ESCOLA DOMINICAL CPAD JOVENS - Lição 1


E recebereis a virtude do Espírito Santo
6 de outubro de 2019



TEXTO DO DIA
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).

SÍNTESE
A virtude do Espírito Santo é a promessa que Deus fez ao crente fiel, cumprida no dia de Pentecostes.

INTERAÇÃO
Antes de Jesus ser levado para o céu, instruiu seus discípulos a evangelizarem e ensinarem todas as nações (Mt 28.19,20). O livro de Atos detalha o testemunho dos primeiros cristãos e o crescimento da Igreja. Contudo, Jesus também ordenou que eles ficassem na cidade de Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder (At 1.8). Eles obedeceram e no dia de Pentecostes todos foram cheios do Espírito Santo e equipados para espalhar as Boas Novas pelo mundo. Atos é o único livro bíblico que narra a história da Igreja após a ascensão de Jesus e o derramamento do Espírito Santo.

Era um pequeno grupo de crentes temerosos, mas depois do cumprimento de Atos 1.8, os crentes movidos pelo Espírito Santo, espalharam o Evangelho por toda a terra com demonstrações de poder e milagres. Que neste trimestre sejamos todos cheios do Espírito Santo e que venhamos experimentar os milagres do Senhor em nossas vidas.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Caro professor(a), inicie a aula fazendo a seguinte pergunta: “Qual é o papel do Espírito Santo na vida do crente e na Igreja?”. Palavras como “poder”, “consolo”, “santificação”, “instrução” poderão ser ditas. Depois os indague novamente perguntando: “Que poder o Espírito Santo nos dá especificamente?”. Embora sejam verdades fundamentais de nossa fé e pareçam óbvias, é importante essa discussão inicial para despertar a conscientização dessas questões. Explique, na primeira aula, que o livro de Atos não é apenas um livro histórico sobre o início da Igreja. Nele encontramos verdades que contribuem para o consolo, a edificação e exortação da Igreja atual.

TEXTO BÍBLICO

Atos 1.1-14
1 — Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar,
2 — até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
3 — aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus.
4 — E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.
5 — Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.
6 — Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
7 — E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.
8 — Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.
9 — E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.
10 — E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco,
11 — os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.
12 — Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um sábado.
13 — E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
14 — Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO
Estudaremos neste trimestre o livro de Atos dos Apóstolos, em especial os milagres que aconteceram na Igreja Primitiva. Este livro é singular para o crente e para a Igreja, pois nele recebemos, de Jesus, suas últimas palavras ainda aqui na terra e o que devemos fazer até que Ele volte.

Obedecendo às instruções do Mestre, os discípulos aguardam a promessa da vinda do Espírito Santo (At 1.4) e com o Pentecostes nasce a Igreja de Cristo. Sinais e maravilhas acompanharam o início da Igreja, apesar das dificuldades e perseguição. Cremos que o Espírito que realizou grandes coisas, por meio da Igreja naquele tempo, é o mesmo que está disponível para nós hoje. Estudemos este livro com apreço e fé, crendo que o Senhor deseja derramar seu poder em nosso meio.

I. O LIVRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS

1. Aspectos gerais.
Atos dos Apóstolos retrata o início da Igreja a partir da descida do Espírito Santo. O livro registra a promessa de que Jesus voltará, mas essa promessa mostra algo que precisava ser realizado, pelos seus discípulos, antes do seu retorno: a expansão do Evangelho em Jerusalém e até os confins da terra (At 1.8). Para contribuir de modo efetivo com a expansão do Evangelho, os discípulos poderiam contar com a capacitação proveniente do Espírito Santo, além da operação de milagres que glorificaria o nome do Senhor Jesus. Alguém já sugeriu que o nome do livro poderia ser “Atos do Espírito Santo” em virtude da sua atuação constante por toda a obra. Os personagens principais do livro são: Pedro, Filipe, Estêvão e Paulo. Esses homens foram poderosamente usados por Deus para a expansão do Reino de Deus aqui na terra.

2. Gênero literário.
O livro de Atos é uma continuidade de um dos quatro Evangelhos, a saber, o de Lucas. Na verdade, o Evangelho de Lucas e Atos são dois volumes de uma mesma obra, demonstrado no início dos dois livros nas dedicatórias e na referência ao “primeiro relato” em Atos 1.1. Os outros Evangelhos não relatam muito sobre o que ocorreu depois da ressurreição de Jesus, mas apenas Lucas nos dá mais detalhes como a ascensão e o que seguiria (Lc 24.52). Isso nos mostra que o autor de Lucas, o mesmo de Atos, está interessado no que acontece depois, e vai abordar isso no livro de Atos.

