Betel Adultos – 2º Trimestre 2020 – 24-05-2020 – Lição 8 – Apresentando ao Senhor nossos questionamentos




Este post é assinado por Leonardo Novais de Oliveira

TEXTO ÁUREO

“Mas, para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.” Salmo 73.28

TEXTOS DE REFERÊNCIA

SALMO 73.1 
Verdadeiramente, bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração. 
SALMO 77 3,4,7,11,16 
Lembrava-me de Deus e me perturbei; queixava-me, e o meu espírito desfalecia.
Sustentaste os meus olhos vigilantes; estou tão perturbado, que não posso falar.
Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável?
Lembrar-me-ei, pois, das obras do Senhor; certamente que me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.
As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

  • Apresentar o conflito existencial de Asafe. 
  • Ensinar como vencer o sentimento de inveja. 
  • Explicar a importância de clamar em meio à angústia.

INTRODUÇÃO

Olá irmãos e irmãs, Paz do Senhor.
Asafe, escritor de 14 salmos, dentre eles, o Salmo 73 e 77, foi um levita constituído por Davi e, para alguns teólogos ele também era profeta (vidente).
Os salmos que utilizaremos para o estudo desta lição nos mostram a situação de indignação e aparente incompreensão, vivenciada por Asafe no tocante à prosperidade dos ímpios.
Uma das coisas mais comuns dentre os novos convertidos é achar que após entregar suas vidas para Jesus, num passe de mágica, os problemas desaparecerão.  Isto acontece por vários fatores, mas o mais comum é a falta de informação, por isto é tão importante fazer um discipulado ativo e com bom nível de conhecimento bíblico.
Se existem líderes religiosos que ensinam que os cristãos não passam por tribulações, um novo convertido pode imaginar muitas coisas.
Este que vos escreve acreditava que após o batismo nas águas, o crente não teria mais pecados, pois estaria limpo.
Em se tratando da compreensão de que os crentes não vivem situações de dificuldades, temos dois textos bíblicos marcantes, vejamos:
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. (Rm 5.3-5 – ARC)
Lendo este texto verificamos que as tribulações, ou seja, as dificuldades que vivenciamos nesta vida são instrumentos pedagógicos de Deus para nos aperfeiçoar, sendo assim, além de não estarmos isentos destas, o Senhor as utiliza para que o nosso crescimento.
O próprio Jesus disse que neste mundo teríamos aflições, leiamos:
“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. (Jo 16.33 – ARC)
Precisamos “arrancar” este ensino do meio cristão, pois, assim como Asafe, muitas pessoas sofrem vendo a aparente prosperidade dos ímpios e o sofrimento dos cristãos e isto não é verdade, pois ambos prosperam e ambos sofrem e isto depende de inúmeros fatores.
Salomão deixa claro que o sol nasce para justos e ímpios, mostrando que as oportunidades desta vida são para todos, porém, Jesus Cristo disse que nos daria coisas, como a “paz que excede todo o entendimento” que os ímpios não possuem, pois estão longe dele.
Vamos estudar nesta lição o que realmente aconteceu com Asafe e como ele descobriu a verdade no Senhor.

