A iluminação espiritual do crente
26 de Abril de 2020
TEXTO ÁUREO
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação” (Ef 1.17).
VERDADE PRÁTICA
A vocação do crente inclui a herança de preciosas riquezas conferidas aos eleitos pela grandeza do poder de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — 1Co 2.14,15
As coisas espirituais são discernidas espiritualmente
Terça — 1Co 13.12
O crente tem a promessa de conhecer a Deus face a face
Quarta — 2Pe 1.4
O poder divino é capaz de transformar o homem
Quinta — 1Co 15.56,57
O triunfo sobre a morte está assegurado aos salvos
Sexta — 1Ts 4.14
A ressurreição de Jesus é a garantia da nossa ressurreição
Sábado — Mt 16.18
Nenhuma potestade do ar pode prevalecer contra a Igreja
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 1.15-23.
15 — Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para com todos os santos,
16 — não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações,
17 — para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,
18 — tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos
19 — e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,
20 — que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus,
21 — acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.
22 — E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja,
23 — que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.
HINOS SUGERIDOS
300, 311 e 491 da Harpa Cristã.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
O plano de salvação divina revela uma santa vocação, as riquezas da herança divina e a grandeza do poder de Deus. Uma vez salvos, somos vocacionados para a santidade, o serviço e a participação gloriosa no porvir. Uma vez salvos, desfrutamos das riquezas da glória divina experimentando o perdão dos pecados, a adoção de filhos e as bênçãos a ser desfrutadas no porvir. Uma vez salvos, seremos glorificados a exemplo de Cristo Jesus. Nesta lição, estudaremos as bênçãos espirituais e a profunda esperança que cada crente deve guardar em Cristo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Ainda no primeiro capítulo, o apóstolo Paulo inicia uma longa sentença assim dividida: ação de graças (1.15,16), oração intercessora (1.17-19) e confissão de louvor e exaltação (1.20-23). Nessa sentença somos exortados a louvar ao Senhor pela nossa eleição, buscar a iluminação do Espírito para compreender a dimensão de nossa chamada e herança divina, bem como entender a grandeza do poder de nosso Deus.
I. A ESPERANÇA DA VOCAÇÃO E AS RIQUEZAS DA GLÓRIA
O apóstolo ensina que os salvos precisam ser iluminados para compreenderem quais são a esperança da vocação e as riquezas da glória da sua herança.
1. Ação de graças e intercessão.
O apóstolo se alegra em dar graças a Deus pela vida dos eleitos (1.16) e por todas as bênçãos espirituais recebidas, tais como: a eleição, a predestinação, a filiação e o dom do Espírito Santo (1.3-14). Ele intercede para que seja concedido aos seus leitores “o espírito de sabedoria e de revelação” (1.17). Paulo estava ciente de quão maravilhoso é o Evangelho, mas ao mesmo, de quão impossível é alguém perceber a glória dessas boas novas sem ser ensinado por Deus (1Co 2.14,15). Por isso, ele rogava para que os crentes recebessem a capacidade de compreenderem, por meio do Espírito Santo, a esperança da chamada, as riquezas da herança e a grandeza do poder de Deus (1.18,19).
2. A esperança da vocação.
Em sua petição a Deus, Paulo intercede para que o Espírito Santo ilumine os crentes a fim de saberem “qual seja a esperança da sua vocação” (1.18). Assim, eles seriam capazes de experimentar e conhecer profunda e espiritualmente os privilégios de serem vocacionados. Podemos dizer que tal esperança divide-se em pelo menos três aspectos: a) Deus chamou pessoas no passado (2Tm 1.9), ou seja, uma chamada em que Ele teve a iniciativa por meio da eleição em Cristo, da qual fazemos parte (1.3-14); b) a chamada abrange serviço e santificação no presente (Fp 3.14), isto é, achar-se irrepreensível, viver em comunhão e andar de modo digno (1.4; 2.11-18; 4.1); c) a participação gloriosa no futuro (5.27), que compreende a vida eterna e a esperança de conhecer Deus face a face (1Co 13.12).
