O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, declarou hoje em entrevista para o site da Revista Veja que há ainda a possibilidade de que o garçom Adélio Bispo de Oliveira não agiu sozinho no atentado ao presidente Jair Bolsonaro, em setembro de 2018.
"Existe uma forte suspeita de que o Adélio tenha agido a mando de outra pessoa. A Polícia Federal fez a investigação [...] Pende para o final da investigação um pedido de exame do aparelho celular de um advogado do Adélio. A polícia buscou esse acesso, e isso foi obstado pelas Cortes de Justiça, e ainda não há uma decisão definitiva", disse o ex-juiz.
Depois do exame desse celular, o inquérito poderá ser concluído. A suspeita de que pode existir um mandante intelectual do crime não pode ser descartada. Enquanto não se tem a conclusão da investigação, não se pode ter um juízo definitivo", sinalizou na entrevista.
Para Moro, o conteúdo do inquérito que foi mostrado ao presidente não é ilegal, já que ele é a vítima, o que, segundo o ex-ministro, dá o direito ao presidente de ter as informações. "Enquanto não se tem a conclusão da investigação, não se pode ter um juízo definitivo."
Ao rebater Moro horas após o então ministro pedir demissão, no dia 24 de abril, Bolsonaro afirmou que que a Polícia Federal teve mais preocupação em solucionar o caso de Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, morta em março de 2018, do que em investigar a facada da qual ele foi vítima em setembro do mesmo ano.
"É intervenção pedir a Sergio Moro, quase implorar, que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro?", questionou o presidente na ocasião. "A PF de Sergio Moro se preocupou mais com quem matou Marielle do que com quem tentou matar seu chefe supremo. Cobrei muito deles isso daí, não interferi."
"Acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber. Entendo, me desculpe senhor ex-ministro: entre meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar. Afinal, o autor foi preso em flagrante de delito", apontou o presidente em seu discurso.