Lição 04 - A suficiência de Cristo para restaurar a totalidade do ser humano

   Lição 04 – 25 de outubro de 2020 – Editora BETEL

A suficiência de Cristo para restaurar totalidade do ser humano 

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Sobre a paz de Cristo

No evangelho de João, capítulo 14, versículo 27a temos a expressão máxima de conforto que o Senhor Jesus poderia nos deixar:

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” Jo 14.27a.

Como os discípulos de Jesus precisavam de paz! E como nós, seus seguidores também precisamos dessa paz! A paz que Cristo dá não é como a do mundo, nem ele a dá da mesma forma que o mundo faz.

A paz de Cristo repousa no âmago do coração, sempre nos satisfaz e dura para sempre, enquanto a do mundo é superficial, insatisfatória e temporária. A paz de Cristo mora no coração; a do mundo é exterior e aparente. Cristo, por meio de sua morte, ressurreição e ascensão, deu-nos "paz com Deus" (Rm 5:1), enquanto os psicólogos falam de "paz de espírito". Filipenses 4:4-9 resume como o crente pode ter a paz de Deus.

A frase "O Pai é maior do que eu" (versículo 28) refere-se ao tempo que ele passou na terra. Ele, como Filho de Deus, é igual ao Pai; como Filho do Homem, em um corpo humano, ele foi obediente ao Pai, o qual deu a Cristo as palavras que disse e as obras que realizou (Jo 14:10, 24).

Cristo derrotou Satanás, o criador da confusão e do desassossego, ao morrer na cruz e voltar para o céu (vers. 30). No versículo 31, Cristo assegura aos discípulos que a cruz é uma prova de seu amor pelo Pai a fim de que eles não pensem que sua morte é uma tragédia ou um engano. Ele morreu porque o Pai ordenou, e Cristo veio ao mundo para fazer a vontade do Pai.

Avançando no tempo, o contexto da carta do apóstolo Paulo aos colossenses era o seguinte: Paulo nunca visitara Colossos (Cl 2.1). Durante seus três anos de ministério em Éfeso, "todos os habitantes da Ásia" ouviram o evangelho (At 19.10, 26). Em Éfeso, Paulo converteu Epafras, cuja casa era em Colossos. Epafras levou a mensagem do evangelho para sua cidade, e a igreja colossense foi fundada por intermédio do ministério dele (1.4-7; 4.12-13).

Talvez essa congregação se reunisse na casa de Filemom, pois ele vivia em Colossos (Cl 4.9 e Fm). Agora, Paulo estava preso em Roma. Epafras visitou-o lá e trouxe a notícia de que havia problemas decorrentes de uma nova doutrina que se espalhara pela igreja. Hoje, em geral, chamamos essa heresia de "gnosticismo", termo que se originou da palavra grega gnosis, "conhecimento".

Os gnósticos estavam "no conhecimento" — isto é, eles professavam ter um conhecimento superior das coisas espirituais. A doutrina deles era uma estranha mistura de verdade cristã, legalismo judaico, filosofia grega e misticismo oriental.

Esses heréticos ensinavam que toda matéria era ruim, mesmo o corpo, e, por isso, Deus não podia ter contato com a matéria. Então, como o mundo foi criado? Eles alegavam que isso ocorrera por meio de uma série de "emanações" de Deus. E Cristo era apenas uma dessas "emanações", e não o verdadeiro Filho de Deus, já que ele tinha corpo humano. Os gnósticos negavam a supremacia de Cristo, pois propunham uma complexa série de "emanações" (até os anjos) entre o homem e Deus.

Supostamente, o sistema deles dava um "conhecimento pleno" especial ao crente que as outras pessoas não possuíam. Vemos Paulo usar muitas vezes a palavra "plenitude" nessa carta porque os gnósticos amavam usá-la. A doutrina deles exigia práticas legalistas (Cl 2.16) e a rígida disciplina da carne (asceticismo, conforme Cl 2.18-23). Uma das regras deles era: "Não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro!". Eles ensinavam que certos dias eram santos, e alguns alimentos, pecaminosos. O sistema gnóstico tem uma aparência de espiritualidade, mas não tem valor espiritual real (veja Cl 2.21-23).

Colossenses enfatiza a supremacia de Jesus Cristo. Ao lê-la, observe a repetição das palavras, ou seus derivados, "todo" e "plenitude" ou "transbordeis" (veja Cl 1.9-11, 16-20, 28; 2.2-3, 9-10, 13, 19; 3.8, 11, 14, 16-17; 20, 22; 4.9, 12).

O tema de Paulo é que "Cristo é tudo em todos" (3.11) e que nós "recebe(mos) a plenitude" nele (Cl 2.10, NVI). Cristo é tudo que precisamos, já que recebemos a plenitude nele! O legalismo, as filosofias feitas pelo homem, as dietas rigorosas, a observância compulsória de dias santos, a disciplina da carne — tudo isso acaba quando damos a Cristo seu lugar de supremacia. Colossenses é uma carta que pede maturidade espiritual (observe a oração em Cl 1.9-12).

Talvez as práticas religiosas feitas na carne pareçam ser espirituais, mas não têm valor para a vida interior da pessoa. É muito fácil que mesmo cristãos evangélicos substituam a verdadeira espiritualidade por regras feitas pelo homem.