3. As riquezas da glória da sua herança.
Na oração, o apóstolo pede para que os crentes entendessem “as riquezas da glória da sua herança” (1.18). A expressão “sua herança” enfatiza o que Deus deu aos seus eleitos (Cl 1.12). Já o termo “riquezas” refere-se às maravilhosas bênçãos que acompanham o plano da salvação, tais como: o perdão dos pecados, a adoção de filhos e as bênçãos que serão desfrutadas no porvir (Cl 1.27; 1Pe 1.4,5), como por exemplo: vermos a Deus, a Cristo e O adorarmos (Ap 22.3,4). Sim, no dia aprazado, os fiéis estarão reunidos nas bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Então, os salvos tomarão posse da herança preparada desde a fundação do mundo (Mt 25.34).
SUBSÍDIO DIDÁTICO—PEDAGÓGICO
É importante introduzir esta aula lendo com a classe os versículos 15-17. Esses versículos retratam a ação de graças e a intercessão apostólica. Para introduzir este tópico, além do texto do comentário, leve em conta o seguinte fragmento de texto: “Será muito importante observar o relacionamento entre 1.3-14 e 1.15-23. O primeiro representa um profundo hino de louvor pelas bênçãos redentoras de Deus em Cristo; o último é uma oração de intercessão para que os olhos espirituais dos crentes se abram para, através da experiência, alcançarem a compreensão da plenitude dessas bênçãos. Dessa forma, Paulo faz junção do louvor com a oração, da adoração com a intercessão, como dois componentes necessários ao verdadeiro conhecimento de Deus” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. RJ: CPAD, 2017, p.403).
II. A SOBRE-EXCELENTE GRANDEZA E FORÇA DO PODER DIVINO
O poder divino é imensurável e nada pode detê-lo. Em sua Carta, Paulo se esmera no esforço de traduzir a grandiosidade e a eficácia desse poder que opera em favor dos crentes.
1. A sobre-excelente grandeza do seu poder.
O apóstolo orou para que os salvos pudessem entender a “sobre-excelente grandeza do poder de Deus” (1.19). Perceba que a palavra “sobre-excelente” é traduzida do grego uperballõ , que na forma adjetivada significa “extraordinário” (2Co 4.7). Já a expressão seguinte, megethos (grandeza), objetiva enaltecer a magnitude do poder de Deus que a tudo sobrepuja (Mt 26.64). O termo dunamis , aqui traduzido por “poder”, indica feitos miraculosos que requerem força “fora de medida” (At 8.13). Logo, a repetição desses termos indica que apenas o maior de todos os poderes é capaz de realizar a transformação e a salvação do homem (2Pe 1.4); e que somente um poder tão grande assim pode operar e concretizar as bênçãos inclusas na “esperança da vocação” e nas “riquezas da herança” (1.18).
2. A força do poder divino.
Na sentença “segundo a operação da força do seu poder” (Ef 1.19), o apóstolo faz uso de três vocábulos gregos concordes entre si. Primeiro, a palavra “operação”, que é a tradução de energeia , e também significa “eficácia”, sinalizando a ideia de “poder em atividade” (Cl 1.29). Segundo, a expressão “força” vem do termo kratos , que traz a ideia de “intensidade”. E, finalmente, ischus , que indica o “poder inerente” de Deus (Jo 1.12; 2Pe 2.11). A associação desses conceitos revela o poder potencial de Deus que, inerente à sua natureza divina, opera em favor dos que creem. Para aprofundar essa impressionante descrição, Paulo apresenta três exemplos irrefutáveis da força desse poder: (1) A ressurreição de Cristo; (2) sua ascensão à direita de Deus nos céus (1.20); e (3) sua elevação acima de todo o domínio (1.21,22).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A NATUREZA DE DEUS
O Deus onipotente não pode ser plenamente compreendido pelo ser humano, mas nem por isso deixou de se revelar de diversas maneiras e em várias ocasiões a fim de que o venhamos a conhecer. Deus não pode ser compreendido pela mera lógica humana, e nem sequer sua própria existência pode ser comprovada desta maneira. Com isso, queremos dizer que não de forma alguma diminuindo os seus atributos, fazendo uma declaração confessional das nossas limitações e da infinitude divina. Nosso modo de entender a Deus pode ser classificado em duas pressuposições primárias: (1) Deus existe; e (2) Ele se revelou a nós de modo adequado através da sua revelação inspirada.
