Central Gospel Jovens e Adultos – 2º Trimestre – 24/06/2018 – Lição 12: Adoração como prioridade



Este post é assinado por Leonardo Novais de Oliveira

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

João 4.20-24
20 – Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

21 – Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22 – Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
23 – Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
24 – Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
2 Crônicas 20.15,21,22
15 – […] e Jaaziel disse: Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Josafá. Assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, senão de Deus.
21 – E aconselhou-se com o povo e ordenou cantores para o SENHOR, que louvassem a majestade santa, saindo diante dos armados e dizendo: Louvai o SENHOR, porque a sua benignidade dura para sempre.
22 – E, ao tempo em que começaram com jubilo e louvor, o SENHOR pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá e foram desbaratados.

TEXTO ÁUREO

Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou. (Sl 95.6)

OBJETIVOS

Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
  • Entender que existem várias maneiras de adorar a Deus;
  • Compreender os principais elementos que compõem a verdadeira adoração;
  • Considerar os motivos que tem para ser um verdadeiro adorador.

PALAVRA INTRODUTÓRIA

Paz seja convosco.
Abordaremos nesta lição um assunto muito interessante que é a adoração.
Mesmo os povos pouco alcançados pelos avanços da cultura, como algumas tribos indígenas e aborígenes possuem uma forma própria de prestar culto a algo ou alguém.
Isto acontece, pois, um dos propósitos da criação do ser humano é a adoração a Deus, porém, por causa do pecado, a adoração que era exclusivamente prestada ao Deus Todo Poderoso, teve seu alvo alterado.
A Bíblia nos diz que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27). Esta imagem e semelhança não é física, mas está relacionada à essência de nosso ser, pois somos criaturas espirituais que habitam um corpo físico.
Deus não tem corpo físico, assim, somos diferentes nesta questão.
Leiamos o que o Teólogo Bruce K. Waltke, comenta sobre este assunto:
“Fundamental a Gênesis e à totalidade da Escritura é a criação da humanidade à imagem de Deus. A expressão “imagem de Deus” é usada unicamente com referência aos seres humanos, e assim os separa das demais criaturas. Enquanto as demais criaturas são criadas “segundo suas espécies” (Gn 1.21, 24, 25), a humanidade é feita “à imagem de Deus”. Sendo criada à imagem de Deus, estabelece-se o papel da humanidade na terra e facilita-se sua comunicação com o divino. D. J. A. Clines detalha uma série de característicos do ser criado à imagem de Deus. Primeiro, o termo imagem se refere a uma estátua num degrau, pressupondo que o ser humano é uma unidade psicossomática. Segundo, uma imagem funciona para expressar, não para descrever; assim, a humanidade é uma representação fiel e adequada, ainda que não um fac-símile. Às vezes, ouvimos que a Bíblia representa Deus antropomorficamente (isto é, como um ser humano). Mais exatamente, um ser humano é teomórfico, criado semelhante a Deus para que Deus possa comunicar-se com uma pessoa. Ele deu ouvidos às pessoas para mostrar que ele ouve o clamor dos aflitos, e olhos para mostrar que ele vê a situação do miserável (Sl 94.9). Terceiro, uma imagem possui a vida do ser representado. Quarto, uma imagem representa a presença daquele que é representado. Quinto, inseparável da noção de servir como representante, a imagem funciona como governante no lugar da divindade. Hart explica: No antigo Oriente Próximo, cria-se amplamente que o espírito de um deus vivia em qualquer estátua ou imagem do deus, com o resultado de que a imagem podia funcionar como um tipo de representante ou substituto do deus onde quer que fosse colocada. Costumava-se também no AOP crer que um rei era representante de um deus; obviamente, o rei governava, e o deus era o governante último, de modo que o rei estaria governando no lugar do deus. Portanto, não surpreende que essas duas ideias separadas viessem a ser conectadas, e um rei viesse a ser descrito como uma imagem de