Lição 12 - O fiel experimenta socorro divino mesmo em tempos de crise

 O fiel experimenta socorro divino mesmo em tempos de crise

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Sobre Daniel e sua confiança em Deus

O Salmo 34 é amado por todos, em todos os lugares, e é um dos mais belos do Saltério. Ele é um canto de libertação do temor, do perigo, das angústias e aflições (4, 7,17,19). O título atribui o salmo a “Davi, quando mudou o seu semblante perante Abimeleque, que o expulsou, e ele se foi”. Esta é uma referência a 1 Samuel 21.10-13, possivelmente como um exemplo do tipo de libertação considerado aqui. O salmo é alfabético ou acróstico em que cada versículo sucessivo inicia com a letra seguinte do alfabeto hebraico (com exceção do vav, a sexta letra, que é deixada de fora, e um pe extra, a décima sétima letra, que foi acrescentada no final; cf. Salmos 9; 10; 25).

O poeta proclama seu propósito de louvar o Senhor em todo tempo (1). A palavra “bendirei” (ARA; barak) vem da raiz que significa “ajoelhar diante de”, por conseguinte: reconhecer, adorar, louvar, agradecer. Ao ouvir o que Deus tem feito, os mansos se alegrarão. Engrandecer ao Senhor (3) significa tornar Deus grande aos olhos dos outros ao contar sobre a sua magnificência. O nome de Deus é exaltado à medida que seu poder salvador se torna conhecido em toda parte.

A exortação para louvar é reforçada pelo testemunho pessoal de libertação de todos os seus temores (4). Medo (ou temor) e atitude de fé na bondade de Deus são uma contradição. “O temor do Senhor” destrói todos os medos e ansiedades não naturais. Todos aqueles que, de forma semelhante ao salmista, olharam para ele [...] foram iluminados (5). Uma tradução correta dessa frase diz: “Os que olham para ele estão radiantes” (NVI). Moffatt traduz: “Olhem para ele e vocês irradiarão alegria”. Esse é o brilho e encanto da personalidade cristã. Outra vez, uma nota pessoal ecoa: Deus havia livrado seu servo (que clamava) de todas as suas angústias (6); isso não significa que ele não enfrentasse tribulações, mas que ele experimentava a salvação no meio delas.

A repetição constante nos salmos da promessa de proteção dos perigos na vida é um lembrete da insegurança que o homem experimenta se a sua fé não está alicerçada em Deus. Mais uma vez vemos que os olhos do Senhor (15; seu cuidado vigilante) estão sobre os justos, e ele se dispõe a ouvir o clamor dos justos. Por outro lado, o julgamento de Deus é manifestado contra os que fazem o mal (16). Em relação ao versículo 17 veja o comentário do versículo 6.

O Senhor está próximo dos quebrantados e contritos de espírito (18), um pensamento que ecoa do início ao fim dos salmos (cf. 51.17). O Senhor livra os justos das suas muitas aflições (19). Alguém comentou: “Prefiro ter mil aflições e experimentar o livramento de todas elas, a ter meia dúzia e ficar emperrado no meio delas!” Os ossos (20) são a estrutura do corpo físico. Por esta razão, guarda todos os seus ossos representa a força do homem. A malícia matará o ímpio (21); os próprios pecados deles trazem consigo o salário da morte (Rm 6.23). Serão punidos significa literalmente: “serão condenados ou culpados” (asham). Ódio e ressentimento, bem como as obras violentas que essas emoções evocam, estão debaixo do julgamento de Deus (Mt 5.21-22; 1Jo 2.9-11; 3.15). O Senhor resgata (22; “redime”, NVI) está no tempo presente contínuo: Ele está redimindo. A salvação é contínua bem como instantânea. Condenado, como no versículo 21, é asham (culpado).

Voltando ao livro de Daniel, capítulo 6, depois da tomada de Babilônia por Ciro, Dário é nomeado para governar a província. Na reorganização do governo, Dario seguiu a política liberal de Ciro e logo dividiu a responsabilidade da administração. A nomeação de 120 presidentes (1), sobre os quais foram colocados três príncipes (2), pode ter sido um arranjo temporário para assegurar a coleta regular dos impostos e manter um sistema de arrecadação e contabilidade. A breve explicação do versículo 2 parece indicar isso: aos quais esses presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse dano.

Dos três príncipes, Daniel se distinguiu. E Dario encontrou nele um espírito excelente (3) e planejava estender sua autoridade sobre todo o reino.

Daniel devia ter em torno de 85 anos ou talvez se aproximasse dos 90 anos. Ele tinha passado por diversas crises políticas. Agora, a sua reputação de homem íntegro e honesto chegara ao conhecimento dos novos governantes. Talvez informantes tenham aconselhado os novos governantes acerca da posição de Daniel na noite fatal da queda de Belsazar. Quaisquer que fossem as circunstâncias, o homem de Deus estava pronto para servir onde fosse necessário.

Um homem de fidelidade e honestidade é desconcertante para maquinadores desonestos. Ver Daniel prestes a receber uma promoção que o colocaria acima deles era mais do que os príncipes e os presidentes podiam tolerar. Eles precisavam destruir Daniel a qualquer custo. O fracasso em encontrar falhas na administração de Daniel os fez buscar uma maneira de atacá-lo no seu ponto mais forte — sua religião e a lei do seu Deus (5).

