto da ignorância, sendo uma aberta oposição a DEUS e a tudo que é divino. Não se trata de uma fraqueza da alma, mas de uma atitude obstinada do espírito. Deve ser esta a razão por que “não resta mais sacrifício pelos pecados” para tais transgressores, visto que voluntariamente se entregaram à prática da iniqüidade (cf. SI 109.17). 27 mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Em algumas passagens das Escrituras, os inimigos de DEUS são aqueles que procuram fazer mal ao seu povo. Mas aqui, a advertência vem contra aqueles que vivem pecando “voluntariamente” e expondo o Filho de DEUS ao vitupério. De qualquer forma, rejeitar o sacrifício redentor de CRISTO é persistir na senda do erro, e errar conscientemente pode agravar a pena de quem o faz, de acordo com o seguinte ensinamento de JESUS: “E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado...” (Lc 12.47,48). O castigo da ignorância será menor do que o castigo da consciência — e o escritor, aqui, adverte que conhecer a JESUS e depois o negar será algo digno de um maior “juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários” de DEUS e de CRISTO. 28 Quebrantando alguém a lei de Moisés; morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. O julgamento por DEUS será inevitável. Contudo, ele será realizado de acordo com a justiça divina. O Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO testemunharão todos os atos dos homens e todos serão julgados de acordo com as suas obras. Semelhante capacidade de julgamento a Trindade divina tem conferido a seus juizes e à sua Igreja aqui na terra. A lei de Moisés orientava que os juizes determinassem a morte daquele que prevaricasse contra um mandamento ou ordem divina, reputado como passivo de pena capital. A prova testemunhai, neste caso, seria somente a partir de duas ou três testemunhas. “Por boca de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha, não morrerá” (Dt 17.6). Este procedimento foi transferido para o seio cristão com respeito à conduta moral dos anciãos. Ao dar instruções sobre o procedimento na escolha dos obreiros, Paulo fez a seguinte recomendação: “Não aceites acusação contra presbítero, senão com duas ou três testemunhas” (I Tm 5.19). Devemos, portanto, evitar certos julgamentos precipitados baseados apenas em informações de alguém cuja vida é reprovada por DEUS e pela sociedade. 29 De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de DEUS, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao ESPÍRITO da graça? A santificação é um processo iniciado na conversão, e a conversão se baseia na expiação. Seja como for, a santificação se deve inteiramente à obra do ESPÍRITO SANTO. A santificação é parte integrante de um dos títulos do ESPÍRITO SANTO. Isso faz parte de sua natureza divina como “o ESPÍRITO de santificação” (Rm 1.4). Portanto, “... pisar o Filho de DEUS” e ter “... por profano o sangue do testamento”, é fazer “... agravo ao ESPÍRITO da graça”, que além de sua missão plena de convencer o homem do pecado, mostrando-lhe a justiça de CRISTO, santifica o homem de acordo com as exigências divinas. Assim, tem sido defendido pelos intérpretes que “pisar o Filho de DEUS e ter por profano o sangue [de CRISTO]” pode ser comparado à blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO, visto que com tais atos é feito “agravo ao ESPÍRITO da graça”. Este ato revela a perversidade de espírito do homem que, desafiando a verdade, prefere chamar de trevas a própria luz. Nesse contexto, a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO denota rejeição consciente e deliberada do poder e da graça salvadora de DEUS. VII - Somente a DEUS Pertence a Vingança 30 Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Uma pessoa pode (mas não deve) se vingar de duas maneiras: uma contra si mesma e a outra, contra outrem. No primeiro caso, vem a advertência divina em Romanos 12.19, que diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor”. Algumas pessoas praticam o suicídio como uma forma de vingança, seja contra outros ou contra si mesmas. O suicídio viola o direito natural, porque o homem não pertence a si mesmo. Matando-se, o homem peca contra DEUS, que é o Senhor da vida. E peca ainda contra si mesmo, privando-se do primeiro dentre os bens deste mundo e do mundo vindouro, que é a vida. DEUS disse: “Não matarás” (Ex 20.13), quer dizer: A ti mesmo e a outrem. 