[…] Além disso, Deus está sustentando ativamente o mundo que criou. Na conservação, Ele sustenta a criação através de leis estabelecidas (At 17.25). Na providência, Ele controla todas as coisas existentes no Universo, com o propósito de levar a efeito seu plano sábio e amoroso, de forma que não venha a interferir na liberdade das suas criaturas (Gn 20.6; 50.20; Jó 1.12; Rm 1.24)” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2018, pp.151,153).
III. CRISTO: NOSSO EXEMPLO DE EXALTAÇÃO
Nesse ponto veremos três aspectos da exaltação de Cristo que atestam a grandiosidade do Poder de Deus disponível também aos crentes.
1. Cristo: As primícias dos que dormem.
Paulo enfatiza que o poder de Deus se “manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos” (1.20). De fato, o Novo Testamento descreve a ressurreição de Cristo como obra do poder de Deus Pai (At 2.24; 3.26; 17.31). Ao ressurgir dentre os mortos, Cristo foi feito as primícias dos que dormem (1Co 15.20-22). Assim sendo, a ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados (1Ts 4.14). O mesmo poder que ressuscitou a Cristo está disponível também aos salvos (2.6). Desse modo, os crentes vencerão a morte e se erguerão gloriosamente de seus sepulcros para reinarem com Cristo eternamente (Jo 5.28,29; Fp 3.20,21).
2. Cristo elevado à direita de Deus.
Paulo reforça o poder de Deus quando da elevação de Cristo ao trono: “Pondo-o à sua direita nos céus” (1.20). Aqui está em foco à ascensão de Cristo em referência a promessa messiânica (Sl 110; At 1.6). O grau de exaltação para uma posição de honra e autoridade indica o completo triunfo de Cristo sobre o pecado e as forças do mal (Fp 2.9-11; Cl 2.15). Esse triunfo também está assegurado aos salvos (1Co 15.56,57) e endossa nossa participação na vida celestial, conforme indica a expressão “nos fez assentar nos lugares celestiais” (2.6). Assim, tanto a ressurreição como à ascensão de Cristo são obras do poder do Pai.
3. Cristo exaltado sobremaneira.
Nesse ponto, Paulo ensina que o poder de Deus exaltou Cristo “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia” (1.21). Significa que Ele foi exaltado acima de toda eminência do bem e do mal e de todo título que se possa conferir nessa era e também no porvir. O resultado desse triunfo traz duplo benefício para a Igreja: primeiro, que Deus fez Cristo o cabeça da Igreja (1.22); e, segundo, que Deus designou a Igreja para ser a expressão plena de Cristo (1.23). Isso significa que nenhum poder pode prevalecer contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A ênfase no Novo Testamento recai mais na ressurreição do corpo do que naquilo que acontece imediatamente depois da morte. A morte continua sendo uma inimiga, mas já não é para ser temida (1Co 15.55-57; Hb 2.15). Para o crente, o viver é Cristo e o morrer é lucro; isto significa que morrer é receber mais de Cristo (Fp 1.21). Logo, morrer e estar com Cristo é muito melhor que permanecer no corpo presente, embora devamos ficar aqui enquanto Deus considera que isso seja necessário (Fp 1.23,24). Depois disso, a morte nos trará o repouso ou cessação das nossas labutas e sofrimentos terrestres, e a entrada na glória (2Co 4.17; cf. 2Pe 1.10,11; Ap 14.13)” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2018, p.621).
CONCLUSÃO
Embevecido com as bênçãos espirituais, Paulo mantém adoração contínua ao Eterno Deus, atitude que deve ser seguida por todos os salvos. A compreensão das dádivas da salvação demonstra o excelso valor daquilo que Deus fez por nós. Seus atos poderosos viabilizam a transformação e a glorificação dos que creem. Aleluia!