Hoje, muitas pessoas, como os falsos mestres em Colossos, dão a Jesus Cristo uma posição superior, mas não lhe dão sua justa posição de supremacia.

Ele não é "um grande homem em meio a grandes homens"; ele é o Filho de Deus, preeminente em todas as coisas! Nesse primeiro capítulo, o apóstolo destaca a supremacia de Cristo em diversas áreas da vida.

Paulo estava muito oprimido, enfrentava luta espiritual de oração contra Satanás que tentava desviar os crentes. Ele sabia como derrotar Satanás — com oração e com a Palavra de Deus (Ef 6.17-18). Ele ansiava por ver os santos unidos em Cristo para que usufruíssem das bênçãos maravilhosas que tinham nele. Em Cristo, temos "todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento" (vers. 3), mesmo que os falsos mestres tenham filosofias fascinantes. Não vale a pena levar em consideração nenhuma filosofia feita pelo homem que não tenha espaço para Cristo.

Por que nos rebaixarmos ao seguir doutrinas feitas pelo homem, se somos ricos em Cristo? Deixe que os líderes religiosos desenvolvam suas "doutrinas secretas"; temos toda sabedoria escondida em Cristo, pois estamos "ocultos juntamente com Cristo, em Deus" (3.3).

As filosofias do homem são atraentes. Eles dão um show de as sabedoria e de inteligência, e, muitas vezes, os cristãos jovens são "enganados" pelos "raciocínios falazes" (vers. 4). É triste quando jovens cristãos vão para escolas seculares e são vítimas das filosofias feitas pelo homem que negam Jesus Cristo e a Bíblia.

O apóstolo adverte: "Cuidado que ninguém vos venha a enredar" (destruí-lo; vers. 8). Como o crente derrota essas filosofias?

A. Ande em Cristo (vers. 6)

Você é salvo pela fé, portanto ande pela fé. Como é salvo pela Palavra, ande de acordo com ela. Como é salvo pela obra do Espírito, ande n’Ele. A continuação da vida cristã é como seu início — pela fé em Deus.

B. Cresça em Cristo (vers. 7)

Tenha raízes que se aprofundem na riqueza da Palavra. Tenha um firme fundamento, assentado sobre Jesus Cristo. Como é importante aprender a Palavra do Senhor! Se o crente não estiver firmado em Cristo, fundamentado na Palavra e edificado na verdade da Bíblia, ele cai nas armadilhas das filosofias religiosas.

C. Faça de Cristo o teste (vers. 8)

Teste todo sistema religioso altissonante com a pergunta: "Cristo tem a supremacia nesse sistema?" Quase todos os sistemas religiosos de hoje dão um lugar de destaque para ele, mas apenas o verdadeiro cristianismo bíblico dá a supremacia a ele.

D. Aproxime-se da plenitude dele (vers. 9-10)

Perceba que não há substituto para Cristo e que nele temos tudo de que precisamos. Em geral, os crentes sentem falta de alguma coisa que Jesus Cristo não pode suprir quando mergulham na vida mundana ou se deixam apanhar pelos sistemas feitos pelo homem. "Recebemos a plenitude" n’Ele! Temos uma posição maravilhosa em Cristo!

Os falsos mestres fizeram uma miscelânea e tanto, misturaram misticismo oriental com as filosofias gregas e com o Iegalismo judeu. Mas a carne ama ser religiosa, contanto que a religião não tenha uma cruz para crucificá-la. Os crentes colossenses estavam envolvidos no Iegalismo judeu — nos rituais, nas dietas, nos dias santos e assim por diante. Paulo clama: "Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo" (vers. 16, 17). Esses cristãos se voltaram da plenitude de Cristo para o conhecimento superficial ("rudimentos"; 2.8, 20) do mundo, como a criança que admira a foto do pai, mas ignora a presença dele.

Na cruz, Cristo realizou tudo de que precisamos. O versículo 11 não se refere à circuncisão física d’Ele em criança (Lc 2.21), mas à Sua morte na cruz. Da mesma forma que o batismo de Cristo com água simbolizava seu batismo de sofrimento na cruz (Lc 12.50), também sua circuncisão na infância antecipava seu "despojamento do corpo" quando, no Calvário, ele tomou sobre si os pecados. Paulo afirma: "Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo". Ele lhes pergunta por que querem substituir Cristo por Moisés. Por que fazer um corte físico na carne, em vez de uma operação espiritual no coração? E afirma que a circuncisão remove um pedaço de carne, mas nossa identificação com Cristo retira toda a natureza carnal.

Tudo isso se torna verdade por meio de nossa união com Cristo, quando o Espírito nos batiza no corpo d’Ele. Morremos e ressuscitamos com Ele. Agora, as leis da antiga aliança foram postas de lado, Satanás foi totalmente derrotado (vers. 15), portanto usufrua a liberdade que você tem em Cristo. Paulo incita: "Ninguém, pois, vos julgue" (vers. 16).

Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 4º Trimestre de 2020, ano 30 nº 117 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – A importância da Palavra de Deus para o bem estar do ser humano – Pr. Isaqueu Mendes de Freitas.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento -  William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.