31 Horrenda coisa é cair nas mãos do DEUS vivo. Cair nas mãos do DEUS vivo eqüivale dizer: “estar sob o julgamento divino”, quando este não vem mesclado com sua misericórdia. Este é um cálice que é dado aos homens sem “mistura” (ou seja, sem mistura de misericórdia). Então ele será sorvido “puro”, isto é, o juízo será sem misericórdia (SI 75.8; Tg 2.13; Ap 14.10). Alguém pode cair nas mãos de DEUS de duas maneiras: uma estando sob as mãos de misericórdia e a outra, sob as mãos do juízo divino. Sob a misericórdia de DEUS, quando alguém cai, alcança perdão e misericórdia; porém, nas mãos do juízo divino, quem lá cair, encontrará castigo e condenação. Em 2 Samuel 24.14, Davi deseja cair nas mãos do Senhor, dizendo: “Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias...” E com tal objetivo, o homem que ali cai deve orar como o salmista: “Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor” (SI 6.1). VIII - As Perseguições aos Cristãos 32 Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que depois de serdes iluminados; suportastes grande combate de aflições. Alguns têm pensado que esta passagem sugere uma perseguição de certa gravidade no passado, quando Roma fora incendiada por Nero em julho de 64 d.C., após a qual Nero iniciou uma intensa perseguição contra os cristãos de Roma. Mas esta perseguição de Nero contra os cristãos, sob falsa acusação de sua participação no incêndio da cidade, era a segunda desse gênero. Priscila e Áquila e outros cristãos-judeus de seus dias foram também expulsos dali. (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma.) O motivo alegado para tal expulsão foi, segundo os historiadores, uma rebelião causada por Cresto (At 18.1,2). Esta expulsão ocorreu em 49 d.C. e levou à confiscação de bens e maus-tratos de alguns cristãos, embora não tenha havido derramamento de sangue, conforme ficou demonstrado no texto em foco (cf. Hb 12.4). 33 Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações e, em parte, fostes participantes com os que assim foram tratados. Era costume entre os romanos se espancar publicamente aqueles que aos seus olhos eram considerados culpados. Paulo e outros cristãos foram alvos deste tipo de vitupério. A sua fé fora insultada, suas doutrinas tinham sido rejeitadas como algo que não tivesse qualquer valor. Contudo, eles foram exortados a permanecerem firmes na fé, com propósito de coração. Em meio a tais aflições, eles podiam ouvir o brado de esperança dado pelo apóstolo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). E se de fato é Paulo o autor desta epístola, o brado aqui é semelhante ao que encontramos em Romanos e em outras epístolas de sua autoria. 34 Porque também vos compadecestes dos que estavam nas prisões e com gozo permitistes a espoliação dos vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes nos céus uma possessão melhor e permanente. Era comum na história dos povos antigos que propriedades e possessões de pessoas consideradas hereges, bem como daqueles reputados por perigosos para a comunidade, fossem confiscadas, reduzindo-se tais pessoas à miséria. Antes do ano 70 d.C., quando os bens dos judeus foram confiscados pelo Império Romano, muitos cristãos foram orientados, cremos pelo próprio ESPÍRITO SANTO, a dedicar seus bens à obra da evangelização. Pelo menos é isso que lemos em Atos 4.34, “Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos”. Uma parte deste dinheiro era repartido entre os necessitados e uma outra parte, empregada na evangelização. Contudo, mesmo havendo esta disposição entre os cristãos, alguns bens foram confiscados, sob a alegação de que aquelas pessoas eram hereges e nocivas aos interesses de Roma. 35 Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Desde a Igreja Primitiva e nos séculos que se seguiram, muitos cristãos perderam tudo o que possuíam por causa de sua fé. Porém, seus olhos estavam fixados numa recompensa maior e mais valiosa, porque não era terrena, e sim, eterna. O próprio DEUS é a recompensa grandiosa de seu povo; foi assim que Ele se apresentou a Abraão, quando este temeu a perda de seus bens por causa de sua fé. “Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão” (Gn 15.1). CRISTO e a sua glória, bem como as suas riquezas, é uma recompensa sem igual, que ultrapassa todos os limites passageiros dos bens desta vida, não podendo ser expressada pela linguagem humana. “... como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que DEUS preparou para os que o amam” (I Co 2.9). IX - A Paciência Necessária ao Cristão 36 Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de DEUS, possas alcançar a promessa. Nos versículos que se seguem, o autor sagrado faz uma citação do profeta Habacuque, quando DEUS exortou seu povo quanto à paciência, dizendo que seu juízo sobre os caldeus dar-se-ia no tempo determinado (Hc 2.3). Esta promessa divina é de igual modo aplicada com respeito a estes cristãos hebreus, quando o apóstolo Paulo nos diz que num futuro mui breve DEUS cumpriria sua promessa de vingança para com seus inimigos e de recompensa para seus santos (cf. 2Ts 1.610). A vinda de JESUS terminaria com todo e qualquer sofrimento humano. Restava, portanto, para eles e para nós, um pouco de paciência até que JESUS volte, conforme fica demonstrado nos versículos seguintes. Todavia, a necessidade de paciência não deve somente envolver a esperança da vinda de nosso Senhor, mas ela deve estar presente em outros sofrimentos que acompanham a vida humana (cf. Tg 5.11). 