Lição 6 - O Pecado da Rebelião



1º Trimestre de 2019
Introdução
I-Um Povo de Dura Cerviz
II-Líderes em Conflito
III-Deus Mostra a Sua Vontade
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Mostrar que a caminhada pelo deserto evidenciou o fato de que os hebreus que saíram do Egito eram de dura cerviz;Saber que as rebeliões que surgiram no meio da liderança eram contagiantes, alcançando muitos do povo;Refletir a respeito da vontade de Deus.

Palavras-chave: Peregrinação no deserto.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Reynaldo Odilo:
INTRODUÇÃO
Os atos de insubmissão são um mal terrível, que precisam ser combatidos com todas as forças, a fim de que os melhores esforços para agradar a Deus não sejam desperdiçados, pois esses atos produzem, com rapidez, grandes tragédias. Tal pecado é tão grave que o Senhor o comparou ao da feitiçaria (1 Sm 15.23), porque o rebelde (assim como o feiticeiro) busca alcançar o fim pretendido independentemente da vontade do Senhor; entende que os fins justificam os meios e, por isso, realiza qualquer conduta para ter o que deseja. O livro de Números mostra frequentemente as pessoas quebrando o princípio da autoridade e submissão e, em todos os casos, o resultado não foi bom.
Inequivocamente, o ato de submeter-se constitui-se em uma das mais belas características do verdadeiro serviço a Deus. A pessoa escolhida para exercer influência sobre alguém, decorrente de uma delegação natural, social ou espiritual, deve ter todo o respaldo, apoio e ajuda para agir conforme a delegação divina. Importante que se diga, porém, que autoridade, neste caso, não significa supremacia, a qual pode ser comprada, imposta ou mesmo adquirida pela força. Autoridade genuína, porém, somente se conquista pela justiça, decorrente da vontade de Deus.
A submissão exigida por Deus para o seu povo, por outro lado, pode ser conceituada como a atitude (sentimento) de submeter-se, com alegria e de forma irrestrita e voluntária, a alguém que foi constituído pelo Senhor como autoridade sobre nossa vida, concretizando isso por meio de condutas de obediência (desde que não haja conflito com a Palavra de Deus), abdicando do direito de tomar decisões próprias. É uma das facetas do negar-se a si mesmo (Mt 16.24).
A geração de hebreus que saiu do Egito precisava decidir, em amor, ser submissa a Deus e à sua palavra, e isso passava, necessariamente, em atender a Moisés, renunciando à sua própria opinião. Mas não foi isso que aconteceu. Richard W. Dortch afirma: 
Todos temos que prestar contas a alguém. Se não houver submissão, o resultado é o caos. [...] A submissão é a maneira de Deus completar a obra de nossa libertação. A submissão é um processo de autocontrole. Quando a pessoa se dispõe a submeter-se a esse processo, fica livre das tiranias das paixões e motivos egocêntricos.1 
Como Israel precisava ficar livre das “tiranias das paixões e dos motivos egocêntricos”! Deus estava trabalhando constantemente para completar a obra de libertação que tinha começado quando saíram do Egito, mas, sendo um povo de dura cerviz, o Senhor sabia que haveria muitos conflitos. 
I – UM POVO DE DURA CERVIZ
1-Inveja na Família do Líder 
A dificuldade em ser submisso ao seu líder era um problema de Israel, todavia, não só do povo, mas também daqueles que estavam na cúpula do poder tribal: Miriã e Arão, pessoas pelas quais Moisés tinha muito apreço. Porém, de onde menos se espera é que, muitas vezes, surgem as rebeliões, conforme Números 12. Aqueles que estão muito perto do poder com frequência são tentados a ter inveja do líder e a querer ocupar o lugar dele. Isso aconteceu primeiramente com o Diabo e, depois, pela influência nefasta dele, muitas pessoas na terra reproduziram esse comportamento, querendo ser o “número 1”. Ora, ser o número 1 é bom, mas ser o número 2 é melhor ainda, pois sobre o número 2 não pesa tanta responsabilidade e ele pode, assim, gastando menos energia, realizar coisas melhores que o número 1. Simples assim. A inveja no coração de uma pessoa, porém, turva-lhe a vista, de forma que não percebe essa realidade, foi o que aconteceu na família de Moisés.
