ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL - Conteúdo da Lição 13



João, o Filho de Deus Vence a Morte
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Lições Bíblicas nº 57

TEXTO BÍBLICO BÁSICO
João 20.1-9
1 - E, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro.
2 - Correu, pois, e foi a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.
3 - Então, Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao sepulcro.
4 - E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.
5 - E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou.
6 - Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis
7 - e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte.
8 - Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.
9 - Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos.

TEXTO ÁUREO
"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.", Jo 20.17

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, chegamos ao final de nossa jornada. Nesta lição, discorreremos sobre o mais notável de todos os milagres narrados nos Evangelhos: a ressurreição de Cristo.
No Antigo Testamento, encontramos o registro de três casos de ressureição: o filho da viúva de Sarepta, ressuscitado por Elias (1 Rs 17.17-24); o filho da sunamita, ressuscitado por Eliseu (2 Rs 4.32-37); e o homem que foi colocado sobre os ossos de Eliseu (2 Rs 13.20,21).
No Novo Testamento, o Filho de Deus demonstrou Sua autoridade sobre a vida e a morte ao ressuscitar o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17), a filha de Jairo (Lc 8.41,42,49-55) e Lázaro (Jo 11.1-44); com isso, Ele provou ser suficientemente poderoso para ressuscitar a si mesmo, conforme predissera aos Seus discípulos, diversas vezes (Mt 16.21; 20.17-19; Mc 8.31; 10.32-34; Jo 12.23-33).
Boa aula!

Palavra introdutória
Antes de tratarmos da vitória do Filho de Deus sobre a morte, remontaremos e pontuaremos algumas questões extremamente relevantes a respeito de Seus últimos dias. Seguindo o esboço geral da Paixão de Cristo, apresentado por João, observamos os seguintes fatos:
Jesus celebra a última ceia pascoal com os discípulos na noite de uma quinta-feira (Jo 13.1,2); em seguida, Ele e os discípulos vão para o monte das Oliveiras (Jo 18.1), local onde é preso e levado a uma audiência noturna diante do sumo sacerdote (julgamento religioso; conf. Jo 18.12-14);
na manhã do dia seguinte (sexta-feira), o Salvador é conduzido até Pilatos, onde é condenado à morte (julgamento civil; conf. Jo 18.28-40) e levado, imediatamente, à crucificação (Jo 19.16,17,31).
No relato joanino, o que está posto em realce é a autoridade de Jesus. Não vemos o Salvador como uma queixosa vítima, mas, sim, como o vencedor soberano e absoluto que comanda os eventos de toda a história da paixão, em cada fato e detalhe.
Jesus declarou, antes de ser entregue à morte, que Sua vida ninguém poderia tomar; antes, Ele a daria por Sua própria vontade e a tomaria, outra vez, por Seu próprio poder — essa autoridade Ele recebeu do Pai (Jo 10.17,18).

1. O CONTRASTE DO CALVÁRIO
No período em que Jesus está consumando Sua obra (Jo 18.1—20.31), cujo fastígio se dá no Calvário, observamos um vívido contraste entre incredulidade e fé. Nos eventos que antecederam a crucificação, a incredulidade atuou sem disfarce:
a traição de Judas (Jo 18.2), a negação de Pedro (Jo 18.25-27), a malícia invejosa dos sacerdotes (Jo 18.14) e a covardia de Pilatos (Jo 19.12) mostram-nos como a incredulidade atingiu seu fim último; por outro lado, a constância de João, o discípulo amado, a presença das mulheres ao pé da cruz (Jo 19.25-27) e a generosa ação de José de Arimateia e de Nicodemos (Jo 19.38-42) revelam-nos como a fé, mesmo pequena, reforça a lealdade a despeito de qualquer perigo.
Ainda hoje o Calvário revela esse contraste: há aqueles que tomam conhecimento do sacrifício de Cristo, mas permanecem na incredulidade e, com isso, caminham a passos largos em direção à perdição eterna; entrementes, outros tantos creem nas boas novas do evangelho, recebem-nas em seu coração e confessam-nas com sua boca para salvação (Rm 10.10).

Nos subtópicos seguintes, veremos que o Calvário não denunciou apenas o contraste entre fé e incredulidade, mas também, entre ódio e amor.

