ESCOLA DOMINICAL CPAD JOVENS - Conteúdo da Lição 2

Nem pobreza e nem riqueza, mas o necessário 
14 de Abril de 2019

TEXTO DO DIA 
“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21). 


SÍNTESE 
O dinheiro pode se tornar um deus ou um instrumento de bênção, tudo vai depender da forma como o crente o utiliza.


INTERAÇÃO Vivemos em uma sociedade onde o consumismo e a economia de mercado ditam as regras. Logo o dinheiro torna-se um “deus” que precisa ser exorcizado. Esse “deus” não se contenta em dominar o mundo secular e também em produzir uma “teologia consumista” que incentiva o atendimento rápido e a satisfação dos desejos pessoais. A relação entre a religião e o dinheiro tem se perpetuado por meio de uma valorização das “coisas” e a transformação do ser humano em mercadoria descartável. Jesus questionou tal filosofia. Ele nos convida a disseminar sua Palavra e seus ensinamentos, invertendo essa ordem de prioridade, valorizando as pessoas e não os bens materiais.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA 
Professor(a), após a explanação da lição peça aos alunos que pensem em três momentos de suas vidas em que ficaram felizes e motivados por algo que lhes aconteceu. Dê pelo menos uns três segundos para pensarem. Depois pergunte: Quantos destes momentos o motivo da satisfação está relacionado ao dinheiro? A experiência demonstra que a grande maioria das vezes o que mais tem deixado as pessoas motivadas e felizes não são o reconhecimento de virtudes pessoais, de trabalhos realizados, de atitudes nobres e valorização humana, mas o dinheiro ou bens materiais.

Faça a atividade e reflita a respeito do resultado com os alunos. Aproveite para enfatizar a importância dos valores espirituais e de um caráter cristão. Incentive-os a valorizar as pessoas e usar as coisas, nunca o contrário.

TEXTO BÍBLICO 

Deuteronômio 28.1-6; Mateus 6.19-24.


Deuteronômio 28
1 — E será que, se ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu te ordeno hoje, o SENHOR, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra.
2 — E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR, teu Deus:
3 — Bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo.
4 — Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e a criação das tuas vacas, e os rebanhos das tuas ovelhas.
5 — Bendito o teu cesto e a tua amassadeira.
6 — Bendito serás ao entrares e bendito serás ao saíres.

Mateus 6
19 — Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam.
20 — Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam.
21 — Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
22 — A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.
23 — Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
24 — Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO 

INTRODUÇÃO 
Essa lição abre uma série de quatro lições cujo tema é o uso correto do dinheiro. É evidente que a evolução da organização em sociedade, a fuga de uma vida rural para uma vida mais urbana, influenciou o uso do dinheiro e o acesso aos bens materiais aumentou, promovendo o uso das pessoas e o amor às “coisas”. Para analisarmos qual é a perspectiva cristã e bíblica em relação ao dinheiro, temos que primeiro analisar qual era a perspectiva do povo hebreu, e assim o faremos com base no texto de Deuteronômio 28.1-6. Somente depois poderemos analisar o ensino de Jesus em Mateus 6.19-24 e quais foram as suas recomendações aos seus discípulos.


I. A PROSPERIDADE FINANCEIRA NO ANTIGO TESTAMENTO (Dt 28.1-6) 

1. A prosperidade atrelada à obediência (v.1).
Os expoentes da Teologia da Prosperidade, erroneamente, defendem que aqueles que estão enfermos, enfrentando um tempo de escassez ou de sofrimento, estão em pecado ou perderam a fé. Na verdade, o propósito destes é a mercantilização da fé. A Teologia da Prosperidade também é conhecida como a Teologia da Retribuição. Segundo os ensinos errôneos desses falsos profetas, tal teologia é bem destacada no livro de Jó. Nesse livro, ela é representada pelos “amigos de Jó”.

Eles, ao chegarem para consolar Jó das desgraças que haviam lhe abatido, logo procuram a causa do ocorrido, buscando obter de Jó a confissão dos pecados cometidos. Para eles o pecado de Jó era a causa de todo sofrimento. Esse tipo de teologia defende e legitima a riqueza, pois segundo seus defensores, a riqueza é sinônimo de justiça, pureza e santidade. Por outro lado, a pobreza significa castigo pelo pecado e injustiça praticada. Jó questiona essa teologia, pois tinha convicção de sua comunhão com Deus e da vida íntegra que vivia. Ele era testemunha viva de que a obediência era fundamental para uma vida bem-sucedida, mas não significava que o obediente não enfrentaria adversidades. A Teologia da Prosperidadade é a “teologia da barganha” com Deus. Entretanto, já no Antigo Testamento tal ensino errôneo era questionado pelos servos de Deus, como por exemplo, Jó.