Richard W. Dortch, um cristão americano que sucumbiu na vida e nos negócios por causa do desejo de ser o “número 1”, vindo, por isso, a cometer crimes, pelos quais foi condenado à prisão, escreveu sobre o assunto:
Vamos enfrentar os fatos — a ideia de ser o número um, de ter poder, sucesso, dinheiro e prestígio, é muito sedutora. Essa ideia tem sido o “coração” do mal desde que Lúcifer comparou o que possuía com o que Deus tinha. Ele sentiu-se roubado na parte que recebeu.
[...]A inveja também obscureceu a mente de Caim, afastando-o da verdade. […] Os temas ciúme, inveja e cobiça percorrem os séculos.
[...]Muitos dos nossos problemas são resultado direto de um coração invejoso. Devemos nos observar cuidadosamente.2 
Miriã e Arão foram seduzidos pela tentação de possuir mais prestígio na comunidade e, por isso, falaram contra Moisés por causa da sua esposa, que era cuxita, e disseram: “Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu” (Nm 12.2). Observe-se que não se tratou de um mero desentendimento, acontecido no almoço do domingo, durante uma reunião familiar entre eles, mas de uma oposição política, que demonstrava rompimento administrativo. No fundo, Miriã e Arão queriam assumir o lugar de Moisés, o que se observa pela fala: “Não falou o Senhor também por nós?” De fato, Miriã e Arão “falavam” até melhor que Moisés, mas o cajado estava nas mãos do irmão mais novo. O que aconteceu? Deus fez Miriã leprosa e Arão teve que se arrepender fortemente. Em nossos dias, pessoas têm ficado “leprosas” porque levantam oposição injustamente contra seus líderes, enquanto eles estão agindo no centro da vontade de Deus. Há uma verdade inexorável: quem desatende ao princípio da autoridade e submissão será quebrado por Deus, pois não se levanta apenas contra o líder, mas contra aquEle que lhe delegou a autoridade.
2-Teimosia 
Outra conduta de rebelião dos hebreus aconteceu logo após receberem a sentença de que não entrariam na Terra Prometida. Nessa ocasião, o Senhor determinou que voltassem ao deserto, pelo caminho do Mar Vermelho (Dt 1.40). Os hebreus, porém, com soberba, resolveram desafiar a Moisés e ao próprio Deus, e partiram para a guerra. Foram fragorosamente derrotados (Nm 14.40-45).
Os rebeldes precisavam entender que sem a bênção de Deus e do seu pastor Moisés não haveria vitória. A autoridade outorgada por Deus deve gerar, sempre, no outro polo do relacionamento (os liderados), uma submissão total, completa e absoluta, em amor. Se a autoridade não for exercida a contento, ou a submissão não se constituir integralmente, haverá o rompimento desse importante princípio, e a rebelião se instalará, trazendo danos caríssimos e, muitas vezes, irreparáveis.
Acerca desse momento, em que os sobreviventes israelitas voltaram chorando após o massacre dos amorreus, Moisés escreveu: “o Senhor não ouviu a vossa voz, nem vos escutou” (Dt 1.45). Triste desfecho para quem tinha uma grande promessa de vitória.
3-Murmuração 
O princípio da autoridade e submissão estabelece a ordem e cria condições para o crescimento, em todo e qualquer agrupamento humano; a rebelião à hierarquia (notadamente àquela firmada por Deus), por outro lado, instala o caos e faz os melhores projetos sucumbirem. Em todas as épocas, o Espírito Santo tem levado seu povo a um estado de submissão, quando a palavra de Deus não é afrontada pelas disposições humanas. Eusébio de Cesareia, por exemplo, ao relatar o martírio de Policarpo, bispo de Esmirna, reproduz suas palavras perante o procônsul romano: “fomos ensinados a dar aos magistrados e autoridades designados por Deus a honra devida a eles, contanto que isso não nos fira”3,  ou seja, não existindo contradição entre a ordem da autoridade e os ensinamentos das Escrituras, cabe aos cristãos a obediência. Esse padrão se repete em toda a história do povo do Senhor.
Moisés disse, certa vez, que conhecia a rebelião e a dura cerviz dos israelitas (Dt 31.27), por isso, não deve ter se admirado com mais duas rebeliões que aconteceram em Números 20.2-5 e 21.4,5. São registros de histórias de insubmissão, as quais redundaram em danos e mortes. No primeiro episódio, o povo murmurou tanto que o próprio Moisés perdeu o bom senso e, arrogantemente, feriu a rocha, quando a ordem divina era para falar. Isso lhe custou muito caro, porque o impediu de entrar na Terra Prometida.
