ESCOLA DOMINICAL CPAD JOVENS - Conteúdo da Lição 10


A manifestação do Anticristo e o Dia do Senhor
03 de Junho de 2018


TEXTO DO DIA
“Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto” (2Ts 2.2).

SÍNTESE
Pensar a respeito do futuro leva-nos a uma reflexão profunda sobre o presente, na certeza de que os sinais da vinda do Senhor estão estabelecidos.

INTERAÇÃO
Caro educador cristão, o seu ministério é muito importante para sua igreja; prova disso é reconhecermos que a maior parte dos conteúdos bíblicos que seus educandos têm acesso passa diretamente por você. Apesar da grande quantidade de informações de várias fontes (internet, televisão, mídia escrita) que os jovens recebem, suas palavras semanalmente ministradas a eles durante as aulas da Escola Dominical têm muita credibilidade.

É por isso que eles têm tantas perguntas (não é que eles queiram testar seus conhecimentos, e sim veem em você uma grande fonte de conhecimento, e conhecimento com credibilidade). Em tempos onde as fakenews se proliferam, sinta-se extremamente honrado em ter a confiança de seus educandos. Por isso, siga em frente, estudando sempre a Palavra de Deus, e fazendo o melhor possível para a Reino do Pai.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Como a discussão a respeito do Anticristo será uma das questões centrais desta lição você pode propor aos seus educandos a montagem de um quadro contendo as principais informações e características do Anticristo. Faça deste momento uma oportunidade para que seus alunos interajam entre si e possam aprender uns com os outros. Após a construção do quadro que tanto pode ser confeccionado de modo coletivo, individual ou em grupos específicos, conduza uma discussão sobre os perigos da operação do espírito do Anticristo em nossa sociedade. Destaque a perniciosidade da sutil, mas constante operação da maldade que, neste caso, de modo dissimulado procura confundir tanto a sociedade de um modo geral como também a comunidade dos santos.

Finalize conscientizando seus alunos que mais importante que identificar uma pessoa específica no curso da história é melhor combater uma série de práticas.

TEXTO BÍBLICO

2 Tessalonicenses 2.1-12.
1 — Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele,
2 — que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto.
3 — Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,
4 — o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.
5 — Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?
6 — E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.
7 — Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado;
8 — e então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;
9 — a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira,
10 — e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.
11 — E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira,
12 — para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
O capítulo dois de 2 Tessalonicenses é dedicado à escatologia. Duas questões sobressaem-se: o Dia do Senhor e a figura do Anticristo. A abordagem que Paulo dá a esta temática é diferente daquilo que ele faz em 1 Tessalonicenses. As novas explicações dadas por Paulo manifestam, mais uma vez, o imenso cuidado que o apóstolo tinha para com aquela comunidade, pois ao invés de desistir de esclarecer o tema, ou simplesmente repeti-lo, o coração pastoral de Paulo leva-o a procurar outros argumentos para elucidar as dúvidas, a respeito das últimas coisas, daqueles irmãos.

I. POR QUE FALAR NOVAMENTE A RESPEITO DOS ÚLTIMOS DIAS?

1. Porque esta é uma questão que nunca envelhece.
Paulo demonstra em 2 Tessaloninces 2.1, que a Igreja Primitiva tinha em seu interior uma oração constante, a qual centrava-se no desejo pela volta do Senhor Jesus. Qualquer igreja que não dedica tempo adequado à reflexão sobre a doutrina das últimas coisas será facilmente envolvida por um discurso imediatista, que defende o resultado a qualquer custo. Nós, contudo, devemos ser guiados pelos princípios da Palavra, os quais apontam para um minucioso processo desenvolvido por Deus ao longo da história. Devemos viver assim como Paulo e seus contemporâneos, pensando e esperando pela vinda do Senhor em nossa geração, mas se assim não acontecer, certamente usufruiremos do maravilhoso privilégio de estarmos preparados para a ressurreição dos santos.

2. Porque alguns falsos ensinos estavam confundindo os irmãos.
Pode-se inferir por aquilo que é dito no versículo dois que havia uma série de informações distorcidas, oriundas de fontes duvidáveis, que estavam confundindo o coração dos irmãos em Tessalônica. As palavras de Paulo tinham como intenção reforçar os fundamentos doutrinários que já haviam sido postos. O apóstolo contrapunha-se ao princípio estratégico de toda heresia: tomar uma parte da verdade, distorcê-la, e transformá-la em uma perniciosa mentira (2Pe 2.1). Os crentes em Tessalônica já tinham ouvido Paulo ensinar-lhes sobre as coisas futuras. Todavia, falsos pregadores, movidos por um maligno sentimento de aproveitar-se da generosidade e cordialidade daqueles novos convertidos, como se verá em outras lições, anunciavam o retorno iminente de Cristo como pressuposto para não trabalharem e viverem às custas de outros.