1 – O CONFLITO EXISTENCIAL DE ASAFE

Dentre os 14 salmos compostos por Asafe, o número 73 nos mostra algo interessante, um levita que estava à frente de um grupo de adoradores questionando a Deus sobre a aparente prosperidade dos ímpios em contra partida com o sofrimento dos justos.
É visível a dificuldade que ele teve de confrontar a verdade nua e crua à sua frente e por isto escreveu o referido salmo.
Porém, mais marcante do que sua dificuldade sobre esta situação foi a verdade que ele encontrou quando conversou com o Senhor em oração, pois entendeu que haverá um dia em que Deus se levantará, e o ímpio será destruído.
A situação de Asafe pode ser a mesma de muitos cristãos pelo mundo afora, pois, mesmo que ele fosse um tipo de líder espiritual, era um ser humano como eu e você.
É importante desmistificarmos mais uma vez a superioridade espiritual de homens e mulheres que ocupam cargos eclesiásticos importantes, pois, ainda que tenhamos muita intimidade com o Senhor, não somos seres exclusivamente espirituais, SOMOS SERES HUMANOS.
Paira nos “bastidores” eclesiásticos uma certa superioridade por parte de alguns líderes e este é o começo da queda, pois se esquecem que o diabo é um ser estritamente espiritual que peleja diuturnamente contra nós que temos uma natureza carnal.
O Senhor fez questão de escolher os Salmos de Asafe, em especial o 73 para compor o Cânon Sagrado, talvez para mostrar a todos que Ele deseja ouvir nossa conversa, independentemente da demanda que tenhamos e que sempre nos acolherá em “seu colo”.
Você já se deparou com situações que tenha ficado indignado? Talvez a aparente prosperidade de líderes religiosos enquanto os membros de suas imensas igrejas padecem de fome, ou quem sabe, a ação desumana de outro líder no tocante ao abuso de poder e a humilhação de uma simples ovelha.
Tenha certeza que o Senhor está vendo TUDO o que acontece e que é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20) e, em um piscar de olhos pode mudar qualquer situação.
Vamos estudar este Salmo e aprender como foi que Asafe lidou com tal situação.

1.1 – A bondade de Deus

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Asafe inicia o Salmo 73 adorando a Deus, fazendo uma oração correta, pois, ainda que tenhamos acesso ao Senhor em oração, existe uma maneira que lhe agrada e mostra que ainda que tenhamos assuntos importantes para conversar com Ele, reconhecemos sua grandiosidade diante de nossa pequenez.
O verso 1 nos mostra isto, leiamos:
“Verdadeiramente, bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração”. (ARC)
Em outras traduções:
“Com toda a certeza Deus é bom para Israel, ou seja, para todos quantos cultivam um coração sincero”! (KJA) 
“Na verdade, Deus é bom para o povo de Israel, ele é bom para aqueles que têm um coração puro”. (NTLH)
Um dos atributos comunicáveis (aqueles que os homens também possuem, por causa de Deus) do Senhor é a sinceridade e é necessário que aqueles que se aproximam Dele sejam sinceros e creiam que é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6), pois o Senhor conhece nossas palavras antes que elas se manifestem, leiamos:
“SENHOR, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces”. (Sl 139.1-4 – ARC) 
O Senhor é a essência da bondade, ou seja, aquele em cuja essência ela existe e o salmista sabia disto, por isto, começa sua conversa desta forma.
É interessante que após sua introdução o salmista revela-se ao Senhor em palavras mostrando como estava sentindo-se, e uma das maravilhas da oração é isto, poder falar abertamente com o Pai, sabendo que Ele nos ouvirá e compreenderá nossa situação diante Dele.
Vale a pena perguntar aos alunos se eles já deixaram de fazer uma oração por não se acharem dignos de entrar na presença de Deus, pois isto é muito comum, porém, precisamos nos lembrar que o que nos faz dignos de nos achegarmos à presença Dele é o sangue de Jesus e não nossa situação momentânea.
Isto é uma situação muito comum, pois alguns líderes religiosos ensinaram durante muito tempo que o cristão não pode se apresentar diante de Deus quando estiver nervoso.
Se isto fosse verdade, o Salmo 73 deveria ser retirado da Bíblia, pois a situação de Asafe era de frustração, tristeza e desapontamento.
A carta aos Hebreus nos ensina algo marcante sobre este assunto, vejamos:
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu”. (Hb 10.19-23 – ARC)