37 Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará. O grego, aqui, indica “um pouco, quão muito, muito pouco”, e algumas traduções dizem: “dentro de pouco tempo, e o que há de vir virá”. O contexto deste versículo, como também do seguinte, segue uma citação do profeta Habacuque, que diz: “Porque a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá” (Hc 2.3,4). O sentido implícito na passagem de Hebreus é, em primeiro plano, a vinda de JESUS, mas o sentido também adiciona a ajuda divina em nosso favor, “... a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”, alcançando assim, da parte do Senhor nosso DEUS, todas as promessas que dizem respeito ao nosso bem- estar, tanto na vida presente como na vida futura. 38 Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Apesar de o Antigo Testamento ser de uma gigantesca extensão, a palavra “fé” somente aparece por duas vezes. A primeira delas, em I Samuel 21.5, quando, questionado pelo sacerdote Aimeleque no tocante à pureza moral dos mancebos, Davi responde: “Sim em boa fé, as mulheres se nos vedaram desde ontem; e, anteontem...” Porém como substantivo, ela somente é vista em Habacuque 2.4, quando o profeta diz: “... mas o justo, pela sua fé, viverá”; citação esta que é reiterada por três vezes no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Neste ponto, a idéia é que aquele que é verdadeiramente justo confia inteiramente em CRISTO, seja na abundância, seja na necessidade. Em todos os aspectos de sua vida CRISTO ocupa o primeiro lugar (cf. Fp 4.11-13). A fé deve estar presente em nosso viver, devendo também nos acompanhar quando chegar a hora da partida desta vida para a outra. O sucesso daquelas testemunhas que são mencionadas no capítulo 11 desta epístola, é que todas elas viveram e morreram na “fé” (11.13). 39 Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma. Um dos motivos da demora de JESUS em vir buscar o seu povo escolhido deve-se ao fato de que DEUS, “... não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender- se”, orienta-o que demore um “poucochinho de tempo” até que estas almas se arrependam (cf. 2 Pe 3.9). Este mesmo sentimento encontra-se no coração amoroso de nosso Senhor JESUS CRISTO. Por esta razão Ele orou ao Pai, dizendo: “Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição...” (Jo 17.12). Muitos opinam que Judas Iscariotes foi predestinado por DEUS para cumprir as Escrituras. Mas em tudo quanto este discípulo fez, de alguma forma jamais deixou-se levar pela influência de JESUS em sua vida. Ele preferiu a maldade, tornou-se maldoso e se perdeu por causa dessa maldade. Até mesmo depois de trair seu Mestre poderia ainda ter sido salvo, se realmente tivesse se arrependido e buscado o perdão de seus pecados. Mas as Escrituras mostram seu caráter anterior. Ele era um “ladrão” (Jo 12.6); “um hipócrita” (Lc 22.48); “um diabo” (Jo 6.70); “um filho da perdição” (Jo 17.12); “um precipitado” (At 1.18). Ele não desejou a salvação, então ela se afastou dele (SI 109.17). Contudo, afora a atitude de Judas, nosso Senhor disse: “nenhum deles se perdeu”, isto é, “nenhum outro” discípulo cujo coração era dominado pelo amor de DEUS. SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 10 - 1 TRIMESTRE E 2018 SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO TOP 1
"Quando as pessoas se reuniam para a oferta de sacrifícios no Dia da Expiação, elas eram lembradas dos seus pecados, e sem dúvida se sentiam culpadas novamente. O que elas mais precisavam era do perdão - o perdão permanente e poderoso que destrói o pecado, o perdão que temos em CRISTO. Quando confessamos um pecado a Ele, não precisamos pensar nesse pecado nunca mais.
Os sacrifícios de animais não podiam remover os pecados; eles forneciam apenas uma forma temporária de lidar com o pecado até que JESUS viesse para lidar com o pecado de forma permanente. Como, então, as pessoas eram perdoadas nos tempos do Antigo Testamento? Pelo fato de os crentes do Antigo Testamento seguirem o mandamento de DEUS sobre a oferta de sacrifícios, DEUS lhes perdoava quando realizavam seus sacrifícios movidos pela fé. Mas essa prática aguardava, com expectativa, o sacrifício perfeito de CRISTO. O modo de CRISTO é superior à maneira do Antigo Testamento porque o mundo antigo apenas apontava para a obra excelente que CRISTO faria para remover os pecados" (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1798).
