ESCOLA DOMINICAL CPAD JOVENS - Conteúdo da Lição 2

O propósito dos milagres no ministério de Jesus
08 de Julho de 2018

TEXTO DO DIA
“Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31).

SÍNTESE
Os milagres realizados por Jesus manifestavam a chegada do Reino de Deus.

INTERAÇÃO
Querido(a) professor(a), como foi a primeira aula? Qual foi sua impressão? Pela reação dos alunos é possível ter uma ideia de como será o trimestre. Se eles se mostraram interessados, parabéns. Caso isso não tenha acontecido, que tal incentivá-los? O tema é pertinente se se pensar na questão estritamente espiritual. Como tudo na vida, a espiritualidade tende a arrefecer. E tal pode acontecer não apenas na vida dos alunos, mas inclusive na nossa que ensinamos! Podemos “acostumar-nos” ao exercício do ensino, apaixonarmo-nos pela técnica, mas tornarmo-nos impermeáveis ao que ensinamos. Lamentavelmente, tal perigo não é incomum. Por isso, a sugestão da primeira aula — de instituir um período de cinco minutos de oração em cada domingo durante este trimestre — deve ser vista como uma oportunidade valiosa de resgatar uma espiritualidade aliada ao conhecimento bíblico-teológico.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Com a crescente institucionalização os testemunhos foram desaparecendo das liturgias, de forma que muitos jovens sequer alcançaram essa época em que alguém se levantava para contar uma bênção que recebera da parte de Deus. Que tal organizar uma pequena exposição? Certamente você conhece o jornal Mensageiro da Paz, órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil, editado pela CPAD. Esse jornal mantém, desde a sua criação em 1930, uma página destinada a testemunhos. Pergunte aos alunos se eles conhecem o jornal. Proponha que eles pesquisem entre os irmãos se há alguém que já compartilhou seu testemunho. Mesmo que não haja, peça a eles que consigam edições antigas do jornal e tragam a parte do testemunho para expor em classe. Aproveite o momento e reflita com eles acerca da importância de se dividir com os demais o recebimento de uma cura, a abertura de uma porta de emprego ou mesmo a resolução de um grande problema.

TEXTO BÍBLICO

Lucas 4.14-24.
14 — Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galileia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor.
15 — E ensinava nas suas sinagogas e por todos era louvado.
16 — E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se para ler.
17 — E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:
18 — O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,
19 — a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
20 — E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
21 — Então, começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
22 — E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José?
23 — E ele lhes disse: Sem dúvida, me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; faze também aqui na tua pátria tudo o que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum.
24 — E disse: Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Sem dúvida alguma os milagres realizados por Jesus visavam socorrer as pessoas (Lc 13.16). Com seu poder, o Mestre usava de extrema sensibilidade e então toda dor e todo sofrimento cessavam. Mas será que além de socorrer aos que sofriam, havia mais algum propósito na realização dos milagres? Tal pergunta só pode ser respondida se entendermos a missão do Senhor Jesus Cristo, pois todas as ações do Mestre convergiam para o propósito final de sua missão. Nada que Ele fazia era sem objetivo ou a esmo. Na verdade, como o próprio povo reconhecia, Jesus fazia bem todas as coisas, inclusive quando curava surdos e mudos (Mc 7.37). Apesar disso, seu ministério não se deu sem oposições e enfrentamentos, pois os fariseus chegaram a acusá-lo de operar sinais, não pelo Espírito de Deus, mas por Belzebu, príncipe dos demônios (Mt 12.24).

I. A EXPECTATIVA JUDAICA

1. O chamado de Abrão e o Povo da Promessa.
Chamado por Deus, Abrão peregrinou sob a promessa de que, a partir dele, seria formada uma grande nação (Gn 12.1,2,4-9). Juntamente com tal promessa, Deus também disse que, através de Abrão, seriam “benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3; Gl 3.8). Isso, porém, não se daria de um dia para o outro e nem sem reveses (Gn 15.13). Tal tempo era necessário, pois sendo justo, Deus aguardava que “a medida da injustiça dos amorreus” se completasse para só então desapropriá-los e dar a terra à descendência de Abrão (Gn 15.16).

2. O propósito de Israel.
Quando o tempo de Deus completou-se, o Senhor chamou a Moisés e o enviou ao Egito para que libertasse o povo (Êx 34). Em Êxodo 19.6 o Senhor revela o propósito da nação israelita e ordena a Moisés para que este diga o seguinte ao povo: “E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo”. Como povo sacerdotal a tarefa de Israel era clara: servir de modelo aos demais povos, levando-os a querer ser como o Povo da Promessa (Dt 4.5-8). A ideia não era que Israel dominasse os outros povos, mas que exercesse um papel sacerdotal em relação às demais nações (Êx 23.9).