1.1. A expressão máxima do ódio
A morte por crucificação — um dos métodos mais antigos de execução, que foi aplicado na Pérsia e em Roma, inclusive — era considerada maldição nos tempos bíblicos (Dt 21.22,23; Gl 3.13). A fim de compreender a fúria e o desprezo direcionados a Jesus em Seus últimos dias, observe os aspectos envolvidos no ato da crucificação:
a crucificação deveria acontecer do lado de fora da cidade — além de seus muros —, e a vítima deveria carregar a própria cruz (gr. stauros) até o local da execução — este ato, em si, era uma tortura humilhante; a vítima era deitada sobre a parte horizontal da cruz (patibulum ou antenna), e, enquanto o patibulum estivesse apoiado no solo, suas mãos (pulso ou metacarpo) eram cravadas nele — primeiro, a direita e, em seguida, a esquerda;
em seguida, a vítima e o patibulum eram erguidos por cordas e fixados no poste vertical — ou então a cruz era montada no chão, e a vítima e a cruz (inteira) eram erguidas e deixadas cair em uma perfuração; os pés poderiam ser pregados separados — ou juntos, unidos por um só cravo (pelo espaço do segundo metatarsiano, possivelmente);
as pernas poderiam ser cruzadas para dar maior sustentação ao corpo, ou seja, para que não se rasgassem as mãos da vítima, fazendo-a cair. Isso provocava uma morte lenta e dolorosa.
O crucificado sentia dores excruciantes: os cravos nas mãos e nos pés, que são concentrações de nervos e tendões, perdiam pouco sangue, fazendo com que o corpo do supliciado sofresse aguda tensão. Em pouco tempo, as artérias cerebrais e esofágicas ficavam regurgitadas de sangue, provocando lancinantes dores na cabeça. Devido à dificuldade de manter o corpo ereto na cruz, as complicações respiratórias aumentavam o sofrimento da vítima, fazendo-a agonizar por longo período de tempo.
São Méliton de Sardes, que morreu no fim do segundo século (180 d.C.), escreveu: “Os padecimentos físicos já tão violentos ao fincar os pregos, em órgãos extremamente sensíveis e delicados, faziam-se ainda mais intensos pelo peso do corpo suspenso pelos pregos, pela forçada imobilidade do paciente, pela intensa febre que sobrevinha, pela ardente sede produzida por esta febre, pelas convulsões e espasmos, e também pelas moscas que o sangue e as chagas atraíam”.
Esta cena desumana revela-nos que a crucificação foi, de fato, a mais cruel exteriorização de ódio destilada contra o Filho de Deus por Seus perseguidores e algozes.
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Tem-se conhecimento
de ao menos três tipos
de cruzes, utilizados nos
tempos de Jesus, a saber: a
cruz na forma de “X” (crux
decussata ou cruz de Santo
André); a cruz semelhante
à letra “T” (comissa ou cruz
de Santo Antônio); e a cruz
latina (crux immissa), cujo
formato é o mais conhecido
e aceito como sendo o
utilizado na execução de
Cristo.
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1.2. A expressão máxima do amorO mais perverso e cruel instrumento de execução transformou-se no símbolo do cristianismo, pois, sobre o lenho da cruz, Jesus carregou em Seu corpo os nossos pecados (1 Pe 2.24). O que para o mundo representava a expressão máxima do ódio, para os cristãos representa a expressão máxima do
amor de Deus (Jo 3.16).
A partir do Novo Testamento, observamos que o vocábulo cruz é usado como referência ao evangelho da salvação. A pregação do evangelho é a palavra da cruz; é o Cristo crucificado; parece loucura para os que perecem, mas, para os salvos, é o poder de Deus (1 Co 1.18 KJA).
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Há muitos significados
figurados na cruz de Cristo:
nela, fomos crucificados para
o mundo (Gl 6.14); no sangue
da cruz, recebemos paz e
somos reconciliados com
Deus (Cl 1.20); na cruz, fomos
justificados (2 Co 5.21); na
cruz, além de reconciliados,
fomos salvos (Rm 5.10); na
cruz, recebemos nova vida (Gl
2.20).
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2. ESTÁ CONSUMADOEntão [...] exclamou Jesus: “Está consumado!”. E, inclinando a cabeça, entregou seu espírito (Jo 19.30 KJA).
Este versículo expressa a perfeita obediência do Filho ao Pai, pois condensa em si todo o plano de redenção da humanidade — predito nas profecias e figuras do Antigo Testamento. O Filho de Deus cumpriu Sua missão, ponto a ponto, desde que entrou no mundo (Jo 1.14), até o último momento de Sua vida terrena (Adaptado de: FILLION, L. Central Gospel, 2008. p. 982).

Se a manjedoura foi a porta de entrada do Redentor no mundo, a cruz foi a porta de saída; e, no espaço de tempo entre a manjedoura e a cruz, Ele cumpriu todo o propósito divino.
 
