Betel Adultos – 2º Trimestre de 2018 – 22/04/2018 – Lição 4: Disciplina e o processo educacional de Deus



Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza
TEXTO ÁUREO
Hebreus 12:6
6 porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. (ARC)

TEXTO DE REFERÊNCIA
Hebreus 12:7-8,10-11
7 Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija?
8 Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos.
10 Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.
11 E, na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela. (ARC)
INTRODUÇÃO
Paz seja convosco!
Esta lição abordaremos o tema de suma importância para a vida e saúde cristã – A Disciplina e a Autodisciplina!
Dentro dos arraiais assembleianos, quando se fala de disciplina, logo vem à mente o afastamento de um membro por ocasião do pecado. Trataremos deste tipo de disciplina, mas também estudaremos a disciplina como determinação em cumprir ou disposição em viver uma vida cristã coerente com a Palavra de Deus, denominada como autodisciplina.
Em todo corpo social organizado que visa o seu progresso e a sua ordem geral, a disciplina está inserida. Ela tanto pode ser a vara aplicada para a correção daqueles que agem de forma contrária a um conjunto de regras ou leis que ajustam o comportamento de um grupo, uma comunidade, uma sociedade, um país ou pode ser o condicionamento dos indivíduos em sujeitar-se ao cumprimento fiel do regimento que norteia esta sociedade – autodisciplina.
Para os cristãos, a disciplina é recomendada, pois ela é responsável e faz parte do mecanismo da nossa evolução espiritual. Como citou o pastor Marcos Sant’Anna, para o nosso crescimento; amadurecimento e aperfeiçoamento.
1 – DISCIPLINA – O QUE É ISTO?
A disciplina como repreensão se tornou um tema controverso nas Assembleias de Deus. Precisamos considerar que nos anos passados houveram excessos, mas também precisamos considerar que a disciplina hoje é rara. Vivemos dois extremos, o primeiro (que está no passado) em que a disciplina era executada sem os melhores critérios e o segundo (presente) em que a frouxidão e a ausência da disciplina têm transformado o perfil da igreja contemporânea.
O irmão Washington Luiz da Silva, em seu trabalho de conclusão do curso em Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de Brasília, disse que a disciplina na igreja não é em si mesma, a tarefa principal. Mas, na ausência dela, as igrejas passam a ter o perfil de indisciplinadas, mergulhadas em delitos e pecados, o que torna mais difícil para às pessoas de fora da igreja ouvir as boas novas de salvação por Jesus Cristo e aceita-las.
R.C. Sproul nos lembra: “A igreja é chamada não apenas a um ministério que reconcilie as pessoas que a frequentam, mas a um ministério que as alimente. Parte desse processo de alimentá-las inclui a disciplina eclesiástica”.
A Bíblia não é omissa quanto ao tema, pelo contrário, dele fala abertamente e com propriedade e objetivos muito bem estabelecidos (Hb 12.6-11).
1.1 – Disciplina e a sua necessidade
Primeiramente, entenderemos um outro conceito de disciplina: Com origem no termo latim ‘disciplīna’, a disciplina é a doutrina e instrução de uma pessoa, especialmente no campo da moral. 
Disciplina também pode ser definida como:  Obediência ao conjunto de regras e normas que são estabelecidos por determinado grupo. Também pode se referir ao cumprimento de responsabilidades específicas de cada pessoa. Do ponto de vista social, a disciplina ainda representa a boa conduta do indivíduo, ou seja, a característica da pessoa que cumpre as ordens existentes na sociedade.
Diante do conceito exposto acima, a Bíblia faz referência a personagens que mesmo sob fortes adversidades mantiveram a sua obediência a Palavra de Deus (ordens existentes na sociedade Judaica – Lei) e a sua fidelidade ao Senhor.
A relação dos heróis da fé descrita no capítulo 11 de Hebreus só foi possível devido a disciplina daqueles que perseveraram em conservar o caráter irrepreensível e o comportamento ilibado ante a todas as situações que a vida lhes propôs.
Para o cristão conseguir atingir os mesmos níveis de fé que os antepassados alcançaram, devemos buscar possuir a mesma disciplina que eles tiveram. O escritor aos Hebreus afirma:
Hebreus 12:1-2
1 Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. (ARC)
Ao finalizar o capítulo 11, ele inicia o 12 dizendo: “Portanto, nós também…”. A disciplina em cumprir e acatar com obediência a Palavra e as promessas de Deus que encontramos na vida dos santos da antiguidade, deve servir de modelo para que também possamos ter a mesma disciplina achada neles e obter o mesmo sucesso que também conseguiram.