3. Porque é um tema complexo.
Debater a respeito dos últimos acontecimentos da história da humanidade é um enorme desafio, pois é uma questão sempre apresentada a partir de um olhar profético, envolto por revelações, visões, e por isso, muitas interpretações. Paulo já havia falado muito sobre essas questões com os irmãos em Tessalônica (v.5), mesmo assim era necessário aprofundar ainda mais os debates. A complexidade das questões escatológicas tende a levar as pessoas a dois extremos: ou a um afastamento completo, por meio do qual alguns evitam todo e qualquer debate alegando ser um tema profundo e de difícil tratamento. Outros, por sua vez, vivem fascinados por tais problemas e mensalmente elegem um anticristo. Esses, em todo acontecimento de repercussão mundial, veem um cumprimento profético, etc. Devemos procurar uma postura moderada, especialmente, centrada na Palavra de Deus.

Pense!
O imediatismo de nossos dias tenta nos roubar o direito de fazer uma reflexão profunda a respeito do futuro. Superemos o perigo de uma vida instantânea e lancemo-nos na busca constante e incansável por tudo aquilo que o Senhor generosamente tem nos preparado desde antes da fundação do mundo.

Ponto Importante
Se a igreja contemporânea calar-se a respeito do debate acerca das questões futuras, os ensinamentos heréticos oriundos de grupos heréticos se multiplicarão. Por mais desafiador que seja, nosso compromisso deve ser com o Deus da Palavra.

II. O DIA DO SENHOR

1. Não será previsto por indicações humanas.
Não são predições humanas que indicarão a chegada do Dia do Senhor. Tal evento certamente acontecerá, mas como o próprio Cristo já anunciou, será algo impossível de ser previsto por meio de uma data específica, apesar de falsos profetas tentarem adivinhar o dia (Lc 21.8). Será algo repentino e surpreendente (Mt 24.44). Ao longo da história humana foram várias as tentativas frustradas de indicação do Dia do Senhor. Ao invés de dedicarmos um precioso tempo a supostos cálculos, teorias sobre Israel e outras questões desnecessárias, devemos nos concentrar em manter uma vida piedosa e centrada na vontade de Deus, tal como Paulo orientava os crentes de Tessalônica. Mais importante do que saber o dia e a hora do retorno do Rei é estar preparado para tal momento.

2. O que acontecerá antes.
Paulo esclarece aos tessalonicenses a respeito de alguns acontecimentos que precederão o grande Dia do Senhor, dentre eles os dois principais: aumento exponencial da apostasia e a manifestação plena do Anticristo (v.3). A Palavra de Deus, em vários momentos específicos, aponta para esse processo de retrocesso em diferentes áreas: na espiritualidade de nossa sociedade, aumento de conflitos armados (Mt 24.6); desestruturação familiar (Mc 13.12); processo de dessensibilização dos indivíduos (Mt 24.12). Esses acontecimentos caracterizam a sociedade que presenciará o Dia do Senhor. Todo e qualquer prognóstico otimista é contrário ao que é anunciado pelas Escrituras. Não sabemos o dia nem a hora, mas podemos discernir o tempo: aproxima-se cada vez mais a vinda do Senhor.

3. Será um tempo de juízo para os que não creram na verdade.
O Dia do Senhor aqui é descrito por Paulo numa linguagem muito próxima a do profetismo do Antigo Testamento, tanto com relação à vinda dos povos opressores para o estabelecimento do cativeiro, como num anúncio escatológico (Is 13.6; Jr 46.10; Jl 2.1; Sf 1.14). Ao ser compreendido como momento de estabelecimento da justiça de Deus, o Dia do Senhor tem como inevitável característica da aplicação a sentença do Pai sobre aqueles que, conscientemente, negaram a eficácia da verdade e preferiram o erro. Não se trata de uma destinação prévia à condenação, mas antes, como o emprego da punição requerida por aqueles que arbitrariamente optaram por uma vida sem Deus e sem salvação. O Dia do Senhor certamente virá!

Pense!
A ilusão que grande parte dos movimentos heréticos cria é que, promovendo o anúncio de uma data para o retorno de Cristo, certamente as pessoas preocupar-se-ão em serem mais piedosas. O fato é que se não vivermos como se Cristo voltasse hoje, de nada importa saber que Ele virá amanhã.

Ponto Importante
A decadência moral e espiritual de nossa sociedade é um indício do quê? Na verdade, desde a Queda do homem, a natureza sofre ansiando a redenção e a humanidade luta para manter os resquícios da vida edênica. Não devemos temer o futuro, uma vez que é para a eternidade de alegria que nós caminhamos.

