deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) anunciou neste domingo (5) o nome do general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) como vice na chapa para concorrer à Presidência da República. No início da tarde, o PRTB formalizou a aliança.
Pela manhã, Bolsonaro participou da convenção estadual do PSL em SP. À tarde, também na capital paulista, ao lado de Mourão e de Levy Fidelix, presidente nacional do PRTB, ele comentou a chapa recém-formada.
"No momento, eu deixo de ser capitão, o general Mourão deixa de ser general, nós passamos a ser a partir de agora soldados do nosso Brasil", afirmou ele em discurso na convenção do PRTB.
Hamilton Mourão, por sua vez, defendeu "um governo austero, honesto, sem corrupção, com eficiência gerencial, relacionamento republicano com os demais poderes, ou seja, sem balcão de negócios".
O general provocou polêmicas recentemente por algumas declarações. Ele fez elogios públicos ao coronel Carlos Brilhante Ustra, acusado de tortura. Ele já acusou o Judiciário de não ser capaz de garantir o funcionamento das instituições, e defendeu a intervenção militar (leia mais abaixo).
Quarta opção
O anúncio foi feito após pelo menos três tentativas de Bolsonaro para encontrar um vice e que não deram certo. Mourão foi a quarta opção. Antes, ele sondou oficialmente o senador Magno Malta (PR), o general Augusto Heleno, do PRP e a advogada Janaína Paschoal (PSL). Todos recusaram o convite.
O nome de Hamilton Mourão não havia sido mencionado por Bolsonaro como uma opção durante a entrevista concedida à GloboNews na última sexta (3).
“Ou vai ser a senhora Janaína Paschoal, ou o senhor príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança”, afirmou o candidato. “A gente pensa em um 'plano B'. No momento, o 'plano B' é o príncipe."
No discurso deste domingo, Bolsonaro agradeceu Janaína e também o príncipe Luiz Philippe. Janaína alegou questões familiares e recusou neste sábado (4) o convite para ser vice de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa presidencial.
Ex-comandante na Região Sul
Antonio Hamilton Martins Mourão é gaúcho de Porto Alegre, tem 64 anos. Entrou para o Exército em 1972 e ficou na ativa até fevereiro de 2018.
Ele ganhou notoriedade em outubro de 2015, quando estava no Comando Militar do Sul. Ele tinha feito críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e dito, durante uma palestra no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) em Porto Alegre, que é preciso um "despertar para a luta patriótica" como saída para crise política do país.
No dia 20 de outubro daquele ano, a frase foi publicada em reportagem da "Folha de S. Paulo" – parte da palestra já havia sido relatada pelo jornalista Tulio Milman, no jornal "Zero Hora".
Em entrevista ao G1 no mesmo dia 20, o general Mourão confirmou ter dito a frase durante a palestra, mas explicou que não se tratava de uma convocação. No dia 29, o Exército Brasileiro anunciou sua exoneraçãodo cargo de comandante das tropas na região Sul, e o transferiu para assumir uma posição na Secretaria de Economia e Finanças do Exército. O Exército não informou o motivo da exoneração.
'Balcão de negócios'
Mourão permaneceu na Secretaria de Economia e Finanças até dezembro de 2017, quando foi transferido para a secretaria geral do Exército, sem função específica, de acordo com a assessoria de imprensa, que não divulgou o motivo. Dois dias antes, em outra palestra, desta vez no Clube do Exército em Brasília, Mourão havia comparado o governo Temer a um "balcão de negócios".
Ele entrou para a reserva do Exército em fevereiro de 2018, tecendo novas críticas ao governo Temer em seu discurso de despedida.
Segundo o jornal "O Globo", no mesmo dia Mourão chamou de "herói" o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu em 2015, aos 83 anos, e foi chefe do DOI-Codi do II Exército, em São Paulo, órgão de repressão política durante a ditadura militar. Em 2012, Ustra foi declarado torturador pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Hamilton Mourão assumiu o comando do Clube Militar em junho deste ano. Jair Bolsonaro esteve presente na cerimônia de posse, no Rio de Janeiro.