CONHEÇA MAIS TOP 1 - *Sobre a importância de congregar "10.25 Quando vedes que se vai aproximando aquele dia. O dia da volta de CRISTO para buscar os seus fiéis está se aproximando [...]. Até chegar esse dia, enfrentaremos muitas provações espirituais e muitas falsificações na doutrina. Devemos congregar-nos regularmente para nos encorajarmos mutuamente e nos firmarmos em CRISTO e na fé apostólica do novo concerto. 10.26 Se pecarmos voluntariamente. O escritor de Hebreus volta advertir seus leitores sobre o caso de abandonar a CRISTO, como fizeram em 6.4-8." Leia mais em "Bíblia de Estudo Pentecostal", CPAD, pp.1914,15. SUBSÍDIO DIDÁTICO TOP 2
Reproduza o esquema abaixo no quadro. Depois inicie a explicação do segundo TÓPICO da lição fazendo a seguinte indagação: "Quais os privilégios da Nova Aliança?" Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em seguida utilize o quadro para mostrar aos alunos alguns dos muitos privilégios alcançados pela Nova Aliança.
PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA1. Temos acesso pessoal a DEUS por meio de CRISTO e podemos nos aproximar dEle sem a necessidade de um sistema elaborado (Hb 10.22);
2. Podemos crescer na fé, vencer as dúvidas e os questionamentos e aprofundar nossa relação com DEUS (Hb 10.23);
3. Podemos desfrutar a motivação uns dos outros (Hb 10.24);
4. Podemos adorar juntos (Hb 10.25).
Adaptado de Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1800. SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP 3
"O autor de Hebreus faz uma série de exortações e uma delas é: 'Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança' (Hb 10.23). O autor retorna à sua preocupação pelos leitores, que estão em perigo de se afastar de sua fé e da confissão da esperança em CRISTO (cf. 2.1-3; 3.12-14; 4.1; 6.4-6; 10.26-31). 'Reter firme' significa literalmente não se desviar nem para um lado nem para o outro', e deste modo significa estar 'firme', 'estável', 'inabalável'. Para os leitores, reter firme sua 'esperança' em CRISTO como judeus convertidos incluía permanecerem firmes em sua fé, crendo que JESUS CRISTO é o seu sacrifício pelo pecado e o seu sumo sacerdote diante de DEUS. A 'esperança', porém, é mais abrangente do que a 'fé', porque inclui as promessas específicas de DEUS sobre o futuro. O incentivo mais forte possível para continuarem em direção à esperança é o caráter fidedigno de DEUS: 'Porque fiel é o que prometeu'. Nossa esperança é baseada na promessa infalível de DEUS; porque não apreciamos e confessamos isto confiante e ousadamente.
Outra exortação importante é: 'Consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade [ou ao amor] e às boas obras' (Hb 10.24). Este verso enfoca o 'amor' (Hb 10.24,25), que completa a tríade com a fé (Hb 10.22) e a esperança (Hb 10.23). Os cristãos devem encorajar-se mutuamente e estimularem-se uns aos outros ('incitar', 'provocar') às expressões práticas do amor. O objetivo desta ação é o aumento e o aprofundamento do 'amor e das boas obras' em meio aos crentes. O amor deve ter 'um resultado prático' e 'uma expressão tangível'" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) COMENTÁRIO Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1602). CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 73, p41. SUGESTÃO DE LEITURA - Santidade que Liberta, Um Mestre fora da Lei, Heróis da Fé. AJUDA BIBLIOGRÁFICA A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO A Excelencia da Nova Aliança em CRISTO - Orton H Wiley - Comentário Exaustivo da carta aos Hebreus - Editora Central Gospel - Estrada do Guerenguê . 1851 - Taquara I 11111 Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22713-001 PEDIDOS: (21) 2187-7090 . AS GRANDES DEFESAS DO CRISTIANISMO - CPAD - Jéfferson Magno Costa BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD. Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal. CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Myer Pearman - Editora Vida Comentário Bíblico Beacon, v.5 - CPAD. Comentário Bíblico TT W. W. Wiersbe Comentário Bíblico Expositivo - Novo Testamento - Volume I - Warren W. Wiersbe CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares - CPAD Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA http://www.gospelbook.net, www.ebdweb.com.br, http://www.escoladominical.net, http://www.portalebd.org.br/, Bíblia The Word. O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edições Vida Nova – J. D. Douglas Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD Revista Ensinador Cristão - CPAD.Revista CPAD - 3º Trimestre de 2001 - Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes” - Comentarista: Elinaldo Renovato SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. Teologia Sistemática Pentecostal - A Doutrina da Salvação - Antonio Gilberto - CPAD Teologia Sistemática - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - A Salvação - Myer Pearman - Editora Vida Teologia Sistemática de Charles Finney
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