3. Autoria e data.
O autor do livro de Atos é Lucas, o mesmo que escreveu o terceiro Evangelho. Lucas, o “médico amado”, provavelmente de Antioquia, foi companheiro de viagem de Paulo. Homem culto, escreveu o Evangelho com mais detalhes a respeito da vida de Jesus em um grego versátil com finezas gramaticais. Embora não tenha sido um apóstolo nem tenha conhecido a Jesus pessoalmente, seus escritos são fonte de uma “acurada investigação de tudo desde o princípio”, como ele mesmo diz em Lucas 1.3.

O livro foi escrito, provavelmente, entre os anos 69-79 d.C., no Império Romano na liderança de Vespasiano.

Pense!
Por que o livro de Atos não se encaixa nas outras categorias de livros do Novo Testamento?

Ponto Importante
O livro de Atos é fundamental para conhecermos como se deu o início da Igreja Primitiva e a expansão do Reino de Deus no primeiro século.

II. A PROMESSA DA VINDA DO ESPÍRITO SANTO

1. Promessa feita no Antigo Testamento.
Deus já havia falado séculos antes, por meio do profeta Joel, que derramaria seu Espírito sobre toda carne. Os filhos e filhas profetizariam, os velhos sonhariam e os jovens teriam visões. Sobre servos e servas, Deus derramaria do seu Espírito (Jl 2.28,29). Isso aconteceria “depois”, ou seja, nos últimos dias. Esses últimos dias iniciaram-se justamente com a vinda, morte e ressurreição de Jesus. Então vivemos esses “últimos dias” independentemente de quão longe de fato eles estejam. O fato é que o profeta do Antigo Testamento alerta de que nos últimos dias haveria um derramamento do Espírito de Deus. Logo após o Pentecostes, Pedro confirma essa promessa quando, em seu discurso, explica ao povo que tudo que tinham visto e ouvido era apena o cumprimento da promessa (At 2.14-26).

2. Promessa feita no Novo Testamento.
Quando João Batista apareceu em cena falando de seu propósito, deixou claro ao povo que ele batizaria com água para arrependimento, mas aquele que viria depois dele batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16). Quando Jesus foi até João para ser batizado no rio Jordão, o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba (Lc 3.21,22).

Jesus também fez menção da descida do Espírito Santo quando estava no último dia da Festa dos Tabernáculos. Nesta ocasião, Ele fez um convite a todos que tinham sede, pois quem nEle crê, como diz a Escritura, rios de água viva correram do seu ventre (Jo 7.37). Jesus estava se referindo ao Espírito Santo, pois Ele ainda não havia sido glorificado (Jo 7.37-39). Deus cumpre suas promessas e sua Palavra não falha.

3. Orientações sobre o cumprimento da promessa.
No início do livro de Atos, o autor narra que Jesus, depois de ter ressuscitado, apresentou-se aos apóstolos com muitas provas incontestáveis e falou a respeito do Reino de Deus, determinando que não se ausentassem de Jerusalém até que a promessa do Pai se cumprisse (At 1.3,4). Jesus deu uma ordem e a obediência é sempre necessária para que suas promessas se cumpram em nossas vidas, como aconteceu com aqueles discípulos de Jesus.

Mediante a orientação de Jesus aos seus discípulos para que ficassem na cidade de Jerusalém até que fossem do alto revestidos de poder, os discípulos perguntam se era naquele tempo que Jesus restauraria Israel. Não entenderam a amplitude da promessa. Não era sobre quando nem apenas sobre Israel. Então Jesus explica que a promessa não era sobre ficar especulando tempos e datas, mas se tratava de poder para testemunhar as Boas Novas até os confins da terra.

Pense!
Deus não retarda as suas promessas. Ele faz tudo no tempo certo.

Ponto Importante
Deus é senhor do tempo. Ele cumpre com as suas promessas, ainda que alguns não creiam.

III. O PROPÓSITO DA PROMESSA

1. Poder para testemunhar.
Jesus deixa claro aos seus discípulos que a virtude, ou poder do Espírito Santo que receberiam, era para conceder poder para testemunhar. Sem poder não há testemunho eficaz. Não podemos confundir poder divino com barulho ou movimentação. Nem sempre cultos e pessoas “barulhentas” estão realmente cheias do Espírito Santo. Ser cheio do Espírito Santo é viver uma vida de santidade, cujas ações glorificam o nome de Jesus.

Em um julgamento, a testemunha só fala quando solicitada. Embora compreendamos que devemos, sim, falar de Jesus Cristo sempre que tivermos a oportunidade, uma vida de poder começa pelo testemunho mediante o comportamento, as ações. Tomemos como exemplo a mulher sunamita em relação a Eliseu. A mulher disse ao seu marido que aquele que sempre passava por eles era um santo homem de Deus (2Rs 4.9).

