Mateus, o Evangelho da Igreja
Lições Bíblicas nº 57
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
clareza, que, no corpo, se
um membro sofre, todos
sofrem com ele (1 Co 12.26
ARA); portanto, não nos
esqueçamos jamais disto:
Cristo reúne o Seu povo
(Jo 11.52; Mt 18.11-14)
em um só corpo — o Seu
próprio corpo (Ef 1.23; 1 Co
12.12,13) — para que um
membro ampare e sustente
o outro.
Lições Bíblicas nº 57
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Mateus 16.13-19
13 - E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?
15 - Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
16 - E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 - E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18 - Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 - E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
TEXTO ÁUREO
"Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céus." Mt 18.18
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
simbolizam a autoridade
que Cristo concede
à Igreja de abrir as portas
do Reino dos céus aos
homens. Metaforicamente,
pode-se dizer que as
chaves são o Evangelho,
não os acréscimos humanos
à Lei divina, propostos
pelos legalistas religiosos
fariseus.
Caro professor, no início de Seu ministério, Jesus dedicou-se a anunciar o Reino; entretanto, de modo surpreendente, introduziu um novo conceito para designar aqueles que viriam a se reunir em torno do Seu nome, reconhecendo-o como Senhor.
O conceito admirável, cuja compreensão expandiu-se em Paulo, não é outro senão este: Igreja!
Pode-se dizer, com certa propriedade, que, dentre os Evangelhos, Mateus é o mais eclesiástico, pois é o único a mencionar a palavra ekklesia. Nesta preciosa lição, a partir da narrativa de Mateus, discorreremos sobre os princípios e verdades relacionados à assembleia dos salvos.
Nos dias atuais, vive-se grande isolamento social, motivado pelo absurdo desenvolvimento tecnológico. Sendo a comunhão uma das marcas do cristianismo, peça aos alunos para cumprimentarem-se mutuamente por alguns instantes. Reforce para a classe que um dos papéis da Igreja neste mundo, cada vez mais individualista, é promover momentos de interação e comunhão entre os irmãos da fé.
Tenha uma boa e abençoada aula!
Palavra introdutória
O primeiro Evangelho é o único, dentre os quatro, em que encontramos a palavra igreja — merece destaque o fato de o termo ter sido utilizado por Jesus nas três ocorrências [Mt 16.18 (uma vez); Mt 18.17 (duas vezes)]. Por esta razão, Mateus é considerado o Evangelho da Igreja.
A palavra igreja tem origem no grego [ekklesia (ek = fora) + (kaleo = chamar ou convocar)]; deste modo, o vocábulo significa, basicamente, os chamados para fora, remetendo à ideia de um grupo distinto, tirado para fora de algo.
A menos que Jesus tenha falado grego nos textos destacados anteriormente — uma possibilidade quase remota —, é provável que ekklesia seja uma tradução da palavra hebraica qahal, que significa assembleia. Independente de quaisquer elucubrações, o fato de a definição ter partido de Jesus é algo extraordinário, pois o Mestre, naquela ocasião, estava designando o grupo formado por Seus discípulos e por aqueles que viriam a crer em Seu nome.
Mesmo que seja utilizado para fazer referência à comunidade dos fiéis, o termo igreja possui diversos significados, dependendo do contexto. No Novo Testamento, em cerca de 90% dos casos, foi usado para indicar uma congregação local (At 11.22; 20.17). Entretanto, em Mateus 16.18, Jesus não estava
instituindo uma reunião ordinária com Seus discípulos, isto é, Ele não tinha em mente uma igreja estabelecida em uma localidade, mas a Igreja universal, composta por todos aqueles que receberam o Senhor, em todos os tempos e lugares, tanto judeus quanto gentios (Gl 3.26-29).
Nesta lição, veremos que a Igreja é uma estrutura espiritual, cujo centro é Cristo; e seu propósito primordial é manifestar Sua obra salvadora e transformadora na vida do ser humano.
1. A ORIGEM DA IGREJA
Mateus relata a ocasião em que Jesus interroga Seus discípulos acerca do que as pessoas (e eles próprios) pensavam a Seu respeito (Mt 16.13-15). O evangelista dá-nos ciência de que alguns do povo pensavam tratar-se de João Batista, Elias, Jeremias ou algum dos profetas (Mt 16.14). Simão Pedro, no entanto, declarou proativamente: Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo (Mt 16.16)! A profunda e inspirada confissão de Pedro enaltece a pessoa de Jesus Cristo, pois destaca Sua divindade (Filho de Deus; conf. Jo 1.14).
Após dizer que Pedro era bem-aventurado, Jesus fez, pela primeira vez, a seguinte revelação: [...] sobre esta pedra edificarei a minha igreja (Mt 16.17,18)! Com essa declaração profética fica claro que a Igreja originou-se em Cristo.