 2.1. Tetelestai, o preço foi pagoO vocábulo grego tetelestai era comumente usado por pessoas dos mais diferentes segmentos sociais (sacerdotes, servos, comerciantes, artistas etc.) para confirmar que o preço requerido por determinado serviço ou bem (material ou imaterial) fora pago. Cristo, o Filho de Deus, ao entregar-se na cruz, cumpriu inteiramente os requisitos justos de uma lei santa, pagando definitivamente o escrito de dívida, que era contra nós (Cl 2.14 ARA) (Adaptado de: WIERSBE, W. W. Central Gospel, 2008. p. 288).
 
2.2. Não lhe quebraram as pernasNa execução pela cruz, costumava-se desferir um golpe de misericórdia (crurifragium) contra o supliciado, apressando-lhe a morte, isto é, quebravam-se os ossos das pernas do condenado, como aconteceu com os ladrões que estavam ao lado de Jesus (Jo 19.32). Isso, no entanto, não foi feito ao nosso Salvador, pelo fato de já estar morto (Jo 19.33).
Sendo testemunha ocular dos fatos, João convida seus leitores a olharem para o Cristo transpassado, que cumpria, naquele momento, a profecia de Zacarias: E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram (Zc 12.10).
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“Está consumado” (gr.
tetelestai) é a declaração
de que nada mais ficou por
fazer. Isso é o que diferencia
o cristianismo das demais
religiões, pois, enquanto
todas as outras dizem
“faça!”, o cristianismo diz
“feito!”. Jesus completou a
obra redentiva no madeiro;
não resta ao homem
qualquer outro sacrifício a
fazer, senão crer.
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3. O SEPULCRO ESTÁ VAZIOA maior vitória do cristianismo não consiste apenas na cruz que Cristo ocupou por nós, mas na certeza de que o Seu sepulcro está vazio. Esta é a nossa esperança: não servimos um cristo morto, mas o Cristo vivo.

3.1. Ele ressuscitouConfúcio está no túmulo, Buda está no túmulo, Maomé está no túmulo, Gandhi está no túmulo, Allan Kardec está no túmulo, Chico Xavier está no túmulo, mas Jesus está vivo; a morte não pôde detê-lo; Seu túmulo está vazio! Este é o ápice da mensagem de João: o Crucificado ressuscitou! Se Jesus não tivesse ressuscitado, nossa fé seria vã e também a nossa pregação (1 Co 15.14).

As tentativas de varrer as evidências da ressurreição da História foram inúmeras, mas esta axiomática verdade prevalece: Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem (1 Co 15.20). Esta, aliás, é a mensagem arvorada pela Igreja. O Filho de Deus, que fora executado em uma
cruz, ressuscitou dentre os mortos (At 2.24-32).
A maior importância da ressurreição não está no passado — Cristo ressuscitou —, mas no presente — Cristo está — vivo (KREEFT; TACELLI. Central Gospel, 2008, p. 275). 
3.2. As testemunhasHá doze referências bíblicas às aparições do Cristo ressurreto. Testemunharam esse evento inadjetivável: Maria Madalena (Jo 20.15,16; Mc 16.9); as mulheres no túmulo (Mt 28.9); dois discípulos no caminho para Emaús (Lc 24.13-31); Pedro (Lc 24.34; 1 Co 15.5); dez discípulos (Tomé ausente; Jo 20.19); os Onze (incluindo Tomé; Jo 20.26); os sete discípulos que foram pescar (Jo 21.1-22); os Onze em algum monte na Galileia (Mt 28.16,17); os doze (incluindo Matias; 1 Co 15.5; At 1.21-26); Tiago, irmão do Senhor (1 Co 15.7); todos os apóstolos (1 Co 15.7; Mc 16.19,20; Lc 24.50-53; At 1.3-12,36); e outros 500 irmãos (1 Co 15.6 — a maior parte ainda estava viva quando Paulo escreveu esse texto, confirmando, assim, a ressurreição).
As aparições do Cristo ressurreto, além de confirmar Sua ressurreição, cumpriram o propósito de instruir os discípulos e fortalecê-los na fé.
 
CONCLUSÃOJoão começa seu Evangelho apresentando o Verbo de Deus (Jo 1.1); ao final do livro, ele inclui a confissão de Tomé a respeito do Cristo ressurreto — Senhor meu e Deus meu (Jo 20.28; grifo do comentarista) —, formando, assim, um “fecha parênteses” no relato da divindade do Messias.
Ao fim desta lição, fica a certeza de que Aquele que habita a eternidade foi o mesmo que se fez carne, habitou entre nós, morreu em uma cruz, mas venceu a morte, ressuscitou e vive para sempre (Ap 1.18)! A Ele, pois, seja a glória, a honra, a majestade e o louvor!
 
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO1. O que significa crurifragium, no contexto desta lição?
R.: Trata-se do golpe de misericórdia aplicado contra o condenado à crucificação, com vistas a apressar-lhe a morte. O termo designa o ato de quebrar os ossos das pernas do supliciado.

Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 57

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