um deus. A perspectiva hebraica produz uma diferença distinta. Nos textos do antigo Oriente Próximo, somente o rei é a imagem de Deus. Mas, na perspectiva hebraica, isso é democratizado a toda a humanidade. “O texto está dizendo que exercer domínio real sobre a terra como representante de Deus é o propósito básico para o qual Deus criou o homem”, explica Hart. Ele acrescenta ainda: “o homem é designado rei sobre a criação, responsável diante de Deus, o Rei último, e como tal esperava-se que administrasse e desenvolvesse e cuidasse da criação, tarefa que inclui obra física real”. Finalmente, no contexto de Gênesis, a imagem se refere à pluralidade de macho e fêmea dentro da unidade da humanidade. Este conceito é também distinto da perspectiva do antigo Oriente Próximo. Semelhança: A importante adição de “semelhança” sublinha que a humanidade é apenas um fac-símile de Deus, e daí distinta dele. Enquanto no antigo Oriente Próximo a imagem da divindade é igualada à própria divindade, na visão bíblica a palavra semelhança serve para distinguir claramente Deus dos humanos”.
Desta forma, o ser humano é o único na criação, capaz de ter uma conexão com Deus, compreendendo Sua existência e prestando-lhe adoração. Isto não quer dizer que os animais, conhecidos como seres irracionais, não adorem a Deus, pois a Bíblia deixa claro que TUDO o que tem fôlego, adore a Deus (Sl 150.6).
A diferença entre nós e as outras criaturas é que compreendemos o que estamos fazendo no tocante à adoração e, além disto, temos NECESSIDADE de adorar o criador, pois, como já mencionamos, fomos criados para este propósito.
Existe uma frase marcante sobre o que somos dentro do processo criativo, baseado no que Paulo escreveu aos Tessalonicenses, no capítulo 5 e versículo 23 que diz:
“Somos um espírito, que possui uma alma e habita em um corpo”.
Emil Brunner diz:
“A mais poderosa de todas forças espirituais é a visão que o homem tem de si mesmo, a forma como ele entende sua natureza e seu destino; de fato ela é uma força que determina todas as demais que influenciam a vida humana”.
Uma das questões mais marcantes é que TODOS os seres humanos POSSUEM uma NECESSIDADE de adorar algo maior do que ele. Alguns adoram a natureza, outros os astros, outros os homens, outros deuses estranhos e aqueles que conhecem o Deus verdadeiro o adoram.
Vejamos o conceito de adoração de acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe:
Na versão RC em português, esse termo ocorre apenas em Atos 8.27. Ele não ocorre nas versões KJV, ASV ou RSV em inglês, embora a ideia esteja expressa no AT pela palavra shaha, que significa “veneração”, “inclinar-se perante”. No NT a ideia está expressa pela palavra proskuneo, que significa “venerar”, “beijar a mão”, “fazer reverência a”, “adorar” e menos frequentemente por sebomai, que significa “reverenciar”, “adorar”, “ser devoto de” e latreuo, que significa “venerar publicamente”, “ministrar”, “servir”, “prestar homenagem religiosa”.
A verdadeira adoração congregacional é regulamentada em 1 Coríntios 11-14. Qualquer membro era livre para participar conforme o Espírito dispusesse (1 Co 14.26), principalmente quando procurasse ministrar os outros através de seu dom espiritual ou carismático (1 Pe 4.10ss.). Uma mulher que orasse ou profetizasse deveria ter a sua cabeça coberta (1 Co 11.5). Uma mensagem em uma língua incompreensível deveria ser interpretada, e toda profecia deveria estar sujeita aos profetas na congregação (1 Co 14.2733). Cristo não prescreveu para os seus discípulos formas específicas de adoração pública, sem dúvida assumindo que o seu próprio exemplo e o Espírito Santo fariam com que estas surgissem espontaneamente. Ele realmente enfatizou que os adoradores deveriam adorar a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.23ss.) e que procurassem guardar a sua adoração de formas meramente exteriores, enfatizando a privacidade e a realidade diante de Deus (Mt 6.1-18). O apóstolo Paulo nos permite enxergar uma parte de sua vida devocional particular quando menciona o falar a Deus em mistérios em seu espírito e através de suas orações, e quando nos ensina sobre cantar e bendizer a Deus tanto com o espírito como com a mente (1 Co 14.2,14-19)”.

