Sobre os Caminhos do SenhorO Salmo 25 é um salmo de lamentação. Mas, em meio à sua dor, Davi pede ao Senhor que o perdoe. Embora contendo elementos de salmo de lamentação e de salmo penitencial, a combinação desses dois formatos o torna único. Ele forma um acróstico, com uma linha poética para cada letra sucessiva do alfabeto hebraico. A estrutura do salmo é a seguinte: (1) apelo introdutório de Davi para que não seja humilhado perante os seus inimigos (v. 1-3); (2) chamado a Deus para que perdoe o salmista (v. 4-7); (3) enfoque sobre o caráter de Deus (v. 8-10); (4) novo apelo de Davi a Deus para que o perdoe (v. 11-18); (5) apelo de encerramento de Davi para que não seja envergonhado perante os seus inimigos (v. 19-21); (6) prece de conclusão, por Israel (v. 22).25.1-3 — Não me deixes confundido é o apelo de abertura e encerramento do Salmo 25 (v. 20). A vergonha (confusão) é o fim que Deus tem para Seus inimigos (Sl 35.26), mas não para Seus fiéis. Os que esperam. Esperar no Senhor é ter esperança somente nele (Sl 25.5; 40.1).No original, Davi fala em “elevar sua alma a Deus”, o que indica dedicar-se à comunhão com Deus, voltar seus pensamentos para ele, falar com ele, ler e meditar em sua palavra. Salva-me da vergonha da derrota. O salmista reconhece que não há ninguém outro a quem possamos elevar e entregar a nossa alma. Por isso, pede socorro a Deus, clama a Deus para ser liberto da queda e do insucesso, e assim não passar pela humilhação dos insultos dos maldosos, que se alegram com as dificuldades do outros. Ele está cercado de inimigos, mas também está certo de que aqueles que confiam em Deus não sofrerão a vergonha da derrota. Veja o quadro “Meditando nos Salmos” (Sl 3).25.4-7 — Faze-me saber é um apelo para que Deus entre na vida de Davi mais diretamente, ajudando-o a se ajustar ao Seu caráter (Rm 12.1,2). Pecados da minha mocidade. Tanto os pecados de imaturidade quanto os da idade adulta precisam ser perdoados (1Jo 1.9).Nestes versículos aprendemos uma lição preciosa, isto é, o anseio de crescer, de amadurecer, de conhecer bem os caminhos de Deus e viver de acordo com sua verdade. O salmista é sábio quando reconhece a diferença entre saber e fazer e, por isso mesmo, pede que Deus não apenas lhe mostre seus caminhos, mas também o ajude a caminhar neles. Podemos sempre fazer esse mesmo pedido, pois é muito melhor crescer do que ficar estagnado.Novamente a fragilidade que habita em todos nós vem à tona, em cada erro nosso, mas na presença de Deus podemos reconhecer nossa fraqueza. Assim, que nosso viver esteja alicerçado nas estruturas da palavra de Deus e do seu desejo para conosco, cheio de misericórdia e perdão. Este perdão vem dos “eternos sentimentos” de Deus, como lemos no original. Afinal, nossa fé se baseia principalmente em que nosso Deus tem ternura por seus filhos. No paganismo não há ternura, nem misericórdia. Repare como o pedido de Davi está carregado desse reconhecimento: “lembra do teu amor… esquece os pecados e os erros… lembra de mim”. Dessa forma, pela graça e pelo amor de Deus estaremos sendo conduzidos ao longo da vida, e nossos erros, falhas, incertezas e desvios serão transformados em testemunho que fala da fidelidade, da grandeza e da bondosa misericórdia do Pai.25.8 — Bom e reto é o Senhor. Em meio ao clamor por perdão, Davi louva a Deus mencionando duas de Suas características. Deus tem de ser tão bom quanto reto. Por ser ambos, o Senhor estende a misericórdia aos crentes arrependidos e ao mesmo tempo promete não deixar os culpados sem castigo. Deus trará justiça a este mundo decaído.Deus guia os humildes no caminho certo. A justiça de Deus guia os que são humildes e reconhecem sua dependência, deixando que o Senhor conduza sua vida, ensinando e dirigindo com bondade pecadores como nós pelo caminho seguro. Ele faz isto com amor (v. 10). No hebraico, o salmista usa duas palavras cheias de significado: hessed: misericórdia, graça ou amor e emet: verdade ou fidelidade, dois termos que se completam e são frequentemente usados para descrever os traços essenciais do caráter de Deus. O senhor age em favor daqueles que o temem e até a sua descendência será abençoada.25.9-14 — Perdoa a minha iniquidade. Davi retorna ao assunto de sua própria iniquidade, resumindo os versículos 4-7 e expressando seu desejo de que o Senhor lhe ensine como melhorar. Os que o temem. Aqueles que temem o Senhor dão atenção às Suas orientações e assim aprendem os segredos da sabedoria de Deus (Sl 111.10; Pv 1.7; 3.32).Davi clama pelo perdão do Pai, reconhece que o pecado o domina, o corrói. Ele conhece o seu Deus e sabe que pode contar com a ajuda dele, também quando peca.Outro aspecto maravilhoso de Deus: ele é amigo, e ensina aos seus o caminho que devem seguir. Isto nos lembra Tg 3.23, afirmando que Abraão foi chamado de amigo de Deus. Nada é superior a isto. Nossa vida devocional é o cultivo desta amizade incomparável, que nos traz aconselhamento íntimo, comunhão bondosa e conversação familiar. Deus não é um estranho, mas o Pai “de casa”, conforme Rm 8.12-15.25.15-20 — Não me deixes confundido é uma repetição dos versículos de abertura, que se concentram tanto sobre os inimigos de Davi (v. 2) quanto em sua situação de esperança contínua e paciente (v. 5).Reconhecer-se limitado e pequeno faz-nos buscar refúgio nos braços do Pai. Ele nos liberta o coração quando estamos em desespero ou desamparados, quando sentimos que estamos cercados pelas angústias e pela desilusão, e podemos confiar tudo isso a ele. e perdoa todos os meus pecados. Essa palavra “perdoa” (v. 18) significa “tirar um peso”, “dar leveza, alívio”. Com absoluta honestidade de coração, o salmista coloca diante de Deus sua situação de perigo, perseguição, sofrimento, ódio dos inimigos contra ele, medo da vergonha e da derrota, e finalmente termina confessando que em ti encontro segurança (v. 20). A sensação de segurança está na base da saúde emocional. É maravilhoso saber que Deus é quem nos dá isto.25.21, 22 — Redime Israel. Este versículo de conclusão está fora do padrão de acróstico do salmo. Aqui, Davi pede ao Senhor para ser compassivo com a nação de Israel tal como o tinha sido para com ele. O Senhor era não só o Salvador pessoal de Davi, mas também o Salvador de todos os israelitas.Que maravilhosa bênção é orar como o salmista colocando nossos medos e provações e confessando com ele a certeza de que “Deus salva Israel” (v. 22), não só aquele Israel, mas também este do qual participamos.Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!Márcio CelsoREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:Editora Betel 2º Trimestre de 2020, ano 30 nº 115 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – A família natural segundo os valores e princípios cristãos –Salmos – Uma referência para a vida de adoração e oração do cristão – Pr. Adriel Gonçalves do Nascimento.Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown. https://www.revistaebd.com