PARA REFLETIR
A respeito de “A Iluminação Espiritual do Crente”, responda:
Quais são as bênçãos espirituais recebidas que o autor destaca na lição?
A eleição, a predestinação, a filiação e o dom do Espírito Santo (1.3-14).
Segundo a lição, qual o motivo da oração de Paulo pelos salvos?
O apóstolo orou para que os salvos pudessem entender a “sobre-excelente grandeza do poder de Deus” (1.19).
Cite os três exemplos irrefutáveis que Paulo apresenta acerca da “força do poder” de Deus.
Paulo apresenta três exemplos irrefutáveis da força desse poder: (1) A ressurreição de Cristo; (2) sua ascensão à direita de Deus nos céus (1.20); e (3) sua elevação acima de todo o domínio (1.21,22).
Segundo a lição, como o Novo Testamento descreve a ressurreição de Cristo?
O Novo Testamento descreve a ressurreição de Cristo como obra do poder de Deus Pai (At 2.24; 3.26; 17.31).
Qual o duplo benefício que o triunfo de Cristo traz a Igreja?
O resultado desse triunfo traz duplo benefício para a Igreja: primeiro, que Deus fez Cristo o cabeça da Igreja (1.22); e, segundo, que Deus designou a Igreja para ser a expressão plena de Cristo (1.23).
VOCABULÁRIO
Aprazado: Delimitado, fixado, designado.
Concordes: Que concorda; em plena harmonia.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE
Na Carta aos Efésios, o apóstolo ora para que os crentes, “tendo os olhos iluminados do vosso entendimento”, conheçam a dimensão da sua vocação, as riquezas da herança divina e a grandeza do poder de Deus. Só pode compreender esse mistério espiritual quem tem a mente voltada para o Céu. Nesse sentido, você tem o objetivo central de esclarecer a dimensão da nossa chamada para a salvação, destacando a vocação e as riquezas na herança divina a que temos direito em Cristo, salientando a grandiosidade do poder divino que opera em favor dos crentes, e expressando a exaltação em Cristo como resultado do poder grandioso de Deus. Essa é a iluminação que o apóstolo pede em sua oração para que os crentes compreendam acerca de quem eles são e a Quem eles pertencem.
Resumo da lição
A lição gira em torno deste ponto central: a herança de preciosas riquezas espirituais conferidas aos eleitos faz parte da vocação do crente. Nesse sentido, o primeiro tópico versa acerca da esperança da vocação e das riquezas da glória, mostrando que os santos devem louvar a Deus pela eleição e por conhecer tamanha esperança do chamado e das riquezas que fazem parte de nossa herança.
Essa esperança e esse chamado são consequências da sobre-excelente grandeza e força do poder de Deus, e isso marca o segundo tópico da lição em que fica exposto que o poder de Deus é extraordinário e supera todo e qualquer outro poder. Ele opera no interesse de salvar a humanidade caída, ou seja, Deus em seu incomensurável amor atua para salvar a humanidade.
O exemplo prático dessa sobre-excelente grandeza do poder de Deus é aplicado no terceiro tópico: como o poder de Deus ressuscitou a Cristo e o elevou à sua direita. Tanto a ressurreição quanto o assentar-se nos céus está disponível aos crentes e, de semelhante modo, a glorificação por meio do grande poder de Deus.
Aplicação
Ao concluir esta lição, você deve ter como meta conscientizar os alunos quanto às riquezas da glória de Deus, quanto ao privilégio de desfrutar do Seu perdão, de sermos adotados como filhos e participar das bênçãos espirituais. Faça um apelo aos alunos para que suas mentes sejam elevadas aos céus, ou seja, às coisas espirituais. Que eles reflitam seriamente sobre a necessidade de fortalecer o nosso “homem interior” pelo poder do Espírito, do qual o apóstolo ora em sua Epístola (Ef 3.16), de modo que tudo em nós resplandeça a glória de Cristo.
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