1 – A ADORAÇÃO A DEUS NA VISÃO DE SAMARITANOS E JUDEUS

A diferença entre os judeus e samaritanos foi assunto de discussão por muito anos.
Biblicamente, os judeus eram compostos pelas doze tribos de Israel (Rúben, Simeão, Judá, Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, Benjamim, Manassés e Efraim).
O capítulo 49 de Gênesis nos mostra que Jacó teve 12 filhos e uma filha (Diná, gerada por Lia – Gn 30.21), vejamos abaixo:
1) Rúben (Lia)
2) Simeão (Lia)
3) Levi (Lia)
4) Judá (Lia)
5) Dã (Bila, escrava de Raquel)
6) Naftali (Bila, escrava de Raquel)
7) Gade (Zilpa, escrava de Lia)
8) Aser (Zilpa, escrava de Lia)
9) Issacar (Lia)
10) Zebulon (Lia)
11) José (Raquel)
12) Benjamim (Raquel)
É importante reforçarmos, que os filhos de José (Manassés e Efraim), ficaram no lugar de José e Levi. José foi representado por seus dois filhos e Levi não tinha participação na distribuição das terras da forma tradicional, ou seja, receberam cidades, mas a terra não era de propriedade deles, conforme Deuteronômio, capítulo 18 e versículo 2. Por isto, nas doze tribos de Israel, seus nomes não são mencionados.
Leiamos o que o livro de Samuel nos declara:
“Tendo-se congregado todos os anciãos de Israel vieram ter com Samuel a Ramá, e disseram-lhe: Eis que tu estás velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos. Constitui-nos um rei, como o têm todas as nações, para que ele nos julgue. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. Então Samuel orou a Jeová. Disse Jeová a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo o que eles te dizem; pois não é a ti que eles rejeitaram, mas a mim, para eu não reinar sobre eles”. (1 Sm 8.4-7 – SBB).
Após rejeitarem o Senhor como Rei, foram governados por Saul, porém, por causa de sua desobediência, o Senhor o rejeitou.
Depois de Saul, a nação foi governada por Davi que conseguiu unificar as tribos.
Porém, por causa da desobediência de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, o Senhor rasgou o reino de sua mão e o dividiu, porém, isto aconteceu após sua morte, leiamos os textos:
“Então o Senhor disse a Salomão: “Já que essa é a sua atitude e você não obedeceu à minha aliança e aos meus decretos, os quais lhe ordenei, certamente lhe tirarei o reino e o darei a um dos seus servos. No entanto, por amor a Davi, seu pai, não farei isso enquanto você viver. Eu o tirarei da mão do seu filho. Mas, não tirarei dele o reino inteiro, eu lhe darei uma tribo por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que escolhi”. (1 Rs 11.11-13 – NVI)
“Disse a Jeroboão: Toma dez pedaços, pois assim diz Jeová, Deus de Israel: Eis que da mão de Salomão hei de rasgar o reino, e a ti te hei de dar dez tribos; ele, porém, terá uma tribo em atenção ao meu servo Davi e em atenção a Jerusalém, cidade que escolhi dentre todas as tribos de Israel. Isto farei, porque me deixaram a mim, e adoraram a Astarote, deusa dos Sidônios, a Camos, deus de Moabe, e a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andaram nos meus caminhos, para fazer o que é reto aos meus olhos, e para guardar os meus estatutos e os meus juízos, como o fez Davi seu pai. Todavia não hei de tirar da sua mão o reino todo; mas fá-lo-ei príncipe todos os dias da sua vida, em atenção ao meu servo Davi, a quem escolhi, porque guardou os meus mandamentos e os meus estatutos. Tirarei, porém, o reino das mãos de seu filho, e to darei a ti, a saber, dez tribos. A seu filho darei uma tribo, para que sempre fique ao meu servo Davi uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, cidade que escolhi para ali pôr o meu nome”. (1 Rs 11.31-36 – NVI)
As tribos foram divididas da seguinte forma: Reino do Norte (Israel) com capital em Samaria e Reino do Sul (Judá) com capital em Jerusalém.
A divisão das tribos foi estabelecida da seguinte forma:
Reino do Sul: Judá e Benjamim.
Reino do Norte:  Rúben, Simeão, Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, Manassés e Efraim.
O Reino do Norte foi oprimido e conquistado pela Assíria em 721 a.C. e seus moradores levados como escravos e enviou povos estranhos para habitar em Samaria, leiamos o texto:
“E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades”. (2 Rs 17.24 – NVI)
Deste ponto em diante e até mesmo após o retorno dos exilados, o povo se misturou de tal forma que até a pronúncia do hebraico foi alterada.
Por este motivo e pelo fato dos habitantes do povo do Norte ter se desviado dos caminhos do Senhor em quase toda a sua existência e não ter aceito ser governado por Roboão, os judeus (Reino do Sul), passaram a ter inimizades e rivalidades com os chamados samaritanos do Reino do Norte.
OBS.: Alguns teólogos acreditam que os samaritanos foram formados através da mistura do povo do norte que fora exilado, com os Assírios.
Para evitar que os habitantes do Norte fossem adorar a Deus em Jerusalém, no templo construído por Salomão, o rei Jeroboão mandou construir dois templos alternativos, um em Dã e outro em Betel e, por esta causa, quando Jesus teve um encontro com a mulher samaritana no poço d’água, ela lhe fez alguns comentários sobre o lugar da adoração, leiamos:
“Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus”. (Jo 4.19-22 – ACF)
Falaremos sobre este assunto no próximo tópico.