A Igreja não surgiu por uma imposição do Império Romano, nem mesmo pela influência da filosofia grega; tampouco emergiu como produto da religiosidade farisaica. A Igreja originou-se na pessoa de Jesus Cristo, transcendendo ideologias ou organizações. A Igreja não é um acidente histórico; muito ao contrário, ela está colocada no centro dos propósitos eternos do Altíssimo.
1.1. Jesus é o fundador da Igreja
Existe uma doutrina falaciosa de que a Igreja teria por fundamento Pedro, devido à declaração que Jesus fez ao apóstolo: [...] eu te digo que tu és Pedro (gr. petros = fragmento de rocha) e sobre esta pedra (gr. petra = uma grande rocha) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela (Mt 16.18).
Vejamos, no entanto, a fragilidade dessa inverdade.
Pedro não poderia ser a pedra de fundamento da Igreja, pois os textos bíblicos revelam a instabilidade de sua personalidade.
No versículo 23 do mesmo capítulo de Mateus (16), o apóstolo é agudamente repreendido por Jesus, por não aceitar a ideia de Seu sofrimento. Disse-lhe o Mestre, naquela ocasião: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo.
O apóstolo Paulo criticou a conduta de Pedro, anos depois, devido ao seu comportamento entre judeus e gentios (Gl 2.11-16).
O próprio Pedro afirma que Jesus é a pedra viva, eleita e preciosa (1 Pe 2.4-8).
A igreja jamais poderia ser edificada sobre petros, um fragmento de rocha inconstante, Ela está firmada sobre a petra, a rocha irremovível e inabalável. Não podemos ter dúvidas acerca disso.
1.2. A Igreja pertence a Cristo
Além de ser a origem e o fundamento da Igreja, Jesus é, também, o Seu possuidor. Em momento algum da História, seu domínio foi passado a outrem; o Emanuel foi, é e sempre será o dono da Igreja.
[...] Edificarei a minha igreja [...]. Jesus disse “minha”, pois Ele a comprou por alto preço: Seu precioso e inocente sangue, vertido na cruz do Calvário (At 20.28; 1 Pe 1.18,19).
A Igreja é propriedade exclusiva do Senhor (Tt 2.14).
2. A AUTORIDADE DA IGREJA
Em Mateus 23.13, escribas e fariseus foram repreendidos por Jesus, pelo fato de fecharem aos homens o Reino dos céus. Por Sua soberania inconteste, entretanto, aprouve a Cristo entregar as chaves do Reino à Igreja, delegando-lhe poder: [...] tudo o que ligardes na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra será desligado nos céus (Mt 16.19) — em Mateus 18.18, Jesus outorga a mesma autoridade aos demais discípulos. Esta realidade certifica-nos de que as chaves de autoridade não foram deixadas nas mãos de Pedro, unicamente.
Nessas duas passagens de Mateus (Mt 16.19; 18.18), Jesus destaca a autoridade da Igreja; porém, é preciso entender que essa autoridade — de ligar e desligar nos céus — precisa estar em consonância com Sua vontade eterna e soberana (conf. 1 Jo 5.14).
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Em Mateus 16.19, as chavessimbolizam a autoridade
que Cristo concede
à Igreja de abrir as portas
do Reino dos céus aos
homens. Metaforicamente,
pode-se dizer que as
chaves são o Evangelho,
não os acréscimos humanos
à Lei divina, propostos
pelos legalistas religiosos
fariseus.
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2.1. A Igreja é o Corpo de Cristo
O texto de Mateus 18.1-22 revela-nos que a autoridade da Igreja, como Corpo de Cristo, não se restringe somente a poder afastar membros; antes, abrange a graça de restaurar os caídos, oferecendo-lhes chances de arrependimento; para isso, deve-se lançar mão de todos os meios de reparação possíveis, até que se esgotem todas as possibilidades.
Mateus registrou as instruções de Jesus relacionadas aos membros que se desconectam do Corpo (Mt 18.10-20). Nesse contexto, inclui-se a parábola da ovelha perdida (Mt 18.10-14) e destaca-se a maneira de a Igreja responder ao pecado de um irmão — se o seu irmão pecar contra você [...] (Mt 18.15-20).
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É-nos dito, com toda aclareza, que, no corpo, se
um membro sofre, todos
sofrem com ele (1 Co 12.26
ARA); portanto, não nos
esqueçamos jamais disto:
Cristo reúne o Seu povo
(Jo 11.52; Mt 18.11-14)
em um só corpo — o Seu
próprio corpo (Ef 1.23; 1 Co
12.12,13) — para que um
membro ampare e sustente
o outro.