3. O fracasso de Israel em representar Deus e a expectativa judaica.
Como é sabido, infelizmente Israel fracassou em seu papel sacerdotal e rejeitou o conhecimento de Deus (Os 4.6). O Senhor já havia advertido, há muito tempo, que se o povo que Ele separara praticasse as mesmas coisas das demais nações, o destino deles não seria diferente (Lv 18.26-28). Desde quando Israel fracassou em representar o que significava ser governado por Deus, sua esperança era que o Senhor interviesse e mudasse a situação. No período intertestamentário desenvolveu-se uma consciência extremamente nacionalista e então se pensou na figura de um libertador político, o Messias, descendente de Davi, que mudaria tal quadro. Nos dias do Novo Testamento, tal ideia era ainda muito forte e motivo de questionamento até mesmo por parte dos discípulos (Jo 4.25; At 1.6).

Pense!
Você crê que, assim como Deus tinha um propósito para a vida de Abraão, e para com o povo de Israel, há um propósito dEle para sua vida?

Ponto Importante
Quando Deus chamou Abraão, Ele o fez não apenas para que o patriarca fosse abençoado, mas para ser uma fonte de “bênção”.

II. A VINDA DO REINO DE DEUS

1. O rei que não nasceu no palácio.
A maioria das pessoas que estudam a Palavra de Deus, e que tem experiência com o Senhor, já sabe que Ele não age da forma como a nossa lógica humana pensa (1Co 1.25-29). Com o nascimento de Jesus não foi diferente. Os magos que vieram do Oriente para visitar o Salvador, orientados por uma estrela, o procuraram no palácio, mas depois descobriram que, conforme diziam as Escrituras, Cristo não nascera na capital, Jerusalém, mas sim em Belém e, conforme se sabe, não foi em um “berço de ouro”, mas numa manjedoura (Mt 2.1-12; Lc 2.1-20). Parece um contrassenso, mas foi exatamente assim que aconteceu, dando indícios de que Jesus não era um rei como os demais que as pessoas conheciam (Mt 21.5).

2. João Batista anuncia a proximidade do Reino de Deus.
Levantado por Deus para preparar o caminho para o Salvador, João Batista começa a pregar no deserto da Judeia: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). O povo chegou a pensar que o Batista fosse o Cristo, o Rei, mas ele tratou de desfazer tal pensamento (Lc 3.15-17). Na verdade, João Batista tinha consciência de que seu ministério tinha uma finalidade, bem como um período de abrangência (Jo 3.28-30). Sua missão era anunciar que o tempo ansiado por todos em Israel estava próximo, o Reino de Deus, e o seu Messias, estavam chegando (Mc 1.2-8).

3. O Reino de Deus não é deste mundo.
A despeito de todos os judeus esperarem ansiosamente pelo Reino de Deus, ou seja, pela “redenção”, ou libertação, de Jerusalém (Lc 2.38), não tardou a vir a decepção. Com expectativas equivocadas, eles ansiavam por um reinado político nos moldes dos reis-imperadores objetivando até mesmo retaliação (Lc 24.21; Jo 6.14,15; At 1.6). Contudo, como Jesus fez questão de frisar a Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36). Naquele momento histórico o Reino ainda não dominaria completamente aqui, pois atua somente no coração, e realidade, daqueles que aceitam ao Evangelho e assim decidem viver (Mc 1.14,15 cf. Mt 6.10). Entretanto, chegará o dia em que o Reino de Deus será uma realidade absoluta e física (Dn 2.34,35) e neste dia, toda língua confessará ao Senhor e todo joelho se dobrará perante o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Rm 14.11).

Pense!
Por que os judeus se decepcionaram com Jesus? Alguém já decepcionou você? Como reagiu?

Ponto Importante
João Batista nunca pensou em colocar-se em uma posição de Messias, pois tinha consciência de seu ministério.

III. O MINISTÉRIO DE JESUS SÓ PODE SER ENTENDIDO EM CONEXÃO COM O REINO DE DEUS

1. Os sinais concretos da chegada do Reino de Deus.
Procurado por dois discípulos de João Batista e perguntado por estes acerca de se Jesus era mesmo o Messias que havia de vir ou se eles deviam esperar por outro, a “resposta” do Mestre não poderia ser mais clara, pois a Bíblia diz que “na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus; e deu vista a muitos cegos” (Lc 7.21). Na sequência, Ele disse aos discípulos que retornassem ao Batista e então anunciassem o que viram e ouviram (Lc 7.22). Em outra ocasião, acusado de expulsar espíritos malignos por Belzebu, príncipe dos demônios, o Mestre disse que o fazia pelo “dedo”, isto é, pelo poder de Deus, e que, por conseguinte, isto era uma evidência concreta de que o Reino de Deus havia chegado (Lc 11.20).