1.1 – Gerizim ou Jerusalém

O escritor Flávio Josefo disse que o templo construído no monte Gerizim era uma réplica do templo construído por Salomão em Jerusalém.
Este monte fica a aproximadamente 3 quilômetros de Siquém.
O livro de Esdras revela que os samaritanos já haviam adorado ao Deus verdadeiro, leiamos:
“Quando os inimigos de Judá e de Benjamim souberam que os exilados estavam reconstruindo o templo do Senhor, o Deus de Israel, foram falar com Zorobabel e com os chefes das famílias: “Vamos ajudá-los nessa obra porque, como vocês, nós buscamos o Deus de vocês e temos sacrificado a ele desde a época de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos trouxe para cá”. (Ed 4.1,2 – NVI)
Os samaritanos tinham suas razões para acreditar que o monte Gerizim era um lugar sagrado, vejamos algumas:
1) Abraão levantou um altar a Deus neste lugar (Gn 12);
2) Jacó também adorou a Deus ali (Gn 33);
3)  Moisés ordenou que 6 tribos ficassem neste monte proferindo bênçãos (Dt 11).
Para eles, o local era sagrado.
Conforme estudamos, o Reino do Sul, foi escolhido por Deus para cumprir a promessa que Ele havia feito a Davi, vejamos:
“Porém o Senhor não quis destruir a Judá por amor de Davi, seu servo, como lhe tinha falado que lhe daria, para sempre, uma lâmpada, a ele e a seus filhos”. (2 Rs 8.19 – NVI)
Esta passagem deixa claríssimo que Judá teria sido escolhido por Deus para prover descendência a Davi e um dia, trazer salvação para os judeus.
O Templo de Salomão, filho do Rei Davi, foi construído em Jerusalém e o Senhor deixou claro no capítulo 4 e versículo 22, que a salvação viria dos judeus.
Desta forma, os judeus estavam certos quanto ao lugar da adoração.
Por Leonardo Novais de Oliveira
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