Julio Severo
Os conservadores americanos aclamaram a vitória de Jack Phillips, um padeiro cristão que exerceu seu direito de não fazer um bolo de casamento para uma dupla homossexual, porque um “casamento” homossexual é uma afronta a Deus, ao sexo biológico e à família natural. Ele foi processado pela dupla homossexual predadora insolente, mas ganhou numa longa batalha legal.
Ativistas homossexuais iniciaram sua campanha contra a família tradicional e a sexualidade biológica décadas atrás. Eles estavam na defensiva, mas acabaram virando o jogo. Uma minoria radical colocou a maioria não-radical na defensiva, e hoje seu ataque contra a maioria não-radical tem sido tão atroz que, mesmo quando os cristãos têm sucesso em uma questão insignificante como um bolo, seu sucesso é aclamado como uma grande vitória — enquanto eles perdem a grande batalha: casamento.
Na década de 1980, os evangélicos conservadores dos EUA lutaram contra a sodomia. Em seguida, contra o “casamento” gay no final da década de 1990 e 2000. Agora eles só lutam pela isenção religiosa. Em seguida, eles estarão vivendo em um gueto ou na cadeia? É isso que eles interpretam como “vitória”?
A liberdade de expressão ou a liberdade religiosa tornou-se a última grande resistência da maioria não-radical que vem sofrendo ataques sistemáticos da minoria radical. E o que essa estratégia está produzindo? Redução do Cristianismo americano. Os evangélicos, que eram 98% da população dos EUA na fundação da República dos EUA, agora compõem menos de 50%.
A luta pela liberdade de expressão não está ajudando o Cristianismo dos EUA. Aliás, está criando uma criatura cristã híbrida, como mostrei em meu artigo “‘Liberdade de expressão,’ o supremo falso evangelho nos EUA.”
Enquanto o Cristianismo sofredor, que não tinha isenção e liberdade religiosa, continuou se expandindo no Império Romano e na União Soviética, nos EUA está acontecendo exatamente o contrário. Está sendo oprimido e reduzido pela minoria radical.
O fato é que, conforme reconhecido pelos conservadores dos EUA, “a aceitação da homossexualidade está crescendo mesmo entre os ‘conservadores.’”
Quando os “conservadores” aceitam a homossexualidade ou até mesmo abraçam o impossível — homossexuais “conservadores” —, o fim está próximo. No ano passado, a defesa da pedofilia derrubou o mais proeminente gay “conservador” nos EUA. Mais coisas acontecerão entre os “conservadores”? Sim, mais coisas já aconteceram. Neste ano, a CPAC, a principal conferência conservadora dos EUA, proibiu um grupo cristão pró-família e aprovou um grupo homossexualista.
Contudo, os sinais já estavam chegando e os conservadores não protestaram. Na Convenção Nacional Republicana que endossou Donald Trump em 2016, o fundador do PayPal, Peter Thiel, que foi um dos principais palestrantes dessa convenção, descaradamente anunciou: “Eu sou um homem gay orgulhoso.” Em vez de ser repudiado por sua homossexualidade orgulhosa e insolente, Thiel foi aclamado. Trump também foi aclamado por segurar uma bandeira homossexual durante sua campanha.
Mais recentemente, o secretário do Departamento de Estado Mike Pompeo reconheceu o mês de junho como o Mês do Orgulho LGBTI. Pompeo, que é um dos mais importantes ministros de Trump, é considerado um evangélico muito devoto. Enquanto os conservadores comemoram uma fatia do bolo — o caso Jack Phillips —, ativistas homossexuais estão celebrando o “casamento” homossexual como a lei da terra e um evangélico muito devoto liderando o Departamento de Estado na celebração da sodomia. A maior parte do bolo pertence a eles. Não há dúvida de que os ativistas homossexuais estão tendo as maiores vitórias e celebrações.
Enquanto os ativistas homossexuais continuarão lutando por caça de grande porte, os conservadores estarão lutando por biscoitos e migalhas. Eles estarão lutando por isenções — o direito de entrar e permanecer no armário. Os ativistas homossexuais saíram e os conservadores estão entrando.
Ativistas homossexuais exigem — e recebem — mais e mais direitos para impor sobre tudo e todos, inclusive a doutrinação de crianças. Os cristãos conservadores estão lutando apenas pelo direito de permanecer “protegidos” em seus armários cristãos.
O pior é o mau exemplo. Se os EUA estão, com seu poder e seu Departamento de Estado, liderando nações em todo o mundo para celebrar a homossexualidade, que tipo de exemplo os evangélicos conservadores americanos estão dando aos evangélicos conservadores em todo o mundo com relação à homossexualidade? Acomodamento e concessão vergonhosa.