O rei foi ingênuo no que tange à sugestão dos inimigos de Daniel. Era bastante comum para os governantes dos medos e persas colocar-se no lugar de um dos seus deuses e requerer a adoração do povo. Dario sentiu-se lisonjeado em ser o centro da devoção religiosa por um mês, assim, assinou esta escritura e edito (9).

A resposta de Daniel foi inequívoca. Alterar seus hábitos de devoção ou tomar secreta a sua relação com o seu Deus seria uma negação básica. Ele se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer (10). Essa era uma lei que não tinha o direito de estar nos livros dos estatutos. Tomar uma questão de profunda consciência uma ilegalidade é uma grande traição contra o Deus dos céus. A questão da autoridade do estado e do direito da consciência individual tem se tornado crucial muitas vezes em nosso século iluminista. E, semelhantemente a Daniel, homens têm sido traídos por causa de uma posição de consciência. Os presidentes conspiradores relataram a Dario: “Daniel, um dos exilados de Judá, não te dá ouvidos, ó rei, nem ao decreto que assinaste. Ele continua orando três vezes por dia” (13; NVI).

O rei ficou triste quando percebeu as implicações da sua ação. Ele propôs dentro do seu coração livrá-lo (14) da armadilha legal na qual ambos haviam sido apanhados por intermédio dessa trama abominável. Os maquinadores pressionaram o rei de maneira cruel e desavergonhada (15). Eles pressionaram o rei a fazer o que sentia repugnância em fazer, ou seja, lançar Daniel na cova dos leões (16).

A cova foi selada com o anel do rei (17), de tal modo que não havia chance de escapar. O rei retomou ao palácio, mas não para comer ou dormir. Dario passou a noite em jejum (18) e, sem dúvida, em oração a todos os deuses que conhecia. Ao amanhecer, o rei se apressou em ir à cova dos leões. A NVI traduz o versículo 20 da seguinte maneira: “Quando ia se aproximando da cova, chamou Daniel com voz que revelava aflição: ‘Daniel, servo do Deus vivo, será que o seu Deus, a quem você serve continuamente, pôde livrá-lo dos leões?” (20).

Desconsolado, ele tinha dito a Daniel na noite anterior: “Que o seu Deus, a quem você adora tão fielmente, o livre!” (16, Berkeley).

A resposta de Daniel do fundo da cova foi o som mais maravilhoso que o rei desejava ouvir. O rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões (21-22).

A alegria do rei revela a estima que ele tinha por Daniel. E seu sentido de justiça é percebido em seu esforço para corrigir o erro que havia cometido, pela reversão imediata do édito e o castigo resoluto dos maquinadores perversos.

Embora a reação imediata de Dario tenha sido de corrigir a injustiça que havia feito a Daniel e punir os verdadeiros ofensores, ele foi muito além disso. Ele reconheceu que a verdadeira injustiça tinha sido cometida contra o Deus de Daniel. Na verdade, o decreto que havia colocado Daniel na cova dos leões tinha proscrito a lei do Deus vivo (26) no reino dos medos e persas. Esse édito precisava ser neutralizado por um outro, amplo em seu alcance e específico em suas implicações. Assim, onde o primeiro édito proibia fazer uma oração a qualquer outro a não ser ao rei, o segundo ordenava reverência ao Deus de Daniel em todo o reino. Provavelmente, a verdadeira adoração não pode ser assegurada por um édito real, mas ela certamente pode ser encorajada. A ordem do rei e a declaração de louvor expõem a glória de Deus em termos quase tão abrangentes e claros quanto aquelas proclamadas pelo grande Nabucodonosor, o caldeu. O Deus de Daniel [...] ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim. Ele livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra (26-27).

O reconhecimento de Dario acerca do caráter sobrenatural do livramento de Daniel é manifesto em dois termos aramaicos usados no versículo 27 para descrever a obra de Deus ’athiyn e thiymhiyn, sinais e maravilhas. O substantivo singular ’ath sugere “um sinal ou farol”, ou seja, “um prodígio, um milagre ou sinal”. A segunda palavra, temah, sugere “assombro, perplexidade, admiração”, ou seja, “milagre, maravilha”. O fato de aqueles animais selvagens famintos ficarem com as bocas fechadas, a ponto de deixar o homem de Deus ileso é, de fato, um milagre. Pouco tempo depois, aqueles mesmos animais, libertos do poder que os impedia de atacar, esmigalharam os ossos daqueles que haviam desafiado a Deus.

Esse tipo de milagre é totalmente inaceitável para aqueles que insistem em uma explanação natural para cada acontecimento. Mas para aqueles que aceitam a revelação de um Deus que é livre para agir dentro do seu próprio universo criado, esse milagre não é mais impossível do que qualquer outro ato que Ele escolheu para cumprir o seu propósito.

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento estão repletos desse tipo de acontecimentos. Dessa forma podemos ver o tipo de Deus que servimos, o Deus Vivo para sempre permanente.

Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 3º Trimestre de 2020, ano 30 nº 116 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – Transformando as adversidades em cenários de milagres e vitórias – Bispo Abner Ferreira.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento -  William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

https://www.revistaebd.com/