2. Jesus revela sua missão, causando escândalo e ira.
O ministério de Jesus era dirigido pelo Espírito e consistia em anunciar o Evangelho de que o Reino de Deus havia chegado. Este era o conteúdo do seu ensinamento, inclusive nas sinagogas dos judeus (Lc 4.14,15 cf. Mc 1.14,15). Em uma dessas ocasiões, numa das passagens mais conhecidas, o Mestre, num sábado, foi a uma sinagoga em Nazaré, local onde fora criado. Ali lhe deram o livro do profeta Isaías e então Ele fez uma leitura que sintetiza perfeitamente sua missão (Lc 4.18,19 cf. Is 61.1). Pelo fato de Ele ter dito que naquele dia aquela Escritura cumprira-se, o povo se surpreendeu, pois conheciam sua origem humilde e simples (Lc 4.22). Tal reação não foi surpresa alguma para o Senhor, pois Ele sabia da resistência das pessoas em reconhecer que Deus pudesse levantar alguém entre os de sua própria terra natal (Lc 4.23-27). A revolta do povo foi tão grande que eles o expulsaram e até quiseram atentar contra sua vida (Lc 4.28-30).

3. O propósito dos milagres de Jesus.
O que fica claro, ao se estudar os milagres e sinais realizados pelo Senhor Jesus, é que o seu propósito só pode ser devidamente entendido levando-se em conta a mensagem do Reino de Deus o Evangelho, e o ministério de ensino que o Mestre desenvolveu (Lc 11.20). Lucas relata que em Cafarnaum, num sábado, o Mestre ensinava numa sinagoga quando um homem atormentado por um espírito imundo manifestou-se, incomodado com o ensino e com a presença do Senhor, pois sabia que o exercício de tal ministério significava a derrota de Satanás (Lc 4.31-36). As pessoas ali presentes ficaram espantadas, pois se admiravam de que o ensinamento do Senhor não fosse apenas teórico, mas extremamente poderoso e eficaz.

Pense!
Se o ministério do próprio Senhor Jesus tinha necessidade da direção do Espírito, será que nós podemos prescindir de tal orientação?

Ponto Importante
Os milagres e sinais realizados por Jesus Cristo revelavam seu compromisso com Deus e com as pessoas necessitadas.

CONCLUSÃO
Além de servir de alívio para a dor e o sofrimento das pessoas, os milagres e sinais realizados por Jesus manifestavam o Reino de Deus. Ocorre, porém, que tal Reino nenhuma semelhança tem com os impérios deste mundo, seja os da antiguidade ou atuais. Isso, porém, faz com que as pessoas se frustrem em suas expectativas e acabem não aceitando a mensagem do Reino de Deus. Todavia, os que o aceitam, desfrutam, desde já, do privilégio de serem feitos filhos de Deus (Jo 1.11-13).

ESTANTE DO PROFESSOR
CARVALHO, César Moisés. O Sermão do Monte. A justiça sob a ótica de Jesus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017.

HORA DA REVISÃO

1. O que a Bíblia quer dizer ao mencionar que “a medida da injustiça dos amorreus” ainda não estava cheia?
Sendo justo, Deus aguardava que “a medida da injustiça dos amorreus” se completasse para só então desapropriá-los e dar a terra à descendência de Abrão (Gn 15.16).

2. Como “povo sacerdotal”, qual era a tarefa de Israel?
Como povo sacerdotal a tarefa de Israel era clara: servir de modelo aos demais povos, levando-os a querer ser como o Povo da Promessa (Dt 4.5-8). A ideia não era que Israel dominasse os outros povos, mas que exercesse um papel sacerdotal em relação às demais nações (Êx 23.9).

3. O que Jesus quis dizer ao afirmar que expulsava os demônios pelo “dedo de Deus”?
Jesus quis dizer que expulsava os demônios pelo poder de Deus, e que, por conseguinte, isto era uma evidência concreta de que o Reino de Deus havia chegado (Lc 11.20).

4. Qual era o “conteúdo” do ensinamento do Mestre?
Anunciar o Evangelho de que o Reino de Deus havia chegado.

5. O que significava o exercício do ministério do Senhor?
A derrota de Satanás (Lc 4.31-36).

SUBSÍDIO
“O Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5.13-16)

Comparando a proposta de Jesus aos modelos de sedição política que haviam, Ele ‘não era um separatista, tampouco se comprometia com sistemas’ e, de igual forma, ‘também não era um zelote’. Distintamente de tais ‘modelos, Jesus voltou-se para as Escrituras e resgatou um modelo único de reinado na terra, muito mais judaico do que os três implementados pelo seu próprio povo’. Mais ‘judaico’ porque resgatava justamente o sentido original do que pretendia o Criador ao dizer, através de Moisés, que o povo de Israel seria um ‘reino sacerdotal’ (Êx 19.6). Isso porque, conforme Wright, os ‘judeus dos dias de Jesus não esperavam que o universo fosse parar de funcionar’. Na verdade, eles aguardavam ‘que Deus fosse agir de forma dramática no universo, como havia feito em momentos extremos — como o episódio do êxodo, no qual a única linguagem apropriada era a de um mundo abatido e, então, recriado’. Assim, quando Cristo anuncia que o ‘Reino de Deus, o retorno do exílio, o clímax da história de Israel está entre vós, Jesus está a dizer [que], embora não se pareça com o que [eles] esperavam ver’, o reinado de Deus finalmente havia iniciado” (CARVALHO, César Moisés. O Sermão do Monte. A justiça sob a ótica de Jesus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017, pp.57,58).

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