A rebelião mencionada em Números 21.4,5, quando os hebreus reclamaram do cuidado divino e desprezaram o maná que caía do céu, fez o Altíssimo enviar serpentes ardentes, as quais morderam o povo e milhares morreram, marcando, com isso, o fim dos últimos sobreviventes da geração que saiu do Egito e o cumprimento final da sentença divina de que os rebeldes seriam enterrados no deserto.
Nessas duas narrativas, observa-se a presença constante de um sentimento faccioso nos hebreus, os quais desonravam Moisés constantemente. Nada que Deus fizesse, por intermédio de Moisés, seria suficiente. Eles murmuravam para viver e viviam para murmurar, por isso o fim deles foi a sepultura. Só mesmo o Espírito Santo para nos guardar de entrar por esse caminho terrível da murmuração.
II – LÍDERES EM CONFLITO 
1-Insubmissão e Desrespeito 
A geração que saiu do deserto pensava tanto em seu bem-estar, sem se importar com o projeto de Deus, que se tornou extremamente insubmissa e desrespeitosa com a liderança de Moisés. Milhares de anos após, Deus usou os profetas Oseias e Amós para falarem dessa característica marcante daquele povo, dizendo, respectivamente, que Israel era uma vide frondosa, que dava fruto para si mesmo (Os 10.1) e que os hebreus ofereceram sacrifícios e oblações no deserto, por quarenta anos, para eles mesmos, não para o Senhor (Am 5.25,26).
O distintivo da vaidade pessoal, da presunção e da autopromoção, apareceu de maneira indelével na conduta de três homens muito influentes: Corá, Datã e Abirão. Eles tinham uma grande liderança (Nm 16.2-4), mas haviam desprezado a palavra do Senhor que dizia: “Contra Deus não blasfemarás, nem amaldiçoarás o príncipe do teu povo” (Êx 22.28, ARA). Insurgiram-se contra Moisés para desmoralizá-lo, destituí-lo e, quiçá, matá-lo. O resultado disso: Deus fez com que a terra tragasse todos os que se posicionaram favoravelmente a Corá e incinerou 250 homens que ofereciam incenso (Nm 16.32-35). O fim dos que se rebelam contra a obra de Deus, cedo ou tarde, será o túmulo.
A história desses três hebreus, que viram os milagres no Egito e no deserto, atravessaram o Mar Vermelho a pé enxuto e comeram do maná, demonstra que, independentemente do trabalho realizado, das conquistas, do esforço pessoal, sempre haverá rebeldes. Moisés era um líder extraordinário, inigualável, mas esse trio ainda encontrava motivos para criticá-lo. Os insubmissos, com frequência, falam mal da liderança pelas coisas que fez ou pelas que deixou de fazer; por causa das decisões de maior vulto, ou nas resoluções do cotidiano. Eles nunca cessam. Aliás, o murmurador não se contenta em apenas denegrir a imagem da liderança, mas faz de tudo para que todos “curtam” e “compartilhem” suas mensagens. Deus guarde o seu povo de tão grande derrota.
2-O Memorial dos Rebeldes
O pecado dos rebeldes não poderia ser esquecido pelas gerações futuras, por isso Deus determinou a construção de um monumento, no altar do Senhor, para que os filhos de Israel se lembrassem da conduta de Corá e seus seguidores (Nm 16.36-40) “por memorial para os filhos de Israel, para que nenhum estranho, que não for da semente de Arão, se chegue para acender incenso perante o Senhor; para que não seja como Corá e a sua congregação, como o Senhor lhe tinha dito pela boca de Moisés” (Nm 16.40).
Observe-se que o ministério sacerdotal somente deveria ser exercido pelos descendentes de Arão, e não por todo e qualquer descendente de Levi. Corá, como levita, entendia que a medida era uma “artimanha” de Moisés (certamente para prestigiar seus próprios familiares) e, apesar das muitas demonstrações do Senhor em sentido contrário, permaneceu com sua trágica retórica. O memorial serviria para que os filhos de Israel não se esquecessem disso! 