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igreja é a glória de Deus, no
estabelecimento completo
do Seu Reino, tanto no
coração dos crentes como
no mundo [Augustos H.
Strong, pastor e teólogo
batista estadunidense
(1836—1921)].
Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 57
2.2. A Igreja é a representante de Cristo
Mateus deixa claro o propósito da Igreja: representar Cristo na terra — e nada retrata melhor o nosso Salvador do que as obras praticadas pelos membros de Seu Corpo. Duas ordenações explícitas de Jesus à Igreja evidenciam esta realidade.
Observe.
A Ceia do Senhor (Mt 26.26-30) — Seus elementos, o pão e o vinho, simbolizam, respectivamente, o corpo e o sangue de Cristo oferecidos em resgate da humanidade (1 Co 11.24,25). Há dois propósitos centrais nesta ordenança: memorial: levar-nos a recordar o sacrifico vicário de Cristo Jesus;
anunciação profética: alertar-nos quanto à iminente volta do Senhor para buscar a Sua Igreja (1 Co 11.26).
O batismo (Mt 28.18,19) — Por meio do batismo, realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o novo convertido declara publicamente ter aceitado, de forma plena, pela fé, o sacrifício de Cristo na cruz. De igual modo, ele anuncia sua morte para o mundo e sua ressurreição espiritual, assumindo que andará em novidade de vida (Rm 6.4).
3. IGREJA MILITANTE, IGREJA TRIUNFANTE
Neste tópico, é importante deixar clara a diferença entre Igreja militante e Igreja triunfante.
A igreja militante é a que atua no tempo presente; ela é composta pelos salvos vivos espalhados pelas muitas denominações, sendo visível e imperfeita.
A igreja triunfante é composta pelos salvos, inclusive pelos que já morreram em Cristo — não importando a denominação, o espaço geográfico ou histórico —, sendo invisível e perfeita.
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O objetivo exclusivo daigreja é a glória de Deus, no
estabelecimento completo
do Seu Reino, tanto no
coração dos crentes como
no mundo [Augustos H.
Strong, pastor e teólogo
batista estadunidense
(1836—1921)].
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3.1. Igreja militante
Jesus, em Mateus 16.18, referindo-se à Igreja, deixa claro que as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Com esta afirmação, o Salvador não nos apresenta uma Noiva tímida, atemorizada ou acuada; ao contrário, Ele apresenta-nos
uma Igreja forte e destemida, capaz de arvorar-se vitoriosa diante de toda e qualquer circunstância — inclusive a morte.
A Igreja militante não foge à luta, assemelhando-se a um exército que está sob o comando do supremo General: Jesus.
3.2. Igreja triunfante
Parecia absurda a declaração de Jesus de que a Sua Igreja iria subsistir neste mundo (Mt 16.18), pois a nova instituição divina fora caluniada pelos religiosos judeus (Mt 28.11-15); desprezada pelos gregos (At 17.32); e perseguida pelos romanos — como fez Nero que, após incendiar Roma (64 d.C.), culpou e puniu nossos irmãos, submetendo-os as mais escabrosas penas de morte.
Sábios e poderosos tentaram destruir a Igreja de Cristo, ao longo de sua existência; no entanto, impérios ruíram e reinos caíram, enquanto a Igreja permanece firme até os dias de hoje. Precisamos, deste modo, estar em constante preparo para a vinda de nosso Senhor (Mt 24.37; 25.1-13), pois, muito em breve, toda a Igreja de Cristo estará reunida nos céus em eterno triunfo (Ap 3.12).
CONCLUSÃO
A primeira (Mt 16.18) e a última (Ap 22.16) menções à Igreja foram feitas por nosso Salvador; isto nos faz lembrar de que o Corpo de Cristo tem sido edificado, de maneira progressiva e incessante, desde a sua fundação; e assim será até o derradeiro dia.
A Igreja não deve ser vista como uma agregação de pessoas, mas, sim, como uma congregação de remidos por Cristo.
Nas palavras de Thomas Adams, a igreja é a herdeira da cruz.
Deste modo, como agência de Deus no mundo, precisamos manter-nos firmes em nosso propósito: proclamar o evangelho da graça a toda criatura com ousadia; cultivar a fraternidade entre os irmãos; dar testemunho ao mundo em nome de Cristo; e anunciar os princípios do Reino de Deus — jamais devemos nos esquecer de que a Igreja está aberta a todos, mas não a tudo.
Resta-nos, pois, declarar com esperança e fé: Maranata!
Ora, vem, Senhor Jesus!
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Com qual declaração de Jesus aprendemos que Ele é o único
fundador da Igreja?
R.: (A RESPOSTA SERÁ PUBLICADA POSTERIORMENTE)
Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 57
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