Lição 11 - O cativeiro babilônico Editora BETEL


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Sobre o cativeiro babilônico
O reinado de Manassés foi o início do fim para Judá. Ao final de seu governo de 55 anos, ele ordenou “a Judá que servisse o Senhor, o Deus de Israel” (2Cr 33.16), embora ele mesmo tenha conduzido o povo à profunda idolatria.
O avivamento do reinado de Josias, neto de Manassés, não conseguiu trazer a nação de volta para Deus.
Dois profetas, Jeremias e Ezequiel, ministraram a Judá durante os últimos dias da nação. Podemos deduzir que a situação espiritual de Judá tornou o exílio na Babilônia uma necessidade se contrastarmos as palavras de ambos os profetas com os eventos históricos.
Durante o reinado de Manassés (2Cr 33.1-1-20), o Reino do Sul, apesar de ameaçado, sobreviveu à invasão assíria que havia varrido Israel, o Reino do Norte, do mapa. Além disso, havia ocorrido um avivamento espiritual nessa época sob Ezequias. Porém Manassés, filho de Ezequias, conduziu Judá para o mesmo tipo de idolatria que o Reino do Norte praticara sob Acabe e Jezabel. O Templo foi profanado com altares pagãos, e o ocultismo foi patrocinado pelo próprio rei. Houve até sacrifício de crianças ao deus Moloque, no vale de Hinom, próximo a Jerusalém.
A tradição diz que Isaías pronunciou-se contra o rei, e foi executado, como o foram muitos outros líderes tementes a Deus que ousaram expressar seu protesto (2Rs 21.16).
O reinado de 55 anos de Manassés não trouxe prosperidade a Judá. Em 678 a.C., ele e 21 outros reis fizeram uma visita compulsória para jurar lealdade à Assíria. Mais tarde, juntamente com Moabe e Edom, aparentemente envolveu Judá em uma rebelião contra o domínio assírio, e por isso foi levado prisioneiro para a Assíria. Ali, diz a Bíblia, Manassés “humilhou-se muito diante do Deus dos seus antepassados” e foi conduzido de volta a Judá. “E assim”, continua o texto, “Manassés reconheceu que o Senhor é Deus” (2Cr 33.12-13).
Após ser libertado, o rei arrependido tentou instituir as próprias reformas. Purificou o Templo, derrubou centros de idolatria em Jerusalém e ordenou “a Judá que servisse ao Senhor, Deus de Israel” (2Cr 33.15-16).
Mas o povo de Judá não correspondeu. A nação também havia passado do limite do juízo. À frente haveria somente morte e destruição.
Em primeiro lugar, o cativeiro não foi um evento único. Ocorreu por meio de uma série de deportações de judeus para a Babilônia. Esses grupos foram levados em 605, 597 e 586 a.C. A primeira deportação levou a elite. A segunda, provavelmente concentrou-se em artífices e líderes do povo. E a terceira, de aproximadamente 70 mil pessoas, compunha-se dos demais, exceto os “pobres”, que mais tarde fugiram para o Egito.
Em segundo lugar, o “retorno” tampouco foi um evento único. Dois grandes grupos vieram da Babilônia para a Terra Santa, o primeiro em 538 a.C., e o segundo, cerca de oitenta anos mais tarde, em 458 a.C. Durante esse período e depois dele, havia mais judeus fora da Terra Santa que nela própria.
Em terceiro lugar, o foco da história havia mudado da terra da Palestina para os poderes mundiais gentios que a controlavam. Daniel e Ester indicam que os eventos que constituíram a experiência dos judeus na minúscula Judéia eram, na verdade, forjados nos centros do poder mundial da época, e não na Palestina. A terra tem significado religioso, mas não político.
Só os mais fiéis e motivados, em termos religiosos, retornaram à Palestina para estabelecer a presença judaica na terra que Deus prometera a Abraão muito tempo atrás.
Deus usou o cativeiro para eliminar do meio do povo, pelo processo de filtração, aqueles cujos corações se haviam afastado dele.
Essa filtração tinha dois aspectos. Primeiro, Ezequiel advertira que o pecador morreria na invasão. Mas quem abandonasse o mal e se voltasse para o Senhor sobreviveria ao terror daquele período (Ez 18). Assim, a própria morte eliminou muitos que não deram ouvidos a Deus, deixando o remanescente mais disposto a ouvir Suas palavras.
Segundo, as bênçãos do cativeiro também serviram para separar os mais tementes a Deus dos menos sintonizados com as coisas espirituais. Não houve na Babilônia repetição da escravidão, que outra geração conhecera no Egito. Na verdade, a prosperidade material que muitos experimentaram na Babilônia foi o modo que Deus usou para distinguir entre os espirituais e os não tão espirituais. Ao descrever a respeito do primeiro retorno, Esdras disse: “Então os líderes das famílias de Judá e de Benjamim, como também os sacerdotes e os levitas, todos aqueles cujo coração Deus despertou, dispuseram-se a ir a Jerusalém e a construir o templo do Senhor.” (Ed 1.5). A espiritualidade motivou o retorno. Aqueles cujas motivações eram materiais permaneceram na Babilônia onde a vida era, a essa altura, confortável e segura.
O cativeiro teve também impacto muito grande sobre as instituições judaicas. Três coisas resultaram do cativeiro em benefício do povo.
Um novo centro para a vida religiosa foi desenvolvido na Babilônia – a sinagoga, palavra que simplesmente significa “ajuntamento”. Sem o Templo como centro de adoração, os judeus começaram a reunir-se em grupos menores para a adoração e para o estudo da Palavra escrita.
Em segundo lugar, desenvolveu-se a classe dos escribas. O livro de Esdras conta como ele “tinha decidido dedicar-se a estudar a Lei do Senhor e a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos aos israelitas” (Ed 7.10).
Em terceiro lugar, o cativeiro babilônico colocou fim à idolatria. Depois disso, nunca mais a adoração a ídolos atrairia o povo judeu. Tentativas posteriores de impor a idolatria sobre os israelitas conduziram à rebelião feroz contra os invasores.
Cada um de nós, cristãos, passa pelos seus momentos de cativeiro. Somos atormentados por viver numa verdadeira Babilônia pós-moderna, somos pressionados a aceitar valores que não os da Sã Doutrina, somos defrontados todo o tempo com os mais atrativos manjares da mesa do príncipe desse mundo. Mas havemos que resistir ao dia mau, assim como os israelitas do cativeiro babilônico resistiram até chegar novamente à Jerusalém, e no nosso caso, a que nos espera é a derradeira e sublime Jerusalém, aquela que descerá dos céus, onde estaremos junto com o Senhor pela eternidade. Maranata, ora vem Senhor Jesus!
Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus!
Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 3º Trimestre de 2018, ano 28 nº 108 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens e Adultos – Professor – Israel 70 anos – O chamado de uma nação e o plano divino de redenção – Pastor César Pereira Roza de Melo.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown/www.revistaebd.com/.