A Bíblia nos recomenda que devemos “deixar” “todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1). Segundo o Dicionário de Strong, a palavra “deixar” aqui é:“embaraçar-se” que no grego é: ‘apotithemi’ e significa: ‘colocar de lado’, ‘tirar do caminho’, ‘remover’.
O cristão disciplinado nas coisas do Senhor, remove tudo aquilo que se torna obstáculo ou empecilho entre ele e Deus. Nada pode provocar ruído em sua relação com o Criador. Mesmo aquilo que julgamos atraente e necessário, mas se ocupar uma posição de impedimento na comunhão com Deus, deve ser tirado do caminho.
“todo embaraço”. Os embaraços nos prendem, amarram, nos impede de caminhar em um ritmo melhor, nos faz arrastar e seguir lentamente. Para muitos, não é o pecado em si!
“e o pecado”. Agora sim o pecado. Este nos para de vez, detém a jornada, nos impede de atingirmos o alvo de Deus e nos exclui da Sua comunhão!
Enquanto o embaraço é uma distração no caminho do cristão que deve ser removido, o pecado é a enfermidade da alma que paralisa e mata; ambos devem ser tratados com rigor. A disciplina cristã ordena que sejam tirados e somente assim conseguiremos cumprir o que diz a Bíblia “corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1).
1.2 – Disciplina e os diferentes termos
O contexto do capítulo 12 de Hebreus é a perseverança dos santos seguindo o exemplo de Cristo. Nisto o autor cita o exercício da disciplina como instrumento de repreensão contra os insubmissos aos preceitos da Palavra.
O pastor Marcos Sant’Anna, afirma que entre os versículos 5 a 11 de Hebreus 12, encontramos 10 termos relacionados a disciplina. São eles: Correção; corrigi; açoita; disciplina; corrige; corrigiam.
Segundo Strong, a palavra no grego é “paideia” que significa:
1) todo o treino e educação infantil (que diz respeito ao cultivo de mente e moralidade, e emprega para este propósito ora ordens e admoestações, ora repreensão e punição). Também inclui o treino e cuidado do corpo;
2) tudo o que em adultos também cultiva a alma, pela correção de erros e contenção das paixões;
2a) instrução que aponta para o crescimento em virtude;
2b) castigo, punição, (dos males com os quais Deus visita homens para sua correção);
Ou “paideuo” que significa:
1) treinar crianças;
1a) ser instruído ou ensinado;
1b) levar alguém a aprender;
2) punir;
2a) punir ou castigar com palavras, corrigir;
2a1) daqueles que moldam o caráter de outros pela repreensão e admoestação;
2b) de Deus;
2b1) purificar pela aflição de males e calamidade;
2c) punir com pancada, açoitar;
2c1) de um pai que pune seu filho;
2c2) de um juiz que ordena que alguém seja açoitado;
O Dicionário Enciclopédico da Bíblia afirma que a noção de disciplina se encontra sobretudo com relação a direção e educação. Tanto o hebraico ‘müsãr’, com o substantivo ‘yãsar’, como o termo grego, significam de modo geral ‘educação’, ‘instrução’ e particularmente ‘educação por repreensão’, ‘disciplina’, ‘castigo’.
A correlação citada pelo pastor Marcos Sant’Anna entre as palavras disciplina e discípulo se acha no fato de que discípulo possui significado similar a disciplina. Enquanto disciplina (resumidamente) é educação e instrução, discípulo é alguém que recebe instrução de um mestre ou professor. Em sentido mais exato, discípulo é aquele que adere a uma determinada doutrina e vive conforme a mesma.
Logo, a disciplina, segundo o Dr. Russel Shedd, tende a formar uma pessoa em compatibilidade com o caráter e mente daquele que lhe administra o ensinamento (mestre).
O saudoso pastor João de Oliveira afirma que a disciplina na igreja deve atentar para a devida obediência sistemática à autoridade educacional religiosa que impõe a devida correção, com vistas ao alvo a ser atingido, contido nos ensinos bíblicos, que é tornar-nos participantes dos gloriosos privilégios descritos na Bíblia a favor dos salvos (Hb 12.10-11).
A disciplina eclesiástica é a instrução na doutrina e o perdão dado sob a autoridade da Palavra de Deus, a fim de que o cristão seja corrigido e se torne um varão perfeito, à semelhança de Cristo (Cl 1.28; 1 Tm 3.16-17; Ef 4.12-16). Daí a necessidade de cuidado ao aplicar a disciplina, pois, se o fizermos ao contrário da Palavra de Deus, perderemos em lugar de ganharmos.
Por Cláudio Roberto de Souza
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