3-O Castigo dos Inconformados 
A rebelião, em regra, possui a capacidade de se expandir, contaminando muitas pessoas. Ela faz surgir, na verdade, uma raiz de amargura nos corações (Hb 12.15) que, como fogo, alastra-se indefinidamente, destruindo tudo por onde passa, reduzindo a cinzas tudo o que um dia foi ou poderia ser algo belo. As pessoas que andam com murmuradores geralmente se tornam murmuradoras, às vezes mais vorazes ainda (Pv 13.20). Observe-se neste caso específico: Os israelitas, após uma noite dos acontecimentos anteriores, em vez de decidirem ser mais obedientes e submissos ao Senhor, tencionaram destruir a liderança pelos danos que o Senhor causou. Uma conduta inconsequente, insana, que trouxe a morte de mais de 14.700 pessoas. Victor P. Hamilton, acerca desse episódio, arremata: 
Uma das características da murmuração é que ela é altamente contagiosa. Após já tê-la enfrentado de perto, Moisés teria de suportá-la de novo. Seria de se esperar que os sobreviventes, após verem a terra engolir todos os colaboradores de Corá e a incineração de 250 homens que ofereciam incenso, hesitassem em continuar com sua murmuração. Eram eles, e não Moisés e Arão, que deviam estar prostrados sobre seus rostos. Ainda assim, não é fácil interromper as reclamações de uma turba. Elas assumem proporções de uma avalanche. Por incrível que pareça, Moisés foi acusado por algo que Deus tinha feito: “Vós matastes o povo do Senhor” […]. Assim como salvou o povo anteriormente, a intercessão de Moisés salva-os agora do completo caos […]. Moisés, o profeta, intercedeu em oração para salvar seu povo. Arão, o sacerdote, usou um ritual estabelecido por Deus para salvar seu povo […]. Mesmo após ter sido vítima de difamação, Moisés voltou a apaziguar a ira de Deus.4 
Como menciona Victor Hamilton, quando houve a praga dentro do arraial, mais uma vez, Moisés e Arão foram buscar a Deus, intercedendo pelos que estavam solidários aos rebeldes, sendo que o juízo só não alcançou mais indivíduos porque Moises e Arão apaziguaram a justiça de Deus rapidamente. Inacreditável como há muitas pessoas que, sem temor, quebram o princípio da autoridade e submissão contra um santo homem de Deus, e ainda justificam que realizaram algo “politicamente correto”. Erram por não conhecerem as escrituras. As regras que regem a liderança espiritual estabelecida por Deus são exclusivas dEle e estão relacionadas com sua escolha soberana. A verdade é que, não havendo desobediência à Bíblia na conduta da autoridade, a submissão deve ser a mais ampla possível, sob pena de se cometer um pecado semelhante à feitiçaria (1 Sm 15.23).
CONCLUSÃO
Neste capítulo, foi feito o apanhado de várias rebeliões cometidas contra o Senhor, demonstrando quão fácil é surgir oposição no meio do povo de Deus. Todavia, nenhuma empreitada maligna logrou êxito, pois o Altíssimo deu vitória em tudo a Moisés e Arão e, como consequência, os rebeldes foram envergonhados e/ou destruídos. Fica evidente, em toda a Escritura, que aqueles os quais enveredam pelo caminho da rebelião contra a obra de Deus não possuem um bom futuro (Js 1.18; Jr 29.32).
No episódio da vara de Arão que floresceu, por exemplo, Deus, concomitantemente, firmou a liderança cambaleante, trouxe-lhe honra e, para evitar questionamentos futuros, promoveu a perpetuidade do milagre, determinando que a vara fosse acondicionada na arca do concerto. O Senhor estava, com isso, protegendo e confirmando a liderança de Moisés e Arão.
Se for uma realidade que você não suporta mais a liderança da sua igreja, é hora de pedir perdão, retornar à plena submissão em Cristo e passar a obedecer ao homem que o Senhor constituiu sobre o seu rebanho (1 Co 10.1-12). Os que, por outro lado, são mansos e humildes de coração, Deus os colocará em lugares estratégicos, e o fim deles será de paz (Sl 37.23).                                                                      
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Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

1 DORTCH, Richard W. Orgulho fatal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 156.
2 DORTCH, Richard W. Orgulho fatal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 68, 69, 75.
3 CESAREIA, Eusébio de. História eclesiástica — os primeiros quatro séculos da igreja cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 137.
4 HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 383.

Videoaula - Pr. Reynaldo Odilo


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