III. O ANTICRISTO

1. Aquele que ousa ser o que não é.
Há na descrição do Anticristo, tanto aqui em 2 Tessalonicenses, como em 1 João e Apocalipse, um conjunto de características que apontam para este espírito de emulação que domina o Anticristo (v.4). Não sendo o Salvador, ele pretende em tudo parodiá-lo: Se a vinda de Jesus é segundo o poder de Deus (Ap 19.11-16), a chegada do Anticristo é segundo a eficácia de Satanás (v.9); se Cristo é aquEle que se chama Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11), o Anticristo vem firmado na operação da mentira e do engano (v.10). Mas também é preciso lembrar que, enquanto o Reino do Senhor estabelecer-se-á para sempre (Sl 145.13), a atuação do Anticristo será desfeita, facilmente, pelo poder da palavra do Altíssimo e pelo esplendor de sua vinda (v.8). O Anticristo busca incessantemente plagiar as ações do Cristo para, uma vez confundindo os incautos, arrebanhar para si uma multidão de alienados, opressos pelo mal.

2. É a materialização de uma espiritualidade decadente.
Ao denunciar a perniciosidade dos ensinos gnósticos que se multiplicavam no seio da igreja no final do primeiro século, especialmente os difundidos por aqueles que haviam sido cristãos, e agora apostatavam da fé (1Jo 2.18-23), João denuncia que já opera entre eles uma mentalidade demoníaca, uma espiritualidade diabólica, a qual o apóstolo denomina de “espírito do anticristo” (1Jo 4.3). A figura apontada por Paulo em 2 Tessalonicenses seria a personificação deste modelo antideus de sociedade, que se estabelecerá diante da vinda do Senhor. É como se, novamente numa nítida paródia de Cristo, no Anticristo se estabelecesse a síntese de toda a malignidade que é possível o indivíduo comportar. De fato, o Anticristo nada mais será que o ícone de uma cosmovisão, o símbolo encarnado do espírito que se opõe a Deus.

3. A operação do Anticristo hoje.
Aquilo que João e Paulo enfrentaram há 2.000 anos estamos enfrentando hoje. Os anticristos continuam em operação entre nós tentando, sistematicamente, desconstruir tudo o que tenha significância e importância para Deus e seu povo na atualidade. Deste modo, os ataques acontecem no campo da educação, das artes, da política, economia, etc. Quantas supostas “igrejas” têm surgido, acobertando e justificando os mais absurdos comportamentos e práticas supostamente em nome de um Evangelho contemporâneo? Ao invés de ficarmos, pateticamente, em busca de denominar o personagem histórico que se revelará como o Anticristo, é melhor denunciarmos as práticas decadentes da espiritualidade anticristã que deseja, de maneira insistente, estabelecer-se em nossa sociedade.

CONCLUSÃO
A reflexão sobre o Dia do Senhor e o Anticristo para a igreja em Tessalônica tinha uma enorme importância comunitária. Foi, provavelmente, por meio de uma heresia escatológica que se estabeleceu naquela comunidade uma celeuma de ordem coletiva. Nunca devemos menosprezar a relevância do ensino da Palavra, por mais desafiador e espinhoso que seja o tema, nosso papel é pregar toda a verdade.

ESTANTE DO PROFESSOR
HORTON, Stanley M. Apocalipse: As Coisas que Brevemente Devem Acontecer. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011.

HORA DA REVISÃO

1. Por que o debate a respeito dos últimos acontecimentos da história da humanidade é um tema complexo?
Debater a respeito dos últimos acontecimentos da história da humanidade é um enorme desafio, pois é uma questão sempre apresentada a partir de um olhar profético, envolto por revelações, visões, e por isso, muitas interpretações.

2. Quais as principais características do Anticristo conforme Paulo em 2 Tessalonicenses?
Ele será um plagiador de tudo o que Cristo realiza e uma encarnação da maldade de um tempo.

3. Por que não devemos temer o Dia do Senhor?
Porque ele será um tempo de juízo e justiça sobre os ímpios, e não para os santos.

4. Em que medida podemos identificar, em nossa sociedade, a operação do espírito do Anticristo?
Através de ataques em todas as áreas (sociais, educacionais, políticas etc.) e de supostas igrejas que tentam justificar tais práticas.

5. Qual a relevância do estudo sobre as últimas coisas para a Igreja contemporânea?
Porque é um tema sempre atual, complexo e que precisa ser esclarecido para evitar-se heresias.

SUBSÍDIO
“ANTICRISTO — [Do gr. anti, contra, ou em lugar de, e christos, o ungido] Opositor por antonomásia de Cristo. Também pode significar aquele que se coloca no lugar de Cristo. Lendo a Primeira Epístola Universal de João, temos a impressão de que este personagem sempre esteve presente ao longo da história do povo de Deus: ‘Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos. Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade. mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho’ (1Jo 18.22)” (ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário de Escatologia Bíblica. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1998, p.22).

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