2. Alcançar todos os povos.
Quando Jesus ordenou aos discípulos pregarem na Judeia, Samaria e até aos confins da terra, Ele estava mostrando como alcançar o mundo de forma simultânea e constante. Os crentes que foram dispersos pela perseguição que se dera no primeiro século, espalharam, mediante a pregação da Palavra, o Evangelho até os confins da terra (At 8.4-6). Hoje não é diferente. Deus deseja que sejamos cheios do Espírito Santo para transpormos as barreiras culturais e, independentemente de onde estivermos, alcancemos pessoas para Cristo. Isso não é uma tarefa apenas dos missionários, mas de todos que fazem parte da Igreja de Cristo (Mt 28.19,20).

3. Perseverar em oração.
Depois que receberam de Jesus a promessa do Espírito Santo os discípulos voltaram para Jerusalém e foram diretamente para o cenáculo. Ali, juntamente com as mulheres, se reuniam para orar e buscar ao Senhor (At 1.14). É interessante notar que eles não ficaram ociosos enquanto esperavam a promessa. Eles se entregaram à oração. Algumas pessoas erroneamente pensam: Se Deus prometeu Ele vai cumprir, não importa o que eu faça. Não! A promessa os impulsionou a buscar mais ao Senhor e perseverar em oração. Essa deve ser a atitude de cada crente que já recebeu as muitas promessas registradas na Bíblia. Uma vida de busca ao Senhor, em oração, deve ser o desejo do jovem que almeja que os planos de Deus se cumpram em sua vida (1Ts 5.17).

Pense!
Por que Jesus fez a promessa do recebimento da virtude do Espírito?

Ponto Importante
Jesus já tinha avisado aos seus discípulos que eles receberiam o Espírito Santo e poder para testemunhar por todo o mundo (At 1.8).

CONCLUSÃO
A promessa do recebimento da virtude do Espírito foi afirmada no Antigo Testamento e ratificada no Novo. Tal revestimento de poder não foi somente para as pessoas nos dias de Jesus, mas para todos que creem até os dias de hoje. Deus deseja que recebamos essa virtude para sermos suas testemunhas até os confins da terra.

ESTANTE DO PROFESSOR
CARVALHO, César Moisés. Pentacostalismo e Pós-modernidade: Quando a experiência sobrepõe à Teologia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017.

HORA DA REVISÃO

1. Por que o livro de Atos é diferente dos demais?
Porque ele é o único livro que trata especificamente do que aconteceu depois da ascensão de Jesus. Ele não é um Evangelho e também não é uma Carta, mas é um livro histórico e ao mesmo tempo doutrinário.

2. Cite um exemplo da promessa do derramamento do Espírito Santo feita no Antigo Testamento.
O profeta Joel fala da promessa de Deus sobre a vinda da virtude do Espírito (Jl 2.28,29).

3. Quais as instruções de Jesus para se cumprir a promessa?
Que eles, os discípulos, ficassem em Jerusalém.

4. O que os discípulos fizeram enquanto aguardavam a promessa?
Eles ficaram em Jerusalém conforme Jesus havia pedido e perseveraram em oração (At 1.12-14).

5. Por que é importante o crente buscar a virtude do Espírito?
É importante, pois o revestimento de poder do alto nos ajuda a sermos testemunhas de Cristo e a realizarmos sua obra.

SUBSÍDIO
“Paulo acreditava que ‘tudo que dantes [isto é, no Antigo Testamento] foi escrito para nosso ensino foi escrito’ (Rm 15.4), também os pentecostais acreditam que tudo que está registrado em Atos, nos Evangelhos ou nas Epístolas, tem o propósito de instruir. Há motivo suficiente, portanto, para concluir que Lucas pretendia ensinar a Teófilo um modelo que este podia considerar normativo para a formulação de doutrina, prática e experiência.

Os pentecostais não estão sozinhos na posição teológica quanto às narrativas históricas. I. Howard Marshall, evangélico não pentecostal de destaque, propõe que Lucas era tanto historiador quanto teólogo. Sendo correta a opinião de Marshall, o material de Lucas, da mesma forma que o dos demais teólogos do Novo Testamento, é fonte válida para as normas de doutrina e prática cristãs. Menzies observa que há ‘um corpo crescente de erudição substancial que aponta na direção de uma nítida teologia lucana do Espírito em Lucas/Atos, apoiando o conceito da normatividade’. Gary B. McGee cita mais estudiosos com opiniões semelhantes a respeito da natureza teológica dos escritos de Lucas. Conclui: ‘Hermeneuticamente, portanto, os pentecostais fazem parte de uma linhagem respeitada e histórica de cristãos evangélicos que têm reconhecido legitimamente que Atos dos Apóstolos é um repositório vital de verdades teológicas’! (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996).
https://marcosandreclubdateologia.blogspot.com/