Então, os cristãos americanos venceram na questão do bolo, mas estão perdendo todas as outras grandes batalhas envolvendo a homossexualidade. E como os evangélicos foram a principal base eleitoral de Trump em 2016, se os números evangélicos continuarem sendo reduzidos, candidatos conservadores genuínos não serão mais eleitos, e candidatos “conservadores” terão de se parecer mais com esquerdistas, inclusive apoiando a homossexualidade. Isso já está acontecendo. Trump não tem tomado medidas contra o “casamento” homossexual e avanços semelhantes feitos por Obama.
Provavelmente, nenhum conservador americano viu essa questão melhor do que Matthew Trewhella, em seu artigo “Religious Liberty and the Ghettoization of Christianity in America” (Liberdade Religiosa e a Guetização do Cristianismo na América). Ele disse:
A maioria dos grupos conservadores, pró-família e cristãos fizeram da “liberdade religiosa” seu grito de guerra nos últimos dois anos. A questão chega ao ápice com… o caso de um padeiro do Colorado, Jack Phillips…
No entanto, não compartilho o entusiasmo de muitos sobre esta questão da “liberdade religiosa.” Vamos voltar ao passado e olhar para o quadro maior.
O grito pela liberdade religiosa começou depois que o Supremo Tribunal Federal dos EUA deu sua opinião depravada sobre o casamento homossexual em 2015. A liberdade religiosa tornou-se a última batida em retirada do Partido Republicano e dos conservadores americanos. A liberdade religiosa tornou-se a última batida em retirada dos grupos pró-família e cristãos dos EUA.
Primeiro eles se levantaram contra a própria sodomia. Então eles se acomodaram à sodomia e bateram em retirada, limitando-se a se opor ao casamento homossexual. Agora eles se acomodaram ao casamento homossexual e bateram em retirada, se limitando a defender a liberdade religiosa.
Mas aqui está o problema — Se o Supremo Tribunal Federal decidir em favor de Jack Phillips, o resultado será que os cristãos não terão que participar de casamentos homossexuais, mas o casamento homossexual permanece inabalável nos EUA.
E isso é o que a liberdade religiosa consegue nesse assunto — assegura que o mal continuará nos EUA e acomoda a contínua transformação do Cristianismo dos EUA em gueto.
O mal deve ser detido, não acomodado. Quando o governo faz o mal na terra, mas faz um acordo para os cristãos não participarem, o governo está marginalizando o Cristianismo nos EUA; o governo está colocando o Cristianismo no gueto.
Os cristãos amam a liberdade religiosa não porque ela age como um baluarte contra o mal nos EUA, mas porque ela permite que eles continuem a sentar e saborear seus cafés enquanto há mal nos EUA.
Ela permite que os cristãos continuem sendo “cristãos,” enquanto continuam indiferentes ao mal nos EUA.
Ela também os impede de sofrer por sua fé.
Por décadas, quando certas leis imorais são aprovadas, o governo acrescenta uma isenção religiosa. Essas leis parecem boas para o cristão pietista comum, egoísta, mas na realidade elas servem para menosprezar e depreciar o Cristianismo e os cristãos dentro da cultura. E é para isso que os grupos pró-família e cristãos estão apelando para o Supremo Tribunal Federal dos EUA fazerem.
De modo dócil e respeitoso, eles estão implorando ao tirano — o Supremo Tribunal Federal que pisou nas leis estaduais que proibiam a sodomia e pisou nas constituições estaduais que declaravam o casamento apenas entre um homem e uma mulher — e pedindo ao tirano uma isenção. Isso é prostituição.
Leis ou políticas que protegem os cristãos de serem pessoalmente afetados por leis malignas — mas que permitem que o mal continue na nação — são leis ou políticas do mal.
Por que os cristãos devem ter isenção para evitar o mal, enquanto o resto da cultura tem de absorvê-lo e se corromper ainda mais? Se você permitir que o mal da sodomia alastre seu apodrecimento no país, os efeitos de tal imundície serão sentidos por todos — crentes e incrédulos.
Deixe-me esclarecer: Jack Phillips é um daqueles raros cristãos que realmente amam Cristo e o próximo. A vasta maioria dos cristãos nos Estados Unidos não pensaria em ser fiel a Cristo se isso significasse perder um dinheirinho (ou economizar um dinheirinho). Então, por amor a ele, espero que ele vença…
Os cristãos precisam entender que precisam demonstrar vigilância contra a tirania. Eles devem desistir do que a maioria dos americanos busca — riqueza e facilidade. Eles precisam investir algum tempo e esforço para estabelecer um bom governo, e não continuar a ignorar os magistrados.
Versão em inglês deste artigo: Religious Exemption: How Homosexuality Is Transforming U.S. Christianity into a Ghetto
Fonte: www.juliosevero.com