1.2 – Resistindo à tentação

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Aqueles que gostam de estudar já devem ter escutado a palavra que mais tem sido pronunciada nos últimos anos no meio profissional, mas que pode se encaixar perfeitamente aqui. A palavra é FOCO.
Vamos utilizar o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa para aprender sobre o verbo focar, vejamos:
  1. Pôr em foco = ENFOCAR. 
  1. Tomar por foco. 
  1. Fazer convergir para um ponto ou foco. 
O foco da oração do salmista não era murmurar, mas ter uma conversa franca com o Senhor, por isto ele resistiu a tentação de ficar citando exemplos e fazendo comparações para questionar a Deus, mas apresentou ao Senhor a situação, pois queria compreender o motivo pelo qual os ímpios prosperavam se não eram fieis aos Senhor.
Assim deve ser nossa oração!
Vamos nos lembrar do que aconteceu com um povo que havia experimentado as maravilhas de Deus, mas não conseguiam se livrar da murmuração, até que o Senhor se cansou, leiamos:
“Depois, falou o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo: Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim. Dize-lhes: Assim como eu vivo, diz o SENHOR, que, como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós outros. Neste deserto cairá o vosso cadáver, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes; não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Mas os vossos filhos, de que dizeis: Por presa serão, meterei nela; e eles saberão da terra que vós desprezastes”. (Nm 14.26-31- ARC)
Aquele povo só sabia reclamar e falar para Moisés que eles eram mais felizes e seguros quando estavam no Egito, porém, apesar de não dirigirem suas palavras diretamente para Deus, era o mesmo que fizessem, pois o Senhor usou Moisés como seu representante diante deles.
Quantas vezes nos dirigimos aos nossos líderes, quer sejam pastores, líderes de jovens ou professores de EBD para nos queixar das diversas situações que nos sobrevém, porém, antes de assim fazermos, precisamos nos lembrar que nosso foco deve ser agradar a Deus e viver uma vida de acordo com Seus padrões e a murmuração não está associada a Deus de nenhuma forma.
Ao invés de murmurarmos, devemos apresentar a Deus o que está acontecendo e pedir para Ele trabalhar na situação e fazer cumprir em nós Sua vontade perfeita.
Vejamos o que o Teólogo Americano Norman Champlim nos mostra sobre a murmuração:
AS PROVAÇÕES E MURMÚRIOS DE ISRAEL 
ONZE CASOS 
  1. No mar de Junco (Êxo. 14.11,12)
  2. Em Mara (Êxo. 15.25)
  3. No deserto de Zim (Êxo. 16.2)
  4. Em Refidim (Êxo. 17.1)
  5. Em Horebe (Êxo. 32.1-35)
  6. Em Taberá (Núm. 11.1)
  7. No túmulo da luxúria (Núm. 11.4)
  8. Em Cades (Núm.14.1-45)
  9. Na revolta de Coré (Núm. 16.41 ss.)
  10. Nas águas de Meribá (Núm. 20.2 ss.)
  11. No caminho do mar Vermelho (Núm. 21.4 ss.) 
MURMÚRIO 
  • Proibido: I Cor. 10.10
  • Contra Deus: Pro. 19.3
  • Contra Cristo: Luc. 5.30
  • Contra o clérigo: Êxo. 17.3
  • Não é razoável: Lam. 3.39
  • Tenta a Deus: Êxo. 17.3
  • É uma característica dos maus: Jud. 16
  • É punido: Núm. 11.1; 14.27-29; Sal. 106.25 
O tolo, com todas as suas outras falhas, tem esse defeito também.
Precisamos vigiar constantemente para que não caiemos na tentação de murmurar, assim como Asafe fez, pois isto desagrada a Deus.
Lembremo-nos que o Senhor conhece as intenções do coração do homem.

