Lição 02 - Ester, um espelho para o cristão de hoje

   Lição 02 – 10 de janeiro de 2021 – Editora BETEL

Ester, um espelho para o cristão de hoje

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Sobre o livro de Ester

Ester relata acontecimentos que ocorreram no período entre Esdras 6 e 7. O ano 483 a.C. foi o "terceiro ano" de Assuero. "Assuero" é o título do governante persa, como faraó é o título do governante egípcio. O livro não faz nenhuma menção ao nome de Deus; no entanto, menciona o nome do rei, pelo menos, 29 vezes! Os rabis judeus encontraram o nome "Jeová" escondido em cinco versículos diferentes no original hebraico (1.20; 5.4,13; 7.5,7). Vemos a providência poderosa de Jeová em todos os capítulos do livro, embora seu nome não seja mencionado. "Ester" significa "estrela"; "Hadassa", seu nome judeu, significa "murta" (2.7).

Ester relata como a nação judia foi salva do extermínio. Isso explica um dos feriados mais importantes dos judeus, a Festa do Purim. A palavra "Purim" significa "sortes" e refere-se ao sorteio que Hamã faz para decidir o dia do massacre dos judeus (9.26- 31; 3.7). Comemora-se o Purim no 14º e 15º dias do último mês do calendário judaico (fevereiro-março). Em geral, os judeus jejuam no 13º dia anterior à celebração em memória do jejum de Ester (4.16). Na noite do Purim, leem o livro de Ester, em público, na sinagoga. Os judeus, cada vez que é lido o nome de Hamã, batem o pé no chão, assobiam e gritam: "Que seu nome seja destruído!". No dia seguinte, eles encontram-se de novo na sinagoga para orar e ler a Lei. O resto do dia e o dia seguinte são devotados a uma grande e alegre celebração e troca de presentes. O Antigo Testamento não traz nenhuma autorização do Senhor para essa festa, mas os judeus a guardam fielmente há séculos.

Em Ester, vemos mais uma vez o ódio de Satanás pelos judeus. A nação judaica teria sido exterminada se o complô de Hamã desse certo. Imagine o que isso significaria para a aliança graciosa de Deus com Abraão. Todos os homens e as nações que tentaram eliminar os judeus fracassaram, assim como Hamã. Veja Génesis 12.1-3. Desde que Deus declarou guerra contra Satanás (Gn 3.15), Satanás e sua semente lutam contra Cristo e sua semente: Caim matou Abel; o faraó tentou suprimir os judeus; Hamã tramou para destruir Israel; Herodes tentou matar Cristo. Aqui, temos também uma ilustração do combate entre a carne e o Espírito (Gl 5.16-23). Hamã era descendente dos amalequitas, arqui-inimigos dos judeus (compare Et 3.1 com Dt 25.17-19; Êx 17.8-16; e 1Sm 15). Amaleque simboliza a carne, e Hamã, sendo da família, retrata a hostilidade da carne contra o Espírito, como também os filhos de Satanás versus os filhos de Deus.

O nome de Deus não aparece em lugar algum desse livro, mas sua mão está presente em todo ele! Ele está firme em algum lugar na obscuridade governando e dominando. Ao estudar o livro, observe estas evidências da obra providencial de Deus: (1) a escolha de Ester para ser rainha entre todas as outras candidatas (2.15-18); (2) a descoberta de Mordecai do complô para matar o rei (2.21-23); (3) o sorteio do dia para matar os judeus resultar em uma data bem posterior, o que deu tempo para que Mordecai e Ester agissem (3,7-15); (4) as boas-vindas do rei a Ester após ignorá-Ia por mais de um mês (5.2); (5) a paciência do rei com Ester ao permitir-lhe fazer outro banquete (5.8); (6) a insónia do rei que trouxe à luz o feito bondoso de Mordecai (6.1); (7) o aparente lapso de memória do rei que o levou a honrar um dos judeus que havia concordado em matar (6.10-14); (8) a profunda preocupação do rei com o bem-estar de Ester quando tinha um harém à disposição dele (7.5).

No relato de Ester, o rei é Xerxes, filho de Dario I ou Dario, o Grande. Ele governou o Império Persa de 486 a 465 a.C. Vasti foi destronada no terceiro ano de seu reinado (1.3), que seria o ano 483. A história relata que, naquele ano, Xerxes fez uma grande celebração para a sua princesa em preparação à invasão da Grécia. A campanha durou até 479 e foi um desastre. Provavelmente, foi a vergonha e a derrota que levaram Xerxes a desejar não estar casado com Vasti. Em 479, o sétimo ano de seu reinado, Ester tornou-se rainha (2.16). Em 474, 12º ano de seu reinado, Hamã idealizou o complô (3.7), portanto Ester era rainha havia cinco anos quando Hamã pôs mãos à obra. Xerxes foi assassinado em 465.

Há um paralelo interessante entre alguns versículos de Provérbios e os acontecimentos de Ester. Veja estas referências: Provérbios 16.33 paralelo a Ester 3.7; Provérbios 16.18 paralelo a Ester 5.9-14; Provérbios 11.8 paralelo a Ester 7.10; Provérbios 21.2 paralelo a Ester 5.1-4.

Passaram-se, pelo menos, quatro anos entre os capítulos 1 e 2, e, durante esse período, Xerxes fez sua campanha desastrosa contra a Grécia (487-479). Ele voltou um homem amargurado, e era natural que procurasse algum tipo de conforto em sua casa. Contudo, ele lembrou- se de que Vasti fora destronada e que estava sem rainha. É claro que ele tinha muitas mulheres disponíveis em seu harém, mas sentia saudade de sua bela rainha. Os sábios aconselharam-no a procurar outra rainha. (Provavelmente, Vasti puniria os conselheiros do marido se voltasse ao trono). Assim, iniciou-se a grande busca pela rainha ideal, e é aí que entra Ester.

Ester e Mordecai eram primos, e ele a criara como filha. Mordecai era conhecido no palácio e, provavelmente, tinha um posto inferior, pois o vemos sentado ao portão. Ele aconselha Ester a participar do "torneio", mas a não permitir que soubessem que era judia. Isso significava que, provavelmente, Ester teve de comer alimento impuro e quebrar algumas regras legais do Antigo Testamento, pois, de outra forma, não poderia estar no meio das competidoras gentias. (No entanto, em Dn 1, veja a experiência de Daniel.) Isso significa que "o fim justifica os meios"? É claro que essas prescrições eram temporárias, e não leis eternas fundamentais que envolvem salvação, mas ainda eram a Palavra do Senhor. No entanto, não estamos aqui para julgar, pois Ester provou ser uma mulher de coragem. Após um ano de preparação especial (v. 12), Ester foi levada diante do rei — e escolhida! O versículo 15 afirma que ela "nada pediu"; isto é, não quis enfeitar-se com joias vistosas como fizeram as outras mulheres. Ela dependia de sua beleza e caráter; veja 1 Pedro 3.3-4. Em 479, ela tornou-se rainha, e houve uma grande festa em sua honra.

Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 4º Trimestre de 2020, ano 30 nº 117 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – A importância da Palavra de Deus para o bem estar do ser humano – Pr. Isaqueu Mendes de Freitas.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo 

Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen. 

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