2. As bênçãos da prosperidade são consequências naturais (vv.2-5).
 É interessante notar que Deuteronômio 28.2-5 destaca que as bênçãos não são buscadas, elas são atraídas pela atitude obediente daqueles que ouvem e obedecem à voz de Deus: “E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR, teu Deus” (Dt 28.2). Desse modo, as melhores bênçãos são decorrentes do ouvir e obedecer ao Senhor. Qual seria o resultado na vida de uma pessoa que teme a Deus, o obedece e procura viver uma vida honesta, dedicada à sua família e ao trabalho? Evidente que as consequências serão as melhores possíveis, todavia essas pessoas também estão sujeitas a enfrentar dificuldades. Como nos mostra o Salmo 73, o ímpio também pode ser bem-sucedido em seus negócios e em outras áreas da vida. Contudo, do que vale essa prosperidade, sem a graça de Deus? No final eles perecerão: “Pois eis os que se alongam de ti perecerão; tu tens destruído todos aqueles que, apostatando, se desviam de ti” (Sl 73.27).

A prosperidade financeira não é um sinal da aprovação do Senhor. Temos de ser sábios e pedir ao Senhor discernimento para enfrentar as falsas doutrinas com relação ao uso do dinheiro e à prosperidade financeira. O crente precisa seguir o conselho de Agur em Provérbios 30.8: “[…] Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada”.

3. Bem-aventurado quem mantém sua integridade o tempo todo (v.6).
 O fato de possuir muitos bens materiais e prestígio pode significar, para algumas pessoas, sucesso e garantia de uma vida feliz. Contudo, isso não condiz com a realidade bíblica. Existem muitas pessoas desfrutando de prosperidade financeira, porém infelizes e depressivas. Da mesma forma, têm pessoas com um baixíssimo poder aquisitivo, porém felizes e desfrutando de paz. Assim, não é a riqueza ou a pobreza que define o sucesso. Segundo os padrões bíblicos, uma vida próspera é uma vida de comunhão com Deus e de obediência aos princípios bíblicos.

Segundo Eclesiastes 7.8, “o fim é melhor do que o começo” pois, existem pessoas que começam bem, mas não terminam bem. Deuteronômio 28.6 nos mostra que o ideal é desfrutar da bem-aventurança em todo o percurso de vida. Para isso, é preciso ser fiel a Deus em todo o tempo, independente das circunstâncias. No Antigo Testamento fica claro que muitos servos e servas, embora obedientes a Deus e fiéis, passaram por várias privações, como por exemplo o profeta Jeremias. No entanto, para quem não começou bem resta uma esperança, pode ainda terminar bem, se entrar pelo caminho da fé e obediência a Deus.

Pense! 
Você já tentou se aproximar de Deus, obedecer à sua Palavra e buscar a vontade dEle, pensando apenas em receber benefícios financeiros?


Ponto Importante 
Obedecer à Palavra de Deus é sempre a atitude correta, no entanto isso não pode ser usado como barganha para receber benefícios de Deus.


II. A PROSPERIDADE FINANCEIRA E O CRISTIANISMO 


1. O maior tesouro é fazer a vontade Deus e viver em paz (Mt 6.19-21).
Em uma sociedade consumista e centrada na economia de mercado, o dinheiro e os bens materiais assumem um papel peculiar. As pessoas são educadas para se ocuparem com o “ter”, como a busca por uma boa formação acadêmica, um emprego que dê uma boa projeção financeira e social, uma boa casa, um bom carro. Os desejos são muitos. Não há nenhum problema em se preparar para o mercado de trabalho e buscar conquistar uma boa posição financeira. O problema é quando isso se torna a única meta principal a ser atingida. Jesus adverte que o principal tesouro a ser conquistado não é o material, terreno, pois eles produzem satisfação e alegrias momentâneas, efêmeras. Em vez disso, Ele recomenda ajuntar tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não podem consumir (Mt 6.19).

2. A metáfora do olho como lâmpada do corpo (Mt 6.22,23).
O Reino de Deus irrompeu num tempo em que o mundo do primeiro século estava em profunda crise. A maioria, na pobreza, vivia ansiosa pelas coisas fundamentais à sobrevivência e em grande expectativa pelo futuro, com fé na esperança messiânica. Por outro lado, havia uma minoria que vivia em função do dinheiro e do que ele podia proporcionar. Eles não viam a obtenção do lucro, a qualquer custo, como um problema ético ou moral, mas como sinal de bênção divina.

Certa vez, Jesus falou a respeito da pureza dos olhos (Mt 6.22). O texto descreve dois tipos de olhos: O bom e o mau. O bom enxerga segundo a vontade de Deus. É um olhar livre da ansiedade obsessiva pelas provisões materiais. Por isso prioriza a caridade e a solidariedade, o que torna todo o corpo luminoso. O olho mau revela o interesse exagerado pela riqueza egoísta, buscando o acúmulo de bens, ainda que estes sejam adquiridos de forma corrupta e torna todo o corpo tenebroso. Jesus mostra que as escolhas humanas são moldadas pela visão de mundo de cada pessoa. Desse modo, o “olho” é que determinará o futuro do corpo, o lugar para onde irá.