1.3 – A inveja

A palavra inveja vem da palavra “invidere”, que significa “não ver” e, de acordo com o Dicionário Priberam, a palavra inveja tem os seguintes significados:
  1. Desgosto pelo bem alheio. 
  1. Desejo de possuir o que outro tem geralmente acompanhado de ódio pelo possuidor.
A inveja é um sentimento muito estranho, presente na vida de todos aqueles que são dominados pela carne. Ela faz com que as pessoas não consigam se alegrar com as conquistas de outrem, pelo contrário, o invejoso não só quer as coisas para si, mas também não gostariam que os outros tivessem tal coisa, em suma, é um sentimento perverso.
Leiamos algumas frases sobre a inveja:
  • “A inveja não goza de boa reputação.” (Renato Mezan) 
  • “A Inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol.” (Ovídio) 
  • “Não há ódio mais implacável que o da inveja.” (Arthur Schopenhauer) 
  • “O invejoso chora mais o bem alheio que o próprio dano.” (Francisco de Quevedo) 
  • “A emulação é a paixão das almas nobres; a inveja, o suplício das almas vis.” (Jean François Marmontel)
  • “Podemos descrever o nosso ódio, o nosso ciúme, os nossos medos, as nossas vergonhas. Mas não a nossa inveja.” (Francesco Alberoni) 
  • “A inveja não ama.” (Joseph H. Berke) 
  • “A inveja é o mal hálito da alma” (Fernando Peters)
A inveja pode ser considerada um sintoma em certos transtornos de personalidade, como por exemplo no Transtorno de Personalidade Borderline. É possível encontrar esse sentimento em pessoas que possuem o Transtorno de Personalidade Passivo-Agressiva e também em quem tem o Transtorno de Personalidade Narcisista.
Existem estudos neurológicos que mostram que quando um indivíduo é tomado pela inveja, algumas áreas do cérebro manifestam comportamentos clínicos específicos, por este motivo, a inveja pode ser considerada um transtorno.
A revista Superinteressante, na edição de outubro de 2016, nos mostra queo cérebro reage de forma expressiva quando processamos esses estímulos. Primeiro, em um estágio básico – o mais comum -, vem aquela vontade de ter o que pertence a outra pessoa. Ou seja, o vizinho apenas queria ter o seu carro. É um passo além da admiração, mas um comportamento natural. Em uma etapa mais avançada, a inveja se manifesta por meio da felicidade com o insucesso do outro, com o desejo de que algo ruim lhe aconteça – que você bata o carro ou que ele seja roubado.”
Observemos que a inveja é dividida em fases, sendo que a primeira é comum, porém, a segunda já é patológica, ou seja, doença.
De acordo com o site www.psicanaliseclinica.com “a inveja diz respeito aquele que não vê a realidade, muito pelo contrário: ele a inventa de modo fantasioso e até delirante. A pessoa invejosa não possui visão para ver a si mesmo. Sua visão está voltada para fora, para o outro. Ele deixa de perceber o que tem e, nesse caso, o que não tem passa a possuir maior importância. O outro tem, ele não tem. Nesse contexto, deseja-se o que o outro tem. Além disso, quem tem inveja não admite sua falta e muitas vezes age de acordo com sua cobiça de modo extremo. Mais profundamente, o invejoso quer ser o outro. Como o sentimento é instintivo, se assemelha a fome. O indivíduo tem fome do outro.”
A Bíblia traz alguns textos importantes sobre a inveja, vejamos:
“O coração com saúde é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos”. (Pv 14.30 – ARC) 
Em outra tradução:
“A paz de espírito é saúde para o corpo, mas a inveja corrói como o câncer”. (KJA) 
É importante lembrarmos que a Bíblia nos mostra que a inveja está entre as obras da carne e quem as pratica não herdará o Reino de Deus, leiamos:
“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatrias e feitiçarias; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e tudo quanto se pareça com essas perversidades, contra as quais vos advirto, como já vos preveni antes: os que as praticam não herdarão o Reino de Deus”! (Gl 5.19-21 – ARC)
Zuenir Ventura no livro “Mal secreto” escreve: “A inveja é um vírus que se caracteriza pela ausência de sintomas aparentes. O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde.” 
Façamos como o salmista, não nos deixemos ser vencidos pela tentação.

2 – VENCENDO O SENTIMENTO DE INVEJA

Evangelista Leonardo Novais de Oliveira

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