3. A escolha entre servir a Deus ou ao materialismo, o deus Mamom (Mt 6.24).
Em todo o capítulo 6 de Mateus o tema recorrente é o compromisso do coração. Um compromisso desvirtuado tem como foco o acúmulo de bens materiais. Jesus adverte, constantemente, a respeito da motivação egoísta do nosso coração. Quando Mateus se refere ao Diabo e suas tentações, ele se concentra nos aspectos econômicos da vida. O ser humano é tentado pelas ambições pessoais, pelo desejo de ter mais do que necessário, mesmo que para isso tenha que tirar dos desfavorecidos, como tem ocorrido em muitas nações.

No versículo 24, Jesus adverte que ninguém pode servir a dois senhores, pois para muitos o dinheiro já se tornou um deus. Mamom, é o deus do egoísmo e contrário ao amor. Para se livrar desse “demônio” e de suas tentações é preciso, em primeiro lugar, voltar-se para Deus de todo o coração e resistir ao amor ao dinheiro. Precisamos aprender a fazer um uso sábio e prudente dos recursos materiais, pois ninguém pode servir a dois senhores. Não tem como amar e ser fiel a Deus e a Mamom, por isso a decisão de quem servir é pessoal e inevitável (1Jo 2.15; Tg 4.4). Escolha servir a Deus, ainda que isso exija de você sacrifícios e renúncias.

Pense! 
Jovem, a quem você tem servido: A Deus ou ao dinheiro (Mamom)?
 
Ponto Importante 
Jesus contrasta tesouros terrenos e destrutíveis com a incorruptibilidade das riquezas celestiais, reservadas a quem prioriza a vontade de Deus.

CONCLUSÃO 
Os amigos de Jó acreditavam que ele deveria ter cometido um terrível pecado, por isso lhe sobrevieram tantas dores e infortúnios. Muitos acreditam, como os amigos de Jó, que quando temos saúde, bens materiais e não enfrentamos lutas e provações estamos fazendo a vontade de Deus e em comunhão com Ele. Contudo, Jesus nos alertou que no mundo teríamos aflições (Jo 16.33). Jesus combateu o amor ao dinheiro e propagou a prática da solidariedade e a valorização das pessoas e não dos bens. Os valores de Jesus, do Reino de Deus, são imutáveis e inegociáveis e precisam ser observados por sua Igreja.

ESTANTE DO PROFESSOR 
DEVER, Mark. A Mensagem do Antigo Testamento: Uma Exposição Teológica e Homilética. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2015.

HORA DA REVISÃO 

1. Segundo a lição, qual o outro nome da Teologia da Prosperidade? 
Teologia da Retribuição que é evidenciada no livro de Jó.

2. Qual foi o sábio pedido de Agur a Deus? 
“Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada” (Pv 30.8).

3. De acordo com a lição, qual é o maior tesouro para se obter? 
O maior tesouro é fazer a vontade Deus e viver em paz.

4. Se nossos olhos forem bons, qual será o resultado (Mt 6.22)? 
Todo o corpo será luminoso.

5. Segundo a lição, como se livrar de Mamom? 
Para se livrar desse “demônio” e de suas tentações é preciso, em primeiro lugar, resistir o amor ao dinheiro e as vantagens egoístas que ele pode proporcionar. Fazer um uso sábio e prudente dos recursos materiais.


SUBSÍDIO 

“[…] que tipo de escolha Deuteronômio afirma que temos de fazer? Temos de fazer uma escolha totalmente pessoal para nós, e em sua relevância em relação a Deus. Vejamos os dois lados dessa equação. Primeiro, a obrigação de fazer a escolha cabe a nós, como indivíduos. Deuteronômio, em todas suas páginas, apresenta o contraste muito claro entre bênção e maldição […]. Basicamente, temos duas escolhas disponíveis em relação a nossa maneira de viver, embora o povo de Deus possa escolher errar de muitas formas, — o pecado entra de muitas maneiras em nossa vida: podemos nos concentrar no único Deus verdadeiro ou em outros deuses ou ídolos. Isso nos leva a outro lado da equação. Nossa decisão de escolher a Deus não é apenas pessoal para nós, mas ela também é pessoalmente relevante em relação a Ele, pois encara nossas encolhas e nossos pecados de forma bastante pessoal. Quando pecamos, sejam quais forem as especificidades do pecado, servimos a um ídolo, a alguém ou a algo que não seja Deus. E isso, é uma afronta pessoal a Ele. Além disso, Deuteronômio e o resto da Bíblia, às vezes, referem-se à desobediência como falta de crença no Senhor” (DEVER, Mark. A Mensagem do Antigo Testamento: Uma Exposição Teológica e Homilética. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2015, pp.168,169).  https://marcosandreclubdateologia.blogspot.com/